Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• 6.ª Página ~,,,.....- FOLHA DO NORTE ' 'bómlngo. 8 d8 junhõ de 1947 i • -- Carlos DRUMMOND DE ANDRADE -- RIO· - Oes-culpem-se pertur– bo a discussão dos gra)'ld_es te– mos do momento, universais ou não, poro folar de uma coiso bem simples, .Fugindo ao as– sunto geral em proveito de um assunto particular, de lugar e pessoa, estarei corrompendo esta crôn-ico? Não _creio. Lagar e ressoa serão sempre os for– lllOS imediatas através dos quais a realidade profundo se mo-nifesto aos nossos sentidos contingentes, e uma ictéio, o ros,a mais bela, preciso assu– mir espécies fisicas p1ira exis– tw. Vou pois fator de umo coso e do homem que o habi– td, c;onsideron,do um e outro nuircodos na nossa vida literá– rio, nela desempeitli'ondo u-mo fu,n~ao e exprimindo tendên– cias que nos são e.aras. ~mi~º!· e, sem. ter um sal~o (éopyright E. S. I., com exclusividade para a FOLHA DO· mesa, con el mentón opoyodo h_terario, que nao Ih~ .P,e r,d oa- · NORTE, neste Esiado) en la mano se pi·•-"e en sus tle situações ctcist1C't1s (haja visto o episódio de, em co!cão de banho, ao volto, cio pr~icr., ir faxer quarto a uma defun• ta, por ver a viuvo desolado no alpendre). Mele o autênti• co é precisamente o que não se cris•talizou, e a todo instan• te se man,ifesta na pureza do seu tnstin-to criador. lirismo in.tenso, que não dissolve o e~pirito crític9 nem a consc:i.: ência vigilante, antes os envol.: ve numa película de temura~ que é talv~:t o srattde segiêdo dêsse mineiro tão geral . Esta• mos de tal maneiro habitua.: dos o ver os atributos de qná.: lise intelectual e de consciên• c~a político ligados à securcr de temperamento, que pre.feri• mos a convívio com êles nos livros; mas no caso do nosso .herói c:rvil de lpanemq, tal as– slmHa~ão não existe . E' hg.; mem rigido nos suas convie.: ~es, e contudo vive no cir,. cunstancial, pratico os pequ► nos ·sacrifieios do toleruneicr; discute c9m pqciêncio e afife~ niilade, suporta os prures co.: d:etes (que estando por ossim d'l.: zer dissolvidos no ,ar, cis vexe• penetram até na caso cfa rua V_i'scón,de de Pirajá), não inti~ mida ninguem e ama as for,– mas normais do c:ontentamen.: to humano. A existêllcio quo.: riamos nem &te admi.hna, es- "'"' t ..L • 't 1· te "" M · R 01· suenos. EI clima dei h;uu,r de ..ue,ece um v, o ,zan con- ue •aria aso ,ver, a es:cri,. rqis? Hospitalidade, sim, mas __ ,,_ ,._ t t ·,• ..:... t t· A,n;bal Mac:ho.cfo tiene olgo de ,vc o en re or 1Stas e esc,.,v• ora 1trgen ,na que pa~ou en• completada por uma atmosfe- res óe todos os pontos do t .,_ 1 . ~ t I t 1 1. b . cuento de hodos". (Sur, de- , "8 uv s av_,ões e que, nélo po- ra 1n e ec ua ,vre e en,gna, zembro 1943). pais· dendo andor, lá apareceu cor- crrti 1 ca e -,orilio-1, coiso tão E do estranaeiro. Antes _, rara ·a· ,. d' • B o d fad ., rega...a~ como ~ma crian~a que , J n.. o 1re1 nesse ra- ra, os contos e as po- -que os navios deixa'Ssem de stl mas nq superficie terrestre dem ser desmontados. A ver- e-ircular (folo da pré-ltistório, quase era, nos braços de um em geral, depo,·s -"~ du-• · · 1· u 9 ... dode e que se pISa a I um terminada em 19-39), detes dos amigos . Estavam QS "ami- guerras pato uma só geração. chõo firme, e todos sabem que desciàm europeus, hispono• 90S de domin~o", reunião qu~ "En la fqr_ga mesa f:im•iliar néio apenas boas palavra$ pera americanas e a-meri·canos do ger.almente nao. se fa:z com d O v1·-s1't-a-te, senõo também me.nos de vinte pessoas, entre una e essas me.sos que siem- " norte que sabiam da existen- pre tiene ' I d f' t ,_ compreensão de seus proble- d 1 , d romancistas, poefàs, ensais- · n ° re e res. a, ,vs A casa é ern l·panemo, Rio d:e mor já fóra da borro, .mar não mar já fóro da barra, mor niio acadêmico,'- e o ho• mem, Anibal M. Machado, que nesf.e momento foz o vio– ~em. d'e Paris. "ôntem, em l;asa de Anjbol" é um começo de converso que costumamos ouvir cis segundas,feiros; quem o dix con,to o ultimo discus– siio política ou literária, ou dá noticio da posisão assumidq por algum intelectual em fa.ce do mais recente conjuntura. Posisão certà ou falsa, e- que despertou tal ou qual rea~ão. A's vexes, é com triste:za que no·s intéiramos deltt, pois es– _perávjÍmós àe Fulcino outro, cómpo.rtCJmen-t-o. Mas tombem há atitudes boas, e conforta– nos -sobe, que outro compa– nheiro corrigiu seu individua– l-ismo exagerado, caminhnndo para umq vi.são mais Jiberta dos fenpmepos .que nos preocu– pam. Ao lado disso, travam– se discussões s.õbre temas es– téticos, q11e não diyid•e.m me– nos as péssoas, e que qf i se esclarecem ou - inclusive - s.e tornam mais insoluveis, como as questões do herme-• t ismo, em poe_sia, a do natu– re.za .espe· cif.ic; a do conto, o dos di ~eitos do f;ccion isto co,mo tra,nsflcwmodO<I' da reaíid-ade; tu.do isso encontro o seu cli– ma _próprio no casa d·a rua Vixo.nde de Ph·ajá, onde um. pequeno senh'or calvo, de boi• na e de óculos, recebe os seus amigos e os amigos dos seus eia e certo ·caso a em e ,. . discusiones más animadqs ter- mos e até o opôio discreto de Copqcobana 011ede !le C'o·mia tas, pintores, arquitetos, es- m· · • que êle carece na hora dificil. b "d b 'I • qu--'"1sta.s." e outras espécies . ,nan siempJe en r,sas, cantos uma oa com, a 1051 eira e ·,n_:~;:,rm.tnad:as, gue à for,.n y bailes. las muchachas c:an- Os homens dé imagin!lçáo, onde se comentavam sem pe- '"" r- ton o s t · b j I fortemente ancorados 110 poe- dantisrno os ulti...os livros. de contacto acabarão assumin- . d e cond orsd,olnan, a O a ·•· m,r'IJ ·a agu o e podre que 11'10, dela muita, vezes r<,co- f · do as coracteristicas externas Com o guerru, os oraste,ros ob • d I t é d lhem em pode, inventivo que es •assea· ram, mas n;;ft desapn. de qualquer um dêsses grupO'!I servon ° as O rov s e sus ~ - w t • bo _ _, ~- d atua sôbre 11s r:elações huma- receram de to "'o. Passa"am ou deles todos. Que encanto an eGJOS r-vea....s e carey, b"'' u • nas e oferece novas possi 111- lá iima noite perfeita porque ho~ia na casa, e que a nossa fuma sín cessar. Algun.a- de dodes de çomunicasão. Assim a casa não era grave ne,m fri-,. hóspede logo iden,tificoµ, entre mientros otra, en médio de la é Anibal Machado, ~:ue sem- vola,· mas bem-humotQd«, so- 11mo· dicussê:o séria e modi:nhas ct t· b • , -••A-s ...,._,....dás 00 v,iolão ellas s/ irve .el café e lot lic:a- pre nos autoriza a espe ct 1va dia e recepti~. l'em ro-me J'O .. v.~v ..,.,.,.,... ,., d d I de um gesto •nédito em face ~~'.:ª~is~·~'~:'.'.c:.'.en~t:e::rn:e:nt:,:e,:_· _:dª:__:Yl:_:'s:i:_:ta:__~pe:· :1:º~P:º:et:,:ª:__:Y_:i:::n:::ic::.:i.:u:.s_:d:..:e:_,:_M __ o,:_• _ ,e_s,:_,_b_a_t_a_no_la_,_ª_c_o_. _ª__ ª_ª __ a_· _____ -------=:--- tit Nesta solidão feita de fadigas nasceu a conforma:ção e a neutralidade, roas posso, com espanto, refletir sôb;re mim mesmo: - nem um som qe harmonia :nos c;iantos da alma _ nem um gesto de amor no ritmo do coração _ nem ~ gesto bruto, mau e crispado nas mãos. orto floriu o sentimento, a dor misteriosa e implacável,, e apes~r de tudo me divido e me resumo: - no cónflito é claro o lado do mal - a realidade ganha .o sola:r dos sonhos e o dilui .., . - o corpo e a alma se iniqlizam na minha luta sem , [vitória. Nesta serenidade absurda e confusa ' ti-diana e ao mesmo t empo Nesta solitude sempre amarga e nítida ~ cresceu o desconforto e a compreensao, porém decomporuJo surpreendido as sensações: vai perecer o melhor do que foi minha revolta, todavia - de que modo ? - posso medir: fontásti_ça de quem passou pelo sur,eaUsmo .sem deixar n1111ca de ouvir e inte11pr:etar ~ baru,fho da rua, explico ,ó sen• todo especial que dom.o, ·à• conversações no seu escrit~rio ao fundo da casa bt!l-..,ca e verde, e essa espécie de am– b-rente feérico apontado pela v.síita argenti11a, e moi~ ou menos sensível a todos os que vão ·1á t>uvir, consultof, distra.:• i~ ou clia-tear Anrbal. An<>te.: mos pois sua casa em nossa paisagem lif'erárici (já há a ,espeito uma pequeno biblio• grofia, v~de ortigo de Ruben, B'roga, ua enorme familio de - o mu·ndo em íogo não me consome - a morte friâ ,1ão me destrói agora - o riso alegre .iião me desfaz na felicidade. - nem eu. Jiem tu. nem qualquer outro - nem desejos, nem poder, nem redenção - nem uma voz, um orgulbo ou uma flor. De repente, na solidão e rui sombra, me ent:ontrarel [morto. Nesta calma infalivel e pesada MARIO DA ~1LVA BRITO Anibal Machadõu, in Revistei da Globo", %5-8-1945). Deles sai, em estimulo e dignidade i1ttele0tual, muita coisa que -vai fecundar os livros, a• obras plcisticas, a pesquisa de viver de cada vm .de nós nu~ te hoíe obscuro. SAO PAULO -- Lei-0. "A;r,t-e e Poe– .sia" de Mari.tain (Agi:r, ed. Rio, 1947) ~ me espanto de - ver~i-ca,:r a distânC;í~ que vai ~o catolk:ism.o nac1onaJ. a.o catoli-cISmo :trances. Tão · liberal e inteltgente se revela este quanto rea-cior.iário e ~égo_ se m ostra aqueLe. O mesmo se poderi.a drrer das esque;r– das e das dír-ei,tíi$ de nossa terra ~ as com– paráissemos às_ de muitos país~ _da Eur-0-pa-. Qu,ootã:o de ni:vcl geral sem duvida. Vendo um ·MaJriltain em:baixad0r da , Fr,a,n,ça jun.to à Sànta -~. e;erever sô"Qre Ronault, Oha:gal1 e Cev,erfni, não posso deixar de estabelecer um parale-ló. Dó la,do de cá os lid.eres ca.tóli<:00 ainda se extasiam c.om as 0J.ie0<gra, vwr.as bal'a– tas ,e t1:em-em apa,vorooos dirun<t-e dos quadr06 modernà\Sltas que im:agilnam coanspottarem mensa-gens subven-siv-as. Qual dleles. chega– ria, m-esmo por esnobismo, a admiftia: a o~ra l'clLgiosa a.e RonaUlt? Qo,em teo;1a a oom– pr,e'lllllSâo de que êsse pintor, paira ~1~ g'!;'°S– -seilro, aJ:ca,nça um l~a.r Em>tre os ma101:es em. 11a.2ãô de suá poética' ? E$$a gente nossa que se pavoneia ãs poo.tas das i,glle-jas nã-o · o fá-z po.r ~n,vi,cção, eni virtu<i'e ?é sua fé 1:1J!l'Dilde e coi.-.a(iosa, mas para auf~rt~ os b~-ef1:moo _do apôio clerical. No fundo sa0 mais mater1a-– Hst2$ que os . ateus e por vezes não se pej_am de dilzê-lo, como que s>e desouilipan-do, na vile– za do cinismo, ~e .úml!, ,ll1pooris:ia vantajosa. ~ um Marttain e um Peguy me COIJilOVem co– mo homêl:ls dign,oo, . 1'e,ai$ e hU,JnaJI1<Qs, 1 o falso ~tóliq? qu·e cJ.éf'e-nd-e ~us ,haveres ~ a C<?n• '11111.raçaio de u-p;ia soc!'edade C<!:l"Com'ilde,, tôàa e1a edtti,caõa sôbré a trapaça, me rewgna. E não creio que pen~em de modo diferente os vie:rdad-eiros católicos, pois enicqin,tr:o neste liv.ro de MarJ.tain sinceridade, elev,açâo e pr0- fun.d•o àoo?té~o p,ela política de _ C0.1'.Ql;)t'O•m ,is– &6.3, pe};o.s conchavos in~~•iros· e a luta pel:o p0d'e!r. ULTIMOS LIVROS (Copyright E. S., 1., , - Sergiõ MILLIET - com exclusividade para a FOLHA -· DO NORTlE, nesu Es fado). ção, Como nas-c»u, pMalelamente, um c_aite- cismo a=fvel e falso da palavra d,e Cristo, "É fácil praitiic~ a_,lei 5:em amaa-, é fá~ win código par-a a diefee.l de uma ~a~, uma a, m.ar desprezando a lei •. Sim porque o amõr in.1lerprefaçã:o cômod-a da moira! crJ.$4:ã ~ap- é ixã e a tendência da paix~o é sen:wre, tada às coo;weniências dos "don-os da V~•r•. a ra-tisfição im-ediata, doa a quem dÓer. Mas Foi q:ua.ndo -se- a,.ea,bara:m -OS santos e os a.rt '.5 as tannbém ·sem paixões· não tem0s mérito em e fo1 ~~ aoo poueos a mala,n,diragem1 aoeiita.r a lei. o dif(cil é reálrhên•te ooru;er– aoo Maqula!vélS de t~a sorte. CI?-ai;,all, çom~ vaT-se atento a,os direiitos alheios, que. se c~n– Fí.anaul-t, e grande nn~r-0 de arti stas ~oder substam.ciam na le:,i; sem entre<eanto re1tun,ci.~0.,r nos, rec;usa~ a a,ceill;ar a regra do Jo~o e à 2<ix.ã0', 0 que só se o~tem pela sublunaçao, tenta, eQm êxito, voltar à_ pureza ~~cessárta, à pef O c0111stan'te esfôrço de pureza. Volltá-1'1;10S reza fecep~va e expressiva que Ja nem na! sem oessar a ei,--sa constat.ação e assim. com– p,:épr1as crllllllças do n~o temiPN se de~a- preendem-os afi!Oa-1 que tudo o que fa1ta a nos- im.oral quando tira de seus temas efeitos ma,. liciooos·, isto é qua,Jldo procura agradar 33 paiíXôes do oo~en V'Ullgar, justifi~nd-o-as _em suma, e incenti.vao ;l.do -as: Se o :fiilll da lite– ratura d'e ficção e o co:n'bie,cimento do homem,, como pensa M.auriac (citado por Mariitain) to• dos os ~mas, por mads es-cabrosos que s>ejam. se torn,am permí.ti -dos desde, porém, que o ro– m~un1cista se man-tenha à a-l<twra de um cria;. dor d'e vida e não desça ao lodo para ~le es– pojar-6é gootosamente. Caibe uma diferença essencial., como diz o autor, entre "a un-íão de amôr e ~ união die cum,plipi'dade" . . . Por .is– so ainda há que ter. em mente qoo "a quanto ma-is o roma.ticista moderno desce na Illliséria hlll'.l'.I.Sna, mais se exigem del,e virtu1ies sobre-_ h=anas". Que sust,0 para o b~~i 1 ~ ª· a!: sa época, espírito, gran<l&a, siinceridade, mo– tllidlo .%Tia ean _breve SUJuve -0 • ., a déstia na criaçãio, tudo isso de que tanw se fe\? _W&,(YZ. levamaida c011Jtra ª 6 • li~da~~. fala na literaitura :nàod:e!;'!l•a exatamente por– p:r:m~alme~e. ? de pensar e c.i:lM' ª • 06 g_ue não O p,oesUi (como m,uito bem o obs~a pa,;Iroes adnn1t1d!os como inofensivos. Ma,ri>t.arl.n tr1n.ta anos depois d'e Pe-guy) tem "Pureza. Da lf!['Ópria palavra se faz um uso . :ianpu,ro" . E M~ritai.n mostra que e&s-a nova con.cepção d,e "pureza'', a d,a coisa fei,ta seJ;n reflexo de razão, imstintivamenre, leva a.os mais inaríireis absu;rdos, àll mais perigo– sas confusões. Ora a época é de oon~tsõe,s, cOll'.lséiie<ilites e mioonseien,tes. l!nclo--se a4é as \'.ilitimas co.nsequên.efas da ,nova moda teria– J'ni0s· um a.forismo à maineira dre Gi"dé: '~.f,.. sin- , ceridade exL'ge de alguém q;ue seja aquilo que "Quap-<lo p- fra•n-cisco d~pooO'\l. a ~obreza, é no majs_ baixo 4e seu ser; e a pur,eza quer pôs-se: a ea-r.tar, com uma libel,d,a!de mcrfvel, que o exilba.". N.j;a:s então a pureza passaria a cainção mais nova e mais d.e,lioad-a do m'Udl.-- a coruftlJlldi1J:-se com o exi'bicioni!,mo. E de pu. do" <iiz Maritaín com ,pa.ran.do O Sànto ª Cha- dor nãa se falaria ma,i-s. .En:treta;nto ser puro gàlÍ p,elo amôr· às cojsas e aos seres e pela fil. não co:nsi.ste em mostrai!" as chagas a todo delidade à vida que- ~,bos <d;emo,n,~m em. mundo, porém tão s6~tl:! em encaa:á- .l.as sém suas obras. Essa rogen,ua PUTeza dtan,te da malícia: A e;,c1bição da chag-a qll(e é causada rea1iaa·d-e é que. transtovma es l)omens em san- pe1a ign,oJ:âl!)Jcia ou pela in.<tenção d,o escân,ci.alo, tbs e ean 11rtlis>tas, Ela toi c'\tu:~ séculos O e de p-i~do algum póde ser tida como w:n a.to :a,pa,n:ã-gLo âos c:t:~os q1,1e cons,t:rniTam as ca- die p'llf.e<Za. Nãt'> l)á pureza sem, con~;i.êneia {ecli'ais, e crsi;aram tôd.a uma !i.teraitill'a, de. fun- dp mail, pois $ ú]tna instância. ela co111Sis– do éticb, al-tameb.te e~pI;eSSiv~ que i:ermina t-é n· u.ma a:ecan~ã-0. NQS não eliminaímos o com a aSiCenção do purguês sabido d0 capiita- resíduo impuro roas o $U-peramos, de.pooltan– j1mno at1J,ti-orist-ão. Dês-se gpl-0 pra,tieado n~ d-0-0 sob o cristal..d~ humtl'élà,de refLeti4a. E t í11.i.l" 7 .áÇão ocidentail • é qµe nasce,u a ali"te na- se a alma liun1ana. é, cop,-0 é rea,Imente, uma t tJ,ra1-'·: \a, d-espt:ovida die imaginação e a,tenita.. mist uT-a 1)u,rva, cal;)e-,J1,0S para atin,gir a pureza ~or l;:? :> Jnz•mo. à c,o1)1a das exteriori\'.\ru.!<es fá- precilpit.ar o resid'Uo mediante o eml)il.'êgo de· q~l-s. N', - :-·,, ,,-ma a,rte de trat)aç,a, feita pa;ra um recaitivo: a n101"3.1, 9 prmciip.io élt.ico, Por– "fi n ,;:r o~· · e r.ão para existir eni si c0cmo ex~ que a p,ur-ez:a não 'é uan esfu.<lio iiátural mas ·o ~ Pt•n<;ª o t;-~ pa,r,cela diiviina q,ue se encOillbra no que· r~a die m\1 oofôrço d,e dignifJ...caçã-o, de {,undo p:r:--~u,,d:o qo bom~m. .Nasceu ·u;m,a á-l.'te a;o el.-evat1?0, die domími-o spl:>re si :m.'ªsm.o. · Nin– al é!l:-'~~ c:•Js medíocres, u,m,a aDbe de r!i,ceitas, · guém. 'n.asce puro ~conc~pção infantil do r,o– (k!stinad'<I a agrada,r o r;ioo e l!he em,be-leza:r m,ântioo Row:$eau), moo tod,es podien'l too-nar– • x~idênoi,a, m~ ~ t~ ~em · sign,itiq1,- m l?,'W:\OS,._ ,, • sua causa ptinJéLpal ná pi,ofunda inversão de valores qu,e se vé.rüi'cou com a ascen:çã:O da burguesia e a formação do ca1pitalismo. CÓi!P. a mvasão do homem-massa já assi.nial-a:da e analisad,a bri1h.anteinente por Ortega y Gas– set. Mas a simples a91>i•ração a uma trans– formação que se observa ago-ra e se t.roduz na próP,ria a,ngú~tia do nos-so tean,po, pa.rece-me uan bom sinal. A insat-isfação já é um. pai;– so à metn<te no carn-inho dê um~ nov-a civili– zação. "A qu~o esseinci.al nfu;l é a· de saber se um r.omainei'Sta pódie ou não pilll,ta,r tal -ou qual asipéci-0 do mal. A q,u,estão eesen,ciaJ. é a de saiber -a. que a]twra ê1~ se ca-loca J;l'll'l'a fazer tal c,oisa". Com iss.o tornan:1os ao problema da pureza e da malícia. Nap hâ aSSlll)lt'O n.01:>re ruem tWQ,a inora,l. Há mod,oo nobres e mprais d-e enéarar as coisais. E nem ~ na exterio– ridade das palavras a wotal,iJda;q:e do e.s,aritor, pois !;>em sabemo.s a que pon1ío se ~ ser impll4i-co e depravadq com flôres aiãm1ráve1s die ret(➔riica; e quan,to é po.s,s'ível s:er p\ll"o, cas--· to, mesmo, com ~a a cnueza da lingu,a.gem poJ?ula,r, Ui!U Rabeia-is grosseiro e mu'i!to me– nos mali'Ci'9-W, e pol"l:arrlmó n'.lia•is pura, qo que o Pierre Louys delica,i;fo e lil~po d•as "Caqções ~ Bi:li-tis". Essa lL~za e~i,i,or :rruedlamite a qual tud-0 s>e penrn;1te e apana-gi,o da l:Yuir– ~wesia d ec.a,dJea1,te, em nosso te'IX!,po, como o foi outr-0ra das aims-tocna:cias alj)o!d:re,cildas. A P!W µi~ pa1rooe; g.U@ Sl ~Ol'!!llll:cista SQ. ~ ~~ "Tôda obr a de arte é feiia de corpo, à$ a1ma e de esipimo". Corpo sem al:ma f a fail• • sa art>e do acaãiei:niso:no qu~ se execuiia como uma lição a,pl'lendida n,a ~cola. A mão obe• dece e realiza o esque;Qa irn.a,gfaràdo pobre• men,te porque sem a participação do cora·ção.: Os olh<>s contemplam e reproduzem decal– cando, s~m penet1·ar, sem que haja revelação. sem rel~giosildadie. A inteligência ap~a3 mede e compara, quando muiito analisa, mas nãô sin.it.ellia jamais. Ora a, verdadeiTa obra die ante é como o sacr~enito da Euca-rí,stia: ou tem-se a carnie. de- Cns:'lo no pão azimo ou o gesto de .engwiir a h-osit.ia , se tra-ms,fonna em rid:í<:'lllo ritúaJ. A olii-a de arte é uma coan,11• • phão do ,m •a,d,or na e.l'\Ía_~ão. :E}n,tão, e só en,. tão, realizá-se o milagre da pureza. "Na<l,a é tão entedi-ante como as teoriasi d-0s pinltores'' . Mas não só dos pi~torés, dos 11~e:ra.t<!$ ta>mbém, e c1oo nrúsicos; e de todos os al"l:istàs·. 4 rnen,os . de se apresentar como ins– trumento de tra,J:;,a;J,ho científico a ile,oi,ia n-ada mais é que ppetexto aos jogos ~a :iattel.rgênci'cll pura, possi,v-e~nte estéril. Só unia teori,a, quie n~o é · um,a teoria mas um principio fun– damental, tem. valor em a;r~: a da in-ocên,cià. mto é, a da hum.i!ldade dian.te do q.ue sei vaif fa2Jel'. Scmién.te uma alma ainda não vici-adei' pela esperteza dos truques e a intenção d:os efeitos, .som-ente uma áJ.ma tão limpa que :r;e– oêba a em-0ção sem a tdéia precon.cebjdia do "tir~e l'oedl", da con,trafação sabida, pôde exprimir a essência. -e comunieã-la a oUJtrem. O a,r,rus,ta é o homem d-e alima J;>'E-•••w,ente– m~e 11,>m'.a, ~qti~ nada a embaça,_n-adà' <! fad• seia, n,ada a v1ic1a; e que êl,e se coloca diante de e.ada novo problierna come diante d-e u,m pro– bl!e:m-a i'll<l;dtto, ainda não resolvitlo pOJ: nin.' guém. E o aeadêmico é aquêle qu-e "saoew co~10 os seus antecessores resolveram as difl– cu1dades, é ?'q u~-e para o ctual não há pro:ble• mas nov,os, méd1tw. . para o qual os pr <;>blemas se aa,11eserrtam -por ca,tegorda$, cOlm r1,gras gra:– ma.t.icais de solu:ç_ã,o. Êl~ n ão . eir.ra nunca e po.t! 1sso mesmo h.uníca .acerta. " • ' •

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