Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• • - 2.ª Página FOLHA DO NORTE 'Domhtgo. 26 de janeiro de 1947 Taine, um verdadeiro lústo– rlador. Pois bem: a chamada biografia romanceada - que não é ôbra de Strachey, repi– tamos, mas daqueles que se aproveitaram levianamente da sua experiência - representa um desvirluamenlo dessa es– pécie na ordem da Hlslória. Em vez de ser uma arte na– quilo em que a expressão his• tórica pode ser arlí&lica, ela parece disposta a ser uma arte pelo aproveitamento do con– teúdo estético do romance. Os seus biógrafos levam, então, para o plano histórico um pro. cesso que só é licito na ficção: a r,econstituição de uma figura não segundo o que ela é r e– almenwi, mas segundo o que ela é i dealmente. Afinal, o que realiza princip:,tlmente a bio– grafia romanceada. levando em -cotlíb quáse sempre muito mais o gasto do público do que a ver. da.de, é a substituição dos jui– zocs históricos pelas expressões afwvas. E através desse ilu– sionismo é que ela tem rece– bido o mais comovldo e cons– tante do.s seus elogios: é uma forma de biografia que "hu– maniza" as figuras, que as co– loca mais perto de nós, que nos dá a maravilhosa sensação de que estamos vlvend<> ao Jado delas' numa intimida-de de tôdas as horas . .. • BIOGRAFIA o {}l'óprio destino da sua exis– tência: a realização a l'lt~tíca, a capacidade criadora. à be– le2l8 e a gr8/ll<ieza da rua obra; diante da bi()gratia de um 86· tadista. por outro lado, conhe– ceremos os seus amores, ou as suas mesquinharias, ou as suas inlelicidade., fami liares, mas .-,o - ,,_ e, ... .,, . "1►.-.ow ~ -..n,n_,~, (~ Con clusão da 1.~ 11:ig.} Esta impressãÕ, sem dúvida, é daquelas que lisonjeiam, que afagam a vaidade do homem comum, mas que desfiguram, que descaracterizam a estru– tura do grande n.omem. Dire– mos diante da biogratia ro– manceada de um grande ho– mem: - Que coisa curiosa e que descobe.rta interessante 1 Ele era um homem como qual– quer de nós, um homem tgual aos outros, com as mes– mas fraque7.a:5 e as mesmas ne– cessidades! Este resultado, po– rém, é daqueles que só se ob– têm às custas de uma ilusão, de uma estreiteza d-e perspec– tl va. Sim, sem dúvida: o grs.n. de homem é igual ao homem comum no s-entido d-e que am– bos COll'Tiem. dormem, amwrn, sofrem e morrem. Há, porém, no grande homem alguma col– sa que é somente dêle, q~1e só êle !oi ca,paz de criar e reali– zar: a sua obra, o legado da sua personâlidade em forma sensí– vel e visLvel. E o objeto princi- bem pouco ou nada da s{gni– pal ~ b1ogr-a!ia, a m.a.téria hu. ficação do secr papel histórico, mana que a cara;clerit.a e a jus- da sua ação excepJ:f1;>nal, da titica, não é o geral, aqullo utilidade ou da verdade da que é comum a todos os sêres, sua obra. mas o particular, aquilo que Não é que estes aspectos, está ligado exelusivamente a que absorvem e dominam um determinado sêr. Natural- todo o primeiro plano da bio– mente, qualquer surdo é seme- grafia romanesca, devam ser lbante a Beethoven, mas ne- desdenhados ou esquecidos nu– nhum outro su.r_d<> conseguiu ma autêntiea biografia. Eles compor a Nona Sinfonia; um devem ser apenas hierarqui– marido enganado se achará 2J8dos, apresentados com o sen– consolado ao ler a crônica so das proporções. Se uma amorosa de Napoleão, mas ne. aventura amorosa, por exem– nhum dêles foi o v.encedor da pio, teve decisiva influência batalha de AusterUtz. Isto pa- f/11ª v-ida de um grande homem, rece pueril, e contudo é a este a.fetando-lhe a orientação e a pueril que somoo llll'rastados obra, seria falso ou desonesto quando analisamos aquilo que deixar de relatá-la e explicá-• mais tem contribu!do para o la longamente, com um espaço súcesso da biografia r 01nancea- correspondente ao da sua sig– da. Assim, diante da biogra- nifi.ca.ção, mas se toi apenas fia de um poeta, ficamos co- um acontecimento superficial e nhecendo as suas aventuras, 90m consequências será sufi– ou a sua boemia, ou as suas ciente re.feri-la su.ci -ntamente. condições de vida particular, Que me seja permitida nesta mas bem pouco ou nada da- allu.ra a citação de um caso da quilo que lhe é particular e minha experiência pessoal. Al– caracteri9tioo, daquilo que foi guns críticos acharam que não -·-·-·-·-·-·-···-·-·--------------. valorizei basla•n te, t\u o,eu li• vro sõbre Rio Branco. os se\a aS1pectos pitorescos ou quoti– dianos como Bll feljoad~ e aa peixada:;; no Minho. A verc;la– de, porérn, é que me ooupei de- t-odos êles, mas com o sen~ das proporções, sern de-dica.-, por isso, maior número de pá.. ginas às feijoadas e peixadas do que ao Trllit.ado de Petr ó– polis. Pois con1er feijoadas é Ltma coisa a-0 aloailce de wn. qualquer, enquanto realiza, o Tratado de Petrópolis to1 obra exclusiva de Rio Branco 011- tra ilusão é a sensação de in– timidade com o grande hon1ern em igualdade de (;ondiçôes O certo, no entanto, é que nrn– guém chego;u a ser lnti1no de· Napolel!o. de Disr aeli ou de Balzac nas proporções en1 'quil se pretende oferecer postun1a– mente essa intimidade ao lei– tor. Nem todoo ocs gra-nde:< ho-– mens têm perto dêles um Eo► well ou um Eckermann - e mesmo assim quem nos ita– ran.te que êles Lenham pene– trado na vel'dadeira. 11~ se,. ereta e mist-eriosa intimid:,de do Dr. johnson e de Goethe~ Até certo pon to, a hisló1 ia. de tendências assim povula• res se expliêà hoje como urna reação contra o esl,)íri to· de exaltação d-0 conceito carly– lean-o do h erói ou contra () conceito de biografia na époea vitoriana. dominado lnrln i,Pl a o.nLe.~ a sua visão pessoal de uma vida e de uma flgi ;i.ra hu– mana do que propriamente a b lstórla objetiva dessa vida & dessa figura. A sua docu– mentação é exata e correta, mas a in.terpret~âo é pessoal a.té o a.bit.rio. Ausente e dis– tante na aparência. sem apa– recer diretamente perante o leiibor como no ideal flaubertía– no do romance, file uunca se dt'IS'personalizava, no entanto, n8(1uele sentido etn que o his– toriador puro procura esq ue– cer a sua própria individuali– dade para encarnar-se na fl. gura e lntegyar·se na época que está revivendo como es– critor. Artis ta acima de tudo, Strachey é mais um ensalsta do que um biografo; os seus llv,cos são mais caracteristica– m.en L-e ensaios biográficos à inglesa do que biografias. ~– pois da leitura de A Rainha Vitória e Isratel , por exem– plo, ficamos t.«J.vez admiran– d o mais Straclley do que Her– vey Allen; con11udo, ficamos co– llhe<:endo históricam"Emte mui· to melhor Edgar Poe do que a r ainha Vitória. Strachey é assim um magnifico escritor, é um admlrável historiador, Ll1116 não é absolutamente - e JJ chegou, afinal. o mo– mento d,e proclamar-se e!rla verdade contra a maiorla - um biógra.fo ideal, un:r auto.r 'de biogratias a ficarem como modelos no gênero. E veja-se a propósito a que degradação desceu a sua f-0rma, o seu pr-<>– ceseo, na.6 mãos d<>$ discípu– los e imitadores. E' que êle era por demais pessoal para tec diseípulos e a sua maneira p or demais particular para criar uma escola. Dir·se-á: res– tam o estilo, a beleza de forma e a arte de composição que tanto valorizam a obra de S trachey e que tanto contri– b uira.m. para a sua glória real– m ente universal. Mas terá si.do este emprego de recurS-06 es– téticoo nas obras de História uma i nvenção, um privilégio de Straehey QU daqueles que já distootes dêle :representam modernamente a chamada bio– gcafia romanceada? J á niio es– ta ria is.to cara-cteri.zado quan: do o ~ pidto de9Critivo de He– .rodotio t oi ultra,pa6Sado pelo eep[ri:lo interpretativo de Tu– ddides? Chegamos afinal co.m esta pergunta ao ponto prln– •eipal das considerações que -nos foram iiugerid as pela lei– tàmbém P11ck. A seu respeito, temos sempre vont.ade de ci– tar o dito 9haque.speriano: JEAN COCTEAU "idéia da virjude''. segundo a pre ocu1t06. Tem "o feiticei- expressão de Virgínia Woolf. ro" ciência disso e de ser ne- Também dev-e ser leva.da cm cessãrio saber con,tar afim de cont:a a timidez, 0 mêdo que conseguir forçar o cofl"e d<> se Lem hoje de parecer a.P()– silên.cio. - logético. Nas époeas rnediocre$ tuca de lsnfel. "Quando nascieu, dançava uma estrela". . . A isso responderia o a1,1tor de "Marié6 d,e la Tou.r Eiffel": "Dança!Va uma estre– la ... sim... mas, era o shi– mi", po.is Jean Cocteau repa– rou, j á há tempo, que •as len– das e os mitos encerram ar– canos pro:fundoe. Afirma ele que, mesmo quando &e inspi.:riaram com eles os maiores poét;:ls do pas– sadp. não lh-es esgotaram .o mistério. Cada geração vis– lumbra, sob sua luz própria, as criações &ternas, de forma que pod-em essas ai.nda 8li!SU· mlr característicos de novida– de quando aoreditamos ter– lhes d-etinido todas a6 feições. E' essa a orientação q ue deu ao que há de mais importan– t,e em seu teaitro: "Anitigone", "Orphée", "La Musique Infer– nale" e "Les Parents Terrl– bles". Ben1 que tivesse êxitos iáoeis. permanece grande seu mérito em ter enrlq\1ecido al– gurna.s fábulas, em reeditá- ~-,~ -~ -11-Lt- lEir Concl usão ela ult. pag. / las com a6l)eetos novos e em ad~má-las com poesia mui própria. Por certo, houve en– sejo d-e lastimarem-se cerlas !albas e deplorarem-se alguins artificios; mas, que sã-0 essas • pechas diminutas em vista das belas intuições que lhe facul– taram ellítrar na pegadla d:o · gênio? Encom:ram - 1e nos ''Mor– ceaux choisis" em que coligíu numerocsos poemas, virtuosida– de prodigiosa, uma poesia âgil e profunqa, patética e fantà– siosa. Sã-0 essas páginas tra– balho dos m aÃfl per.feitos de nossos tempos. Não olv-idamos que, há 20 anos, a precocida– de de swí glória assustou o próprio poéta, e isso não é pe– q ueno atestado de lucidez. En– tão, compreendeu logo, con– focme confessou em seu "En– salo de Critica lndireta que CODViml e&eon<ler-se a.fim de conversar, às surdas, com o , gênio verda<:leiro da F ra.nça". Descobria, deooe e11tão, nas letras francesas "aquela arte de sembla-nte , d'l,liplo que ex– pl ica a atitude inicial dos es• trangelr06". Descobrindo o gê– nio verda<:leiro da língua fran.• cesa, é a si próprio que iria descobrir. Introduzem-no Bau– delaire e Nerval, Ri.mbaud e M allarmé nos domínios da m~is autêntica poésia. Foi esse retiro que deu à luz, "Le Po– tomak", .isto é, um esfôrço no– bre de coração. Desd-e então e qua-isquer que tenham sido seus desvios apa– rentes, Jean Coéteau tem per– manecido fiel à poesia fffOTÇa misteriosa", '':forma dlesespe– rada do inslinto de conserva– ção". O falo é que a poesia é antes do ma-is "a voz da alma", "o c~t-0 9eCre1.o" cujos · man– damend:os nos são quasi sem- Durante dlemas:iado llempo, ou decaidenteG, como é, por mesquinha lenda cercou essa exemplo. a época ronte.mpo-– person,alidade piniru:re9ca tão rânea no Brasil. os hjstoríndo-– estreitamenlle ligada às víeis- res que estudaram ou estu– Situdes e malevolências da da:m, com veracidade, figura• v-ida parisiense. Na reaUdade, e eplsódioe do passado tomarn o poét.a sempre so.freu da "fo-" a aparência de apologétic<Nt me do miraculoso". E.sse é o por efeito d~ inevitáveis com.. motivo por que era necessâ- parações. Quando somoo m u i• rio que tivessem suas combi- t o pequenos estamos sem11re nações artist1cas, custe o que tentados a duvidar da • gran,. custaSISe, aquela virtude quasi deza dos outros. V eja-i'IC o que mãgica. Quanto ao milagre, acontece a eefe respeito co,m nunca deixou de procurá~lo Um estadista do lmpéri&. Os lofaligavelmeate, la n ç ando homens púb1ico6 cl-e hoje ~ãi, mão, para conseguu· sua rea- tã-0 infer10!"e:S a.os d o Irrupério liza.ção, de todós os meios, do que os menos ,::onbecedores da ópio à oonvel."Sáo, dos basti- História já afim'lam que Na.– dores aos holofotes da6 'câm~ buco contribuiu oom · multa ras, d-e suas. confissões a suas ímagtnação para engr-an<iecer e reco1'da~ões. tornar mais brilhante aquela De antemão, roopondeu Jean época~ntrentar hoje o grande Coclle.\u a seus últimos de • público, oo te1Teno da Histó– tra;tores, escrevendo: ria, é não ter mêdo de paro&• "O ponto m~ilm'O da sabe- cer &pologé ttco, é te r a sim• docl.a, eis o que o p(lbli~o cha• pllcldade de reconhecer a ma loucllt'a" . _grandeza no passado, m~rn.o quand-0 se sabe que- ela n:iio,, Q uand,o afirmamos que a rb»gaitia é uma arte - este ,oonceto só se torna válido st' ne9ta mesma ocasião e&tamo3 pens.aa, do que a bistó1·la é uma arte . Mas em que sentido é uma arte a história? Pelo sen– t id o da elQpressão, pela reve– l ação dos juizos e valores his• tóri<XIS atra,vés de wna oom– posição literária e de um estilo artlstíoo. Assim, a blstória é uma arte - velho conceito classico e&~elecido delKle os .gregos - como também pode !lê--lo, no mesmo sentido da e,.x- - ----------------··-~---- - ----- vai ser de todo acreditada º" SE N 7-1MENTO ~r~:te::mc:~~::ª:: Em vez de imitar Lyttoa Stra.chey, sem os reoursos ori• A INFLUÊNCIA DO RELIGIOSO SÔBRE A LJTERA TU RA ginais e lniiMnsfe'l'iveis da ~u& personaJi.dade de e s c r it o r. ap roveitemos antes tóda a eu– . ge9tão daquela .frase em que • êle . lembra q ~ "é tio díficll escrever bem a história d.e Por Monsenhor J. CALVET p1,o.reitor do lnstituto Ca.tólico de Pari. uma vida como vivê-la". E • di!ioulda<le, sem dúvida, se ~n– contr-a na i:otuição do hisi~ ria.dor para não roma.ntiza~, nem também vul gariza<r um grande homem, nãó fazer dêle ~ est&tua. nem também um ~r oomum. Se fosse wna estátua int.ocável, só par• ser estãticamen-te glorificada e ' adjetivada, sublime e sem quo-– tidiano, êle esta-ria acima des– te mundo e das oossas possi• bitidades de oomuni~açiíó in~ telectual; 9e fosse um sê r C().o mum, igual aos outros. sem .tôl"Qa6 mi$teri0888 e ações ex– traordinárias, êle ootaria per. preissão. a filosofia. A oora de" (Copyrlrht do Serviço Francês de lnforma~ão) Bergson, por exemplo, é uma Acontece várias vezes que o sentimento reli.gio.so tem uma -ot,n. do fllóso1o no conteúdo inlluência sõbre .a liberatura onde encontra sua expTessão; o e de artistas na !oTma, propo- ca5o da intluén.cia inveraa da poesia sôbre as formas da oração 81.çio quê em História. por é bastante regular para que valoo a pen-a assinalar q uandó exemplo, poderia ser aplicado se depara. ao Tal ne de Les orirlnes .te la Verlaine, Jam~. Péguy, Huysmans, Bloy, le Cardoonel e Franoe · tcoia&e.mporaine ou ao Claudel, o único sobrevivente de uma geração gloriosa, entra– MíiCauly d06 Critica] and Bis• ram, de uma oert-a maneira. em nosso modo de sentir Deus e terieal Ensays. M1!.B que diria- de a ~le orar. lllOii de Bergson e Taine se Com Luiz le Cardonnel e com -Francis Jammes. a piedade ê{eg houvessem " 1antasia.do " a lrancêsa coloriu-se de ft-,mciscanismo, do espirito~d-0 Poverello fili>sofia. e a .história oom O ob- de A3sis, ~ssocian<io ~m seus movimento:i os a:oim~is, as plan– jetivo de torná-las mais "1ir- tas, as coltnas e os rlachos, a luz e a no1•te. Verlatoe e Peguy t .C.ticas ", mals agradáveis ao leva_r~m~nos a talar. com Deus oom certa tan1:,liarkla~, uma , a.ui do grande público? Cer- fnm~l~ar~dade acarlct-adora _e berna como ~- de Sagesse , uma tamente, que nem Bergson era ~m1har1daóe br~ ,'; pesad11 como a do Myst!"e _de la <?J1a– üm autêntico filósofo nem r1té de...Jeanne d Are . Desde Huysmans, a eleganc1a trad1clo– __________.___ nal e acadêmica da arte relígíosa, tão em voga há ci,nq uênta l nos. viu sua fortuna <k!elln0r: as estátuas de nossos santos • perderam ,uas )lelall côres, os gestos dos ci.ue oram tomaram inflexões medievais e as oriplas são mais procuradas para o e:soritores espirituais, dos teólogos e da hierarquia católica. Ma..s poder-se-ia perguntar si os eso.riilores espl.r1luais. os teó– logos e mesmo a hiera·rq_U,ia não tora.m orienta.dos, à sua re– velia, R6los poét,às. A literatura de imaginação tem muito maior iruluência dÔ que .ordinariamente se pensa sôbre a di– reção do pensamento e mesmo sôb re as formas dllrvida; ela Cl'ia 11m ar que se cespi-ra e do qual se vive in.con&Cientemente: aquela mocinha da. provincia que não leu "Sag-esse" a mur– mura na sua oração, a oração eucaristica: aquele êstudan.te parisiense que teve pouco oonlaot-o com a obra de Claudel inflama sua oração do sôpro das grandes 'bdes. Os p~las ro- • m ãnticos, a seu tempo, invadiram todoo os albuns pessoais dt t1oechos e&eoUúdos; os ailbuns de v-er906 não inais estão na moda, n1as os poetas saldos do simbolismo entraram na liturgia e na oca,ção; é de O\Ltra n1anei,ra intimo e durâveL O simbolismo con&truindo sua arquitetura literária, deu- ~ a .forma de uma ca,tedral. Os católioos responderam ao seu gesto dando à oeted•ral a c6r simbolista, nos detalhes, até no éorte das vestimentas r iituais. Chegou-5e até l á tornando-se atr~nte para os m•tístas, par.a os poéias. pare ~ 06 letrad.!>,ç. .. 11eCOlhlmento sMão para o vóo a{é D.eus que as altas capelas inundadas de luz. Quanto a Claudel quem dirá o quão p ro– fundarn.e·nte ele marcou o espírito reHgíoso de nosso t-empo'? SUITE BARBACENENSE N. 0 2-1942 P od~•se:-ia ser ten.f.ado de dizer que o período que venh~ d.e descrever é um período acabado~ 1885-1946, é ma is do q ue r,ne,i~ulo; é mais do que ,e precisa para usar uma fórmula. A geração que.sem, menos cultivada que a nossa, menos mê– diitatlva, mais aiti-va, mais p róxima do que se chama r ealidade, satisfaz-se em auas formas de piedade mais sim ple;i, num• liturgia d.e ar llvt'e e de m3.5118S. A missa numa clareira ao f un. do do bosque ou na dt!>Soro-em de uma garage, um a'ltar feit. de uma táboa arrumada sõbl'e dois tratores, ao vento ou em. mei-0 as máquinas e u tensilloe, uma oração em l inguagem po-, pular, ~ mi9térlo verbal, um diálogo direto, sln.gelo que seja com. o oficiante ou com Deus, a .r eligião no andar vulg~ doa vida quottü:iana, eis o que pai:eoe responder a suas aspi– rações maii protuudu. Deve-se i!tso à fôrça maci~a de seu verbo q~-e se. nos i:mpõe, .• - •- • • p ensando s:ôb re nós; isso se deve princip almente, eu creio, à fo~a teológica de seu pensamento e as f ontes onde ela 9e' a.li- menta: a Bíblia. o Ev.angélho, a mística, a liturgia, a arqui– tetura i;agrada e essa mi»teri-OSa força da na~ureza q ue nos penetra pela tet'r,a que locamoo, pel:<> vento que nos . impul- 1loria, pelo ar que nos alimenta e onde o poéta sente uma. pre– lM!GÇ'd de Dew;. Quando se tem int.i~ conta.cto oom a. j u ven– ~ e cristã cultivada fica-se tocado -pelo cl audelismo de sua pleda.die: qualqu,er coisa de lar go, de vasto, de cósimi<:o, um pouco roaftooo e brusco. por vezes, em auma, ~ btblico. pós poc be11ra o mel.a.foriSIO'lo. 1 A ação des.,es f)OOliali n ão teria eticác1a 11i ela n1-o ttvesse ~ lado OiJ ~or~ ocíent&<los ao meemo lleOtido, oo,; . vão betvtel saber q uais eram as três p r imeiras. M• nin– guém soube i-0foffll11r ... X X X O cemitério é q ue é comum, mas há dois cin~mas;, como há -dois j ornais, dois eõros na ma– triz. do.is cabelereiros d.e se– nhocas, duae SOit'Vteterias, dois clubes, dole ranchoill oaK,.wa– lesoo$, dic>Li líl.ldo, enfim, por- que há dois pa:rtldoo pol itlcos, águes que não sie unem e lu– tMI\ sempre, ,e náo ma.Is em eJ.eí~õei politicas - ó t.empo ,aud0&0 de paixão e foguetes! - ao meuos em eleições de ~ i retorfaa d• Santa CaM, de p,:,incesas lia Prtma-\l'el'a, d.e rainha doe eaitudQ.ll.1Jefi, etc., tN?lloo útiJ. para uão perder oC<JQbUme. Exl.stie ai, nio q uero duvidar, uma el.elracfa poesi• tio dt• tereete da 4& Albert &main e de Lou~ 1~ Cardoonet.l Talv~ que m\dt.o oêdo &JpareQa o poéta que a separará e impor á • brilho à ,re,ração segui,m,e. Scé. o . Cla~el de _amanb.ã, ,E -.f!Yl ili wna vez ~aireoerá que a po-eeia ínf-ooma e al lm~_nta a oi:acão.

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