Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• \ J..ª Página FOLHA DO NORTE Domingo. 8 de .junho de 1947 - ' DIRETOR PAULO MARANHÃO FUTURAS DO RO.MANCE • \SUPLEMENTO I LITERATU~l ORIENTACÃO • ROMAN·C·E ESCRITO nA LA DIABLE" - MATRACA - DEPOIMENTO =,n~••- ~ nr- ,; u _... u u Z..:SV4.,stFzu zu; ul UM BOM NEGôCIO - O ROMANCE DO ESCRITOR JOSt VIEIRA DE HAROLDO MARANHÃO O escritor José Vieira autor dos romance,s, "Vida e aiventura d,e Pedro Ma-lazarte", "Espe, lio de· casadôs'', •:o livro de Thilda'', ·.,o • bota-abaixa" e outros, é wna das ma.is altas express&!s-de nos– sa cultura. Como, romancista e estudioso de nossos assuntos folk– lóricos, o conhecido homem de letras, que tambem é seguro en– saísta e critico literário, tomou– se uma das figuras ma.is impor• tantes de nossa literatura atual, --Almeida FISCHER -- • após-guerra... Não, sou da1o a profecias. Um realismo qU3 se tem ante;vlsto e pr ometido, ..eho– que :lá ai esta. Não t em .sido outra coisa, exceções notad as, e romance d ci s Estados. Uniô:os. Para mais, é um realismo críti• co, do mais ins.tiga<llol: e do mais gra to·aos propugnadores de pen a da convulsão soctal penn,anel)te. Mas, se o romancista tem deve– res par.a com o seu leitor, cón10 tem. é para ficarmos nisi,o, p;ita J:)il'Ofetlzar isso, - um velho roer() realismo, oritico ou somente pa• norâmico? .Se olfl..apnos p,ara den• tr.Q de nós, recoohe<:emos que nâo andamos ,contentes. N ã o contentes os que e·screvem 011 pr~am o aboni vel romance ma• traéa 1 d.e$COntente-s• os que não nos e~lleam nem com o sím,– ples reammo, nem com essa fie- COLABOBÀDORES: - Alvaro Lins, A1m.eida Fi.scller, Aurelio Bµa;rque die Rollanda, Benedito Nunes, Bruno de Menezes, Carlo&-Drummond de Andrade, CécJ.l Meira Cléo Bemaro.o, ~o dos A,ll,jos, Carlos Eduardo, F, Paulo' Men– des, B'.arol'!fo Maranhão, João Condé, Marques Rebelo, Ma– nuel Bandeira, Max Martins, Murilo Mendes, otto Maria· Carpeaux, Paulo ~o Abreu, R . de sousa, Mowra, Roger ~S:=. Ruy Guilher.me Barata, Ser.gio 'Milliei: e \Vilson ACAO E POESIA - Benedito NUNES II '.Ilomando parte hoje no ín– quéi;ito que vimos reat~do en– tre os escritores brasíle~,os sô– bre as diretrizes futuras do ro– man,ce ei\tre n9s, José Vieira oferece-nos um dós mais equi~ lit:,rad-0s dlepolmentos sôbre o assunto . Reconhece o brilhante escritor que existe realmente u~na certa crise. .no romance a~alment,e U'• crito llQ Brasil e aponta algumas !las causas que a de€ermi:i.l!'am. Inte1rem·o-nos do se u depoi– mento. ROMANCE ESCRITO "Ã LA · DIABLE" De;scobrt~ a es.sê' ricia da z:,eaHdade seria ter O conhecim=to abso~uto, :,m óutrall palavras, a, ver:<Iade absoluta e. a verdade ab- 8o.luta s~poe U;ID prínei1>}0 'Wllco, debaíx-0 do qual se coordenem os :fatos uru.~~sais; Ehl, nao pode ser multi;pla e t.ende à unidade à causa uruca, ao fenomeno impar - ôu Deus-. E Deus, como dé• InJciaJldo - seu depoimenU> sô– :flne o tomlsmo, é principio e fim do h'Omem. A origem e a fina• . bre o rortl.anoe, José V.ieirr. tile– lil'liade. A metafisica não tem tido outro grand'> princípio a não nos: ser Peus. Seja ·o i>rimel:ro motor de Arl.stoteles, 0 ~r necessário -Nos nossos 'd!as, tem-se acen– d()S escolásticos - 0 · cOOlceito divi.no até ago::a fwldamentou a tu:a,iio, para. mi•m, alarmantemen- metaf.ls- ioa. .. te, a preqoi;nmâncla do romance L'l:b . .. escrito "à la <fíable'', sõore o ro- " er,tou~.e a metafi.stca da: teoliógia pela "Critica da< "Razão man.ce obra literária. Predomi• J".Urª e resur.g1u ~epo!s humanizada.. e Bergson cria.va um, pla~ . nância de êxito coroo venda e ~o die transcendenc1a qu-an.do · o seu Deus latejava de deotro pàra de aceita~ão geral. Estimandó o fóra. , . - gên'ero a ponto de senth· a êle A verdade absoluta ou essência da realidade pOde ser ex;p:H,. não me póder · dedicar . intetra– cada eomo illusão do espiri<to humano, desde que nós, como anun- mente. prej:ú;.o ·a· última· espécie, olava O ceticismo de •sautayan-a, descobrimos apenas as ""_,.,.fi· quanto ·à primeira, apenas d.el • ...~•- x-o djl' condena-~ de todo, P,Or- vas. O c_onheçimento compl~, dizia êle, seria incom.pativel com o que .â}gu,I!S'. deles, pela matéria ~to de ,estarmos. ~vos. Não nos compete esit>iar atz:avés do p~- ou pelas qualidades ·cría.õoi:as do tlcular a idéia divina... autor, merec.em acolhhnento e, .Aceitar essas conclusões não sera por acaso uma contradl- até; -estudo, Fla-ubert ewerou Gã'O, descie' que matéria e ·pensamento se . harmo.n.i:zam, e a inteli• que !l'. ficção .se énc.1mi.llhas!:e gê'!Wia. penet.:a n-<ts -prof ún-dee.u, do sor co'iao a agu.lha do ba<>te- para :. l'e5'0!ver-se em Wstó)êia. ll!ôloglsta noJsan.gue- hwnano?- Acode, agora, .a conceps;ão do posi- Hlstórl a vem sendo ela, de'1(le P twismo. o positivismo nA""'U a transceooen;., _ da _ . ....,.,ca d- com_eçp-, no sel}'tido de refletir, ~ .. ~ ~ ~• , ~- por natureza, os c!>S'tu.mes, o es- olarando-a inutll e íncompatlvel com a verâadeira flnalida<le do pirito, enJ}lm. ã v\4a d.e; -cada eçpJrU:o hYmi!J:lo, q:i.!e erª' gen:eraliZ!li ~ fatos . e CQlal)Qfat 11a in· .época ..J>ôJL ísso; nem tudo ·se ve$1llgaçã.o cient'!.fíca, integrando-se · no terceiro estad'.o, Mas esta perde no roma.Me comum, dl>S'• kléia m=a do prog,resoo da ciência tende a um limite em que de qu.e traga qualquer .int'lnção. todos os fatos particulares deixarão de existir, a não ser num só, w1:ico, e ai .temos nov a1nent,e Deus - que volta tnsisten-te na lilstt,nia das ideias. Porque a cjêm,ia daria, de certo pon,to em .d:l· ante, a filosoJ:ia. Há wn momento no <1ual ciência e metafisica se confundem. Basta lembrar que hoje, propri:amente, não existe úma cjê.ncia flsica oficial. O positivismo era, conquanto veladamente, um anseio para a verdade completa, desde que o caminho iria sendo feito, pouco a ,pouco, pela ciência. UM BOM NEG6C10 Prosseguindo, diz-nos o autor de "Espelho de casados": -O r<>mance tol'nou-se um ne– gócio, uni bom negócio. para quem o escreve ou para. quero o vende, às vezes, para ambos. co– mo se dá na Inglatei:ra e nos Es- (C:xciusividade da FOLHA DO NORTE no Pará). tad.Q,i; U~i<ios-. Piria que nisso as– s~ta o seu p.robleroa em nosso tempo. Objeto de co,néreio a ser explorado com a feição que melhores vantagens pertnitã - a simples aventura, o simp·es sen– timento, ou os dois em combina– ção -, o romance P.ºP~r have– rl:a de vencer como venceu, o roman~ literã'rio. Resta a e1.te um re.fúgio elit-re as "éttte.s'', ca– da dia mais reduzidas, que, ape– sar disso, vem resistindo à -:res– oen~.e adesão da classe média ao vulgar e às exJ.gêneias d.a m·assa tçnorante, incapaz de raciocinar ante guias e o n v í ·c tos ou s6 ".snobs", nem T>Or isso menos or– gulhosa da sua preponder~La no presente cáos. . O ROMANCE MATttACÂ ._Sôbxe ~ romance Ç9~ insinua. çao ideológica,. o ron1ancls.la JoSé Vieira disse: -Os, escritores de foi;m:ição clássica e universalista não po– dérã1> voltar, como dir!ê Graça Ara~ha, à mocência pero,da, e encO'l'ltram-se diante de 1•m caso de consclêpcia: 4eder à bo~rasca que tem por sl, com o poder mercantil. uma propaganda pron• ta a agir . de mangas arregaça– das qµal'!do é para lrn9or o r o• mance da insinuação ideo!6glca, - o romaTtCe matraca, ou re conformar, retraindo-se com as :;:~;,.,_e:es~cr:~n# :~:~=~ os novos · tem,pos. (ie.;red->1•~ de uma reconstitui~ o wi vida h u– mana fundada nas Jnterl'sses imediatos. Como se, por exer,1- "Pl-O, os artistas pudess-:>JJi. d<?ixar d e ser artlstàs e não ore,:.sassem viver . Deste modo se pensava quan.do o próprio e6p11·.to in1edia– tista insplrou os editores. Al· guru. llv-r1>s de guerra tinham a:l– canç.ado tiragéns enormes. O 11e. góc!b pegoµ;, !)S espcr.tador és da ho~a de.sgraça enc'.:<leram~ <ie curiosidade'; oo edlto-res n?ultt– plicaram-se. O resto é o que es– tamos v~ndo. Agora, é difícil vol– tar al rás . Ajudando o editor está o leltor comum em núroeTo cres– cente; e em to.dos rede&pel'tou o hábito de se nutrir de ,,lstórlas rea-is ou imaginadas que levt-m' a cir<:,ulos agradáveis de vlda e p~nsamen'to. Aqui l.'.Stã · a razão das .c'au'd~losas: tiragens. ;rer!.(ic&• das em toda parte, Finalizando seu depoimcnto 'sõ– bre ·o romence ent re nós o es– critor .'Tosá Vieira diz-noi;': -:-O ro~_nce de amanhã, um visionado romance d este novo - . . çao ptopaganda, grosseira pelo que prega, grosseira peló Jnâu gooto e massarlora. Precisamo.s. de*ejamos m elhor. M.as .não sou, profeta e nã_o devo ·formula.r re– ceitas. O roinan.ce d-o próximo· amanhã d e, p e n d e mais . <Ío ro-– manclsta vin'douro portado.r de alguma coJsa menos ãr:ida. e não sabemos COl)').0 ser â, que de ànun– cios, de antectnaçóes, mesmo n as. c idos da. ll<,>né~a bô,a voo tade. Whistler EO Impres... sionalis-mo Inglês Eric NEWTON -- viver não tendo l)Or fim destruir os valores fundament1is êa ci– vilizaçã,o. secular? OS que peroer.am a lnocêhcía ·nã1> têín qt.te se confor:nar nein ·ceder. A ,l :iç.çã· o da liicttftura, opor a ;ficção da cwltü-ra. É o dever d'!> escritor , Cn<1rr!Q- e~cn– to'r, excluSivament e. aquele que, cultivando a •!iUa lingua, es<'1·cve ~liza'J'ldo uma 1!1r..te . ::::.,Nã'o aored:t,, n~- ·O)'.qfte d-O iomance, aftnn.a :Jó!;é Vieira. Depois da primeira gr!l-:1.(le guPr– ra. mult o se .falou ~ cr4'e da ficção. Ela esteve mesmo · em crise. Os . romanc!st.'lS e-:-a:n J){'u. cos e e.stav3'ln at.á1'>t'11.3•'.10S /;, 'n• aa, assim. !JUCedeu ao teTl'lJl)O em que 1H>-mens e-nln~'.\~es e.a 1''r2n• ça venceoot;a proclamavam na– da mais caber aos 1 >0vns que se refaz!)rem economicaménte; que «a.quilo"' de c iê1l;z.1a. 1etriri::; e a r– tes er.a c,oisa incompati.vel com A çe.na deve ser deslocada para Paris, onde Constab'lc 1a,n• çou sem~nte em terreno tr11tifero que f1011esceu estrallhamente. Manet e Degas, 1 Monet e Cam:ille Pissarro formavam a .esPinha dor. sa!, da ~ola i' ressionista de pillt ore$ - a ;nais poderosa con,– ti>lbttiÇ.ão no s ulo XIX para a princlipal corrente da tradição eu– ropéia. E em . •tima anális:e o impressionismo deve suas origens a dóis artilStas - Velasquez. e Go ~ab.le . Mane't e Deglis, os- pintores de figuras do 'moviment o, olha\/a.m para Velasquez mas estav am também -eonscjos da presenç a (:le Constable; Mon<'!'t e Pissarro, p ill-' tores paisagistas, de.viam atgo a Vel asquez, mas..muito mais a Con.s– tabre. R'efêrimo-nos a Bergson e deJe dissem'os que (lriou, num pla– no, p ho1nem livre, e no ID$IDO plall'.lo Deúis. Um antropocentr.ismo nada modesto. Desdenhava de .n~ llll animajj,dade... . Moviment.o ·Literário O lmpressloni,smo é d i:f.i.cil de ser definido numa sentenç;,. como o Pre-Rafaelítis!X).O, Mas seu sabor é tão r~onheclvel como o daquel'-e. O que os. imp ressl1>nistas· arnsiávam apreender era o "on~ar" mome11taneo da cena q ue esfivesse pin,tandop, A fim de apa– ma.rem esse "olhar", d~nvolveram. teorias semi~le1lll.ilicas acêrca da luz e puser~m suás teo1:ias em práti(:a inventando nova técni ca de pinttu•a, O que ilnediatamenite-nos importa não é nem sua teo– ria nem seu método, mas sua !n;fluência sôbre o norte-ame rican o de nascimento J ames McNelll Whistler, que veio a Paris' em 1855. Os efeitos m~entaneos não o int eressavam : A contribuição de Constable ao Im,preS$ionismo francês mal pode ser traçada em sei.a trab-alho, Mas a influência de Velasquez, vmdo a ele parcia.Llnen.– te de m'Odo direto e em parte atra.vés de Manel, é· o principal sus-• tentáculo d-e seu estilo. Em particular, dela absorveu duas caracte– risticas - e IICUirada P,eroepçâo das mais sutis diferenças ,de tom ., a elimloacão de detalhe des.necessário, Estas foram as reais qua– lidades que nãd se encontravam na pintura Pre-Ra.faelita. Os Pre– 'Rafji-elitas adoravam o pormenor e ignoravam o tom. Whis.tler, etn• bora rebelJde, nunca conduziu consciente revo1ta contra o Pre-Ra• faelítismo. Rel)el ou-se antes con tra tod-0 o espírito da pintura vi• toi,iana na Inglaterra. Quando, portanto, estabeleceu-se na Inglà,. \erra. em 1863, 1> efeito imediato de seu advento, foi o levantamen• to óo grito de batal'ha contra a pintura de narrativa sentimental como a praticada por Wllkie, Frlth, L-a,ndser e ou>tros. "A Arte pel'a Arte" foi .o grLto de batalha. O famoso retrato de sua mãe, feito por Wllistler, teve que ser mtitl.lilado "Combinação de N~ro e Par– do", a fim de que se fizesse bem claro para um público tgnoran• te, e&.t.cado na pintura de anedota, que não se devit, ver ,no re– trato um docun1ento humano. Mas aquf já se rompe a noção medieval de que o homem ficava entre dois murid~, o divino e o humano. Rompe-se a f ron– teira e só hã Un:1 limite: o homem. E ele sente .isto pelo ".in– tileot'' .A intuição. Agora, numa S'Ó cadeia, fazem-Sé t.odas as nossas relações CQm o mundo - cadeia de Vida - e não é de admirar qa.e o pro– blema. do fdealt.smo .critico tenha sido' a.fast:i<io. O pensamento dá J .»,;edlda pêrfeita do ser · que afet.a os nossos sentidos, do ser par- i~ t'l\la.r. l'.;jdamos com êle, habttual e frequentemente, e a inteli– g$ncia uµfu.:Se ao seu objetc;>. Ma~. ào mesmo ~ qu,e neste piano toãas as ·re1aç·ões se .a<:ham esclarecidas, há outro- - e quem dele póde fugir - b'e.dicionalmente metafísico e uanscendentaI. Jt onde a Vida d~, como de um viaduto F,1 póde ver passar. em d'i..s,Para.da, o trem sobre · a ponte de fer:ro. Submetê-lo à razão ser!a iacnmente ·repetir' úma frustàda experiência metafisica. E no– vament e surgiria o idealismo, imprimindo lógi ca à vida, à vida que talvez seja ordenada P,Or acaso. \ O. próprjo físico Ec!dington não se furta à afirmativa de que tudo tal:Vez se deve ao azar e, diz êle , um macaco poderia com– pôr a1gums manu$érltos do M•úseu Brità ni~o o,u as teclas da· má– quina de escre,.,er, bati'das sem O'r.d~·m, .produz:i.riam uma i;e:nten– ça pe'r:feltarnente in,t eligivel. Não nos de:vemos •admirar dessa hi– p$tese '!lbso1ut an1en.te contrária à ordem e unl.dade d-as leis ci- 4: 11tifi.ca: s. E)' que o pensameMo cienti.fi ,co entr-a hoje num dos seus maá.s gi;aves transes, · A p assage1n d-a vida, o 11.ometn deve rete;. e111 si, no estado poétii:o, procurando s-elecionar o.s fat1>s e caminhar eni busca das- ~ ciss ou da e<>...sê~ia ü nlca, Isto é ação fóra do tem'Po e ti.o li:.t e1'n1> . ' Santayana dlstl'nguu, a exper iência c-iei~tüica da ppét~ca, -d!!ndo mais v.,ilor a · esta, "a qualidacte p oét rça da exeerlên.çi.a" . v.Ma na· pQes ia , Na mét-aflsica. .Que sen-t.Lu aquéle solif.ãl '.io An1,1el (lllt! "nâl> é ·a ,rída, futura, é a vida n 11 prde1:n,. a· vt<l.a em Deus, e o tempo deve aprender a ver-se como um movünento da eterni– dade, coroo unia 1>ndulação do óceâno do ser'' , :Felizmente, o' nosso sécu11> é de poesia, e os poétas alcança– r~ uma 1ioya fo'rma de expressão até agqr.a inacessível e vel ada a ,muitos homens. ú ma tentativa p âra atingir a e>l)pre~o real, J)ara éobdr ~ defic:l~ncla das palavr as vaztas. Prec.{sa'ml).S vive1· a e:i-;periêneia alheia, ;3ptoveitan<10-nos des– S'eS mo-~nt(>s de éontacto com o mundo. O poeta não prec,sa de 'nenhun1 simbol1>: açha•se livre no '(4.ico. plano de t~anseendvncia posstitel. E'· por Isso exclú.l a lógica f-0:rn:ial. q_11alquer ou,tro a~t,lficie meramente audit ivo ou musical. A,pen1rs, declara. Eduardo Fii.eiro, ".a notação de um e!liado poe– tico pié-l6g'~o 011 extra-l6gic1>, a essência : , um momento emo– Jivo :puro" Náo se podJe des,pl'é,Sar a noção de ve'l'dade' a)jsoluta ou dia es$ii!!'cill da r-ealidade q t:a n~o :t:teSte senttdo - a Deil:Sôa humana ®Ia se nutre e,, é abspr-rldl! ct.uase: t'6'~alm.ente p o~ era. .(\.Ne,id<;!»,do a li.dai· ,.inda, com o m'Ul';ldo d® ,:('3'tos. o estado poáf.íeo o,u m◊tafísleo. anl ecj;pa, xnuitas vez,r,,. todo ç-onh~imento pp!,~v(!l, em dttdP ltlslratrte, A agãQ d!> Bomrcn\ d~ve ser e,ne~1n,hadi;. no s~(tpo de apa- ~ trech.Qs desse estado poeUco, enfim, da feli<:ldade. •' RIO - Vi'a aérea (A.U.) - O "MENINO DO l,:N'GENHOff NA ARGENTINA A Cãm.iira do• Livro Argentino C01J.$i,d'l!XOI,[ O r"Menin,o do Enge– nho", de José Lins do Rego, um dos dez melhores livros ap3'reci– dos naquele ,pais no a.n.o passa– d-0. As Obras Completas do ro– m~lsta siu:girão dentro · em pouco, em belos voaumes, edita– dos po;r José Olympio. "A outra comédia" nha a riqueza de 1Jl1ll autQr afortunado do autor de um best-seller. 'Pelo contrário, h-:>– j-e nos. Esta.dos Unidos um ~ manci,sta de êxito ganha rnm– to mais pelos que ouvem. ou vêem a sua obra, isto é, pelo h:anspooto ptt,ra o vádro, para o tea,tro oil para o cinema, .quando então auferem verda– deil'as fortunas em direitos pagos pelos que tentam in– dU:stri-alizar a lit>eratün.. Da mil maneiras um livro de êxi• to oferece bons luoros a. um dos 11.80.0 autores registra- Nwna brilhante tradução de d•os. Começa pela venda de Genolin.o Aniad<>, a Livraria unia revista que o pwblicará d·o· Globo, de Pont? Al~gre, em resumo. Passa. depois ao acaba de · 'editar maI:S um ro- cinema e sabemos que Holly-– mance de W. Somer~et Mau- wood s'empre paga bem. (Da– gham, ' célebre ficcionista. de• phne Du Maur1er receb~U pe– ''Chuva". A Outra. Comédia, é Ja filma,gem de O General do este o titulo do livro, é em Rei 8 milhões de cru l'Je-it'os). tudo e por tudo uma criação :em s eguida uma,. arl:aptação g;ue vem confirmar o ponto teâtral. ~pois, a tran sn:nis– de vista em que se col<X:Ou o são dra.matizada p.elo radio, crítlc9 Har rison $ll).i-th, quan- a ve1·são en1 quadrinhos para do .afi·11mou: "t>e·vemos consi- jornai s, uma tournée de eón– d erar cotn:o p onto pacífi.co que conf eTêrici.as pelo autor, a o maior té-cni~o e est ilista ain- aql,IÜ·ição por um dos grao.– da vivo, e ta~v e z o talento d~ cl\ rb,es de l twos (o Líte– ma.is fecundo cfo r omance in- rary Guild tem mais de glês é William Son1:erste 1.250, 000 assimall 'rt.es, e o Jivcro Maugham". tlo mês 925 mil ex en:i.plares), A indústria literária , uma edição popular e s. tradu- ção e'tn dez linguas. Essa in– dustrialização, aliás, não é muito a\1tig.a, Bata mais ou menos de 1933, guan1io apare– ceu o f amo,o best-<!'el-~r' "An– t-ony AdV.el,'se" com 1nais de 1 rnilhãó deexe1np!are., seguido em 1936. d.e O vento levou, com 4 milhõ~ de exenirplar~s. Eis aí pertanto. um fenomeno novo no mund-0 l iterário.. mas que nen1 de leve nos atingiu. Ao contrh!rio, conti:ua,m bas– f.ant,a J:)l'6Cá1·Ie.s as nossas con– dições edHori11is, , em que um li.V'..í'.O . d~ 5 .000 ,e:ire; m.plar.es é cons-ider:,do aventura. Emboxa, pareça estranho a epigra.fe aciana, n11, ver<lad·e ela se justifica, pelo 'tnen os n ó que ~e refere aós Estados Unidos da América do N~1·– t. Na t~rra de Roo-:eve1t, des – de alguns anoo, o negócio de escrevf r , editar e vender li– vros adq uiriu 1un verdadei– ro i m•p,1.\1$o in:dustrial. Em ~e- 4n;ptepsos por ano, cerea de 500 rrtilhóes de ,vo1tunes, l'~– peitavel cifra mesmo em pais r.ar, hos Estados Unid-0s são tão rloo e :pq!)'uJoso. Mas es-sa gjlgantesca massa dt pa'J?el iln,pl\.<1$90 não é que faz sozi - ldS" Conti.n11a nó 7.ª pág.) Vel;lsqu,az,, não foi a única inflttê n.::ia de Whistler . Descobrl• ram-se gravuras ja•ponesas eni Paris em 1856 e SUM qualidades d~ corativas foram prontament e absorvl d_as pelos 'Vivos olhos dos jo– vens l'Jmpressi-Onistas. Velasquez simplificara e "acha.tara" sua rno– d:elação deliber ai:lamente dimlnuiIDdo a sombra. Os artiStas•.japone. ses sinwliliearam ainda mais e eliminaram a sombra, confi'ando ' nq espaço de sev.s des~_na,o:s e na distribuição de sua cõr. Eis alg_() q\le Whistler podia considerar. "A Arte pelr. Arte" tórnou-se mais poderosa q uanc\o, :;trás dás pinturas bem acabadas e dos t1>ns· a.ba– fados de um etsclpulo de Vel a<,que:z: p odia ser discernido o mode– lo decorativo de H'okusai, Deleitava-se Wlns:tleT pretendendo que s eus !'etratos f oram' meras d esculpas para wna combinação' de mas. sas ou de uma h armon;a de cores . Q~do pinitava paisag,:,ns, es• tava igu almente conrelente de seu pr1>póÍ,lto decor ativo e se dele i• tava da,ndO-llli!i:i t itw.os tais c'otn1> "Noturno em Azul e Prata". Não era de surpreende r qtie esta nov:;i, e revoluclon{ni a ati• tu!d~ de esph'!Ío chocasse os conservaóor es ·e a.gradasse aos re– befdes. Wh!stler d!vl~u o m'Undo artisticó britânico em duas alas. direita e esquerda, e a ala esquerda gradualmerLte se cristalizou no "rnovím.ento estéHao" . Acom1>an.har o desenrolar desse movi– mento, cujo campeão literário foi Oscar Wilde, e cujos prof-etas menores inflavam u;; páginas do " Y.el: low B oolf' através da d~ada, de 189-0, nos cooouzh•ia ao campo da sõciologia. O próprio Whts– tler p.o!'ISuia pou&OS' disci1rul ps comessos entre os pintores que o conheciam ou o segl,\lam. Quase o ú:nlco pintor que adotou suas maneiras foi Wll'1ter G;Teaves, que, 1roli icamehte, foi apen-a~ le1n• brado quando esqu eeell d e e.eoiir a voz de seu mestte, Et!,tão, e.ui , stla "Ponte de lfaminersinith''; l)Or exemplo, ele pte$tOt\ notável contribuição à arte de seu dia. Foi a atitude de W'histler ~ com a arte, antes que sua prática dela, que influenciou 1> curso da pintura brit ânica. Mas Wltlstler era mais que um pintor com um grito <l,e batalha revolucionário. Er a uma personalidwe com um e.<;pi,rito cáui;tícó que deliberadamente se dramatizava. Esta– b ele(le1,t-se en;i Qh.elsea, assim transfo,màndo- a n<1 mais fiel cont ra– fação ão Quartier :Catin que a Inglaterra f oi capaz .de alcançar, t:rans:formando-se a si pr&i,tia em lenda. S'eu livro, ·"The Gent;le A.rl ~f. Maki:n,g En~mles'' ("A Nobre Arte de ~zer 1nínl.igos") re– v ela um " eW:ant tei;rible" Q;Ue se espec.fl\ ll2.pu em xespostas açuca– ra;das de mallcia. Fot Wl:lls1:1'8?' que, m,ajs que q,ital.quer outro . criou o tll>O de b~Q pitoreu,o au10-colll!cic:nte, op0$to ao deseu~do e, jovl·al boêmio de W1Ul:11"9 Mol't~. '

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