Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

6. 8 Página FOLHA DQ NORTE OS CAVALINHOS CORRENDO... Conclusão da 1. 11 pãg. Ora, a imaginação, escan– chad'a nesses cavalinhos da meninice - que dieram a .ror– ge d e Li.ma nm belo põema - não quis mais apear-se., não ouviu o apito que anunciava o fim da oorrlda. A comda el'a longa, muito longa, sem tim: ''Os cavalinhos eorren- don .. . E ao passo que o mun– do se enehi.a dêsse lirismo ln• fantil, a gente grande. os ho– mens feitos e práticos, alb'?ios a cavali nbos. comiam. g:ro:;sei– ros como cavalões: "E nós, eavalões, comen.- r d'o... .. E ,eng uanto isso. "Tua beleza, Esmerald,a, Acabou me enlouquecendo". Sim, "me enJouquece'ldo~ m·e ~ando "tonto". "gira" Os cavalinhos correm, g-L.-.im. e a cabeça gira. e Es.meralda enlouqu~ o poeta. • "Os cavalinho.-i C-Ol't-el'l,io E nós, cavalões, comendo ... O sol tão claro lá t óra, E em mlnb'alma - anoite-– {cendo!.,. O Sol. A Tem g1ra em t õrno do Sol, como est.l giran– do em redor dos cavalitihoe E, cada vez com ímpeto mGi– or, lá se vão Os cavalinhos coue:ido, E nós, cava:lões, comendo... E ao mesmo tempo, "Allonso Reyes pattind'<>, E tanta ge•nte ficando ... " Os cavalinhos nâ<) pa,Mm. E girando no cavalinho qu,e não pára, vemc,s. nas voltai que ,:, mundo dá. o artista, o amigo, o do peito. pJl'tlntio iriremedíáveJm.,nte PaTM-i'o, e os vulgares, os inl'iLels, os neutros. ficando . E nesse :ie– sadôro de gerúndios - "c.,r– rendo" "comendo". ''pa.rtiio– do" "flcand'O" "anoitece:1clo". ..enJouqu~do" - as ~jsas se prolon.gam num indettn tio girar, realizando nós. a-laltos. Duma senmda e melh ::>r in• lânci:- uma demorada, inter– mináv<el viagem de cavalinho, sem o apito do fim de col1!'i• da. Nada de apito. senho,~ A via,gem se prolonga, '> rodar dos cavalinhos se prolôn~a - porque tudo é prolon1tado Até o nom,e de Alfonso R.e;7('s se proloni.a, na~ duas silabas dêsse ::Reyes"· "Ãi-inn-so R ey-es par-tin-do". E para que tudo se prolongue mais, e nâ<) C('Sse tão eedo o i:onr dos oavalin.hos. S'Urltiram aque– las novas r eticências. de- Conclusão da L 8 pág. J>Ois d-0 "ficando" , além da., que até enitão sucediam ao "correndo": "E tanta g,ente fi. cando.. . " A demora dêsse "f.i.cando" dilata-se nos três ponti:nh<J6. E, entretanto: "Os cav,aJ:Jnhos correndo, E nós. cavalões. comendo.•• A Itália !alando grosso, A Europa se avacaJbando ... " Decididanw!nte. é o mundo que roda em tôm,o d-0 meni– no, é o girar da vida. é o uni– v,erso passado e-m revista, Longamente, l!IIl longamente alongado pelas novas reticm– cf.as do "avacalhando" e pe]-OS eternos gerundios. Sim, o fas– cismo "falando" grosso, a Eu– r~a se "avacalhando" - colsa grave. de lazer estacar os ca~ <rolinhas; mas os oivalinhos são inocentes, são IJrlcamen.te ignorantes, são a lnfãn::ia fe– liz, os cavalões são ãvid-OS. querem eomer bem, _gozar a vid~. e portanto: "Os cavalinhns co.nendo, E nós. cavalões, comen<lD.. . O B:ra~il _political')do, Nossa! A poesia morrendo.. O sol tã,o claro lá fór!I , O sol tão claro, Esmentlda. E em minh'alma - a!lo~te– [eendo!" . N,o incessante v<H tear d'!Js cavalinb<>s, nessa eilccurs?.O mara.vilboea. os cavalõe., não la.rgaram o talher. Jâ pa"ou Esmm-al&I com a sua fun eS'!a beleui; já pa=u a ctaritlade alta õo Sol. que não impediu o anoitecer da alma do ooeta: já se J>a,rtiu Allonso Re~; já ~u e se foj a politlr.a européia. infestada d'e fascis– mo . Agora entra na roda o Brasil. po11tteando. • O..iisa tão grave. qu,e a raptdez do giro se abranda um pouco para o lnouieto "Nossa!.. O Bl"llsil po,1it1cando - e a mor– te da poesi-a. . Agora a som– bra vai tomando COTlta de tudo; tud,o an,oltece com aquê– le Intim-0 anolteceT. O ho– mem de trivoJi faz soar o apJ. to; a crianca experltnenta um st1btto e lnf>xnllcável cansaço. Que é isso? Há um 01'~jo$o de $UOT no Dt'l>OOÇO do, C!BYa• línhl'ls. A viagem pãrR. Anil a tá fóra. lá no alto, o Sol. M .is - o B rasil es:1.-'t nr,liticnndo. A 1>oesia ~ií morrendo. a be– le1.a d,e E•merald'a ,.s+A t1noJ– tecendo a alma do )'.)'leta. a alma li.rica d'o~ J)f' (JU.en !TJ<lS cavali!iroo. QW:! é Isso? A vida parou? Pararam os c:'.1~1i– nhos, consciente ou lneonsclentcmente, na ,ua elaboração :formal, lSto nos parece hoje uma técnJca, um ven:lade!ro pTOCeSSO. Ele o atingia por uma especle de fixacão das clrcunstdncl11$ de tempo e lugm-, lança. dos com o objetivo de sugerir um ambiente terrlvel ou um mo– mrnto critico. Aqui estã, eomo principal exemplo desi;a operação l>O~tlca, o cometo de "As c\,;,mas do Destino": ''Recife. Ponte Buarcrue de Macedo, Eu, indo em direção à casa do Agra; AS$Ombrado com a minha sombra J"ª•gra, Pensava no Destino, e tlnrul medb . A suges1ão estil Jançnda. a atmosfera está criada desde o primeiro vei,;o, principalmente para o lelloT, ln.formado d'e QU(' 11qu~a "c.n~a do Agra" no Recife é llfflll casa funer·àrla. : Em "O 1no.n:cgo" ele utniza o mesmr reeurso: "Mela-noite. Ao meu quarto me recolho Meu Deu:st E e.ste moreegol E, agora. vêdei Na bruta anl~n.cia orgãn:lca da ·sede, Mot'de-me a guela lg.neo e escaldante mõlbo•. De novo, no primclro quarteto do segundo dos sonet,,., dedJ- eado ao J>al: "Madrugada de Treie de Janeiro. Re20, sonhand'o, o octiclo da agooJa. J,Jeu pal nef!SB 'bora junto a mim morria. Sem um gemido, assim como um corderrol" 4 Na "Noite de vi!;lonãrio", são estes os versos inlcialst "Nfunero cento e três. Rua Dlrclta . Eu tinha a sensação de quem se esfola t: inopinadamente o corpo atola Numa poça d~ carne liquefeita". Vlllha de longe essa maneira, esse pr~ de Augusto do• Anjos, mestre na arte de criar uma atmos:féra poética. Veja-se o BOnclo "Noturno" de 1902, um do~ m'll'ltos que não foram recolhi– • no '"Eu" e ag;,ra apareCéJll no livro do sr. De castro e SUva: • "Chove. Lâ fóra os lampiões escuros Senlelham monjas a morrer... Os vento-. Desencadeados, vão bater, violentos. De encontro às torres e de encontro aos muroa. Saio de casa. Os passos mal seguros, Tremulo movo, más m eus movimentoe Susto. d1ante do vulto dos conventos Negro. ameaçando os séculos tuturosl De São Francisco no plangente br1>nze Em badaladas eonri:,a!JSadas onxe Horas soaram• .. Surge ag'ora a Lua. E eu sonho erguer-me aos pJramos etéreos E'Qquanto a ch'uva cál nos cemltétjos E o vento apaga os lll'mplões da rua!" ~a atmos:fera qµe ele sabia tão poderosamente criar. cl• rl1• ,.,, !'"' rnetros ve~. é que AuguJrto dos Anjos 'J)a.rtla às VHes para " ..,,~• , ,, •Pu tema predileto: a rrorte, a 1>=la das coisas mor– t a• r J úr, • •~ Do I\IDOr , assunto re;il ou imag:lm\rlo em quase todoa os º""'"'• e rão cogit;i. por não acrctbtar sequer na !Jll.a existência: F:ilait de amor, e eu ouço tudo e calol O amor na lJumanldMle é uma mentira. t. E ~ por 111to ~ TJ;i mllllha llra De IIJllores !úteis ooucas veZ\lll .falo... • --Of-- Ora, Manuel Bandeira, o supost-0 dono do poem:1., ,iis• se-me que- êste nada tem que ver com os cavalinhos de car- roussel; re!ere-se aos cavalos do Jóquei Clube. Os VeJ'S(Jl, !oram fei tos depois de um al· moço de despedkl'a a AlfODso Rey6 no restaurante d<> hi- .NOTAS PARA SOBRE A . POESIA UM A CONFER:tNCIA CONTEMPORÂNEA Conolusã-0 da 1. 0 pâg. ttu.l,d a unidade' . Mas ISSo tudo, a,tr.iVtt< do seu eu, da consc1ên- como jã pressentimos. obriga o eia vnlversal e da Criação tôda, poeta a forçar e a violar os lt– e a sua poesia toma-se cósmica. mites da consciência, transferln– Basta, portanio. que ~e comunl- do o ato poético para uma ope– que StlBS visões Jnter!ores. seus ração vital e transJ'onnando ■ est~os espWtuais, sua atlvldade poesia numa manilest<1ção da alllJm.lca semi-consciente, e dê próprJa existência. O poeta sen– o sJgn,tficado e interprete a her• te, com Valecy. que a poesla é ~ti~ linguagem de tudo Isso. "le phenomêne d 'une proprle- 11 Js esteja falan· t é ou d'une actlvl:té trts easen- ~ar~~uj nm:s°fa1ando "per si" tlelle, profo~emen.t l!ée à la ~ lTnLve;,so e das mani!estações Bttuatlon de 1 être Intime entre ali d ~ la connalsi;a.nce, la durêe le. da vida em $1.IB tot di< e. troubles et les apports cacllê9, O poeta tem por missão, por co.nseguinte. apenas e,aprimir a sua alma . E é, então, para me• lhor exprimi-la, que êle vai t,o. mar 'do mund-0 sensível os ~s necessãrlos . Por Isso, na poma contemporãnea, o uso das ima– gens não é mals um recurso pic– t6rico ou retórico e a descrição • a narração de objetos, de fa– tos, de aconteciment os, de sen– ttmentos ou de sensações, não co?Utltuem mais, oomo outrora. uma simples operação Uterérla. Elas servem, agora, a outro .fim: o de expressar os movimentos in– terloTes, os vagos, os indecisos e quase lna,preenstve!s movimen– tos Interiores. E a realidade con– creta e as có!saa objetivas for– necem ao poeta O!I me.los de e.-e– pressão simbolica das suas vi– sões e dos 9eWI sonhos, que são o reflexo do c ó s m os em sua alma. Citemos, por oportuna, por ter atualmente alcançado seu pleno sentido, aquela defini– ção de poesia feita por Brunetil,– l'e e lembrada por Mn"'el Ray– m.ond: "une metai;,hy,lquP m.anl– feslée par des lmages et rendue sensible au ereur": une metanlly– slque, je veux d lre une cQn– cept!on du monde. ou une théo– rte des rapporls de l'homme avec la natUl'e, et une conceptlon de la vie, 0\1 une théor!e deis rap– ports de l'bomme avec l'bom- 01e" . Para que Q poeta. porém, pos– sa reaUza r -se é pteclso, compre– ende-se, que seja dotado de um., e.qpeclaJ e aguda aenslblll– <lade. faça um uso 1nteUgente da imAglnllçiio, esforce-se por C'Ultlvar atjvnmen t e, exas,peracla– mente mesmo, o sentido da tden– i.ldnde meWistca entre o es,,l– rlto e as cots1,1s exteriores, en– tre os mOdos cie ser da alma e a reGlidade !Wc11, poSS\la a nocllo de lnterdependenclo e de analo– gia entre os dois mundos. o ob– •01tvo e o suhietlvo. e lorjf'. eor– Reqttentemente. entre o •eu" <' o Universo um_a "tenPbl'osa e pro- la memolre, le rêve, etc.". E a essa faculdade do poeta tundlr a ação de viver eom a ação poé. tica é o que podl!nlos denomi– nar, oom toda propriedade, de "vivenda poettca". Poesia e exlstêncla vieram a con!undh-– se. Isso, porém, de hà nmito es– tava l)Tocessando-se lentamente. Tem suas orl_gens no Rom.antts– mo. Maf.s perto de nós, Baude• Jatre, Rúnbaud e 1'-1:allarmé ha– viam já provocado uma trans– mutnção dos valores estéUcos da f)<H!sfa ~ valores vitals. E en– tão, em nossos dias, Rll~, o di– vino, pôde excla:maT: • O "eu" tornou-se, portanto, i> pcm,to de re.!'!rencia. o centro de todo atividade poétiea. O ser de cad a um é a matriz onde se irera a poesia. O certo é que, pa– ra o poeta. o espírito é a t'ea– L'dade primeira. o primeir o pro– blema a resolver cuja 9e>lu~ão abr!r.4. l)Ãra ~le. O'I horizontes fecb11dos que o ai,TIJ1.lonam. o P o e ta. submetido ã miseravel ron.dlçllo de homem, a essas fronteiras acanhadas que o prol– bem de erpandJr-l!e, de Ir sem– pre mais além, vtsa, pPl a poe– sia. conqu1.stiir Ul'llll ldbertaç!lo c«;1mpléta. forcando e rompen– do os llmttes humanos-. Mas, essa J>OeRla. poriSM> mes– mo. denu11cta, t:unbern, um l!e- 111,tor e perigoso "anitelfsmo" crue nad~ mAis /. que um imen– so pee,do de OTl(Ulho. A POC– sla se f(,7. "um metrxlo de exal– tar a vida" e o h omem 1ulitn P~ontr11r. por ela. e."!"Tlloran<Jo ~ua i,rhprta al1n11 11.qu~ J.e uni– vel'Sll1. 0011~e Infinito. aou~le :,hsolnto QtlC, e>m vão. buscaTB f6rT1 dP &! , RA no PoP-ta ron– temJ)OT4nP,;, o m1" !'f' pode clul– mar dP nma tM1t ar1'!0 do lnhu– mano. ~f•llàrm/. iA hnvlo dito: •et fa in• voh angg • · e 'Rlmbaud foi ma.Is longe e ,rrl• t qu: "O Ja 1ul1 cnlu! que sera Dleu• . .Auqusto - Poeta Dos Anjos Moderno Co.ntudo, ele amn "o coveiro - este ln<lrão comum". el<J)ri• mlndo este sen!:lmento com nrrogânola e n= espécie de desafio. "Como ama o homem adúltero o adultério E o ébrlo a garrnla tóx:lca de rum Amo o coveiro - este ladrão C&ITIUm Que arrasta a gente para o cemltérlol" ! Nele, a morte é uma obcessã.o, mas ,sem qualquer preocupa– ção de S'Obenatural. A morte é um episódio. um não-ser possivel– mente mais feliz do que o .ser, um poJo para o nJrvana. Um dos seus sonetos m1:tls e<tullibrados, mais tranquUos. mals lúcidos na v:lsunli:z:ação, é .. O ultimo trún;ero", em que lmagin.a a sua própria morle: "Bora"'tla mlnba morte. m rta, ao meu lado, A 1déla estertorava-se... No fu.ndo Do meu entendimento moribundo J azia o mtlmo Nwnero cansado. Era de vê-lo imóvel, :resi ,gna.do . Tragicamente de si mesmo oriundo, Fora da sucessão. estranho ao mundo, Com o rellexo !tineb1'e do Incriado: B radei: - Que fa7.es ainda no meu cTAnlo? E o mumo Número, atro e subterrâneo, Flarecla-me dlze:r: "f tarde, amlgo t Pois que a mlnh.a antogenlea Grandeza ll~ vibrou em tua ltngua presa, Não le abandono malsl morro conttgol" f: verdade que essa obcessão da morte - como a sua tendên– cia p ara cantar o horrendo, a podridão e a de&graça - vinha da sua constituição de homem doente. desoYganizado, devastado pelo d egequllibrio orgânlco dos hfpocondl'lacos. Mas que lma:,orta a cau. s a, p ar a a arte, se as 6Uas e:x;plosões mórb idas não eram b ansis,, mas li" e'l(J)11miam quase s,empre esteticamente? A sua poesia era noturna, de uma noite sombria e sem estrela., porque o céu de Au.. gosto do« Anjos tinha simplesmente a form_a de uma aõóbeda ne– gra e vaxia no eSJ)aço além dela. Ele tra.z!a do berço e da l.nffn– ala a vocai;ão para essa poesia melancólica, maubra e desgraçada: "Ah, um uruhd pousou na minha sorlel" O mais ilustrativo II este respeito é a quele soneto. a que deq o titulo tio caracterlstlco de "Senectude precoce•: • wEnvelhecl.•. A càlido sepultura, c:iiu por sôbre a mlnba mocidade... E eu que julgava em minha ldeall<lade v er IJ'lda toda :- geração futura! • Eu q ue julgova I P ois não é veTdade?I Hoje e!l'lou velho. Oll:la essa neve pUr al - Foi saudade? ll'ol d or? - FQI t nnta ngrura que eu nem sei ire 1oi d or 1>11 foi saudade! Sei que durante tõd.11 trave..s!a de minha ln!ãnc!a trâglc.i, vivia, assim como uma casa abondonada. • Domingo, 1. 0 de junho de 1947 pódromo dn Gávea. Enquan10 se banqueteavam, os cavalões assistiam à corrida doe cava– los de carrne e 0680, a algume distância. Naturalroent.e a dis– tância aliada à ternura pelos bichos qu,e se mal.avaro para gôzo ou provei to dOll homens, apequenava - os poeticamente em "cavalinhos". E vendo aqullo, Bandeira teria começa– do a ver também o mundo correr, girar, como g1ravam os animais na pista. Assim, ou mais ou menos assim, se formou o po~ma na fantasia de Bandeira . -:ião és· ses os seus cavalinhos. Os meus. poMm, -nesmo d,epois da e.'CJ)lieação, eolllti– Jltiam sendo os outros. os do trivoli. Como os trequentarlo– res d:e cinema não :tueriy:n que a fita "acabasse assim", eu também não qu&ro que o Rondó dos Cavalinhos "~ja assim" como .Ba.nidelra y.n– sou . Para mim. êles sao o que eu senti, e sinto. ,TA vivf tanto com êsses vel'S06 e êssPs cavalinhos na Cl\beça, apuran– do e cristalizando aquela ima– gem da vida a and,ar à roda d:OS cavalinhos que gl,ram en– quanto a hmrmônica < ·•e har– mônico". dj:z:la a goote) , val soluçando, e o rumor Ja tes– ta va i crescendo, e o pessoal à truU"gem. nOEI está invejan– do, aos f-elius cavaleiros - Q.lle não me é possível desis– tir dos mew; direitos em f 11 - vor de Bandeira Não. 1t],e me deu também, dandl)~o ao r.:11:mdo, o seu poema . MC'\·ece tôda a gratidão o doador gen~– roso: m86 não póde impo!' à doação outra cliusul,a senão a de que seja lembrado o seu nome . ,!E isso mesmo. que adianta? Quem conhece o 11u– tor de tanrtas mil cantigas po– puJa res? Como na Esc.-i,ura, o poeta às vezes ganha ::i vida, peTd'end~a). Quanto 'ao m:tis - que eu ou qualquer out,.o leitor dê ao seu poe~::i esta ou aquela in,terpretação, que o sinta dêste ·ou daquele modo: nada póde Ba.nd,eira fazer contra Isso. Não -p&1... e não deve - pois justamente a riqu.eza e fôrça de um poe– ta é tal'J,to maiQ<r quarit-, rna1s numerosae sejam as in-terp. e– tações que a sua poesia p )'!· sa acordar na sensibilidade dos l<>itores. quanto mais nume– rosos sejam os colaboradores Qu.f' êle venha ter. ~•,, tem– po fóra. E não &€Tá em alguns casos a interpretação do leitor preferível à do ni-6pr!o au~:,r " Não dlgo preferível p?• mai~ bela. por mais ltrica. somente; iras também OPlA pos.s1'>flid:i– nf- de Sf'T a verdadeira, ~– l~ndo a lnt:ernretação d,> pró– prio poeta relacionada c,m1 o ;,entimento qut .,el- nuo-OG 1,1óximamente o pOi'ma, • ctue ainda se acha, mais 011 mt.nos. presente à su11 Cl)Jl► ciência. quand<> a 1:n,,--p.ratão !T!riclal, orofunda, ficooJ meT-o gulhada no S'l.bconsciente - não vi....oo à tono no lns~an– tr. da realização poéticn - e coincide com a exa!!ése do leitor . Seja como tô• !.<' na um poema carregado de suges– tões llricas bastantes para lhe assegura r colabora~!lo imen."la dos l eitores. será ~e Jtond6 dos Cava.linhos, de qu~ se hi 'le rir a impP.~~abili~ads' de muMo Elói Pon•es rr, as qu• é um d~ qurls pn:·Ol; 010:nen• tos d,a ooesla l)rasi1e.;<;1 . , ALGUMAS NOTAS Novo livro de Pearl S Bllclé A Livra ria CIO Globo lança,. rã em setembro pTóximo o novo romance de Pearl S. B uck. jniltulado "PaviUion ot Women". Essa obl'a. sem ti'• tulo ainda em português. es– tá send-0 traduzida por Juve- nal Jacinto, o ''mais perfeito tradtrl-0r brasileiro" . •egundo a opinião do eminente edu– cador pat riclo profe-i;sor Lou • renço FiTho. Exposição de p lntura em P orto Al egre Por inlciatLva de um grupc, de intelectuais e artis tM rlo– g:ra11.denses e sob o pafl'ocl• njo do preletto Gabriel Pedro Moacir. realiza::-se-á dentro em breve em Porto Alegre uma ex,posi~ãlQ de plntu.ra d011 mestras da arte moder na. Or– ganiza.rã essa m'OStra o escri,.. fior Marques Rebêlo, q,uel t ambém ;pronrmciarâ na ca.pf :. tal gaúc-ha uma. S'érie de con– f erências sõbre o assunto,, Novo romance de Erico Verissimo Erico Verjssimo o escrit• mais lido no Brasil, jã iniciot1 o trabalho de seu oitavo ro– mance. sem titulo ainda e9o colhido. Serão oitocenms pá- ginas maciças de Inte nso con– teúdo. desenvolvendo-i,e toda! a ação do livro no Rio Gra,n,. de do Sul. E' a empolgante história de uma. famllia rio– grandense através de várlas gerações. Um livro gaúcho, mas não gauchesco. Vi nte e quatro anos em Vinte e quatro bOTDs• . • Sei que na minha infã:ncla nunca tive auroras, e 1f<1 r a disso eu á nem se:l ma is nadai" Desventurad o, soUtárlo, misantropo, Augusto dos AnJOS con.. tu.dd . não !oi rtgoro..amenie um egocêntrico, a d espeito do Que su– gere neJ11e sentido o titulo do seu livro. o "Eu" no caso deste poe,. ta, não en, pnrtlcu.lar lsta, mos indicava wna cerl:i unlverSallzação_ uma. integração no cosmos, com.o se ele contivesse todu as doree e m1sérias da espécie hU1IU1na. E ê assim que aparece agudomen,. te J-nterprEta<lo pelo sr. Orr!s Soares: "Eu é um livro de sotrimen– to, de verdade e de protesto: so:l:re as dores que dllaé'eram o bo.. rncm e aquelas do cosmos; e. em relação ao homem e ao cosmoe, diz as verdades nprend1das por Indagação e ciência, protestando em nome delas, pelo que no homem e no cosml>!I bã de descon.. xo, de llógico, de absurdq:'. 1: certo que num· d• seus ptoJCes sonetos, embora dos mata recitados e populares escreveu com vulgar aiedumc: "Apedreja essa mão vU aue te afaga Escarra nessa boca que te beija" . Mas, 110 lado deste, ficaram os outros poemas e sonetos en1 que se voltou comovido, interpretando-lhe as mlsérJas e so!r!men,. t os, pal'a os doetite11. os proscritos, as prostlt1,tlas, para todos 09 p,eroidos, como tamWm para anbTul1s e árvores. Pata A\lg\1$10 doe Anjos, os vegetais tinham uma vida como os seres humanos: "- Meu pa1, por que sua Ira não se acalma?! Não vê que em tudo existe o mesmo brl1ho?! Deus JXls almas nos cédros.. . nos junquilhois . •• Esta Árvore. meu pal, possul minha alma! ... " As palavras com qlle se r _1?fere ao t amarindo, que tantaa ve aparece DO$ seus versd<s, sao de um animlsta : "Agora slmt Vamos morrer, TeUnfdos, T amarindo de minha desventura, Tu, com o e.nvelhecl.mento da nervura, Eu , com o envelhecimento dos tecidos!" .............. ............... .. ......... .. . "N!io morrerão, p orém, tuas sementeal J: assm'i, para o Futuro, em diteTentes Florestas. vales, sei vas, glebas, trilhos "Na multlpllcid~de dos teus ramos, Pelo multo que em vida nos amamo9 DepoiJl da morte, Inda teremos filhos!" • • Augusto dos An:tos não teve propriamente vida pública; a IIUa existência ficou v azia em matéria de acontecimentos. Isto expliCII a clrounsttmcia de haver, nas suas sensaçõn e pettepç6es, mm 1ntensida.de do que variedade. O seu circulo de visão J)Oétlca nla fJl'a n:sto, nem grandioso, mas ele soube ,explon\-lo - pro!'On6 dade, recrlando a sua pobre existência em imagenai • sfmlMll~ T ambém a sua forma não se distinguia pela bele11a que brJmlJi • agrada fãc.ilmente. O seu .estilo poétlco era 4spero, duro, às ve– :zes direto e :nó como o da pro,a mais objetiva. Contudo, elt utw.– zou al,gu,Qs recursos poétleos de primeira ordem, conhecen do • empregando 111,guns dos melhores processos da arte poética. O aea principal efeito vinh a do atrito de certas palavras para provoca tlDl soi:n de colia tfca ou i,arlida, acompanhando o ritmo soturno de suas vibrações e a côr escura de suas visões. P ara remessa de livros; P.rala d 0 B ota.fogo, 48,

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