Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947
• • • • -Sôbre A fnfl • uênc10 Francêso Os Cavalinhos Correndo ---Paul Arbousse BASTIDE-- (Copyríght E . S. l., com exclusividade para DO NORTE, neste Estado} PARIS - Não gosto do ter- mo "infl uê.nc io". Um certo es– t ilo cificial o consa grou . T em o defeito de nos fozer esquecer a r.?c:iproc:idode, sem o qual nã o ê possível o vida do espirita, quer entre os individuas, quer entra os povos. a FOLli.A: DOMINGO, 1. 0 de junho de 19!7 1 • Diretor: PAUJ.,O 1\'IARANHAO - - Aurelio Buarque de Hollanda-– <Copyrighl E. S. I .. cem exclusividade para a FO~ DO NORTE, neste Estado) NUl\L 28 RIO - Eu não queria qut . - . tel-mma..<:se assnn... Ouvi mwtas vezes de fre– qu~ntadores de cinema êss_e comentârlo ao filme n que vi– nham de assistir. A fita lhes q_gradá.ra até certo t.recho.. (a tud'O muito bem . . mas fin• dava de um jeito que desilu– dira o espectador. E m;µ~ po– derosa que tudo, erguia-se, dura e inflexlvel, a sua incon– formação: -Eu não queria que teru:ú• oasse assim... A expressão nreloçõl!s cul– turaii." - não menos oficial do que a primeira - tem pl!IO :r:enos o mérito de evocar Q re– cipA><idade. "Cul tural" soa u1n p ouco pesado poro o gôsto francês. Mos pelo menos é umo polovro que todos compreen• ciem fora da Ftonço, po r mo– t ivos que oliás não têm nodo êe honci!s, pois o modo do termo "c:uituro" e dos adjetivos <cier ivados, decor re o ntes do de– :!lenvolviment o dos es tudos• on– tropológicos americanos e ole– mães, que do vocabulário lati– no. ------------·---- --------------- ------------- ----------- Não que-ria. Isw êle dizia do filme como diria de um romance - D'O t.empo em que o cinen1a amerieano ainda não generalizara a prática dos b~– Como entretanto é dificil fazer-se entender sem o em– prego de umo linguagem sem– pre contestável, usarei, nos obsc~voções q ue seguem, os t êrmos hobituo is, após have r assim a presen tado os minha s reservas. JORNAL DE CRÍTICA • • II --Alvaro LINS - - nal!ssimõs bappy-ends. E ti- nha o direito de não querEr. A vi.da é um bem comum. de que cada u:m de nós partir i– pa de corpo e alma. E' do– minio público. e todos tbn o direito de opinar sôbre ela, de querer a.!eiçoá-la no s-eu gosto, conformá-la a,o padrão do seu sentir pessoal. E como por vexes se malogl'am os es– forços em tal sei::1Hdo, res<ta o consõlo, embora inútil, do protesto, do "eu não que- . .. na ... Digamos, pois, que o "influê n– c ia" da Fronça e suas " rela– c ões culturais" com o resto do - mundo, têm sido nos ult imas Isso me ocorre a propósito de um poen,a - o Rondó dos Cavalinhos, de M.inuel Ban– deira. Também na poesia, que é vida, e vi(la funda. há (Excluaividade da FOLHA DO NORTE, nesie Estado) da parte do leitor O direito de querer loreer a direção tlco, co=eeltuoso. seguro de si mesmo e dos seus pensamentos; em das coisas. para aj<'l-tá-las ao outras. ele Interroga. duvldG, de;;espcrn-se ante o deseon.>iecldo, de- mundo particular ds sua seo– bate-se em ansiedades. num estado ele perplcxldade ein Iacé do sibiJidade. O leitor de poesia mistérto, que u,n poeta pressente me!!mo nas coisns m?ls s!mp~es. p6de muito bC'm não qu-erer imediata! @ vtsive!s. Em poemas longQ!i, <k i!!~QÇ~!!çoes fllos-o!i- que O p0ema Eenha ac:1b:i~õ eas, como "Mon61ogo de uma sombra" ou "As cismas do destino", assim... E -A~le até nuo t empos, na imprenso diária e h cbdomadária, obíeto de arti– g os que revelam uma si~~oçõo cie inquie tasiio. Começamos agora, a saber, na Fronço, que a guerra signi– {i0-ou um rude golpe ao que se chomou, desde Rivorol, a universalidade do linguo fran– cesa, e, mais amplamente, ao que os discursos oficiais aco- .dêmicos ou diplomáticos desig– nam como "o irradiaçõo espi– ritual da França". Nõ:> foi otoo que êste pois se viu riscado do mundo du• rante quatro anot. A destru i– Havia po~a capacldnde de êxtase n:i poestn de AUgu!ltO dos Anjos , mas 1sto não acontecia porque ele l'osse uma criatura de todo racjonallsta e objetrv~. Certamente, ele era uma natureza anti-mística. O Deus que ap~rece nos seus versos não é propria– mente uma entidade religiosa, no sen tJdo orlOdoxo de qu.alquer re– ligião. e sim mn vocábulo lranscendente, um recurso verbal, que não pode ser interpreü:do sem a con.sid.eracão do credo de Allgui;to d06 Anjos, da sua conc.eptlio do mundo. Esta se resumia na dou– tr!J1a óe que to<io o untvenso form,, uma 15UMl'ilncia cosnuc..-, qi:c transmite à vida tudo o que dela emana uma substancia que se con– serva. se trans:Corma e evolúl eternamente. uma subst.aJ1cJa que 1. sem con~ideração de um principio e de un1 fim . .Esta doutrina es– teve multo ein voga em alguns circulas clentlflcos do século XIX e :to1 obJeto de um universal processo de vulgarização. Augusto dos Anjos aceJta,·a-a. ela correspondl;i ao seu materialismo e no seu naturalismo, como se vê no primeiro terceto do "último crédo": "Creio. comQ o filósofo mnis crente, Na ge-neralidade deeres.cente Com que a substância cósmica evolúl .. . n siio do seu oparelhomento ln• Contudo, um poeta não é um doutrlnãrio rigido, sólido e se– clustrio l, marítimo e portuário, guro de st mesmo. O poeta é, antes de tudo. o homem que tem o e O estado precário do material sentimento. a intuição do mistério. na base de que o i:nundo nlio ih . é de todo lógico e e,-."'!)Ucável airavés de Iórmulas cientüicas ou pseu- que lhe re 5 tu, c:ontr uirom do-cientificas. Sem a sensação do mistério, -0 poeta ficaria pre– pora reduzir consideravelmente so J1Um clrculo demasiado estreito de percepções e representações, o seu potenc ial econômico. Era sem que o seu canto, de alegria ou tristez~, pude!<E'e elevar-se su– incvitável que suo atuação po- !ic!e.nternente em idéias e sent:mentoa. Pela intelig~ncia. n vi!Sáo • de Augusto dos Anjos era materialista. construida sôbre doutrinns litico sofresse cm consequen- ôe I.ilosofia e ciência. que ele estudarn incotnplctamentc. mns dos eia. q\lals se impregnara pe1n nah.rralidade com que se ajllstnv-am ao Os franceses, que: desde feit1o da sua natureza humana. Pela sensibilidade e pela imlgi- 1940, suportam os golpes do nação. p<>rÉm. ele estava s;cmµrc lnsatítleito e in,quicto, sent:.ndo destino, estão perfeitamente no próprio cosmos - pnlavrn po1· ele tão psczadn e U5~d:i - a Co ns'ientes de um declínio que, pre!'el'lça de mistérios. lndeclfr:ivels com o~ cód!gOJ dn filosofia e ~ da ciência, a presença por toda parte daquelas raz':'es que a razão esperam, serei passageiro. Desde de.rconhece. As diias tendências são v1stvels em todas as págln:is as provocões do ano de 1940, do "Eu", com.f>S,.ando-se uns poemas e(}m outro$, e às vezes dentro as duns tendênclas de Augui,lo dos Anjos se revelam vasta.mente. ""' Podemos Jan ,ent.ar . nesta altura, que ele não houvesse escrito 110 querer que O poet-à haja sen– mesmo tel1ljpo ,•e:rso e pro,n, que nã,:, houvesse s.do tamMm pro- ~Jdo Oll pensado ass!m como sador como Im :poeta. E pouco lmpor1a que um prosodor mcdilO- pensou 011 sentiu. cre: o Importante no caso é que ele teria desviado. para esse ca.m- &te ú1tim-0 caso é o meu po todo o matedal prosaico que se mtsturou à poesia pu.ra dos t>m relação àquelf poema de se~ vc~. Gr3nde parte de "Monólogo de uma sombra", "As els.. B!'lndeira Uns \·ersos balizados mas do Destino" e "Os doentes" teria encontrado melhor e mal& Rondtl dos (')n.v:iHnhos e quo aeleq1H1ds expressão na prosa. t,.{as A11gu..,;to dos Anjos, que fa7Ja , • • vel'l!os deroe os sete anos de !darle, n~o ~screveu em prosa aquilo principiam desta manei'ra: que no E.CU pensamento ern matéria de um -prosador..a .cvelou-se "Os cavalinhos correndo" todo no tumulto da sua nnlure~a irregular na !ormA poehca. Con- - que lembronca vi.rian1 sns• tudo', torna-s<' evidente que atingiu em muitos mo~enJ:os -um es- cit-'....r em mim" A de uma ccr– tado de cqnllibrio na confluência daqµelas duas tc_ntlenc11s. A ~en- rid.::i de pequcnos cavalos, ou síbilidadP 11m-oliava nele o doutr1nar!sn10, o pros.:usmo do raciona• m:Smo t;le çavaloo grandes 1í– hsta; a i.ntellgên_cln. por E.Ua. vez, cortava-llle os vôos que Pº;;"·1• rlcam9nle redu.7ldos a cavalí– vc-lmente O 1e,•ar1àm no dcsv-:nramenta da fantnsln. Tlnh~-se as_,m nhas? Não. o que ê~s VE'r– multas ve7es uma poesia intensamente Ecntld3. an~to~ e p2r"CrtL- s0s num momento me -puse– tadora, ag,tada pelos írem.!tos de ~ senUmento ~orle. ma~ sóbrio. me-;;lida. controlnrla pelas forcas da r:rzao. F.sta sltuacao ps1col6g:!1;a de- ram ao!~ os olhos foram os terminou em Augusto dos Anjos un1a espécie rar:i de forma P?_etlca. cavallnhos do carroussel ou uma poesia que não enYelhece, que se vnlor12:11 c~d.a vez m,u, r:.om 1.ri\ ·oli, aquel~ cavalinhos de 0 rlO'iSO crcsctn,enio cultural. Veja-se nl'"Se sentida a obra 1>":ma pâu. firmemente presós, e em que é "O more-ego". A slmboUzação poêttca. produto, st>m diJv,da que no entilnto a '{&1'1.Íe l'fali– de umo intuição, é ali perieJla, ma,; romo ~.stá construida. elabo• z;:ivn 8 ~ mais pr.odlgiosas via– rada, -ucsada e medida. pela inteligência lógtc~ n 3 rn. se enquadt'3r gens, imrnsas viaitens c.h·cula • con, rí.,or dentro da forma sh,têtica por excelêncl:i oue é o soneto r~ obriaz.cias à música de har" P arn criar o clima poét!co. o ambiente particular da,. ru'<S - Idéias, sPns~cões. pensainenlo~ I' nlucinaçoes. . Auiru~o do& Anjo~ era mônica, e com pal-s;:i~= hu– um me 9 tre na ar1e de lev~ntar lo!!'o no-s onm<>iroF versos uma nt- mana! - T>essôlis que en, re– n,osíera o1.11? envohria o leitor ""P n """'"a,,a a colrv-ar-< 0 ime:lla- dor nos !'it.avam, encantadas, tan,ente dentro do e.,,,,,.,. " ,1" noema. :-Ião s:ibemos se ta.lv •z invejosas. Conclusão na e.a pág. Con-clusão na 6.ª pâg. ConÔlusiío na 7. 3 pág. de um m-esn10 poema. Em certas parte$. ele ê af':,:nativo, dogmá- ________ .:.,_ _____ ,_________ -··----------- - -------------::----:---:- 110 ilS O ser qu_c está o po)lto do A poesia contemporâne'l 1endo alargado os seus dominios e ai:laodonado aquela sua !unção c lássica de deleitar e de educar, ioi além, fo~çou e violou sua 11~– tu,eza e entregou-se a um:i a:i– v ô:iae (lU'.? ]te ÍÔrn, QU33" SPm• •--•e, estranl1a ou indiferente. Por ela começou o homem r ,n13gar da verdade de t(}dns as coisas. *mo das que não caem sob a acão dos sentidos e das que. a c:ê:ncia não fornece lníonnaçoes positivas, a pedir o conhecimen– to do m.un.do e, até, a i-azãv de ser ia sua pró_pr!a existência e a so– lução do problema do seu destino. t. uma poesia que está, pois, su– bordinada a fins que a ultrapas– s am. O que se pede a ela é que des– v enda mfstêrios, que nos inb-o• ciuza ao selo do desconh,?ci~o e qu~ nos faculte peneirar cm tudo aquilo que a razão. incapa'.!, não pôde a.pre.nde.r e que os nos– sos -pobres sentidos estão trr,pos– stbUltados de ;receber. A poesia e . assun~ antes de tudo, um es– :l'orço e um:a tentativa _para trans– ~or os dados ime'<iiatos da cons– c iência. Ela tornou-se, como a fé, um _processo superior de co– nhecimento ou. como diz. bem Mal'Cill Raymond. "un n,oyen ir– reg\l11er de connaissarice meta- ~ ysique". O seu terreno é o da$ "de,co– bertas''. das revelações. O que ela J' )rocu.ra é alcanç.l~ o :ibst,lu– l o. a verdade. e o l)r\,,rilplo que 11 informa é um ::,r:ncioio de tr(lliscendêncfn. Não lhe satisf&– :i:en1 m:ais as aparencias e as !or– mas exteriores. ela quer, como ruirmou Maurice Duval. através d a intuição do poeta, "sympathl– i;er avee la n,:iture profonde des choses et des l!tres. et de devlner le ~~ns Cl.lché des é-venements". E..-se poesia n o s desprcn.de do mundo Jlsico e da real!da<le p:,ra 11os oierecer uma realidade su• Poro Uma Conferência Notas Sôbre A Poesia C.ontemporôneo pe1·lor. por assJm d!:i:er, mais au.. tê11riea. O -poeta "açti,'inha'' nos fenomenos flslcos e p$lcológicos, n;,s coisas e nos sêres, um mun– do outrQ, lnapreensivel p11ra a maiorlll dos homens, m.;s tão reai C(}mo esse em que nóa nos move– mos, e procura ex tTair de ta.do um significado que é cnave d<? todos os enigmas d.a nossa e.'<-is– tência e do Unlver$o. C!.lô;i brc• ve 1n,;t;ante da nossa vkl'!, J)Ot mnls banal que pa1•eça elida mo– rnento de nossa conscÍê:1c11, por mais vago e lndeciSo que seja, caô,i objeto. por m'áis vu\gar que se apresente à noss.a vista, es• cpndem eles seIT!i)re um pro– Iun.do sentido e contêm aque.lC? Infinito e aquele absoluto oue, através da corrl<la l.J\varlave1 dos sécu;Jos, os homens têm btLo;cadp, iam.í.ntos. nos sêres e nas coisas. Assim, ese mundo St.1Pra•real, que é o mundo do poeta cón• tem-poi:âneo, reabtorve, como jâ disser.iro. os lenomen06 do mu~– do exterior e do mund') Inte– rior. E é no "eu" do pl'lot:1 que essa opel'ação vai re1li?.:1r-se, creando-lhe um lnslinto éspceial - a intuição do absoluto. DaJ aquela aiirmação de Po11l Vale– 'rY, de que o instinto poétic.1 de– ve conduzu:-nos cegamente à ver– dn-de. E, para conseguir ISSO, -para fun– dir em si todo& os element (),!j do mundo exterior e elo interior, e Ú"il!Bmllti• IIQ COJlhe<:imento - - F. Paulo MENDES-- l'ânea, a suas Intenções e~n-hu. manas, à criação do poemn eomo um "lnst1't1mcnto d~ poder". .à sua força absorvente e centrallz:i– dora é o que chamo de "miEU• C!lsmo p~Uro". E e!;'Se misticis, mo poético é uma das grandes características da poesia do nos, so tempo. (Especial para a FOI,HA DO NORTE) poético, deve o poeta praticar uma liberdade total do éspirito. uma expansão do eu, que não res– tringe mais ns suas frontel.t:is e 1ende a dilal.2r-se até o i.Qr!ni– to. O poeta deve lazer d.esa pa– Tl?<lCr o àuallsmo existente entre o "eu" e o trn lverso. du;lhsmo que forças obscuras mantêm. n1as que é preciso vencer c:lor.1•nat1- do-as e anl.llando-as. Poe&n .q:.e aspl-ra a exercer uma funçilo ac,– ma da sua natureza e obr!.g:i o poel.a a um violen,to es(:,rç::, de superação. Essa expan'~áo do 11 1?11~. e~.:a li bel'dade toia.1 do egpírl!?. ei;sa fusão do mundo objetivo com o mundo subjetivo, íorçanJ::, uma estreita relação do !lsico com o espiritual e facultando a passa– gem do relal,vo ao absolulQ, <10 Iinito ao infinito, pretend"'tldo con.duzir-nos cegamen1e à. ver– daide, é um metodo de .,xalt~r a vl<:la e de ultrapassar o homem, e é, tambem. a meu ver, um~ ati– vidade p11ramente "mística". De– .,rja-se af, como em toda verda– deira mlstlca su:perar os limJles dn matería e dos sentJelos por uma eicp~ão da alma humana. Pl'OCura-se conqu.Jstar u1n conhe– c1menlo que fl,ca fóra das vjls normais do conheeitnento racill– nal e senslvel para -transm1:.ir pela :poesia uma vetdade supr.1- sens.lvel e supra-rae1onal. dat o conceito de um mvndo supr11- .real. Nenhuma definição me.Ihor para uma poesia assim que a de Novalí.s: "A poesia é ó real ab- soluto". • Essa J)Oes!a contemporân~a. tao poderosa e prcxl.l,giostl. pretende que à raiz do subjetivo encon– tra-se o geral e o 1t.'Jlve1sal que a sua missiio é de reveladora. que ela transmite a verdade oculta das coisas, o sent!<io mist.erloso ?>1as, essa atlvldade mJstica dd poeta. esse ato de contemplaçpd poética. não é sobrenatural - Não é do mes,mo gênero dn doo snn, to., e d<;!$ contemp1alivos rellg!o, sos. E' uma mtstloa natural da Visão do ab,olulo. Nessa expeM– ênela mlsltca de naturezn não dlvfna o que o poeta atinge não é Deus, como os santos. mas a~ fontes do ser em su:i alma, o seú próprio Iundo substancial. da vida e o slgnJ.l'ic-ado secreto ã o Unlvc~o. Ela tenta realizar Se o poeta é aquele qQe no~ aquUo que Stephane Malla.l"lné revela o mlslérlo das coisas, o já a$pirava para o p oem.a - dar sentido e ·o signiÍlcado do Uni– uma expllca~ão órflea da terra. verso. é porque P õ d e encon– E ' a essa poesia que cabe, com trar o camfnbo que o léva à dcs. muito mals just~. a frase de coberta e ã conquista daquelas André Rousseaux, &Obre o Sim- realidades que são. para i n1nlo– bollsmo: "L:I poésie tenel lei à ria dos homens, lndev-assnvels e deboucller daD$ la religion". Jnalcanç11vel!I, -E:lc poss{1I um, E ' por tudo isso que eu con- "tr.elo", próprio e ln:!nlivel, de slidero a atividade poética dos perceber essa verda.de que nOll nossos dias profllnônn\ente mfs• foge, :po,súi uma "virtude" que: tica. Par a o poeta de hoje n lhe permite invadir o,s arcanos e poesia é uma eS])ecie ãe "expe- dC$Ventlâ-1os. F.ssa vlriude e riêncla mlsflea". A facul,;!11,Je esse ca1nlnho estlio slt-uados no r eveladora da poesia con1.empo- seu cu. E' n o mais profundo do partida, a "vi:.a.º de tra1'ltl~T ln-– cln para o gernl e o universal. E' atravf,$ do 1mbjet-l.vo que o instinto poético leYa à verdade . O poeta c!eve praticar. pols. uma "e~loravão" impiedosa e minl.l– l'loM da ~ua vlda Interior. Umn n,>1t.>;ração que não somcntê abranja os e~UU!os de eonsclên– ein e de ,'igllia, mas que vê nlêottl - e aqui 5fá uma das grandes conqulstàS da poesia contempo– :r-ânea - e pre:flra principalmen– te "trabalhnl'" sobrl! os estadoll semi-conscién tes, vagos e on I ti– cos_ ExploraQá:o extensiva e I n– tensiva Ql.Je atinge as zon~s que ílcam fóra do campo d,!l cen..-ci– ênc fa e que ccmslste em oopt.ar as divet'S8s Jorma11 de vio:!a da ath'iid-ndc dl~slmu~adl! e abismal do nosso "eu": correntes H6g;c•1111 de .pensamentos, idéias absurdas, d e ,s e j o s obseu ros. sentimentos tibetrtinles G~ sonll~ e os d('!IL- ,rlc,i;. lôda 'uma conmsa mas fer– vilhnriíe vida subterrânea do nosso ser. De tudo 1$!/o s~ 3po- dera o !)Oêl.a e para êle adqui– re un1 rlgrufieado e conslcitiil um.a linguagem lnlcligível que lhe dá o sentido do Universo. Abandonando-se l\s vagas do pens~mento não di9cursivo, del- xando-se lev~r pe~~ formas i:n- f erJores; da vida níetiva. petos es.. ta.dos oniricos e até mi.smo pi;:lo hlsterlsmó e -pela aluetnaçlí<f. en– tregandn-se, 1>em c,por resist?.n– cía, a !orça:. descf?!nhecidas e lr– rae!onnls e envolvendo-se nn ngi!aQ,ão de uma attvi(la~le semi– <'Onsc!ente, cqn~e~1.1lrá o poeJa tocar o Intimo d ns eoJsa... por que n essene\.~ delas se acha re– fl""ttda. 11 ~Tl'1ente'\ no ceu «?Sl)t– rtto e, !lendo a,;sim. por uma e)C– r;'loraçáo <'~cnslvi, e tntenE"lva C:n <'U. f'lmt a.ntregar-se-ão e de!t– \"11Mdh r-se-5.ó. Partlt>i,pa o poeta, desse m ::d.o, Co1l<:1usão na G. 0 pág. • • t
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