Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947
/Uomtiig-o, 25 de maio de 1941 FOLHA ,DO NOB.ft! . 7~ Pãgtiii • -l ---~--- - - - - -~ _____ _ _ _,... _ __ RIO - .8m inquérito ute– rário não bá muiito .:ealizádo um dos jomai.s do Rio proçµ– rou conhecer o pensanrento de escritores dó grupo já chegado à maturidade sôbre a n-ovíssi– ma geração intelectual do .país. - Cyro dos ANJOS - • "oomplementail'" da q.e 1-922. EmP.rega.11~os es&a ex,pres'• são em sen ,ti.do ~oximad-0 àcqu.ele em que V'~ pô<le esta.beleoer nexo entre a: obr:a de Ba-udelaire e a de liµgo, (Variété, II, 1929). · Proposta a mim, a questão deixou-me PeI1>lexo, pois logo (Copyright -E. S. 1. CO<JJl exclusividade pan a FOLHA DO NORTE, esbarrei num obstáoUilo: como neste Esta.do). Ajuntar-se-ia, na mesma or• dem de idéias; que os críticos de primeira Unha - como um Alvaro Llns ou um Antonio Cândido, de, geração que se seguiu à de 1922 - lUI!Plia-ram o campo de pesquisa d~ critica. nacional e procurara.-m um equilíbrio que, se o ·méStl-S . Tristão de Altaide &.neonibrou. não foi ·achado por muitos ou- 1.ros oontempor~ da re'\"<>– lução modernista. delimitar, no bem;;x>. as frOlll· ~as eaNego-rms dio tem- Em poesia poder-se-ia dizer pen$ de dW.ul.!-", tem de se oon- cebido sua plena influência - ~as dessa geraçao ? po. que, de Drummon.d de Andra- forma.r à .trlllia CQmum do co- dela se toírnaram representan• Não me parecia razoável in, Os grupos que surgivam nos de, a L~ Ivo, a Ca,bra.l de nh~to d:iscur,sivg. NãQ foi tes mais autênticos do que eluir, entre os noVi5si,mos, aJ.. últimos vin.t>e é .êi.néO a.nos t4tn Meio Neto, a Bueno de Rive- sem r~ que a palawa ''pro- mµiitos · d.os que a. d~n~a.dea– guns eseti<tores que, em,oora tido um d,enóm¼nador comwn: ra ou a Osvaldino Marques. sáioo" ~ebeu o matiz semân- ram., e que - filhos pródigos moços e de reoem,e ingz,esso o ehama.d'o movimento mod~- essa linha de preferên..-0ias não tioo, que a tomou sinônimo de - provmham de outras fami. na vida. li1lerária, se haviam nfstà. se quebrou. "vulgar" e de "chão". Llas dce gosto e de pensamento. filia.do à taníli-a das letras j ã ·Continuando e aprofundan- oom O pensamenito amadure- Na simples av~rlguação de Em prosa - ~lo menos no Todavia, poder-se-á dizer do a experiência modernista, -1do. que não mudaram oo fdolos de que concerne aos prooessos ex- que Clarice Lispector, Maria ou realiza!lldo-a. com .os mate- '!'ransponcto, de' um saJ.to, al· uns e outros, poderemos facil- trialsecos - as verificações não Julieta e Paulo Mendes Ca.m- riais da tradição (prosa ousa- Poder-se-la, nesta altura in.• gumas etaipas da formação in• ment.e estabelecer sua identi• se tazem tão facilmen.te . Des- pos ainda se coloéam · sob· o da, de Clarice Li&pector, poe- d.agar - e foi o que fez o nos 4 tel~tual, e entran"do a palmi- dade fundamental. Rimbaud. cemos ~ campo raso, onde .a signo da revolução de 1922. siá de espírito-novo, mas no- só inter~ocwtor - se seria Ui:a,i:, desembaraçadamente, os Mallarmé, Proust, Valery, Gi- versatiiidad'e dias tendêhcias 11. Acrescentaríamos até que, v.amente ca.tiva da forma. de provãv.el o ~recim~ coo caminh•os da inteligência adul· de, Joyce, T. S. · Eliot conti- terárias é· forçada a restringir havendo-se formado no ciclo alguns poetas jovens) a atual novas corrcentes estéttca.s, em ta, êsses joveru; atingiram a numn a reinar. suas fantasias, e o espkito, sob da revolução mod'ernista e r~ geração poderia ser tida como consequência d~ transforma• ______________________________;_________,____ ---------- ções produzidas pela última maioridade e se desincorpora- o H · fome é hundlhante, inferior, gu~a, na estrutura políµco- ~!m, dpor Mo próp!,io, dos qua- NATAL. maio - o AMOR ,1•stor1·ador Da,,:some indigna de todos os _códigosda sooial do mundo. "'"' os e sua geraçao. E A FOME govema.m este . . L° . bôa ,educação.·Dizer que ,e tem Respon,çl~os que o apare- Por outro lado, na vida cto Mundo, dizia Schiller• .,-To,cla fome, quando o a-lmoço se eter-- cimen-to d~ .novas corre:nires era espírito, "mocidade" tem sen• atlvid.ade huma-na ou maior -- Luiz da Camara Cascudo -- niza-, é u,m primor de desedu- se.m,pre PQSSivel e desejáveL tido nitidamente diverso da- percenta.geín deia Corre para proprio instinto ~ de um 811 ....... eendentes, mas a,rticula oaçao. Ainda, uma. das atitlJ(fes Todavia, não aoreditáva~~s quele que lhe Bltribuímos, em ~ d=s= nol=, ~--ore p"- ·..... ...,.. d bs I to b to • f~ .,. . obr•g·....___ · relaç&o à pura vida animal. ~ ""' ., v. . -= ""' leader que sacode o seu povo, tod~ este . material em esque- e a , ? u om•g<?s , !' u•• que uecorresse. 1 "'""Lia- . , . "d A Fome - assunto, ·tema de seu grupo, seu clã; pa.rã acima mas lógicos de 11ma. campa-- gir saciedade, displ1cencia, re- mente, das mudanças ocaslo• AsSim., e possiviel oonsi erar- livro, material de estudo e de da cordilheira, procurando ter~ nba de intelig-encia e dce hu- ousando repetir o prato. Mé- na~i-as pela gu,ierr~ mos jovem a um Gi<ie quase _,,_ • • · .... AAS protocolistas domésti ..... ~ qu·- acred'... que as octogenário. E juventu-de sig- sistematização, é que não tem ra-onde •,.....,•se-morre, inde- mamsmo radical. ul..,v e . · • .na =• ~"" inificará, ~esse caso, um esta.dó a. .tra.íd <> muita gente. Bibliogra- pendente do problema da a;li- Uma boa atitude do livro é cos ensinam: - sa.ia da; mesa. guerras não influam de modo de. permanenite procura. fia po~re. e nm:nes .escássos pa-. mentação parca ou menos su- ser objetivo. Está voltado pa:ra sem ei,.tar satisfeito... algum no campo literário ou Outro problema se oferecia: ra uma indicação bibliográfi- flclente. o Brasil. E' possivel discordar, Ninguém no mundo a.rlsto• al"tístico. Pode-se argumentar, tratando-se de uma a,preeia~ão ca. O melhor, enrola.ndo a tese lruliscutivel é que a Fome é aplaudir. ou néga.r porque o crático do Orlente, teJn•O a.tre- no que toca à d>e 1914, que as em conjunto, seria legiti:Jno num titulo ressonante, foi a um elemento decisivo, um dos ambient.e ficou a.o alcance da vimento de ir para a mep em tend~DICiaS estéticas, a,pai:r• arrolar, no $.'Upo dos novos, dcritaçãoi de duma ciência social, mais fortes, h'1<es!stlvefs · e po-- verifi~ 1 . ~o. fTodas as b~udes fprimeiro ludgã,r. sMo 00 rrne:rulv~d 05 e !8amsc,eniteer"" ~sc;l!~6. _p=ad;. a. os mais verdés dentre êles, os e erro nan < a metodologia, deros""' - d'-à-iiA h"-ª"ª de ana ISe oram mo Ilizadas _otne, · ver es, o ..,... d d il .b · ""' •- ......,. ~~ .....,..,,_ Com efeito, Rimbat,Ld mor- que mal se acham, ainda, nos o socorro aos esequ I nos e no processo seletivo da. mas- para a,te~er aos reclamos dos príncipes árabes empur- 9 d! d 1888 h primeiros balbuci9s literários? e situações insta.veis de depois sa. Seletivo está. aplicado num mais mod•ernos na espeeie. Di- < ram uns aos outros, apa.rentan- ~i: d.1:uZ:d;•·~e :.~u2ir. p~: Aconte<:eria, também, quanto das guerras. A ciência. é o pro- pl&no biológico e não socloI6- visão de áreas, sub-áreas, ca- dt> indisposição, S11periorida.de; casoo atirava-se ao cubismo em a êstes que tôda reserva seria cesso de fb:a.r as areas d.estrui- gfoo, ou se me permitem, fc»-a racterísticas alimentares, re- fartura. Nenhum menino bra.- 1910 antes da grande con,fla– pouca nos prognósticos que fi. ilas, as populações famintas, a, dos modelos da Antr'9l)olog1a suita.dos, sugestões, comentá- slleiro do meu tempo dizia : gração. E, em 1917, morria Ro– zêssemos. Comwnente, se vêem 1>rodução em curva alarmante, Oultural. A Fome mantem em rios, críticas. Historia., Sociolo- ·- Mamãi, tô cwn fome!, P,a,rQ din, que vinha pr-0jetando sua. casos de falsa v<><:_ação Itterã- a capacidade dos alimentos a. nomadismo concêntrico os in• gia, F-olc-lore} Antropogeogra- não levar um belisi:ã,o espon- podierosa influência no mundq ria. Há uma idad.e em que 'todo •~portar e distribnir per ca- b_es do. de$erio, eomo enr:ijon, fia trazem seus a.fluentes ,pa.ra taneo e r eprimidor elo clesejo da arte desde p. última cJéc;ida o mundo é poeta, ou ama a Plta. ou em blocos. E' o estudo disclpllnou, secou 'as gortlún$5, o. ·rio illlle_nso. O assúpto, velho qqe aµ-apalha:va o complexus do século passa.d'(). poesia. S6 o tempo fará, depois, das Calamidades. He_r!>eri Ho- enxugou os músculos, afilou o mas amedrontado · pelo medo do Bom Comportamento. "Mesmo sem a guerr~. ctue a triagem, deixando cvnheeer over. por exemplo. e doutor perfil agudo do sertanejo nor- de desentocã-.o, aparece novo Aincw, hoje, com tanto séeu• lhes precipitQU a evolµçãio - as·· vocações autênticas. As que em calamidades públicas. destino, saeuiJlndCJ-o vara o e vivo, situa.do com as cores lo de mat"cba, á. maior festa diz Piette Abraham - impor~ t>oritm fruto de equivoco se o prof• .Josué de Castro en- Pará., Amazonas, Aere, com reais e verídicas ' de unn eons- oficial é dar-de-comer ao visi- tantés .modificações teriam as• ildiminarão por sí mesmas. frentou justamente esse assun- um teor de all~entaçã.o que é tatação positiva. E' um ingué- tante, J'ei, · bMã.o, soldado, la- sina'1ado os anos ® 19,15 a De algum.as criaturas chefas to ta.bú , difleil, negaceado, es,. a fome- endêmica mas politlea- rito que &e inicia nesse depoi- drio. A maior homenagem é o 1820, dando nova. di,reç~o à tie ardor, que conheci na mi- eóndido nos reia,,torios e eober- ment.e empurrando 06 limites mento, rico de noticia e de in- brinde-de-honra, no fim, c1Je produção e ao gôsto litei-4rio". nna adolescência literária., e to com 06 reta.lhos ele sín6ni- do Bra;sll, espalhando o eonbe- f-0rmação, exigindo o endosso copo na, mão, ao redor .& me- Comenta Abraham, ahn.da a que se embeveciam àn-te as mos bonitos éomo mentiras. E' cimento geográfico, industria- ou ·a nega.tiva,. · sa.. Erga.mos .as nossas 1a9a,II... êsse respeito, que nin,gu,ém d'U· coisas desinteressadas, o desti- um sentimento prlmario que liza.ndo os mét()d-OS Indígenas Ninguém simpatizará. ideal e Vou fjcar aqui. .Josué de vidava, em 19-14, que a sub~ no foi bem diverso. A política humilha a nossa. cultura de ra- de ea9a e pesca:, determinando romantiçamente com esse as- Ciustro está, com um atrevi- v:ersão produzid.;i.. {>ela gp.et 't'a airreba,tou umas. Os negócios oiocinlo. Não hnmflba a eon- mesmo mna menta.lfd~e su- s.unto. Estudar a Fome, indicá- mento q~ merece sucesso, deixasse de renovar a S'llbs• confiscaram oubras. E certa al- cepl}lio instintiva de civiliza- gestlva e viril que resiste ·até· la, riscar no mapa do Brasil atrav.essa;ndo •una mata el;leia tância e o e~~rito do roman• ma délicada houve, que trans- ç~ mas os elementos forma- lr cedendo, devagar, aos assai- suas moradas e ootta,ges de de encanto e ·de misterio oon- ce. Entretanto, nada disso h<>u• migrou, mais ta.roe, para o frio dores, minando-lhes o tnte- tos de todas u febres que ere- vllegiatura, 6 um desaforo qm, fuso. Chegando do outro lado, ve. peito de um onzenário. r;lor .com a, denuncia, de uma crencbm a majestade c1o Pala-• devia te.- sido Impresso há deixou, nas pegadas, 'a pléada Ter-6e-la- causado .grande A"Ssim, a pergunta que me desolante e c1iarla, ver'1ilde na- di$m.9. ~ ,. mnito.s anos P,ara fixar· O' p,;o- _que a ma.relia fll,l'á uma estt;,.- sur.presa a:os bom~ dle letras, fazia o promotor do inquérito turaJ, . .Josué de Castro, eom a b1ema, coloca-lo peno dos da-reaL V..olumosa, é.. a, sua ~ de então, se se lb,!!$ anuncias- e ra inçada de difiéuldaões, Certo' tàm.bém é que a gene• "Geografia. da F~e", inicia, olhos e das ~oluções suces- rela. Desejo lnt.el ~ctaàl .onde a -se que os dois li~•Ei mais Que êle não st1$l)eitava. ralização é sugestiva pa,r.?, o seu grande estado num plano sivàs ~-0& , técnicos; O aspéctó 1]113,~Ção pou~ e,?labôr,a :_ profu.~d•a~te ~r,i~f:1ar 8 0 Na verd'ade, só pod-emos dis- homem Inteligente. A FQ!ne de monumento de extensão, de psicologleo 4a Fome oontlnaà Muito livro para ler, muito roma.nce, <iuranté· os 20 an~ ~nguír as. ger;ições li~átjas pode expll-Oál' o impulso lnl• esfôrço continuado. Não ape- s~bdo,- em sua enuncia.c;io bem múnd,o para vêr, muito es!lllÉO- imedia¼$, se aehàV'ii..ril já_ em ,Q'uando entre_eles se esta;bele- ol,al de tod~ moviment.o ele nas n-az para o estu,to dos as:. educà':do e palaci.i.na, -o mesmo para cbrear. Este é líDl livro. c~ação: ".Le Gµiu<l Mea ,1.il – ce contradiçao. ~m que ~o- progresso e de industria, co- P,ec~ brasileiros .da Fome, a t;lbú do sexo d~ ant.es de que antinela dedic~ao cl,~ ' nes ,. e " Dú ~té de cliez v-as tendências se dellnei~, 1119 a ~lmP.l~ Curiosidade, ·o capita.llzàoáo a11 leituras, vfà.. Freud, co~o not;(ju aguda-meu- de um-homem que a.ma o seu Swann". E foi o que' a.con,i»- tal distinção se d~ssolvérã em a.rrojo tt~o da ca.tequese, o gens, observações e intuiC}ões te .Jostté de Càs_tro. A -,alavra país sabendo a verd.ade. ceu. · - • . t -. . ____ _______,,_ _________ (Contln'll&l}ão- da t.• pag,) pr ol\tm.dídade, multo além da nomenclàitura, e irem poderia tê-lo adqui<rido com: a sli'a idadé e as suas difieeis eondições de vida: OS oo.n,b,~ ci.m,entos que revela de .ciências fisi~ e na" turais não emvaw num nivel muito sil,p,erlor aos de um bom éstttdante do curso s~undá• rJo, qÓitnpletad,os com, a Je\tu~a, de a~m.M oõras de l!aeek,el. l\'lest)lO um ignorante em mat.érj.a cien,tffi:ca, como é o éll$o do redator desta seçfio, pode sen,tiir que é bem primária a ciência di versos des-ta espécie, se .é que cliega AUGUSTO POETA DOS AN_80S MODERNO - obra correntes normais de i!n1luências, nem fiHaç9es estéticas. Se com Baudelaire, • de 9uem se cootuma a,pr,oximá-lo, ele tem em co– múm õ elemento s-.itânlco - como e&tãõ, no entanto, disía,ntes um do outro! Em Baudelai• - re fi.mdiem-se a pr,eocil.pação religiosa .e à pr~eupação- estética, e o seu olh~, por. mais meu ver, -Augusto dos Anjoo é um poet.a: ma.is . . baixo que &le houvesse ~ido, ~va vo.ltad~ importante do que Cesário Verde e atê do que Tendo escrito alguns dos ma.fs belos _poe– para os céus, como um místico exilado, comQ An,toni.O Nobre. Pelo m~os. para nós, a rua mas da liiteratura bra$lleira, ele também es– lim cristão nooWgico. Em Augusto dos Anjos, s.Jignifica~ão poderia. ser assim definida: ele é, creveu ·VetrsóS detestáveis com est:es que se se- --- o naturalismo é o credo, . o ma~riali91Xl,() é a ~tre todos os nossos poetas mortos; o único gu;em como exemplo : • dot.itrina, com um sent,imento <1ue não ultra. realmente moderno, com uma poesia que pode p assa o visível e o seil:sív,el .senãa poetieamen• Sed" compreendida e sentida .como a de um ron,– t,e, e o seu o1'har não estã especialmenit.e vol- PemPorãneo. -Os no.ssos poetas antigo's - m,es.. tado para os µiistérios metafísicos, mas para o mo os máls famosos como µança}..ves Dias, Al– sub~olo d11. existência humana. Anticrlstão.,por vares .de Azeved·o,#Fagundes Varela etc. - · são excelência o circulo em que se movimenitava ~andes pootas -dõ' século XIX, que não podem ~ra o nada físioo, e dai extraiu, do trágico des- ser apreciadoo sem oonsideraçõ~s históticas, se vazio, a sul)gtãnci11. do seu pensaiménfu e a sem ligação com a sua épaca e :respectrvas cor. ;iµatéi:ia dos seus versos. Pelas alucinações e ren.tes literárias.. Augusto dos Anjos, porém, visões maqabras que atravessam a. sua poesia, está Muminado por uma projeção de ~rma– ele estaria mais próJtimo de Edgar Poe e Hof• ne<nte atualidade, que o lança in-cessantemente finl!ll,11 do que de .Baudelaire. Cont:udo, a sua pàra o 1iwtu<ro, como um ser cada vez ~ais' posição g,enui111a é a de um solitário, para vi,vo; com o seu canto apropria<io paxa tócaa: quem não ha.via nem amanhã, nem esperança. d'.iretam'6nte .a i11teligêncJa, o coração e os sen– Ele estava só no mundo - com o seu enorme, tidos dos homens de todos os tem1,>os, medonho e terriv.el Eu - J?llra cultivar a me- De tod'OS ·os t~mpQS, e· a,té ~e toaas as ida– lancolia, a mágoa, o desencanto, para canw .des. !;sto a.gora nao é ~m elogio, mas. a cons– • morte e a poesia das coisas mortas: tataçao ~ uma parte fra,ca, ({etestável sob a ser ciên-cia : . ''Eu sou aguele que ficou sozinh-o Canitando sôbre os ossos do caminho A poesia de tudo quanto é morto". . Quando se processava a sua formação pes– soal e li<terá.,ria, o parnasiamism.o e o sitnpolis– mo aind-a estavam em plena moda n-0 Brasil. . . E ao desaparecer em 1914, ~avamos no mun– do inteiTo em vésperas de uma -renovação cul– tural, em que a literatura, como .a ciência e as artes plásti'-cas, procuraria novas dimensõ.es e novas perspectivas para ultrapassar certos valores convencionalmente estabilizados. Au– ~to dos Anjos n,ão se enquadroµ em nenhuma daquelas es-colas. Explica-se em g,;aruie parte o pouco êxito do seu livro, no momen-to em q,ue foi publicado, por essa cireu,iwtância de ser estranho aos paârões correntes. E' certo que el,e se tornara uma es,pêcie de introdutor do natuxalisrno na poesia brasilei!ra., val.orizan– do •temas, c-onsiderados prosaico e até repul– sivos, emprega11do palavras, tidas como feias e sujas; utilizando wna, forma d'e ex-pressão, di– reta e nua como a da prosa, mas a poesia de A'tlgusto dos Anjos era essencialmente a de , sua: experiência pessoal. Se ele fosse mais sim– .ples, mais,. inocente, menos cientifico, teria sido o nosso Cesário Verde, com quem tinha em comum a capacidade descritiva e o s~so do quotidiíllno, Iscto, porém. significa ai_:>--, ~s um comentário por espírito de a,proXÍimação. Ao certos aspectos, na obra de Augusto dos An– jos. Ele tem oom efeito duas faces: a do au– têntico poeta e a do 'poeta vulgarmente sen– sacional, a do artista, CQm uma enorme riqueza de p.ensamento e sensi:bilidade, e a d·o artificial, com a gritante roupagem lie .u,ma prec~ria ter~ mínologia cientifica. Encontra.mos n,ele o•mais puro val"or literário e o mais hÓn,-endo mau gosto. Alguma!, vezes, o mau gosto em ;\u– gusto dos Anj-0s é tão absoluto, tão pavoroso, tão irri:tanite qtte um leitor de g~o requin• tado pode cometer o êrro de desprezá,..lo -por– que já não tem mais paciência para procurar o verdadeiro poeta naqúel:a confusão entre a bel-eza e a vulgai"i:dade. Há, assim, dois Au– gusto dos Anjos, e infelizmente o mais amado e sentido pel-0 grande públi,co é o menos apre– ciável. O grànde 'público, oomo os ad-0lescen– tes, estima de prefexência em Augusto dos Anjos os poemas sensaciona,J.istas, que são os m•ais banais, os vel"Sos que apresentam o falso bril:ho das palavras pom.posas, eX\travagantes, esquisitas e espetacu}ares. Aos 16 ou 17 anos, e muitos contin-uam com esta idade a,té o fim, o que recitamos de Augusto dos Anjo,s, o que dele sabemos de cór, são os versos d,eooa es· , . pe,c1e : "Eu, fi1'ho do carboao e do amoniaco Monstro de eocuridã-0 e rutilância., Sofro, desde a ep1g,en-esis da iin.fãnei:ã, A influência má dos signos do Zodíaco". "E no estr'llme fresquíssimo da glel:>a For-migavam, com a simples s.arooroe, O vrbrão; o a,ncilóstomo, o colpode E outros frmãos legítimos da • amoeba". ·"Sofro, desde a epigeiaesls da il'llf~cia. A mf1'uêhcia má d9s signos. do 2Jog1ac<>". . ' Para sentir-se, aJiá,s, a diferença etrtre ~ du•as fa,ces d'e Augusto d-0s AQjos SElrá sufici• ,ente compa,ril.-r um quarteto do, prfo:net-1:o doe "Sonetos", dedicados ·ao Pal, com ouítro dQ terceiro : "Que coisa tris-be! O campo tão sem f!ol.'e9, E eu tão seim crença e ~ árvore.s tão uúas, E tu, ge,mefiido, e o horror de nossa\S duas Mágoas cresicendo e se fazend,o horFox:es!" • • • • • • • • ♦ • • • • • • • • • • • • • • • • • • • i "Dwras leis .as que os homens e a horri&a (hidra. A uma SQ iei biológica v.iincul'clm, E a maroha d,a,s µ'toléelllas reguIMn. Com a invariabilidade da cl,~ydta! . • , " li!' cúrloso que alguns dos mais hórroros.os v,ersos de Augusto dos Anjos marcados pelo mais terriv.et mau · gos:to, tenhaµi sid-0 d<edi-ca– dos a pessóas que 1:he eram especialmente que– ridas, como a poesia "Ma.ter", o soneto ·ao filli.o e o terceiro dos ti;ês. sonetos ao pai dQente e morto. N es>te último caso. aliás, pudemos v,e.. riflcar de repente, na passagem de um soneto · ~ara outr-0, a exmtência de qois Augú:Sto dos Anjos. Os dois primeiros sonetos são <le um.a emoção pura e a-útên,tica., com uip estilo e.JÇem– plarm~te artís-tico, perfeiitos µa substância e na forma, enquanto o tereeiro ~tá perturbado, estragado, violentado peJ.a preocupação cientí– fica. Na verdade, essa co,néiliação entre a ci– ênc.ia .e a pc,esià, no sentjdo direto e objetivo em que a tentou Au,gu,sto dos Anjos, r.epre- Contudo, se a nomencl,a, tu.ra de ciências fl– senta úrila ím:possi;billdade. P<;>is ciência. e arte sicas e nruturais nada àcteoo-e-nfâ ~o va\11>.l" :aa não 1;-e id,en;tiflCfl.m n.em nos seus J?rocessos, poesia de . Augusto doo Anjos, e -~~tes•·p):-ej.µ-· ·nem nos l,elts obj~ív:os. Augusto dos An1<:>S di.ca -a pelo prosai:smo e triáu gootp à ~u~ a dá-ri.os mui<tt1S vezes a i.mpres~ão de que àtra- submete mui,tas v-ez.es, o espírito. ci~ttfic<)., a vês da p!)esia o que ele quer alcai,çar. o.u ex• caipacidade de contemp1ár a realidade eó.ln e.s– primiT é uma verdade objetiva, com indiferen- pírito científico, qite é antes de tudo UJl:Ila ati– ça em certos casos quanto a o seu cará-ter estê~ turd;e intelectual, dá à sua vísão de poeta uma tico. Ora, este ê úm objetivo da ciêneia, qu.e se extraordinária ' amplitude, como um irurtru– viesse a tornar-se válido e coi:rente no plano mento de pe111etração e a-cttidade. Se mata lllu– da poesia, provocaria quase inva11iav,eltnente sões pueris, const-rói pen;5aroeutos ,sólidos e uma arte didática, explicativa, interessada, ó pr,ofundos. O .es,p,íríito cien<ttfico ab.r1u pai,a. o que aconteceu algumas ve2les com o próprio po-e.ta per@ectivas e ânguloo até t>,ntão· â-esecr Augusto dos Anjos. Etn -rig-0r, não há poesia nhecidos nas nossas letra-s.' Aí; sim, a ·ciência científica comó não há poesia religiosa, e.m, se hai:moruza com a poesiá: como u.riw. aux1- ca1iegor.ia superiór, mas ho.mens de espírito liar ind.ir_!l;~•. como _un; _impu1so Fa•rá o iner– científico ou de espírito religioso que são poe- gulho poétióo no xrustérlo dos fenômenos na– tas com as suas personalidades assim carac- turais. Com o ~pítito filo,só,fico e ci'entífico, e teri.zadas. De resto, o que se chama a ciênçia com a sua singuJ.airfda,de. pes·so:al. Aiug~tp dos d-e Augusto dos Anjos era uma ciência. bas- Anjos tomou-se o poeta brasil'é:iro ·cujo pen– tante primária, com um pap,el secundário na sromerut<> ati:n,giu maior al.tura. diénskl~ e sua obra. Que ··ciencia, que fi:losofi:a trans,cen- consi'!;tência. Vamos CPTJ.templar um.. pO-U'!lQ, nà den,te ·há por e:xemplo num sooeJb tií.o preten- próxima crôni-cá, essa fa-ce autêntica do gran– samente cien-tífi-eó como ''A Idéia"? A~usto de poe.ta , a f~e do Augusto dos. Allj'® &~ie. dos Anjos usava freque-nteinente tet-mos com,Q modem,o hoje do que há: trwta anos. . oxigênio, ca,r,bono, eter, m.onada, etc., mas não. s~-timos que o seu \l-'wreiti:amenJto de ci..t.11,w,a - - ~a reQ'nessa de livi;os; - Pra,~a q.e Bo~~ seja de um verdadeiro cienltista proj-eta<i10, em Cogo, 48.
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