Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

8.ª Pagina FOLHA DO NORTE Domingo. 25 de maio de 1947 (Ooncl usão da ul!,. pág.) mét.ico i.ornou-se, de repente, o "po,eta en Nueva York", Gar– cia Lorca, compa.rando "los grand-es esfuerzos" · de tudo o que vive com outro áto - ti.l'.lco, ex1raord1na11.o. mot<t.o com vinte e quatro anos de idade; pensando-se nas a~ trr~ões pictó:ric~s de Ma:rc, nas expectorações noturnas de Lautréa.mont - quase dir-se– ia que o "est«o da velhice" é típico dos artistas gue mor– reram Jovens. MOCIDADE E MORTE .r1do c01n 17 anos". Talvez e, ·•~wo da velhice" s~ para dislinguir entre os verdadeir0$ gêni06 malograd06 e aqueles outros '"gênios'' celebridades Joi.s tercet-OS d<? wi1 grande soneto pouco conhecido, sin-~ tizou êsse mistério do tempo e da morte que devora e etei– nlza : "qué grande, quê invisible, qué dlminuto, sin esfuen:o I" e .intitulando essa poesia: M.u– erte. Pensando-se oo.s Chimé– Nl8 de Nerval, nos últimos se> netos de Kea:t.s, na telsão das Canções ele Miehelangelo de Hugo Wolt, na a.ngústia musi– cal que m,vade ·o fragmento Woyteck, do prbneJro drama– turgo, soclalista George Bue– cbner, genio literário e cien- CRONICA Será preciso aventurar-se a uma explicação metapslcoló– gi,ca do tenômell'O que, no pri– meiro momento, causou aquele "frisson": do fato estranho de que certos artistas jovens, pressentindo a morte prema– tura, mudam de repent.e de ee– tilo, começand'o a exibir sina– Is de velhice, não oo sentido Sôbre Os ''Arquivos Implacáveis' ' - Valdemar CAVALCANTI Publicaml)S boje uma interessante crôn ica de Valdemar Cavalcantl, sôbr e 06 "Arquivos ~mplacávefs;' de J oão Cond é, cuja publicação de decadência lísica ou men– tal mas naquele outro sentido, "metafísíco" do "estilo da ve– lhice". Parecem tornar-se cons– cientes de uma predestinação que paira sôbre êles; e ante– cipam experiências fora do tempo, até experiências trans– cendentais. O "estilo da velhi• ce" não depende do tempo "civil" e sim condicionada pe• la aproximação, pela iminên– cia da morte. Não só o tempo é decisivo mas a madureza, a "ri,peness" da qual Shl!k~a– re fala em Rei Leal' : .. . . . Men must endl.Jl'e Tbeir going henoe 1 even as [their com1ng bither. Ripeness is all" Ai se revela outro aspecto do concei,to "iuventude". nem sempre ela é. com as palavras de Ruben Dãrio. "Juventud divino tesoro . ": antes &e pa• rece, às vezes, com tesouf'oE enterTados 1 9~e só sabem CN?5· cobrir OI! 1n1ciados. Talvez ês– te conceito contribua J)81'a ex– J>licar um :fenômeno frequente da bistória literária: os precUI'- s,ores 1neompreendido5 que chegaram anlles d,o tempo e morreram antes do tempo. Nenhum caso dêsses será ma– is importante dó qu-e o do poet.a-j<esu.ita ingl& Gerard Manley Hopkins, n-ão publi– cando nada durante a vida, passando incógnito pela épo– ca vitoria.na; trinta anos de– pois da sua morte prematura, em 1918, publicatam-se-lhe os versos, dos quais mais d'o gue um tez a impressão de profe– cia, oom-0 êsse fragmmt;o: "The tfmes are n!ghttall, look, [thelr light grows lese~ The times are \vlnter . ••" O forte contraste entrl' esta mentalidade apocalitica e a despreocupação que se atribu! geralmente à mocld.ade. pode– :á fom~er. mais mna vez, um crit~rio llterlll'ln. Com respeito a um jovem poeta que publi– cara com 17 anos de Idade ail– guns versos maravilhosos para não dar, mais tarde, coisa ne– nhuma de importãncia. dizia um crítico malicioso: ":tle se tornava gênio se tivesse mor- ~s, cuja morte prematura nao ~ motivo suficiente para justificar elogios exuberantes. "La mort, Messieurs. n'est ,pas une excuse". .. ~ é o centro tru.sterioso da existência humana; lem.bra– noe a inexorabilidade do tem– po, e, "ll'O mesnto tenpo" , as nOSSàs possJ'bU•ldades secretas de superá-loe. Quevedo, n06 "Ya no ses ayer, manãna no hA {llega<fo, hoy pesa y e.a, y tué con mo,. [vimíento que a la muerte me lleva dee– [penad--, Azada.s son la hora y el mo. emento. que a jornal de mi pena :; mi [CUiidado. caven en rn1 vivlr mi mon-.. [mento". ·--------·---------- - --•· MAR Estou compondo não o poema do mar porém o mar todo inteiro e a sua vida já se move nos meus olhos. Vêde, companheiros, os rios escorrendo sõ- • • F OLHA DO NOB.TE infeieu, eom muito su– cesso, no domingo passado . A Arte Literária De Jean Paul Sartre [bre mim e o meu corpo sem vontade de outra vida. Quem poder á agóra enxugar essa humi– [dade secular das minhas mãos que estão ·no fim ? O que João Condé vem fazendo, com a. sua mama ele eolec.ionadw de eUJ'losida.dea l.He_rárias, é qualquer coisa éle muito Importante. Está ele .reuni ndo mat.eria.J preci()SO para todo estudo que se preteucla futuramente faur sôb.-e detem 1inadaa figuras rnaNantes dos DOSS05 clirculos culturais. Com bllla paciência de fanaUeo, r eoolhe aqnl o original de, am ])Oêma, ali uma fotografia de lnequiToeo interesse histórioo, boje o bonio de um r omance, amanhã alguma.,; cartas intimas. Todo Isso está guardado cuidado– samente nos chamados "Arquivos Implaoaveis", onde mala ta:Nle os historia.d.-, e ensa.~ braslJeiroe Irão de«rio eneon f.ra.r dooumesuação valiosa e plslas de primeira, ordem. A blogi-afia do poeta .Manuel BaJJdeira, por exemplo, llâo poderá eer escrita de maneira eompleta e definitiva eem o apromtameoto do material do "Museu CODdé". Lá estio v elhas fotop'afias: o menino Manuel, e rap:.zinbo, o poe1a fei1o, o doente da Sui9&, o morador de Santa Tu-esa, o habitante do ~. o academieo de faTiláo (secreto). De Ca;rl os Dru:mmond de Andrade há coisas excelen– tes: os retratos em companhia de Banileira e Sohmldt, além de cartas e bilhetes clie grande valo.-, como o que ele dirigiu ao poeta de LWER'11NA<lEM, no inicio d e sua carreira literária, vasada em termos de discipulo e admi– rador. Augusto Frederloo Sdmwlt fornc«u muita cofia, iocJusivé os orlt;in&ls do seo livro ainda medito GALO BRANCO. Originais d e livro, aliás, vari08 de: José Lim do Rêg-o, Alvaro Lills, Oetavlo de FI.U'ia, Tristão de Ataicle e ontros. De artigos cJ..e jornal, nem se f ala.. Pr-edosas sio umbem as declaraçõee clie autores nas d edlca.torlas ae exemplares de snns ob:ras. São f>Dl grande n <1mero, ,oa,Ja. qual mA.is expressiva. Guarda ainda J oão Condé UDJa. série de documentos valiosis5imff, que oonsUt.uem raridades seJD preço. Não estou auto.-1:r.ado a enumerá-los. já q ue muitos delu. con– servam earatu ttServMlo. Sei é que a ooleçio 1k João Condé repr-»ta um pa trlmonlo de vulto, tanto mais qm,nto unioo no Brasil. Ellse fanatico da n ossa litentnn, oo.n!emporânea ve.111, sozinho, realizalldo mn traba.lbo do. maior alcance pen, a cultura brasileira, mais adiante. (C-Onclusão da 3." pãg.) (Conclusão da 2." pág.) do surrealismo. Para os prota– go~tas dessas agitações o es– sencial de sua mensagem re– sidia nas implicações particu– lares do ismo que êles haviam criado; para os leitores, reGidiu antes nas pérolas singulares das obras novas. Acontecerá o mesmo com o existencialismo? Talvez., como todas as doutrinas "definiti– vas", dura.rã o que dura o efê– me_ro. Mas junto ou mais além das asseverações metafisicas que podem ser discutíd&i inde– finidamente, brilha e se impõe o ta-lento magnífico de Sartre, transbordante de ''verve", re– fulgente de metá!oras raras, cheio de compreensão huma– na. A essência talvez não ema. ne da existência nem a prece– da, mas fora de dúvida, a arte emana das obras de Jean Paul Sartre com vigor e sabor ex– traordinariamente cativantes. Seu virtuosism-0 intelectual permite-lhe fundir a torrente de suas observações da nature– za hWllana no mold.e de uma doutrina filosófica, sem tirar nada ao "bouquet" estético. Seu talento é tal que redime amplamente a sordidez de cer. tos temas, e de passagem isso d-emonstra que a beleza de uma obra de arte não deriva tan.to da pureza e da barm-0nia do que se descreve como da maneira de descrevê-lo; ou seja, do po– der SU§estivo do traçado, da tôrça do relêvo e da origina– lidade das descobertc&.s. Sarttt é antes de tudo um conhece– dor superior dos terrenos da socieqade humana, e embora de conformidade com sua dou. mna se tenha ocupado mais em deealcar condutas- do que em analizai- caracteres, por causa de seu gênio e da finu– ra de seu paladar, chega & erigir perante n6s uma da.s mais r.kas galerias de earac-· teres surgidas na literatura. franoesa desde Balzac. Poucos aubores captaram com tanta penetração o petfil dos per– sonagoos que bOTboleteiam na vida, o aroma secreto de suas agitações, a mixórdia dos vin– culas que os unem, palpitan– tes e nós. aos outros homens. E essa :fatura vivaz aonde o con– creto mais pictórico se mistu– ra com a mals analítica das abstrações, na qual a ternura se coml>ina com a truculência e a plenitude com a fulgura– ção, faz de Sartre, muito mai! do que um discipulo de Hei• deg'ger. o continuador de Vil• lon. de Rabelais, de Diderot, de Balzac:. um herdeiro da longa tradição dos caricatu– ristas de notabHidades e dos polemJstas de café. Em suma a propósito da obra de Jean Paul Sartre che– gamos, uma vez mais, a êste ensrnam~to simples e funda– mental: que uma magia cen– tral preside o êxito ~ suas obras; com o manto dos siste– mas, fil0&6ficos 0'U sem êle, além das. modas e na fonte de todas as correntes lnteleetuais, é ela, sempre ela. quem dá sua aureola ao escritor e cativa o leitor; essa maâa chamo-se a realidade da "vida. E que so~ poderá secá-las ? TRISTE l Descendo o meu tormento devagar e leve com o sorriso de todo o mundo. Leve, suave, como notas de Bach não é minha alegria mas a alegria dos homens. TRISTE 2 Por que trabalha a inteligência mesmo quando o sol termina ? Dentro da noite ainda tenho forças . . , Os sentidos não falecem e esperam o mundo sempre. Eu criei o amôr e a tortura e agóra não posso criar o fim. BEN'f:DTTO NUNES teiegro, a passeio em Macei6, e várias damas, volta e meia Gracillano Ramos soltava; - V. Excia. quer cartas? Ou: - Cóm.o diz V. Excia.? O hábito creio que lhe há de ter nascido atl convivênc.ie com portugueses num jo.rnal do Rio mlde trabalhou como foca de revisão CJU8illdo, ainda muito moço, vei.-o aqui tentar a Vida. DEPOIMENTO SÔBRE GRACI LIANO RAMOS noso par-a Graciliano Ramos, da correção. Jli propriedade de expressão, é, mais que tudo, o deseapêr-o dêsse escritor: e êle ouvia a res– peit,o do assunto O!; c;.onselhos do bom diciona– rista Também quanto à grafia, 1a c:om A,ulete em tôda a lil/ha. quase: ANCIA, DEFU~CTO, CANNELLA..• E a :régua? A régua servia-lhe para o.s c<n"les de palavras, frases, períodos int.ei.ro6 consi.derad-0s inúteis. Que Graciliano não se limitava a riscá-los a mão livre, nãoc era um minucioso trabalho de desenhista: a,plicava a régua na parte correspond«i1e ao extremos superior das letras, passava um tra,. oo; depois no extremo inferiOT, novo traço; depois enchia de tinta, inutilizando-o, sereno. com vagar, acaso com volúpia, o espaço entre os dois risoos. Como que se tomava de ódio à-quilo que escrevera em vão, e nem queria ver a "pal)' .la.da" . Homem de extremos, COllU) se vê: palavraa tabeludu - e vossa exeélência N-0s seus julgamentos, literários ou bu– m.anos, a memia coisa: "péssimo", ''não vale nada" - e .. muito bom", "excelente". Co_i;. tu.ma diur: --Amigo meu não tem defeito, e inimigo nio wm qualidade. Pende mais para o julgamen.to pessimista. O ~ sím1smo leva-o, não raro, à maledicên– cia mais dura. Então, depois de cortar na pele dos vivos, põe-se a e.'Tilma.r detu.Iitos respei– táveis - e os manes de Rui :Bain>osa, Macllado de Assis, Euclid-es da Cunba, passam maus quartos de bora. Quando chegou a Maceió, em 1930, feito diretor da Imprensa Oficial, fazia nas suas xln,ga~ões largo consU11Do de certos vocábuloe e .frases que depois viria a desprezar: BO.R.RA – CHElRA, CAMPANUDO, FALHADA, Pi:LE– Mll:I,E. ABAIXO DE PÉSSIMO..• O ATENEU? Uma borracheira, não é assim? CANAA é abai'XO de péssimo. Eç~ é um dos meus deru;es, mas às vêzee tem mufta palhada. A respeito do BRAZ CUBAS (dizia J\UIJca te-r lld-0 nada de .Machado de Assis) ouvi-lhe, em dOis dias seguidos, dois julgamentos 01)05· toe. No l)rirneiro dia: • -- 6~ Já passei da metade. Formi– dável, não f'! assim? Que -Simplicidade, q ue fôrça! O de.sgrnçado do v-e.lho es,orevia bem eomo todos os diabos. Que BUM.OURJ E no dia seguinte: -- Uma palhada, não é assim? Uma bor– racheira! l\.iuito lugar-comum drsfarçado! Neg:l'O bu-rro, metido a inglês, a fazer uma.s gracinhas cnocas, pensando que tem HUMOUR! Não vate 11,Q,d.a, Uma porcaria! Jw.soa couver&a5 geralmwte comcç.a.va.m à tal"de, em seu gabinete, nos fundos do prédio da Imprensa, onde Graciliano Ramos passava quase o tempo inteirD, entre os afazeres da repartição, ou conversando, lendo, revendo os C.AET1:S, que trouxera prontos de Palmeira dos lndios. Ao anoit.ecer, mnwava as janelas, que davam para nma pobre paisagem "de telha~ dos e quintais. De uma delas se divisava pe– quena fábrica de bebi.das; viam-se ali opera– ri06, ga.r.rafas e domas, e ali terá Graciliano descoberto o "homem tri&te que enche domas" e a "mµJher que lava garrafas" do s,eu rOJl'lanoe ANGúSTIA. Fechadas as janelas, o calor, pelo vel!ão, tJOrnava-se forte, agravado por wna lâmpada de pelo menos duzent.as velas, para a revisão a que o diretor submetia rígida• mente os origlnajs do DlARIO OFICIAL. Um dia - nossas .relações ainda eram r-ecen,tes - queixei-me do caior e insinuei com jeito: -- Não gosta de olhar tielbad-0s, os fundos de qUlintal? -- Telhados? Para ver amores de gatos? Não tardou, porem, a perd-er o costume de lra.ncai--se mal anoitecia. Mas eu ia falando de sua maneira de jul– gar. AI. ve-zes oferece aspectos sin.gulares. Querem ver ? Há oêrca de tr& anos publicou-se no Brasil, oom vivo ruí.40, um romance de estréia. Encontrei-me com "o velho" pouc,os dias ~ pois de lançada a obra. -- Já :reu ..• ? - indagou-me com mven– clve-1 entl;l$ia.smo. - Formidável, não é assim? Uma coisa extraordinária! Bota num dhinelo tud-o que é de romanci.$ta brasii'leirol --Esc.reva um artigo sôbre o livro, para a REVISTA DO BRASU...• - Arllco? Eu? 9'U,em aou eu p,a,r:a ~ .. • ver sôbre uma coisa daquelas? Forn1idável! Li o diabo do livro - umas 400 páginas - quase nwn dia. Forntldável! Eu sentia-me aterrado: -- Mas o quê, senhor! -- E' isso mesmo! F-Ot'Illidávell E' mal esorito como todos os diabos, cheio de lugar– comum, um mau-gõsto danado, não tem psiCO·· logia, os tipos são todos falsos, sem verossimi– lban.ça , a coisa tem muito de dramàlhão e de roman-0e poli cial, pod.ia -se cortar a meta.de das páginu - mas é formidáveH E era um agitar di! mãos e de quase todo o corpo, como eu nunca tivera ocasião de ver em homem de gestos habitualmente tão medi– d.os. As mãos se movíam num jeito de quem finca - como se Graciliano quisesse f.ilncar na gen,te aquelas inegáveis impre~ões críticas. Surpreendi-o, por mais de uma vez, a es– arever ANGúSTIA. Mora,va então o romancista numa casa perto do mar, na rua da Caridade, ainda em Maceió. A família estava em Pal· meira dos Indios. Eram, quase sempre, aos do– mln..gos as minhas visitas. A casa tem um muro do lado direito. Eu olha,va pelo buraco da fechadura d.l porta de entrada, que dava para um alpendre, onde costumava ficar o escritOl', sentado a uma pequena mesa nua, na q_ual ae via, entre O'lltras coisas, um maço de ciga.XTos, uma. garrafa de -aguardente e não me lembro se uma garrafa tél'lni,ca ou um bule com café. Com a cacltaça e o tu.tno, era o café, por assim dizer, um dos seus ma,teriais de trabalho - quase tão indispensável quanto o papel, a pena, o tin>tel:ro, o dicionário de Aulete e uma régua. Aulete era manuseado a cada mqmen.to, depois de prOil!to um capí• tu.lo, 1.lim b:e<ihQ 49 roma.me . 1110 trabalb-0. pe- O autor õe SAO BERNARDO é um dêssee desalmados ca:rraseos do estilo: despoja a vi– tima de tôdas as vestes superlluu, deixando-a num traje d,e I severa modéstia e disc rição. E' uma sinistra tortura, 1-e:nta e silenciosa. Nada atteséen:ta, nada: nenhum enfeite, nen.– hum penduricalho, nenhum balangandã. Ape. nas substitui ou elimina. Bem. .Eu ólhava pelo buraco da te~durai, e não vía coisa alguma: Graclliano depesidu– rara na chave um paletó, que barrava a ação do olhar indiscreto. Então, como não !õi;;se m1dto aloo o mlll'o, com um pequeno pulo avlstava o homem lá n-0 .seu pôsto. Gritava– lhe, e êli" vinha abrir-me a porta, de cu~ habitualmente - pois assim gostava de escre– ver, pelo verão. Oferecia-'llle um doe seus estf• mulan1.es e lla-m.e algumas ~as, numa voz de timbre sêco e nitido, martelada mu c:o1<l'l".lda. O mar podia estraçaliba.r-se na praia. aU perto: não dava dÓis passos para yê-lb. -- Não gôsto de paisagem. Vinha baixando a noit-e. A casa. delerta começava a escurecer. Com pouco eu me de9- pedia do mestre e amigo. E lá ficava êle, só– zinbo, no terraço, n.a penumbra crepu..A>Cular, entregue à elaboração do seu mundo f.eebadoi e noturno, com q-ue viria a construir um doe rorr,,,., r•~ m~i., nr.õerooamente originaJs e bu.- maJW~ -- llv=a.$ letrab, • • •

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