Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947
Domingo. 18 de maio de 1947 FOLHA DO NORTE 9. 8 página s:: .l:iu1nc m ae letras ao, ma.l.li tlustres, dono de uma vastiis• si.ma cullu1·a li terírria, que abrange não somente as lite– raturas romanticas, germani– ca, e anglo-saxónicas, ma.s IS!mbém., as de língua eslava, :>tto Maria Ca:rpeau..'t já se si• ~ua entre os mais legítimos representantes da lilera.tura brasileira. ruv" rEJ)resenta aqullo que pa. recia impossiw1, a síntese das duas corrente .. num equlübrio definitivo. Quais As Diretrizes mance social .-u romance b:1- tto.;pecüvo'', também já per– deu a atualidade; não será possivel tirar dela. os critérios para oetinir a a.rte de Hemln– !{\vay, Malraux, Graham Gre– ene, romancistas enoll'-emen– te di!erentes quanto soo as– suntos e à ldeolotria, mas se– melhantes pelo emprego da t.écnfca "dramátiea". constru– indo os seus rom9.Jlces de re– duzido número de capítulos a,os quais cada um representa dramaticamente uma "cena" A1 está um aritérlo qUe não se aplica apenas a determina– das t~es da história do ro– mance mod1il'llo. Percy Lub– boclt, o grande critico inglês, veriflea em 1oda a histór:ia do gênero a. distinção entre "ro– rn-ance panorâmico" e "ro– mance dramâtico" Mar1a Carpeaux. - lj,,ilava do– minando a técnica panora.m.i• o.a: tanto no l'OnulJlce social, de estilo neo-naturaliste., ofe– recendo grandes quadros da hl-stória social da nossa época., como no romance Introspectl• vo que, como "roman-tleuve", transformou .?Jn nuxo hjst6- rlco a análise das almas Essa técnica panoramica che~ou nos seus reprl!6enlant~ extre– mos, em Prout e Joyce a-sim )()mo Dos Passos, às frontei,. ras das po5$'ibilldades novelis– ticas. ao ponto de já se fala?' em ''fim do romance". Maa não :foram :ner-Oll ca.pr1cho1 técn.fcos. A fOTII1a pa.norami– ca do romance corresponde exatamente ao caos de tran– sição social pela qual passa. o mundo. O novo "trend" fa– vorecerá, conforme todas as probabilidades de análise dia– lética, a forma dramática. Es• ta., _por sua vez. está historica,. mente ligada às hls~s realis– UC&'; do romance modcrno (Balzac, Di.ckens). A conc.lu– ~ão seria: o rorna.nc- e !u turo não será introspectivo nem naturelista, mas sim rea:lls.ta . Logo se pensa no neo-realls– mo, arualm-ente em voga na Rússia. Mas nos convem ge– ne:ra.Jtzar; e ~tre os Pilniak. Leonov, Kataiev, Cbolokhov também existem dJferençu notáveis. O roma.n,ce brasilei• ro também poderá con·ervar, dentro da corrente universal, sua in.dependêneia relativa. O depoimento do autor de • A1' Cj,nZqS do Purgatório" nome bastante fa.nuliar a to– dos quant.as se preocupam no momento oom a literatw·a e.>n• Lre nós. sõbre as diretrizes fu– tw:as do romance. reveste. se da maJor im,p-0rtancia, dado o seu profundo conhecrm.en1.o sóbre o assunto. GRACILIANO - SíNTESE DE DUAS COJ;UlENTES E' um esq 'iE:ma dialético, esquemático de mais -portan– to, que não deve ser tomado ao pé da letra; não se exclui absolu tamente o al}lU1lcimen– to de um ou outro romancis– ta novo, insuflando nova yjda a uma daquelas duas corren– bes. Mas a exístência de uma ;iniese como aquela que Gra– :!lliano Ramos repre;-entn, jé. su•gere uma alirmação de na– tureza por a sim dizer his– toriográfica: uma f~ da evo– lução do romance brasileiro chegou ao fim" "ROMANCE P:\NORAMICO" E ''ROMANCE DRAMATICO" P~irnrndo em seu d~i– men1,o, Otto María Carpeau-x afirmou: Futuras Do Romance ? "O romance futuro serâ realista, - afirma o ensalsta OLto Ma.rla Carpeau;:,c - GracWano Ramoo, síntese de duas correntes - ''Romance panorâmico e romance draniáilico" --Almeida FISCBfa{-- <Par a a FOLHA DO NORTE) "O ROMANCE FUTURO SERA' REALISTA" Iniciando seu depoimento sõbre as dí: :etriz.es futuras do romance, enwe nôs, o grande ensllisla disse: -·•A inspíraçã1l nov:11suc;; do post-modernismo já se te– ria esgotado; os ron,anci~lBf .brasileiros comec:-ariam a repe– ti;i:- ·e; e quais .,eriam as no v"' tendênciu.s, as diret.rize~ futuras do romance nacional? -"A verificação df' um no– "º "trend" na ; volu~i\o elos fenômenos lf!erárioo exige evid<"ntemr nle novos crll é-río<: Cei-Las alternativas que pare– ciam .tal-als hO pas•ado, Já pel'deram a razão de ser. Hoje, já não há discussão sôl:>re a alternativa "romance regional - romance univ, rsal'', o con– ceilo de "um mun-do só" pre– cil;a ser aplicado à literatura l:!uro-am~rlcana, de modo q1,e Jâ não se pode falar em "Imi– tação" ou ''n>tlexo" quando a literatura de daterminndo pais acompanha as evoluções da literatura universal O roman. ce J:>rasileiro bampouoo poderá e-vitar o "trend" geral; nem seria vantagem. Doutro lado, aquela outra all-ernativa, "ro- -"Naquela fase do roman– ce conten:tJ)01"âneo que se apro– x.ima do fim - d,!!clara Otto LEOPOLUilTA -- ----- ---·-- ------- ------ 1 • -- Marques REBELO -- ccopyright E. s. l ., C().ffi exclusividade da FOLli.A DO NORTE oeste Estado) ---------- O termo "post-modernismo" define bem certas tendências da paesia contem•porânea no B rasil; mas não serve igual– mente b::-m para definh a ar– te novel~tica da mesma épo– ca. Vérifica-se, nesse terreno. o coexi=tência de duas córren– tes ant.agôn icas: o romance so– cial de estilo oeo-naturalista represen 1 .ado pelos rom\\ncis– tas José Llns do Rêgc e Aman– do Fontes, e o ro1nance in– trospectivo, d-e !undo metafi– sico, r;p~sel)tado por Octa– vio de Faria e Luclo Cardoso. Sera possível cl:-..ssiticar de•ta maneira os outros romancis– tas de valor ou renome que apareceram na mesma época. os srs. Jorge Amado, Dionelio Machado, Cyro dos Anjo$. Cornello .Pena - lodos menos um: a arte de Graciliano Ra- Antigrut,eJ')te, negócio de comprar boi zebú assombrava muito oc principio - duzentos COI\tos, trezentos C?ontos, qui– n~tos contos por uma bezerra - mas por :fim o forasteiro entendJa. O tazençleiro Fulano vende uma novilha z!bú. ao [a;i;endeiro Bellrano poT trezentos contos Mas em troca o faze,ndeiro Beltrano vende ao fazendeiro Fulano um garrote por trezentos e um contos. G:raças a Deus tudo ficava em casa, satis:faziam-se as vaidades e os rebanhos valorizavam-se. Fõs– sem con,prar um bonde no Rio de J aneiro e ficava muito mais caro. da palavra. Sapatos allos e soquetes. O_ anel de_ to,pâzio es• admitindo-se Jifert?Dças in(li• mÍ"alhando a aliança, dava para fazer vinte anéis de :Carma- viduais. Mas em geral a evo– cêt7tico. Tomou o trem às quatro e trinta. A's cinco bo:ras luçâo do romanee já revela. · d ela tendência inequívoca para • deseml:>rulhou 8 galinha assada. C<;>m que babilida e forma reaillsta _ dramática: chu.pava o pescoço da galinha ! Os tilbos, ca<la um a.rrazava quer dizer. tiend,e para impôr, uma coxinha O pão ficava na mão esquerda. De vez em por meioo da têcriica dramá• quando, lept, 1una. lascada para empurrar a galinha. Sons , tica, uma ordem estética à de flauta encheram o vagão de primeira da Leopoldina, igual- ~alidoa,de. observada, o que tlnhos aos vagões d'e segunda do Congo Belga. nao realizaram nem o neo- ->o<- natunlllsmo nem o "rom.a-n– !1.-euve", expressões de Uma. época de cao~ social. O ro– mar;ice neo-realista oorrespon• d~rla a uma nova ordem so– cii!\l, imposta à realidade en– fim dominada" -)o<- .,... Hoj.e quem compra ze-bú não é faztndeiro. é especulador. - Não sei porque esta lou~•ura de criar zebú! condenava o entendido em gado. Zebú n.ão dá lelte. zebú não dá carne, zebú não dá couro. . . PORTO NOVO Não é m.entira, j uro 1 Cada garrafa de ãgua mineral custa dois cruztiros e vin te centavos. (A fonte é a dois qui– lômetros da estação). - Mas zebú dá dinl:leuo. -)O(- • - Eis o mastodonte. meu amigo 1 Estavámos parados em !rente à caledrlll, ainda em ooras. Fica no ponto mais alto de Leopoldina Não creio que por isso as almas que dela :fa?Jem ninho estejam mais perto do céu. VALl!:NÇA ÉzJo (ez a sua casinha no Grajaú, usando o melancólico recw-so da tabela Price, isto ê, o de ter compromjsso d-t' um por cento ao mês para o resto da vida o que é um negócio bem cómodo e prático, não fosse Price om tão ilustre homem de n,e,gócios americanos bl as umã ca,iinha. me-smo paga f}Or quatro ou cinco vezes o seu valor, no cômodo prazo de dezoito an.o.s, que são rarissimos os compradores que vêm findar. uma casinha sempre é um sonho de todos nós. E êle tratou de embelezar o seu sonho com um pequeno jardim. - Na frl!l1te. sabe, p-lanteí uns cedrinh05, contava na va• randa do holel.zlnbo, onde repousava das suas lidas oo vinle dias que a le1 dó aos homens que trabalham o ano í.::Jteiro. Gosto muito die cedrinho. E o madeireiro local: - Mas cedro custa multo a dar tábua, doutor. Mais de vinte anos l -)o<- PROVIDÊNCIA Ela e dois filhos. Terrlveis no sentído mais ferroviário 25 - Sioto que o amôT se torna burguês e es– palbafa toso. VaJ perdendo a virtud~ do sílêncio. E agora vem dol-0roso e pe"l."dído aque– le canto de SebastiaJl Bach: "Se me quer!!$ da,r teu coração, faze-o primeiro em segredo. E o nosso pensamento comum nJnguém o possa adiv.i– lllha r" 4 26 - O Mundo Tumporal é como se fosse o cor– po da lgteja ou melhor, nm,a r ocha onde esta i,e fixou. A história tem crascid..o até o dia do Reino de Deus, J:!)\1tão será destruida a rocha e fi. cará a Igreja, a Igreja triun– fante, gozando de wpa vida sobrenatu:ral. · Terá desapare– cido a Igreja militante q1,1e viveu na bisi(>ria. Mas a his– tóris ruisim 84)fil"e ce COID,fJ urn pecado. como resulta,nte da Que-da. De qualquer :forma é bas– ~te trágica essa concepção. Se o mundo já está julgado preferimos oêJe ficar: se já está pei::dido estamos também perdidos. Não pode o homem separar-se da natureza e, se êsse !mpulso de a~~go ao que é terreno deriva do que em nós possui.mos d>e frágil e per• durável; se o que anseia pelo Remo de Deus é apenas o es– pírito &0brenatural - vem a questão do corpo no Reino de Deus. 21 - A mlnha lílrJ dade fui eu que a íiz. Enl'ro a criá-la oonstantffl\ente e dian. te de\a tico na mesma posi,. ção de Deus para o mund-o: aq,uecewio • .ua obra .em- pre. . . E um dia tem d•e per- dê-la. • --0-- 28 - Quando se ouve B e• ethoven passamos o homem: é poss1 vel a vida momcntanea num plano mis• -Uco ou poético. Então podemos compre:inder o verdadeiro sentido da palavra de Nletzs– che. Para além do bem e do maL Não bá limites. Pouco me Importam os acontecime_ntos da vida siJnples. Não sacrifi– carei por êles a minha ener• gia inesgotável. Len1bro-me de Whitman pa– ralitico, levantando a cabeça para a natureza. 29 - Como eu tenho pena do meu irmão parna– siano. Que não pode, ler o Mu– rilo Men-des e o Carlos Drum– mond. E' duplamente Jnfeliz: não vive, nem escreve o poe– ma. 30 - A sociedade exige do homem que se apegue a um dogma, a uma crença ou a um programa. Eslão a espe– rá-lo- a Igreja, o partido e o clube. E ninguem transige, todos estão a exlgir-lne o es– pf-rito de clã. Ele não J)6de fugir das associaqões ou então será uma espécie de "ooit. laW". O homem faz a sua jorna• da, como dJzia aquele doutor Gouvea, do E-ta, entre um P-9,,– ch-e e um cabo de policia. 31 - Na.o .ficar amargurado. Até agora não tenbo cantado a. dôr, mas a passa• g!!:IITl da dôr que vai trazendo lent,1m~nte a vida. Vida na solidão e a consciêpcia de ter sido, lá tóra, bastante slnce- JAVARl Canto Para A Guerri· lheira Paraguaia Não importam os teus cabelos negyos e a tua pela morena. O pavo vai te abraçar. Não há ago_ra na.morados e noit~ de lua em ~cepcion. O Povo é que vai te abraçar e esoera oor ti. Não- escolhas bandeirar., nem hinos , manifestos idealistas. H á o teu hlZil e• a insegurança do tt>.u sonho. , Nós - brasileiro!: - te abraçaremos tambem como em 1864. Março 1947, MAX MARTINS CO N FI SSÕES DO SOLIT - RIC - BENEDITO NUNES - ro. Cleramb-ault alegre, depois :le uma terrivel luta espiritual. 32 - S. Paulo afa_stou de1i- nitiwmente o poder do crisltão. Fez o cristão. E o deus bibliC1l perdeu a arbitra– riedade que lhe concediam os judeus. O Filho é Deus - d~clara o simbolo de Atana- sio contra a h\lresia de Arius - e, se é Deus. foi a Trindade na sua substancia, que sotreu e se abrasou de amôr pela hu– manidade. Foi o antigo Jeovã. que se depurou n-este feliz contado com os homens. E diz Anatole, rindo com a teo1ogia, que podem.os compa– rá-lo a Augusto - "suavizóu– se com a idade". 33 - Ouvir música como UlYI solitário, a bõca sêea de palávras e os o1boo apaga– dos. Assim o homem entra nwna -nova vida para depois cruzar longos caminhos escu– tando os memios tl'8chos e vi'rão agora do mJsterlo ~m que Ln.strumento algum &eia tocado E' a músleã maravi– lhosa aipa,gaill-dO o mundo sen– sível. De qualquer forma to– d0$ os homiens precisam de isola.mento onde s6 a poesia se ~ifesta com boda a intensi– dade. 34 - Qua-ntas vezes jã senti repulsa diante d•as su– tilezas filosóficas e i.nclinei-me ante os pae,tas que no mom,en. to repre-sentarrun para mim os ma.is argustos observadores da natureui e do seu perpétuo movimento. Todo o· nosso pensamento mais real, que Nletl.sche, diria o ma.is viril, aclurva-se conti– do para mim no d.iseorso de GlalllCo, na Ilíada: "0 vento espalha as folhas pelo chão mas elas voltam na primave– ra, quando a noresta rever– dece; assim também acontece entre os homens; enqua~to morrem uns. nascem outiros". E C"Onquanto me aborreça a Biblia não soe.m do mesmo modo as palavras .do Eclesi.as– tes: "Uma geração vai e ou– tra geração vem, porém a terra permanece sempre a mesma" ? 35 - A m(1slca liga a cria- ção pa.ssarl'a à criação presente. Não temos a im,pres– são, ao escutar a ''Sonata ao Lu.ar", que nos i!Eltam<>s aos poucos assistindo o lento apa– recin;lento da luz e pela pri– meira yez, no céu dO\S homens. Slm, no céu d~s homens. Por O coron.el - contaram - não sabla nadar. - Se eu cair nágua vou para o f\lndo rente co:m.o uma preâ. Mas _preá não nada, _coronel ? - Nada, é ? 1 Não seL • -)o(-– CARMO DO RIO VERDE "A sulf'.anilamida nas peritonJtes"; "A vitamina B •l"; .._ preciso cultivar a sua personalidade"; "Quem Iol o aulor doa direitos do bOIIIlem ?" "Quem :fez. o papel de Scatlett O'Hara no filme" " ...E o vento levou" ? "A batalha de Salamína f oj na Guerra Européia?" ,.Será licito o lucro" - oo últ1m011 caixeíros viajantes nos seus guarda-pó com monogramas bo:r– õados cansam-ee d!e se ilustrar nas páginas do ''Reader•• Digest". Na solidão do trem dentro da noite, a tristeza desam. parada dos meus pensamentos. Por toda a parle o mesmo: rub-allml'ntaçâo, tuberculose, sltills, maleita, lavoura retr6- grada. !alta de transportes, queimadas, devastação de flores– tas, religião, dEll90 analfabetismo, r:as,arnento Indissolúvel, l ú– gubre mortalidade inblntil, falta d.ie recursos, d esalento. E não sei o que dói mais fundo - não saber se os corações são tão bons que tudo sUportam. se tão miserãvels que não têm condência da _sua desgraça. E por vezes brasas, que a loco– motiva joga, lu:ziem como uma chuva de ouro que as trevaa logo apagam. que nesse momenoo que out:ro céu exlst.e ? 36 - Lã fóra a chuva câi in.tensamente, nas pri– meiras horas da noite e o ho– mem trabalha rompendo a es– curidão. debaixo de uma 1= artificial. E essa luz não po– derá rebelar-se a todo momen– t-0. romper a prlsâo em que 11 encerraram e voltar à llber– dw dos elem.entos ? O ho– mem comum dep00ita f:é na cü~ncia, deste modo tal coisa não poderã suceder mas a ci– ência ne-m ao menos explica o qu.e é a luz na ordem ou na desordem - do Universo. 31 - De certeza a o9Cilação da minha inteligência ligando rátos. A dúvida soli– difica e é beleza. Porque não clizer q-u.e a dúvida é o sentido estético do conhtrlmento ? 38 - Pareço agam desligado do mundo e o mais estranho dos se~. O grllo que canta como é verdadeiro ! 39 - Estamos bem, reunidos em tôrno da mesa, conversando, tudo pareee nos– so, nenhum objeto notifica a transcedância de vida. Experi– mente-mos ago:ra sair do grupo e pensar um pouco. Uma de– oepç~o e uma nova vida. 40 - A palávra sempre foi má, sempre nos clis– tainclou da verqadeira siJ(ni• fioação d.o n11.Lndo. Aqui "sig– ni.ttcação'' já desl:ruiu o mun– do. "Falar é uma bela lcucu– ra... dizia Nletz,.,che. Falando c001i9truímos um outro wúver- • so diferente daquele Em qu,e pisamos. Ot--- 41 - Não há melhor defini- ção de homem do que aquela de Nietzsche. Um a~i– mal capaz de fazer e cumprir -promessas. Mas essa detinição enquadrada num meio psico– lógico. Porque ll'O meio bioJ6- gico o hom~ perdeu toda a atitude natural ou animal de adapta~ão. E s p e rimentemoe deixar nll, por alguns dias apenas, wn recemnascido, Uxo filhote de homem ... 42 - E1:'1 ~ realidade as_ detl• ruçoes exatas sao a., definições assentadas sôbre idéias. Todo principio. que– rendo relacionar o homem so mundo exterior, f8lha. Hã sempre um minimum de erro, uma dti'erença que h>rtura o observ-adot Dá-se o mesmo porém. qu11n– do. por exemplo, passo à geo. metrla e e-nu.ncio que os 811• gulos retos são sempre l,ntl!is? E' porque aqui a criação se CGllfunde com a n06Sa própria organização espil'jtua]. E' intulclio pura. se assim po– :iemos draeT. Oito maie oito tem qoe ser dezesseis porq,1e o es– pfrito niío se pÓdt> deitar dou• tro modo. --o-- .. 43 - Que temos feito senão numl!ral' e constatar a suces..«ão de fatos aue • nosso -prazer utilizam~? O trabalho cjentWco é i..to,, completado depois pelfl le1, qne é o arranjo lnte,Jj1(vel doesses da·dos. Será um tT""ba– lho grandloso ~<ee ? P:i•--ce que a uni-oa coisa bôa é o nú– mero. •
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