Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• BUENOS AIRÊs - i,egun. A A t L• t- , • D . 'J P I s t ~~C:l~r:u~~O:r;.~ d o a filosofia exi-stencialista, r e I eror I o e eon ou or re abismo. até então i,n&uspeit.a- os homens _ão relU)Onsávei3, doi , mas porque nos lançam ... .. . poIS sao o ;tue quiseram ser, • em r osto nossos vicias. e são solidários, pois seus atos são, a ninguém espantarà ve;- Suzanne LABIN ___ · gmaUzar a natureza hwna- &\se áspero mundo de Sar• comprometem a totalidaee da que em seus romances a.bun.- , na.•. nos u-atados de filosofia. tre, êSle mundo sem mâscara. hmnanidadew Afas como, por dam os tipos cruéi:, perveri,os ( Cop:,rigbt de JNTER-AMEJUCANA _ ESSEPJ\ESS com excluol- E' que o pell.Scamento adorna sem moral, sem lógjca, no outTa parte, Sartre sublinha a ou deploráveis ... São tão cor- Tidade pua a FOLHA DO NORTE nell1e E•lado) com sua nobreza até as mai!' quaJ a lnteligência se sabe e gratuidade de toda emprêsa - rentes na vida! repulsivas de suas couclusões . se apresenta como decoração •o homem faz muito barulho conduta.,, que nem sequer lêm montarmo~ a um autor de Quando, ao chegar ao cume de apetites; no qual o amor por nada" - resulta que tam- SORDIDEZ DOS PERSO· oome na moral corrente e que maior autoridade ainda, a da desilusão, o homem suspira: se orgulha de suas práticas b ém é responsável e solidárit NAGENS DE SARTRE - são tabú para O pudor e para Deus, não 006 teria file des- - O egoísmo me domina tudo animais, no qual há seres que -por nada. Ante tal vacuidade, Mas e.'Calamente d abundân- 0 3 preconceitos. E é êsse ho- mascarado já desde 8 aurora é vaidade... - ainda estã se "sentem de mais'' e outros essas personagen,s que pouco eia dêsses tipos é o que a cri- mem inteiro, vicioso e virtuoso dos tempos? Que é O bome,m orgulbo.:o je bave1 sabido se dão conta de que "não são a ntes se aJ)r csentavam sob tica. tem censurado unanime- ao mesmo tempo. lisiológico perante seu tribunal, senão sondlll' tais profundezas da nada; no qual os homens não cõres ferozes perdem repen- n1ente. Censura em Sartre e mental. passional e pensan- um pecndor digno de l;k-tima alma; redime -se da miséria de logram jétmais compreender– t!namenle seu carâ.ter enigmá- olvidar todo o lado ensolarado te, que Sartre coloca ante e, 0 que é pior. um pecador seus insuntos medjante II Ju- se 01.1 unir-se; êsse mundo não ti-co e temível para adotar da alma humana e evocar nossos olhos. Estâ talvez certa reincidente, que constante- cidez de seu espirita. Não pOdia senão atrair para s1 um aquele, burlooco e comovedor. com complacência o home1n a tradição, ao Pl'etender que mente precisa ser chamado à teme. pois, nem sequer seus dilúvio de imprecações. que revelam os títere$ dlabó- que sente oáu, eas, o sádico, o ª· ar~e literáTi a nã.o pode pres- oroem me<Ha:nte pragas. djlú- pen, amentos mais diabólicos: Censuraram a. c.artrt sua liCQ6 quando lhe; soltamos os libidinoso, ignorar o homem cindir por completo de distar- vios, epidemias e guerras . .. 7 o que teme é sua jmagem. falta de humor qi,e seria a re- fios . A conduta incon,;equenle que ama a vida, ignorar o ces e véus; mas então é justo o homem está por outra Sua imagem em Jé é de sultante de uma filosofia na constlhie uma das earacterís- sorriso da criança .. . preten- reconhecer que os q i.:e se tor- uma crueza tão repulsiva que quaJ a ausência de toda escala ti<:as mais es)>eciticas das per- der alcançar uma reprodução nani passiveis da pecha de parte, tão convencido da per- retoque algum poderia ideali- de valores ímpedt ., critica e t • tri exata do ·ndtvidu - lo versidade fundamental de sua á J ,,- d · b 1 D f t S t sonagens sar r1anas. e con · l o e nao • parcialidade ~ 8~ 0 os ""!:Crl·tores tu z · a. ~ao e1Xa espaço para a ur a, e a o, arre raras b d ·dé. d • gr - tm' " ... na re2.a, gue esta idéia ~ftom- • i 1 d' rt à t d ue. siegun o a 1 1a o au,or. ar senao uma agem par- que põem em prática essa tese -. arguc a a guma. para escapa- vezes .se 1ve e cus a as para conf irmar a überdade cial e sombria . Na realidade. e não Sartre. panha a maior parle dos pro- tória alguma. para nenhum 1 r II que z as humanas. Mas b 1 ,A d h N Sa t e la b' ·t "ª g d vérbios em "'Ue costuma con- t ta d "d b ·t b ·di ula · ar a sou... o ornem . o en- r r m em ci •• , s os e Devemos confeso-. ar que os ' 1 es ra gema a vru ade ou da sa e. 'TIUI o em, rt c riz tant · 1 4acll'd d nobreza mas n"n·ca f densar ;ua sabedoria: "O ho- · • · Q O eit e imo o, com 1gua , 1 a e po- · . ~ · az que ron;_ .anc;,~tas e~. i·stenci'alis•ftA 1nconsequencia. uando Do- s preconc os e o• er, • d · t a.d deles der ·1vª o ess I J d - A """' mem é o lobo do homem". A · G d · ·at oc1~is er1a. ser om a como prova ~ enc a o nao foram os primeiros a r1an ray, peca or cinico e 01 s s = . de sua dependência. E1etíva- caráter de seus protagonistas. arrancar ao homem .sua más- con-dena~ão é. pois. unâníme. endurecido. descobrr subita.. Também se pre,enden que a mente; a impotência do ho- Pois. para ele, o homem é tão cara. La Rochefoucauld se E, no entanto. essa condena.- mente sua alma infer:ial en- literatura sartriana ignora as mem para. realizar seus projé- complexo que dlstila perma- tornou célebre por haver a!ir- ção é amavelmente tolerada guadrada em formas e côres situacões draináticas e poéti• tos de acôrdo com sua eleição nentemente virtudes e vícios mado que debaixo das virtu- enquanto se mantenha abstra- põe-se a tremer pela primeil:à cas. Essa. cen.;;ura é totalmente original denota que se move estreital!lente mesclados, em des. reputadas como as mais ta. Pedro e João. que não vez no curso de seus crimes. injusta no que concerne aQ ~ anLes como escravo do que uma :rustura na qual alnda altruísticas. agitava-se a água admitem critica alguma a sua Ai! Quem não tem certa. se- teatro, que se dlsUngue J>Ol' como Intérprete de seus ins• Cigura uma multidão de outTas turva da vai dade; e para re- pe,sôa concreta. vêe1n-se !ra- melhança com Doriari Gray? uma poesia intensa e trágica. tin.t<>S, à maneira do~ loucos temalmente unidos para esti-• Se os romances de Sartre nos E mais acertada para os ro- que não são tão inspirados ROM.-'\ maio - Surgem à mances, aonde a atmosfera pela ía,ntasia, como d1?term.i- Luz, pela primeira vez, i:fite- autora is. oriundos das repre- sombria e angustiosa de cer- nados pela enfermidade. De ressantes docun1entos sobre a p I RA N D EL L o sentac;ões: quer na Itália, quer tas situações é dissipada. mui- q ualquer maneira. ainda não vida intima e senlin1entàl de no exterior, de todos os tra- to rapidamente. pelo realismo surgiu ciência alguma que Luigi P irandello. balbos que, sem ela. eu não intransigente com que as trata possa demonstrar que O ho- Se õinguem ignora que o teria jamais escrito, a co1ne- o autor , Impelido por seu de- mem escolhe livremente seus grande dramaturgo senti u çar por "Diana e la Tuda". sejo de fazer refleHr a idio- instin'los ou que O Jo11co de- grande afeição pdr sua dis- E MARTA ABBA, · Até hoje, são do,.: "Diana e sincrazia humana sob suas cide livremente seT louco. E ci'pula, poucos saberão, de ou- la Tt1da" e "L'amica delle minimar f acetas e em seus já q.ue nos pusemos a evocar tro lado, que ela exerceu de- mogll". Logo serão três. com mlsteriosos reca.ntos. Sartre a eiência, observemos aue se cisiva inflt1ência sôbre o pen- a "Nuova Colonra" Po<lerão a.tomiza todos os g~tos e todas as !orças lltuantes do ~êr pa- samento do mestre. tambem ser quatro ou cinco. as emoções do drama e então reeem ainda jnc,oerentes. isso Consta-nos, agora, que a --- iGuido PUCCIO ___ ConJ relação às porc~ntagens aparecem - como ocorre na se deve à nossa ignorância atriz inspirou. mesmo, algu. de direitos autorais prov~nj . natureza - cenas crúas. cômi- t d ! ~·onamento da mas obras do geniaJ siciliano. entes das repi-esentações. quer cas ou absurdas. no próprio presen e O u, .... J E d e como olhas quan"'o falas que, dentre outras cousas re- I tál. - g d d b l · alma. TN!a uma série de fa- m uma caJ·t.a atad-a d,e • "' na Ja. quer no exterior, de ama o os e a e; ma1S an• tos que pareciafn incoin.preen- 25 de agosto de 1925. escrevia com uma ou mais pessoas". zava: ''Na bipotese de mh1ha mjnhas peças teatra is ante- gustlosos. sivei,s há alguns .;éeulos co- P irandeUo a Marta Abba: Olttr a missiva, também de morte repentina (o que alme- riores a "Diana e la Tuda" e meçam a ter sua interpreta- "Graças à faculda'Cle gue Berlim, desperta, mais do gue jo para logo) debco as seguin- de meus romances e novelas, A LtNGUA NOS RO• O t - - at ·to possuo. 00 máximo gráu, de as demais, a nossa atenção: tes disposições: a metade de S{rão divididas em três partes MANCES DE SARTRE - ção. 5 a os n~o sao gr u, . 5 b · d od ''T 1 és esCJ·eve ele ~;n t.uêlo quanto possuo snrá dJ·v1·- i · t senão na medJda em que f 1- me a slrillr e t as as m1se- l - - ... • ~ gua1s en re meus três filhos, cam sem e,opli-cação. e temo rias da vida, pude - mesmo da jovem. Marta minha. e não dida em três partes iguais en• Stefano. Lia e Fausto" O estilo de Sartre procede que Sartre se h a.ia deixado nestes dias de grande agítjl• se dará contigo o que se veri- tre meus três· filhos S tefano, Marta Abba propôs à farnj. por cortes. Multos autores - arr<!slar por seu ódio quando ção - reler "Diana e la Tuda" ücou com a Ouse, que qujs Lia e F austo; quanto à outra lia Pirandello um a-côrdo so- l',faltaux, Huxley. Dos Passos, d ecidiu que éramos inexpli- e dar eunho mais dramático e perder dez anos de vida artis• metade disponl'vel, será tam- bre a execução do testamento Hemingway, Joyce. etc. - re- i • • t • t ara petieilo à segunda parte do tica e, já velha, teve que vol- bém dividioa em três partes d.o escritor, evita:ad:o, assim, correram a êsse método que caveis 10 rin-;ecar.1en 'E' e P • • d té tat· ao paleo·, para não sunum- iguais, das quais a ter·neira bli 'd d d consiste em opor bruscamente se:mpre. Um perton!lgem cuJa terceiro ato. Aguar ei, a '" rá .. a pu c1 a !! que e outro . • contllta. seja tão imnenetrável agora. as tuas impressões. se- bir de fome abandonou s,1a não cabe , como punição, a modo se teria originado. En- os mstantaneos de situações Que ho) ·e """e" ser aoenas gundo as pron1essas, que me patria e, para ser gloriiicada minha filha Lia, mas a outra trcetanto, baldadas !ol'am as aparentemente desconexas pa- "-"" · ·to d 1 t'fin d !oi ''f'lh d• te·ça-o" o be t <nti l d · ra. reproduzir n çaso_ natu_r al "!otogra fado" por uma !itera- tinhas fe1 , e r~ er o traba- e quase san 1 ... a e, neces• 1 o '· e 1 que s u . en..., vas pàra n UZ.ll" es fi. .,, tura do instinto. poderá ama• lho com animo tranqujlo. Con- sârio que morresse. Tu és jo- com o seu nobre e pw·is~imo lhos de Luigi Piranêello a da vida. 11:sses autores fazem nhã, com O Tirogresso da.s ciên- Unuarei a esperar ansiosa- vem e o triruúo que com os afeto, confortar os últimos re!<pellar suas últimas vonta- cortes na humanidade como ,.. e o=ntc:". aoos e -o tua patr·a) con d•as d minlia v'1da t d A · é os pratica o bolãnico nas d1'- cias psíq,uicas. entrar no qua- ~ "' na em 1 • ~ e erran e, es. ss1m que continual'am rlro de uma literatura p;dco- quistar ás no mundo. poderás tendo recebid,o. como recoro- a cfu;por de to<los 06 traba- {:entes partes de um'.!. plan- 16gica que nos fa"a penetrar Ocorre-nos. natur~lmente. gozá-lo e retribuirás então. pensa, a mais vil e nojenta lhos do Mestre, inclusive aQlli!• " D'A · El b t· t ·t - l'gn'd de -U-- · J 'b Frequentes vezes •em.re ~eus mistérios à maneira dis- pensar em nnunz10 e eo- com o em que 111eres e1 o a uul 1 1 a : r""uv-me a se- es so re os qul3is não pos- • " cursiva tradicional. nora Ouse. en11>ora a posicão teu país, difundindo por toda nborita Ma,ta Abba. l\llcus suiam nenhum direito. Recu- querido a proximar és.se gê- D e res•o. seJ·a rn 1e os ln<;lio- dos dois fos~ diferente, pois. parte as glorias de teu nome, dois filhos Stefano e Fausto, saram-se, além disso. a entre- nero da técnica cinematográ- • "'' ~.,__.._ Abb b · · t d J •" í t b d · e1 d t Ih fica . l\fas se as duas técnic" • t= procedan1 da pura liber- ,.,,...., l,d. a era em mais JO· o ·o o ma gue o =U pa s e er e1ros, com a, es a me- gar- e qualquer imporlancla, """ = d p· d u · d·r·ce· tad d' · J J t be se as'emelhampor ~eus me·. dade. seja que os homens Ee vem o que 1ran e o. causou nos anos mais 1 1 is e 1spon1ve . se ri¾\ men e m como a prestar contas de - submetani pas;1vàn 1 ente a Em outra caria. escrita de da p rimeira conqltlsta. Adeus, (como jamais não o duvidei) sua gestão. todos. difereni, em compensa. B 1 . p· d 11 • t d · h t d ., • 1 Só ção. em seus obJ·etivos. Se- «eus "diktats". não p0deQ10S er un. iran e o assim se com o o o oann o qu! e e- me amam, uevem qu~re- a agora. dez anos após a Dº"ar que a criatura está re- expressava apaixonad::in1ente: vota teu Mestre" como a uma Vl!.rdadeira irmã morte de Pirandello, resolveu -guDtlo O exemplo dos escri 4 ...., Q · t· · d E r1 - " d d d ... lh t"d" M , A bb tores clássicos que quando J>leta deles. E e mbora no !un- " u1sera tuas no 1c1as: e s.sas ca .as sao a.. ora a :is e l!'mOn<>,rar- e gra I ao i>e· ar..,. A a convocar em jui- 1 • bl · ·d <l d 'd 1 · h d 1 r·1· · re e:mos "!azem saltar a-; dis- do de seu coração oalpite ti. r.-rarta. dos teus dias. para a pu 1c1 a e. ev1 o a uma os car1n o~os ei:ve os 1 1a1s zo os filhos do escritor: Faus- . - ardentemente O de~ejo de te ,·êr. para te seguir, para Pendê rt ela surgida entre que n1e dedicou. Para recoro- to. Stefano e Rosalia. tan<:1as". 0 cineasta recorta. ] ·iba••tar-se dê''S"" instintos. me sentir um pouco contigo. J1 1 Tarta .A 1:>ba e os herdeiros de pensá-la de tanto mal qu!! lhe Se o litigio não for resol- sobretudo, para tornar mais = ~·-, p· d Jl . t • •A d . d 'd t t b . lm concha a narra;,.ão. Em S•ar- oub·o fato i·ne"ável é que tal Imagin-0 tantas cousas. ouco 1ran e o, vis o nao 1.erem a veio ev1 o a ao o em que vido amigaw ente, serã es- tr "' "' t ·t d t d r Jé d· t e. ao conh·ário. o corte na-o dese; 0 conünúa ~endo lmpo- tua voz. vejo todas as expr ?s- ?s es refpe1 a o a von a e ma- me ez. quero. a m isso. que e um caso que não interessa- 1 l ' t· tod ' f t d J ·t t à ,. ·ta '"T ta • a e a tanto a Jorn111 quanto trnte a maioria da5 vei.es. E sõa, de teu ros o. os os n1 es ·a a pe o esc•1 or. que 110 somen e sen.,nr1 ,. ar ra apenas aos maaistrados, .. ·t d f l 10 d d b d Abb · d t· d t~., od '-' o fundo: não é concebido com já que Sartre se dedica a des- teu& gtstos, as .-ias a11 u es. a eeer. em e 0 zem ro '.! a se1am '!'S ma ai; .,. ,as mas a l o o mundo literário C"rever os hon1ens tais como , modo como volvias os olhos 1936. dei'xoll um te-tamento as poTcentagens de direitos italiano e estrangejro. /Contbaúa na &.• P'9lna ) ------------------ ----------------- - ----· ------------=---- Só recentemente me foi .P0fsivel lêr o úl,tin10 e excelente trabalho de Manuel Bandeira: a "Antologia de p&e!as bra!;l– l eb:os biSl!le:irtos contemporâneos". O nosso grande poeta, eujo nome e obra se ligam estrei– tan1ente ao movimento modernista, tem fornecido também copiosa contribuição pessoal para o estudo e esclarecimento i!e várjos a! lpéct.os da literatura, inclusivé. particularmente, da brasileira. Temos a s~1,a '•História das Literaturas", sintese cul– tural honesta, que êle apenas considera tun rnediocre trabalho de compiJador... As suas antologias de poetas das fases ro– inãntica e pernasilllla, o seu "Roteiro do Ouro Preto". ultima– m e-nte traduzido para o francês, e. mais recenten1ente, a sua "Apresentação da poesia brasileira", escrita para o Foodo de Cultura do México, e que a Casa do Estudante edilou em por- • tuguês, d-0eumentam uma atividade dirigida para um objetivo literário booesto. Esse a.;pécto. alias, da. figura intelectual de Manuel Ban– deira vem s,iiuâ-lo em posição sÍn,gularissima na história da noosa li,terat.ura: o poeta consagrado por duas g~rações. cuja obra poética, isolaôam,ente. lerla a fôrça de imoi-talizar-lhe o nome. devota-se também a investigações de ordi:m puramente técnica da história l~terária, reali.z.ando êss-e admirável "dou– bli:" de poeta e de persguisador. de criador e de crttico. Ai:ora n1Ell!mo, essa Antolog-ia de bl .iSeA'"tos vem lrazir uma contr-ibuu;iio valioslssima e original à história da poesia mo– derna no Brasil. E por graciOISo que possa parecer, êsse livro apár!llter.nen1e ~e an1bi~es limjtadas e modestas. pa.recendo tratar-se ma.is de u~ s:mples trabalho de divu1gação, virâ mais tarde influir, cbmo ~ll peça que é, nu,m balanço f imil que se reaJizar sôbre o nasdmento, vida e morte do m odernismo poetico em nosso pais. O aparente mau go..to dessa classificação de bisse1<tós en– co111.1·a expli,cação raz.oável, e é o próprio anfologista quem esclarece o leitor possiveln1E~te aturdido com essa a,dorâv~l ex1J avagiincia do taleJ1to: "Bissexto é todo p~ta gue entra em estado de graça de ra,ro em raro". Vinicius de Moraes diz mais: " . .. poetas que nós, seus ín– WDls , cha.num06 cordialmente de bissext-05 - poetas sem li– J"ros de ve~os - bissextos pe la escassez de produção, cuja axeelênci~ &em embargo os oolooa ao lado dos mais c itad.06". Não é diiicil flJ'ltrevêr Jogo o grande alcance literáirio de tm ta:abalho eomo êsse, reunindo e revelando os esquivos ,- :i,:it05 da p0$la, que ddflcilmente teriam a oportu.-tidade de ,in gi·ande público. Por isso mesmo, p orque üve~ de lida.r Côllll um material Alguns Bissextos Haroldo Maranhão (Para a FOLHA DO NORTE) flutua1ite. Manuel .Bn,n.deira nã-0 terá conseguido wrpreender nem metad e dos poet~s ra~·os e bons que possuímos. Nem a isso pretendeu, clW'o. Seri·a, enJ.ã-0, necessário que um escritor em ca.da região se dispuzesse a colecíooar os bissextos de cada literatura local ... Não trazendo o grande con~Jngente da prOYi,ncia, assim mesmo tiemos alguns bissextos bem representativos, Basta sa– lientar q ue a a,ntologia revela -um paraense bissexto, Ismael Nery, inteiramr?nte ~u.ecido em s,eu Estado, mas cuja obra poética, fragmentaria e quase inédita, se singulariza por um aspécto m-uito origi,nal, que não escapou à sensibilidad e de Murilo Mendes, gra.nde adm>irador e amigo do nosso poeta. Vocação mist.ioa, com um entendimento estra.nho do inWldo e das cousas, Toma.e] Nery coa:isagrou-se de preferência à pin- tura, atingindo um dos J>Ontos mais singulares da pintura bra- sileira e ded.'CM1do uma obra impoo:1-ante, não esif.u-dada ainda oonvenientemen,te. que se e-ncorit:ra quase toda em poder de Murilo Mendes. Os seus poemas só !oram co.nhecidos após a • Foi através dessa .'\.nt,ologia de JI.Ianuel Bandeira que pude tomar con:3cto_ com algun~ legi~os poetas, dos quais p0$5í– velmente Jama1~ me poderia aproximar para ouvir a sua meri. sagem de p0e51a. Anibal Machado. Joaquim Cardoso, l\faria Cla"'a Machado, P aulo Mendes Campos, Pedro Dantas. Tristão de A taide, _Pedro ~ava, Alonso Arino.s de Melo Franco .. • Numa P08$Ja deste ul1ttrno li a oojsa mais fotográfica que co– nheço_ sô?re a pach-0irra dos bois. O tlagrante é \•isualissimo e, creio, msupera,vel · " ... sobem lentamente os bois compl,exos. i;ubjetivOE, opacos, car1·egados de vida interior" • • • • • • • • • • • • • • • •• . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pesados, pausados, portadores de um misterio vitalr. • Oul::a rev~lação é Giberto Fl'eyre, legítimo bíssi?xto, que conseguJu reahzar ~um doo poemas mais visuaes e evocativos da lingua portuguesa, trainSIJ)ortando to<la a B aia para a sín– t ese de um poema. . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . . .. . . . . .. .. . . . . . . . •; "eu deles.to teus oradores, Baia de todos os Santos teus ruys barbooas teus otavios mangabeiras mas gooto dos teus angus e das tuas mulatas tal>oleiros flores de papel candieirinbos tudo à sombra das tuas i~j~ todas cheias de bochechudos sãojoões, sâojosés, meninozjnhos - Deus e com senhoras ·gordas se oonfessamdo a !rades maí,s magros do qi1e eu (o padre reprimido que há em mim se exal.ta diante de ti, Baia e perdõa tuas supers1ições t eu comercio de medidas de Nossa Senhora e de Nossos Senhores do Bonfim)" • su,a morte;-~ 1934, e isso por iniciativa de ,S8'll grande a.1)ligo, '¼t~ as puWcoo na revista "A Ordem". Têm um sabõr tipico: • • •· • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • "Os gemklos d115 n06lSa6 mâel.l se m.isturaram na noite. -A tua te punha }>nra mim A mlnha me lançava no ,nundo p11m todas. E 's, porém, a mh1ha g,r ande favooi ta! Tudo gue tenho 11em um pouoo de ti. -Os mt!'U5 fiLhos, por exemplo, QUle aliáLs são te,.u;". Mais oolsas eu g061aria de dizer aqui sôbre es,te úlUmo livro de Manuel :Bendeira, que encerra também l.lllila grande liçã-0 de desprendimen.to : o grande poel.a, querido e respeitado pelos seoo contemporâneos, cuja obra literãria ocupa jil seu espaço na história dos nossas idéias. epela-se da sua consa.– g,ração para citar e prestigiar jovens é desconhecidos esc:ri,t,o. res, alguns até da geração das 20 31lOO. Essa partioularidade 'lom,a ainda mais sinrpá1ica a original antologi.<l, de cuja im– po~&, como djqe, só .m.ai.s wrde vir~ a ter noticia.

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