Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947
• 2.• Párlna FOLHA DO NOll'l'E Domlnro, D ele abrft ile 19ff ~ ----- cc ontinuação da l .ª pág.) teve sen1pre wn liberal. J oa• quim Nabuco admirou o pai com lavarlavel tldelidade, bu~ou os seus exemplos, e acabou imortalizando-o em Um estadista do Império. Desejava para ele o pape l de um Lincoln brasileiro na libertação dos escravos. Ou o pape!, talvez. que mais tarde seria o seu. A casa do senador Nabuco ia consti– tuir para o menino vindo do Norte uma lnsubsiltuivel es• cola de iniciação literária e política. Lá encontrava os grandes homens da época, e deles logo se aproxjmou. Conquistou a simpatia de Tavares Bastos e Teofilo Otoni; na redação do "Diá– rio do ruo·•. conversava com Saldanha Marinho e Quinti– no ,Bocaiuva. Era um estu– dante de idéias liberais, ba– charel em letras pelo Colé– gio Pedro IT. quando foi pa– ra São Paulo, em 1866, cur– sar a Faculdade de Direito. Estava em efervescencia a vida acadêmica, e começa– ,,am a se agitar e iomar cor– po as idéias revolucionarias 4 de Abolição e República. En– tre os seus colegas de turma, em 1868, estarão Rui Barbo– sa, Castro Alves, Rodrigues Alves e Afonso Pena. Um mestre da mocidade era José Bonifácio, o Moço, professor da Academia. Em 1869. vai cursa?" o quarto ano na Fa– culdade do Recife. AI obtem, nesse cenário hlstóríco, ce– nário que s~â o dos seus tnaiores triunfos na campa– nha abolicionista, os primei– ros êxitos oratórios, um na ' . tribuna ao juri, outro na tribuna politica. F;iz. então, a sua entrada no mundo dos llvros; está dominado pelo gosto e pela paL'tão das lei– turas. Lia tudo, um tanto ao acaso, sem seguir outro me– todo que não fo~e a incli– na,cão do m◊mento. Eis o seu propr:io depoimenLo a este respeito: "As palavras de um_ Cr en– t e, c1 e Lamennais, A história dos Girondinos, de Lamar– tine, O mundo caminha , de Pelle\lln, Os Martites da Li– berdnde, de Esqu.iros. eram os quatro evangelhos da nos– sa geração, e o Abavesro, de Quinet, o seu apocalipse. Vi• toT Hugo e Henrique Reine creio que seriam os poetas ;favoritos. Eu, poTém, não ti– nha (nem tenho) sistemati– zado, unificado o meu llris• mo. Lia de tu~o igualmente . O ano de 1866 foi para mim o ano da Revolução France– sa: Lamarline, Thiers, Mig– net, Louis Blanc, Qu.inet, 'Mi– rabeau, Vergniaud e os gi– rondinos, tudo passa suces– sivamente pelo espirita; a Convenção está nele em ses– são permanente. Apesar dis• o Católico Joaquim Nabuco so, ou lia tan1bêm Danoso Cortés e Joseph de Mai lre, e até escrevi um pequeno ensaio, com a lnfalibilidade dos dezessele anos, sôbre a inlalibllida<le do Papa. Pos– so dizer que não tinha idéia alguma, porque tinha to– das". Por eleito destas lei– turas contraditot"ias, e mais do ambiente da epoca, das idéias dominantes, da situa– ção religiosa do Brasll, Na– buoo sente o desaparecimen– to da sua fé católica, sente que se separa da Igreja. em– bora não tenha chegado nun– ca a ser um dos seus inimi– gos. Ele era um tradiciona– lista, uma criatura de espíri– to historico, e a r eligião tra– dicional dos seus antepassa– dos mereceu-lhe sempre res– peito. no tempo em que não lhe poclia dar adesão. Uma influencia, porém, a de Ba– gehot, definiu para sempre as suas idéias politicas, aías– tou-o do republicanismo do– minante na sua g~ração, O seu monarqwsmo, o seu. li– beralismo e o seu parlamen– tarismo encontraram nesse comentador da Constituição inglesa um fundamento, uma razão justificativa, d11 or• dem ao mesmo tempo idea– lista e realista. Formado em Direito, Joa– quim Nabuoo inicia a vida publica pelo jornallsmo, E' na Re forma. que public.i os seus artigos em 1871, 18'72 e 1873. Quais os assuntos da sua _preferência? Alguns ar• tigos são politicos, mas ha– via os de filosofia, os de li– ~ratura, os de arte, os de mundanismo. Foi uma fase de curiO!lidade geral e dis– ponibilidade. PreocuJ?avam– no igualmente os problemas religiosos; escreveu arligoo i;:ontra o maJerialismo, sô– bre a existência d~ Deus e da alma. Contudo o radica– lismo anti-religioso só aca– bou se apossando do seu es– pírito. e de tal modo que, ao surgír, em 1873, a celebre questão dos B iapos, Joaquim Nabuco toma posição exal– tada em favor do Estado e da Maçonaria contra a lgre– jn. Pronuncia discursos, es– creve artigos e !olhetos, e até se manifesta eIT\ lavor de uma Igreja Nacional des– ligada de Roma - a vcl.ba ldéia de Feijó. Disse Nabu– co mais tarde que di'!ssa campanha queria esquecer o que aíirmara conlra a Igre– ja. mas mantinha ludo o que afirmara em favor da liber– dade religiosa e da separa– ção entre os pod~res tempo– ral e ~spiritual. E' inegavel que, sob a aparencla de es• plendor, como religião ofi– cial, a Igreja durante o lm• pério e.;tava d e f i n h a ·ndo <.-ada vez mais no despoja– mento da sua própria reali• dade. Os principais abusos da politica bnperial contra os eclesiastícos estão enume– rados na solene Pasioral Co– letiva do E-pisc9pado Brasi– leiro, de 19 de março de 1890. Deve-se repetir: toda vez que a Igreja se une com o Estado - esta uníão se torna fatal para a Igreja. Ela se subordina ou se escravi• sa. A luta entre Dom Vital e a Maçonaria era daquelas que deixaJn perplexas ou in– decisas as consciencias. De um ponto de vista rigorosa– mente, ortodoxamente cató– lico, a razão estava com os Bispos. De um ponto de vis– ta legal, o da Constiluiçáo brasileira. tolerada pelo Pa• ,:>ado, a razão estava com o Govêrno. E este é o pariido pelo qual se decide Nabuco. Seguia a m~a opinião que o senador Nabuco de Araujo sustentava no Conselho do Estado. Em 1873 estava, porém, mui10 vivo no espírito de Joaqubn Nabuco o que ele chamou "a atração do mun– do". Interessava-se mais pe– los acontecirnentos europeus do que pelos nacionais. E no mesmo ano embarea para a Europa. Esta viagem vai significar um complemen– to, um cot"oamento da sua educação artística e política. Dura onze meses, e ele se demora em Paris. em Lon– dres, em Genebra, em Fon– t.aineb1eau, na Ilâlla. Em Paris visita Th.lers, George Sand, Renan, este uma es– pécie de simbolo. o eseritor através do qual encon.trou o seu próprio estilo. A prop6- si:to desta visita escreveu: "Na min.ha vida tenho con. v ersado com muito homem de espirito e 1nuito homem ilustre; ainda não se repe– tiu, entretanto, para mim, a impressão dei;sa primeira con1rers,a de Renan. Foi uma lmpressãQ de encantamento; imagine-se um espetáculo in– comparável de que eu fosse espeolador único, eis aí a impressão". Renan, por sua vez, dá-lhe e-artas d@ apr~ senla~ão para Ta ine, Sche– rer, Littré. Dâ-lhe sobretudo u.m conselho fecundo e fe– liz: o de escrever f[istória. E no genero histórico N~– buco escrevera Um esl.adis– ta do Império, a sua obra mais importante. De volta ao Rio, a convii.e do Impe- RILKE E A POESIA LÍRICA (Con clusão da úlllma página) lirismo. O fundo &letivo e ir– racional do lirismo translor– ma-o em energ-ia lncentivado– ra d,is correntes ld eolóJrica.s, cujas basu são tantbém aJeti– vas e Irracionais. Dai a impos– sibilidade de se admitir o de– senvolvimento dns Ideologias poülicas. totalltátias ou não, sem o surto cor r espondente da expe·riencia lirica. sob a for– ma de verdadeira exaltação coletiva. Rsse tema, enirectanto, nos desvia daquelas par ar; e n s tranquílas em que se refugia a verdadeira criação poética. O que Interessa.. ag-ora, acen– tu_ar é que o lirismo pode sili dos quadros artísUcos ou pu– ramente estéticos e adquirir um sentido social, influindo - rador, transn1ite as impres– sões da Europa numa série de conferências. As suas preocupações se voltam qua. se todas para as artes e as le.tras. Desse momento é o jorn.al "A Epoca", criação sua, de Machado de Assis, e de mais alguns amigos. Aque– la "atração do mundo" cha• ma-o, porêm, para a diplo– macia. Durante dois anos se rve como adldo de legação. Começa por este pequeno posto na mes1na capital on• de acabara no posto mais al– to da carreira diplomâtica: em Washington. Uni:a seg1.1n– da viagem à Europa eonfu• ma em Nabuco a sua rasei• nação pelas institulcões in– glesas. E' uma influência que não se apagará jamais, e cu.ja extensão bem pode– mos avaliar através de aJ. guns capítulos de !\tinha Formação. Em Londres sen– tira o "desejo de parar ali para sem,pre". Para a edição brasileira da obra Os grandes católicos, dirigida pelo padre Claude Willíamson, escrevemos o capílulo sôbre Joaquim Na– buco, a convite da Livraria do Globo e mPC!iante hon– rosa indicação da sra. Ca– rollna Nabw:o, a qu.ein Cíl· beria por todoo os motivos esta tarefa. Publicando - o nesta s,eção. hoje e n.a pr6- 61(ima semana, lembramos ao leitor que ele foi escrito den– tro de determinada condição: poucas páginas contendo uma pequena biografia de ,Toaquim Nabuco, <1centuada no S'éu eaTater de calólito. Foi assim oomcposto em ti· nhas gerais, com espírito in– formativo. desllnado aos que não tenham conheeim~ntos aprofundados da vida e da obra de Joaquim Nabuco. Para remessa de lívros: Praia de Botalogo, 48 - Rio. até sobre os mov imentos poli– ücos. 1\-las é evidente que as manifestações mais 'puras ti• cam clrcunscritas à região on– de o atropelo e o tumulto das paixões não conseguem quase nunca pene trar. O llclsmo de Rilke não permanece, apesu de tudo, lndi.fl' rente ao des– Uno do homem e aos proble– mas quotidianos da existên– cia. E' verdade que os seus poemas lrequent.eme.nt nos transportam para uma ahnos– fera rarefeita, muil.o acima do ruido das compe.tições e do entrechoque de interesses su– balternos. Na s ua correi1pondência, en– tretanto, que me parece cons– tituir o mais expressivo de– poimento de um legitimo ar– tlst.a sõbre a vida e o ambi– ente que precedeu à primeira tuerra ..mUJM)lal, o poeta põe de l ado certos constrangimen– tos e inibições, afasta alguns escrúpulos pe.rl eitamcnte Jus– tificáveis que presidiam às suas criações artísticas e nos expõe a alma núa, com os te– mores, as a ngústias. os sobres– saltos e as dúvidas de um ser deli c.a.do que sofria e calnva os seus dissabores diante da ineompreensíio. A correspon– dênc ia do poeta tem inlve2 uma s ignilica.çã- o tão elevada como a sua obra. As suas car– tas. como os seus versos, corur– tiluem os elementos Indispen – sáveis para a reconstituição dos traços dessa personalidade s ingula r que falou iiempre uma linguagem semelhante à dos deuses. A s cartas dlrig-idas a um poeta estão cheias de profun– das renexões sõbre a vida. a solidão e a arte. E ' na sua vasta correspondência, erttrc– ta.nto. que já abrange p erto de seis volumes, restando ainda outro ta.oi.o para se pnbll<'ar. que valD-06 encontrar o seu testemunho sõbre os peque– nos a.c identes, os graves acon– tecimentos e alternativas da eEStêneia. A frescura e a vi– braçã-o de seu espi:rlto, a. Côr– ça de sua compreensão e os recursos de sue. sensibilida(le aguçada pela criaçá-o lírica ex• pandem-$e nessas páginas es– critas ao corr er da pena. s ur• gem nessas confídênclas fe l– tas espon taneamente a um a,migo dis tante, mas cujo as– sentíml'nf.o ou compreensão nos é ]1luitas vezes ma is in– d ispensaveJ do que 11 própria água e o pá.o. Releio sempre aqu ela carta admirável inclu lda na sua_ cor– r espondência de 1902 a 1906 em que o poeta descr eve o encontro fortuito na rua com um dP.Sconhecido que se axí- 1.ava sob a ação de mal es– tranho. llllké descr eve todos os movimentos des!ie pobre homem, talvez epl1 i lico, arras– tando-se penosamente p ara fu- ----------- ctr à p erseguição de 11m po– d er diabólico e Inevitável, Tem-se a imprei,;sio de que o poei. não conseirue escapa r a sedução de penetrar o segr e– do dêsse n1iserável que se tor– nou, para êle, um símbolo da. própria existência. A qued:1, brusca dêsse desconhecido no m rlo da rua.. r eveste-se, para. êle, de uma signiíi cação pro– funda, porque é como se lodu as mi.sérias, lodos os erros e todos os irremediáveis trac11.s• sos se encontrassem r eunidos s'imbollcamente nesse tombo espetacular em plena rua. O poet a. que se dirigia a UDJa bi• bliotéca, r esolve retroce!ler pa• ra o seu pobre quarto onde procura es.quece r, durante d uas noites. o &.errive l enconlro. J i não pode r efugiar-se na lei– tura porque não bi nenhum livro suficientemente forte , como êle próprio declara . que o auxilie a livrar-se da ob• sessão. Rainer-Marla Bilke conse– gue traduiir nessa. carta a. inutilidade do Uvro e do cul– tivo Lntelectua l diante da 1:ne– lutavel contingência de inter• p retar a.s s ituações reais. Não há. livro a lg-um bastante v igo– roso para suprir ou ve_iculnr as impressões dmtas qu.e o contacto com a miséria huma– na nos proporciona.. A êsse propósito o 11oeta nos transmi– te uma lição d e humildade, isto é de gratidão pelo que nos oferecem sem gue possa– n1os retribuir e de reconhef'i– mento pelo que nos ensinam sem que possamos m~lrar u r eflexo das bõas pata-vras sõ– bre a nossa conduta. A dádiva de n ós mesmos, a entrega do q-ue nos é mais íntim o e da– quilo qu.e r eservamos ciosa~ mente para a.s ocasiões decisi– vas é II outra lição mor;i l que decorre do apostolad o líri co dêsse incomparável criador. E' muito importante vcrifl• car que nio o interessou ja– ma is adquirir noções d e lús• tória da arte ou d e qualquer outr a história. nem p ensou nnnca em penetrar a essência. dos sistemas espcculati,•os, pois ficaria satisfeito ape_nn.s em conscg;ul:r um par de <'er– tez:as sóJidas e indest-rutiveis, reser vando-se o direi to de for• mular q11es tõe$ tão ingênuas como as das c riança,s. Os pro– fessores e os críticos aus te r os hão de considerar essa ambi– ção do poeta exareradam ente modesta para ser considerada digna de f igurar na biografia de um homem d e ,:-ênio. Eº possivel que II j uvent ude be– f!!!M ê t!!!!Utilrli! d!§ n~~ !J dias COD!iidere o Ideal de ltll• k e nma r eminiscência <los tempos romãrt;l'os , pasudis– tas, mas o filósofo poderá.. tl\l• v e1i, admitlr que as aspi:rnç,> es do poeta encobriam um rx– cessivo orgulho e uma con– fiança desmesurada nos reeUT• sol1 do espírito humano. René Huygbe, conservador do Museu do Louvre e especialista em história da Arte, d e há muito vem estudando com particular cari– nho e competência a pro1lução artística con– temporânea. Seu 1íJtimo livro ("La p einture actueUe" - BibHotbeque d e l ' Atlas - Paris, 1945) foi entretanto escrito para o fim de limi– tado de esclareç~ o público brasileiro a cérea do estado da pintura contemporânea em Fran– ça. 'fem assim a vanlngeui da clareza, que se t azia necessária, e da síntese que se im– punha, d a tlos os m e ios mater iais disponíveis no momento. Um Livro Sôbre ,Pintura \remamente des i{ U.al. O abstracionismo está. muito aquém da produção i11glesa, do po11to de !ista. da mve~ção e do gosto. e da pro– duça.o norie-am,er1Qann, do ponto de Yista de– corativo. Os melbor l!S h O por demais pica5!lia◄ nos, como êsse P lgnon que copia sem pudor o mestre, ou êsse Gishia que desconhece os meios tons e lnslste em f.azer sua.a telas ber– r arem. Desnoyer, entretanto, se a presellita multo bem, rom um desenho decidido. fork, um11. n~o do espaço muito nilida. lnleJiz– mente é crú no colorido du paisa,;ens. so– bretudo dos verdes, francamente ag-ressivns. A [igura. é mais s i.ria e sóbria. Resta a ilwla men cionar ll.S t en tati vas de Robin. um pout>o monótonas n o calor inslsiente de seus vcr– meJbrni e laranjas. Não escapou a.o sr. lhné Huyghe a de– fazagem evidente entre a. pintura dos "mais yelhoe" e dos "mais novos", e para jusüfiear eom lm,eligêneia êsse fenômeno, tenta o il11s– i:re eriUco urna clascificação bastante feliz. De 1IDl lado os .,exploradores'', os pioneiros descobrmdo rlqne.sas ines.Peraclu, reveland-o ao mnndo os lésomoe a.chadoe e wmanc\o pos– N ..,ta qual de IWI descoberta mediante o wemamento ff am mari,o com bnzio pró– Prlo. Temos noma tunna de a.venmrelroe mag– í:aflQOS, OI Ler:urcalllO, Braqae,Matlese, ltou◄ auJt, Dufy, U o~ ~nnaril, eto. Mae a era elas deeoobenu findou e nrgtram oe "coto- 1!1ndon:s", 09 que Nlll eorrer pandee rf.uo1 desejam agora eomoliéla.r 1111 ru,altadoe daa a•en.turaa dos a.niepusadoa. tio êlivenu po– rém fonm as deaeo.beriu, que a no..a ,-eração • viu im:Pelida a ~tar 11ma llfotese, a eon– eillar &entro de três &TaD,tles COI',__ ~ u solnçôe;s encontradas. Parece-me que é e-.e o pen1111.,...f.G ao sr. René Huygbe acêrca da situação aw.aJ da plntwra fra.nceu. e creio qne mnpém cllri melhor • que é de penar-N da expotdçk gue nos visitoo. iw se ae deseoberlu doe "explo,aclortS" eontinuam a nos parecer fabul-, u 1inte- 111es dos "colonizadores" se apresenb.m em1>0-– brecldu e ta1, 1 ez mesmo de sintesu tenham apenas a intenção. Na realidade careecrn de eert.a inl.ellgêooia da JJintu.ra e ficam ião gomente na s uperfície do problema. al'tístico. O qiae os jovfll!i compreeoderam não foi a c51:1ência dos ensinamentos dos mais velhos, J>oréJn o seu fonnnlário. E, paründo dêste, sem ier vivido as Inquietações dos seus pr:e– àeceasores,~ adotando o ponto de chegada de Braque, Picasso ou Bonnu-il, não fir.eram ou– tra eofsa 11eniió se aoa.demharem. E essa aca– ,ilMnlzação é tanto mais sensivel qua.nto mais IIC enitrega o a.riista ao " a.to graÂDito" do abs– jra,cion.ismo. 1 ,J.teni ]Juygbe deu às tr~ tendências ele 11D elassifiea.ção liDdM rótul99, falou em "vol– J.f, li ml"~ 11!!1 "!Gl!it à ma ~rAer"• .l ~ • {Copyright da lnter-Amerleana. Exclusiv:lda '' pintura pura". Vejamos guais as caract.eris– ücas de cada uma e o niveJ artístico de suas melhores manirestações. A impossibilidad e de viver scpi público e a consciência da lhni– taçáo tataJ da arl.e eso térica terum indtaido muitos jovens artis tas a essa volta a.o real que assUJDC, com al,:'llns deles, um aspKto ex– terior, por vezes mesmo de compromisso com o gôsto do dia, e que, p ara ou1ros, mais sin– cer011, consiste numa. redescoberta do humano. Por isso, de Brianehon, mau aca~êmico, en– lead.o na t.rucagem, nos efeitos vulgares, a Cha11elain-Midy, 9:ue sabe tirar de seu passa– do surrea.liM& u:ma grande riqueza d:e soluções, e· de sua técnica aprlmoradA uma exaLa com– preensão dos valores tradlcíonals, há Mlda. 11ffl3 escala de malhes. Dai o cuidado do 11r. Hayrhe em cllvidir êsse primeiro · rrupo em trb nb-crupos mais facilmente dist.iniu{veis pela na.tureza de waa pesquisas. O primeiro, que tanto aMlrilJea ao rõsto do p6bllco, pa– reee eara.eterba.r-ee pela carência de lm.agl• naçlo, J)fllJI a115êncls de dúvida criadora, pela obediência 1Mlsfelta U rerraa recebfàaa ao pa11111do. Nenhum dos arilstu q1111 o eonstt– tuem é, a meu ver, dtgno de uma m ençio honrosa, mas TerechkovUob mer~ pelo me– nos que N winale sua extraordiWQ 1\ablll,. dade da cópia do velho &unH>M.. . O ._ gundo sub-grupo, mais preocu11aélo com a composição, tem como llder um grande :Pin– tor: Chapelain-Midy. Já disse que éle v em do surrealismo; ora., na sua nova orientação nã-o a.bandonou por completo soluçóf'l8 de or– d em onírica que, unidas à cruà -objetivida.de do de talhe e à sua inteligênoia da C!ODStrnçáo e da cõr, fazem déle um arlista excepcional. Um terceiro sub-grupo procura na volt.a ao r eal n.'to proprl am ente a fol.ogra.fla Dfl1D o efei– to taclJ, m as a qualidade plisUca essencial. Com essa p esqllÍBa em profundidade c:amtnhanm oe artistas dessa tendencia para o puris:mo da foima.. che,tancl,o os melhore11 & uma so– btieda.de qne atinre quue a seewa, a. nm de• ~tam~~ pQI x~ 4esnor(eante, Jiolmer de para a FOLl:IA DO NORTE, neste E s tado) mostra-se de uma frieza severa, diliciJ de ser a.preciada, e Ja.nnot tem muito presente em seu espírito as lições do cubismo. A seg,inda tendêo.cia importante da Jo– vem pintura. f rancesa rotulada pelo s:r. '.René Huygbe "Volta à vida Interior'', é sem dúvida a ma.is intert'ssante. Um primeiro sub-grupo descende em linha r eia ao surrealismo, mas com um.a parada infeliz no "mag- ic..-r ealism" dos norte-americanos. Oounucs, com seus tritúes em luta nas ruas de Paris, consegue uma arte mais próxima da foto-montag,em que da pin– tura. Sua in1aginai;ão nada tem de plástico; é Uterãria e pobTe, B ertbolle demonstra que conheee muito bem os devane ios d e J erônimo BGs<:h mas nada lhe acrescenta. Porém Cou– taua encontra soluções novas, inventa formas loécli"-S ao m esmo tempo que aproveiC. as revela~ões da fotografia aérea. Tudo mo en– t.re1:anto não Justifica o lnte.resse- éla tendên– ela, nem mesmo explica o rótulo eneontrsclo pelo Ili', Bu:yghe. Mu os -ehamMloa úo-hu• manl5'as, nb-&TUpo dessa tendi\ncla, aoabe– nm ü mais longe 11a penetraçio do homem. E, tecnloamfflie, IIOUMram evitar a tentação da fotocrafia, preferlndo jogu ocqn a eôr e o desenho, & defonm.çâ.o de volume e de con– tôrno, para exprimir na liqllff& emotiva. Bernard, o melhor dêlel, despe-se de literatura e alcança mn expressionismo temperMlo, bas– ta.nte sólido nos seus va,lorea e perfeitamente a cessível sem deixar de ser bôa. pintura. MAr– ehand parece-me arlillolaJ, sempre à procura de wn eleito violento, que, o mais das v eies, d escamba para o sbnpU&mo doe vermelhos e verdes crús. Gruber não ultrapa&&a o nível de Marchaod , embora seu iksenho tenha mals expressão. Creio que é . em V6nard que de– paramos eom a melhor r ealização. SWUI "cri• an9&9 mártires" podt.m competir COlll as tlr:u– ns mais trá-gJcas do expressionismo alemão e iém a vaut.agem de uma estrutura mn.ls sólida e de um oolorido mais puro, Quanto à tendênoia pua s '<ptni~ pura", J que nos exibem ~us iwepws ,ewla-se ~x- T enho a impressão de gue os jovens pin– tores franceses f icaram ofuscados eom os vinf.e a nos de malabarismo d e Picasso e ~f'atissl' e se esqueceram dos outros 1nestres. mais plás• Ucos, como Drague ou UITilJo, Oeran ou Rou– a ult. Com l~so perderam a sensuaUdade da cõr , a consciência da matéria. a sensibili dade dos meios tons e não ganharam o brilho d.as rnvm ções, nem a magia das t ransferénela.s. De-lxaram-se esn1aga r sob o péso da inflnên• eia dos g-randes predes tinados e puse.ram -se a. repetir- lhes os lruques. Nada m enos diver– tido porém do que um truque mal execu– tado ... A pintura fra ncesa atual, excetuada a contribuição dos homens das ~volu('ões esté– ticas crne se sucederam de 1908 a 1930. nãct comporia soluções sUSC>etivelll de nos, como– ver profundame.ni, e. E1- não é por certo me– díocre_ mas não ull,rapa-; na qualidade, a pl.otma de ouiNNI paises.. Adem.ais, carece desa ln.quietação e d- insatisl~ão mado– ™ 4ue, em melo a btúnu,roa malogros, &odos c1e alruma riquea, .acabam atinai por fra– turar nov08 horl!IIONeS. AereclJto que a ruão 11rinefpal da estagnação e&teJ11. na própria grande'JIII de suaa rases anteriores, eecal– claa num período de ma.Is de eem anos. E que . a i,,,g..nlla razão Jmponante se poesa apo»tar na tn..gédla da derrota militar, desorga.n(zan•J do a vida dvil e ~'tiglndo em seguida cento 110, <1ento da atlvidadff de todos M homens na luta ü resistênda e da liberdade. Entre• tanto, qualquer dêssetl artistas jovens te em. ai, ~tente, uma promessa que, com a volta. th paz, se eumprirá sem dúvida. O traum..., tismo da ruen-a parece ter aba.fado a mspl• ração p1crorlca, mas nio se deve esquecer que a eultura .francesa sempre ti.roo, dllli8U de• pressões. riquezas espantoaa.s. sua fõrça de recuper ação e ,enovaçio sempre se revelaram , e.xceptionals. - •
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