Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947
- Domingo. 23 de fa'f'eretro ae 1147 -- FOL!tA DO MORTE ' a i • e M E 2 1:S: I • (Conclusão da ult. pág.) ginoso... Era um abismo onde se perdia a minha lógica in• f aniil: quem é o l)ai de DeUB, p pai de papai do céu, o a'liô e assim por diànte? Mesmo •ubslituindo a tí,:ura antro• , pomorfa do velho barbado pela idéia de uma fôrça. de uma causa sem forma hum:a- • llil, a grosseria do sín1bolo e o Impasse lógico permane• 1 ,eiam... Entre uma caricatura !.tnfan,ti l e um diagrama de 'mecanica, aquela é até mais '1>itor~a. mas an1"bos são çonl raproducentes e absut·• ~s .. 1 Eu pvderia ter me liber– ~o na adolescencia dessa angu,;I ia acerca da in&ga– ção d·a existência divina, st . tivel9Se negado pura e sim– • plesm.ente a existência de 1 De1;1s. diante da impossibili– ' dade de admiti-la sem absur- do. Mas é q_ue eu tinha medo de não acreditar em Deus e listo se explica faciltnente pelo :fato de que Deu1; no$ é in1• posto desde a infancia como • i:mperativo de ordem mo- 1 ir.a! e não é moral, dentro do · pr1tério espiritualista em que 1-f.omos educados, negar a ~~xist.ência de Deus. . . Si eu tivesse sido edueado num ·ambiente puramente mate– ' :rialista, t·eria muito natural– .menLe n~do a existência , de Deus é 111e valei·ia, para r :isso. igualmente, de razões (ô~ ordem moral, o que de– i monstra a comum SUP,ordl– nação de ambos os cr1térloo 1 à contlngencla das formas cile conhecimento humano. Eu ful assim sem o saber discipulo de Kant, a admitir a existência de Deus como lwn imperativo de or-dem mo– ,w. Si nesse t~po eu já ti– ;vesse assímilado o Positivis– m,o de Comte, teria substitui– J,d O Deus pela humanidade ou a.dmiliria com S_pencer, ape– nas o Incognooc'ivel. .. UMA EXPERIÊf\JCIA ~)ESSOAL maravilha que eu senti.a den, tro de mim• •• Lembr().me ~ que por es– se tempo e sob a i-nnuên-cia desse enea.nlamento escrevi versos e Poemas para tr-adu– zir sobiietudo o que me ia n'alma como uma divina ple– nitude... Como o Milkau da "Ca– naan"' de G.1·aça Aranha, eu comecei, por assim dizer, •~a ouvlr os acentos da minha pr6pri:a voz" e -pude afirma:r "0 prin-ciplo do Amór me sustenta e protle-je. Eu sou daquel~ que toram por ele consolaõos". Ou então cantar oomo Wall Witm11n: Não n1e espan• ta mais a existência de Deus senão a minha própria ex:ls• téncia. Porque o terror cosmico que impõe Deus <a crianças e adultios de tóra para dentro tinha cessado _para mim. O Deus ~te-rior, todo poderoso e terrivel, tosse uru velho barbado, fosse Ulill:I 1ei in, fl'exivel, tosse um determi– nismo social, fosse o I gnoto, fosse uma causa suprema. não tinha mais para. mim nenhu– ma significação dl.a11te dessa serena certeza. desse Amôr que vinha de dentro <le mim mesmo.,. O mundo me pa– rE'<'eu uma cousa bela e o homem que o habita uma cousa sagrada, digna de toda a ternura de seu semelhanbe. Toda a idé1a de castigo e ex– piação me pareceu violen– tamente grosseira e a própria sanção do dever moral uma impasição exterior tiranica incompalivcl com a protun- da esp0ntaneidade dessa rea– lidade inte-r:ior que fluia como um manancial de ten1.ura a se conor-etizat na vid.a prá– tica em solidariedade hu- mana. Querendo por essa época traduzir o int.raduzivel, o meu unico recurso foi a ima– ginação, essa notável fa.cut– da'Cle p0r ~<ielência creado– rll no homem... E é aqui qire se constata a tunção transcendente da Arte: des– crever a Realidade .reyrodu– zlndo-a por meio de símbo– los ... O que eu sentia era bem verdadeiro, concretQ, real muito embora a desCl'l· ~ão dellSe extase só pudesse ser feita por meio de uma imagem. Imaginei então que tinh11 encontrado "Subitamen– te um amigo mar-avilhoso, na l)essóa do qual eu mesmo me .realizava d~ urna maneira mais perfeita do que se pas– sava realmente na 'Lida práti– ca e que dele ouvia exor• tações de serena sabedorla à maneira do demônio de So– crates. Escrevi então um pe. queno breviário que inlitu– lei: "Na companhia do Ami– go" e nele procurei traduzir esse estado dalma de liber– dade e espontaneidade como se verifiça d1> seguinte auto• conse1ho: "Esforça-te por te livrares da inquietação e do mêdo. Todo o sentimento. aflito, ainda que se queira apresen– tar c<>mo um oonselho PílTa o bem, não vem de Deus. Deus é a suprema serenidade". Isso que p&rece uma alu• ci.nação do meu subjetivismo toi anbes a libertação de todo o subjetivismo contingente irnposto pelas influências do ambi-oote exterior. Todo o pensamento aflito - dizia eu - e com isto queria ca– racterizar a preocupação ha– bilual pelo devei- morol que se torna uma luta para obe– decer a05 ~bús, como fica claramente explicado co-m a continuação da frase: "ainda que seja um conselho pan o Bem". Deus como a supre– ma s~·enidàde não signifi– cava para mlm ~ualquer se– renidade tra-uscendentt!, mas a pâlida idéia dessa euforia animica de que me via ines– perada e encantadoraimenle possuido. Hoje eu diria com mais exatidão: Deus é a l)e'r· feita espontaneidade. E~a intuição profunda de Deus que é antes sentida do que raciocinada, não sendo a princípio bem discernida, como uma debil vozinlla de criança, a-b~fada pelos inu- 1.eis clamores de fóra. como diria Maeterlinck, exige e1n seus estados incipientes, r~ zões de ordem lógica para se firmar como explicação coe– rente nas relações de tempo e espaço. É assim que eu mesmo ain– da depois des.a intima e pro– funda revelação, procurava dar razões de minha crença em Deus _por meio de um re– CUL"SO lógico... Que~ndo afas– tar a concepção materialis– ta do Super-Homem de Niet– che, dizia que essa concep– ção preexistia como ideal e que esse ideal de perfeição só podia ser Deus. Mas é que esse ideal - e cheguei de– t><>l.s a disooroir perfeilamen– te o fato - estava todo em mim pobencialmentie contido nesse vivo e sentido extase amoroso, só traduzível em linguagem de imaginà~ão. Todavia além da impoes1- bilidade lógica de admitir a ex.i.stê11cla de Deus, havia ~ se outro fato em minha ju– ventude que me atribulava a respeito da sua existência: era a existência do mal no mundo. . . O extase, o arrou– bo, o subito sentimento de alegria e pl-eni.lude que me empolgou _por esse tempo, deixou-me, porém, tranquilo a respeito de tudo, como se o mal não existisse realmen- te.. f. Sendo, porém, essa tran– quila confiança nas cousas inex-plicável como o própcio sentimento que a in.J:undia, adotei então por necessidade lógica a doutrina da reen– carnação, c-0mo a mais sa– tisfaloria explicaçjo da exis– tência do mal no mundo e compreensão pel'feita da jus– t iça e bondade de Deus. S6 mais tarde compreendi serem superfluas todas es– sas e-xiplicações de ordem ló– gica, diante & intrinseca in– tensidade de minha pr6pría intuição e essa verillcação foi expasta em tl'l:n anterior estudó meu a respeito des– ses assuntos. Todo o meu cabedal de cul– tura ci.entltica e filosófica ad– quirido depeis nãÕ valem ~****************lrlt*********H***********tt************k*****H*****•******-lrlr.-lrll****~· • Mas um dia, tinha eu pou– ~ .mais ou menos vinte anos, ,a realídade de Deus apareceu ubitamente ao meu espírito, ma,nando com uma esponta.- 1 ,-.11-11,11,!/(-'1-ll,'lf-'lf-'kl-)IJl..'lf-'lf-'l#'il-~'lf-'k/-.'Jf'l#_.,,,_'ill(-!f: l'l!i Benedito NUNES !eid~e delici06a d-0 meu 1-m-õ_,nri.Q coração, com a evi– líd:ência risonha e clara de um. l~ianíinoso dia de sol. .. Como se passou não sab-erla E -lo exatamente. Pro-curo ul faze( a discriminação do escrilivel: Ullla suave e íl maravilhosa aventura indivi– ilu&l. . . A -par de um lirtco ~tusiasmo pela natureza in- · ' t eira, 1>elo verde das ~lha-– ,g ens e pelo azul do céo que l111& apareceram como si os •. iS6e pela primeira vez, como ~ lindo e encantadot' espe,– Stá,culo, o sentimento de sim• jpe-tta pelos meus semelhan- 4ies inundou o meu coração tl:'JO!l\ tal eloquência que só j-ísso me pareceu a melh-or l certeza die que Deus existia ,,e morava no coração h~ 1JlO • •• Desde então toda a in- l pagação a r~lto de Deus çie -pareceu pueril e su-per– flua. edificado com a própria (Concl usão da 1.ª -pág.) lo sul é um destes livros es- E -tos sôbre as 1>articularidades uma região e destinado mbém par\icularmente à sen- t billdade das pessoa.s dessa esma região. Pois há, como e sabe. duas espécies ele r~ gi.on.alismo em literatura: uma e,~ aipenas aproveita. o assun– lPD regional , pa1>a exprimí-lo num.a forma digamos uni– ~~ dà memória com os ele– J[l.entos estéticos da imagina– ção psicológica, apresehtando– se o primitivo do interior com um estilo literário de arte ci– jVillzada; :í outra, que- repr(). dw: o regional nos seus pró– prios Hmites, procurando re– produzi-lo estritamente, com a precisão da {otografia ou da est~grafja. Infelizmente, Ca– minh06 do suJ pertence a essa segunda espécie de regiona– Usrno. Ern tudo o que é des– crição, reprodução fiel de cos– tumes e situaçêies, capacidade ~ fbt~,ção objetjva da reali– tlami, o sr. Ivan Pedro Mar– ~ elabora e constrói com se– ~nça. Não creio, porém, gue este seu livro, con10 o an– terior, seja um ver-dadeit'O ro– mance. uma autêntJca obra de ficção. Ele :fl>resenta vasto e magnifico docun,entário de ~ região, mas se revela bas– µnte vazlo quanto à a~ão dra– :máUca, ao n1ovimento do en– redo e à psicologia dos pe~so– lllBgens. 1, Autor de um romance, não de t-Odo bem sucedido. mas reveta-dor de cert-a.s qualida- ELEGIA FRAGMENTO Não estás aqui pai meu Os meus sonhos não cabem aqu.1 no cemitério sem cipreste o této é multo baixo as janelas são estreitas te entendo melhor na rua úm.ida • para onde voarão êlea quando houver o crescimento na aflição dos bairros distantes do homem? não sei porque. HINO DO CAMINHANTE O capim. que cubra o aqul Ju Barrar o silêncio com a minha vó,: não do1'1Jlir enquanto todos dormem. caminhar enquanto todos param encontrar a lenda em cacla esquina o passado vivo noutro homem. prêto, 1remido, pedante. Já -morreu no barulho do sécult> o capineiro de meu pal não me cortes meu.a cabêioe te entendo melhor lá fóra. Pouco importam os olhos que me seguem Deixei um pouco de mim nas ruas e bêcos procuro recolher êsses pedaços. des de ficção e estilo, o sr. Xa– vier Placer publica agora em volume doze contoo sob o tl– tulõ de Doze hlst.órias curtas (3). A caracte<ristioa dominan– te deste aulor é a sua sensi– bilidade. Lendo-o, bem-se a impressão d-e alguém que está sempre com o sentimento poé. tico em estado de vigilla ante tôdas as coisas. Sendo uma ;iu– têntica natureza de art~ta, a sua visão está sempre alerta pat'<I captar o que de imaterial possa ex isUr nos movimentoe e episódios dos se,res humanos. Mas, sendo ao mesmo tempo a sua sensibilidade de uma ex– trema delicadie'Za, o seu autor opera literariamente com u:ma timidez que se transforma às vezes em verdadeira inibição quanLo ao aio 01·iador. T-cllvez, por isso, êle rodeia os assun– tos como um delicado e um tímido; não os explora auda– ciosamente, não avança em profundidade no terreno das almas; dJetem-se na superfície dos eruedoo e nas e.x:teriorida– des dos episódios, como alguém que se sentisse acanl1ado para forçar uma porta ao alcance das mãos. E ü.to explica sem dúvida a tenuidade, a incon– sistência e â insegw.-ança Qule ca1·acterizam estes seus con– tos. Aliás, em rigor, C01no con– tos nem poderiam ser classi– fica.dos, salvo se tomasse-– mos no pé dia leLra, etn sen– tido estrito. a tão discutida definição de Mãrio de Andra– de. Vamos perdte,ndo cada vez mais o gôslo como a necessl• da,de da.s distinções. Assim, Romances, NovelasEContos chamamos contos às coisas de ao vento, do sr. Braga Monte– vagas nom,enclatu.ras: Ol;'ônicas, negro, indica a presença de impressões e páginas soltas. E, um escritor, que embora ainda precisamente, crônicas, inll}'reti· hesitante e não deC'10ido, em sões e páginas soltas são estas muitos aspectos, já se apre, Doze h.istór,ia.s curlas. Não são sent.a e.1n condições de chamar destituídas de valor literário, a atenção no nooso ambien~ mas não atingem a categória literário (4). Ele apresenta de dos contos. Eles não se proje- sai.da uma qualidade, que só taro em termos die ficção, não póde ser dispensada nos es– se realiUliHl pela ação dramá- crit.ores geniais, naqueles que tiea. O primeiro, por exemplo, podem tudo exigir sem !aze.r não só está irrealizado objcti- em troca qualquer concessão: vamente, mas desp,ovido do o dom de ser agradáviel com a poder ou da riqueza de su- sua literatura, de inleressar o gestão, qUte poderia completá- leitor, de tornar a leitura um lo subjetivamente. Um outro, prazer. Os contos do sr. Braga intitulado "Lucila", apresenta Montenegro são daquelas pá– um per.fil de mulher com o ginas d'C que gostamos se1n espirita literário de uma crô- muitas exigências ou expliaii– nica. Em "Um marido, ou a ções. Ele escreve com bom mariposa e a chama'' temos gôslo, elegância e si.rnplicida• uma espÉcie de exercício .1na- de; conduz o enredo com se– chadieano (não há nada mais gurança.; sabe compbr com as tacil do que imitar a maneira palaVl'PS e tN1nsmitir algumas literárià de Machado de Assis, en)oçôes. Contudo, os seus con– embora não haja diliculd,ade tos não são nem completos, maior do que ser como Ma- nem perfeilos. As histórias são cbado de Assis), mas sem de-n- bastante conve,ncionais, sem sidade ou protundidnde, o que originalidade e sen1 riqueza se ag1:ava ainda mais com o dramática; os seus conteudos lw.$r--con1u,m do final em que revelam-se assim .frágeis como aparece a já hoje irreptodu- materia literária. Os persona– tivél imagem da mariposa e gens não se projetam na ação da lltz. O capilulo q ue melhor su.ficientJe.mente ~ efinl,dos e se esboça como con,to é. tal- ca.racterlzados; êles são vistos vez, "Caso do broc\le", mas pelo Leitor oomo se fossem per– prejudicado completamente fís e não crialuras em corpo pela insignificância do de&- intelr-0. Aliás, os contos do sr. tecllo. Braga Montenegoo devem ser Escrito e editado no Coo,rá, considera<los, por enquanto, o livro de contos Uma chama como ex<lelentes esbo~s e a estréia de Uma chama ao veo– &o como uma demon.slração de suas po!;Sibilidades em outros livros. Devemos insistir no lugar– comum de que o contq - para que se reaJi21e Jntegraln1ente no seu gênero - exige a apre– sentaçiio de úm "caso". O que quer dizet': de uma histót'i,a, de um enredo, e isl,(), por exemplo, foi melhor compre– endido i;>elo sr, BragQ 1\1..onte- 11egro em Fortaleza do que p~lo sr. Xavier Place.r no Rio de Ja– neiro. Est* claro que há ou– tras maneiras alén1 da objeti– va, de afirmar a extsiência deste elen1ento de elaboração e reaJ17..ai;.ão no conto. O apro– rundamenlo psicol6gico. neste caso. permite que o enredo se– ja mais sugerído do que ex– posto, numa lécnica muito em– p1•egada, com êxJto, pelos con– Hs la$ mod et·n os. Do contrário. o conto rica i;endo uma crônica, como acon– tece !requen.temente entre nós, E nesta allul'a será preferível a leitura dos próprios cronis– tas, e é o qLte fnço agora, sain– do dos romances, novelas e cont-0s para recomendar ao• leitor, neste fim de rodapé. o volume de crônicas Sete dl:ts, de autoria do sr. Franklin de Oliveira (5). Várias desl.as pá– ginas estão um pouoo mur<"has ou envelhecidas porque ner.i tôdas puderam salvar-se do destino natural do crônica em j orna1 ou revista, feita pa r:i durar ape,flas algumas horas. Muitas outras, porém, apre,;en– tam u.n1a capacidade de ~obre- -~ s.• Página -- - para mun e$Sa :unavel ut1cia– ção de m.inba juventude. e&• se encootro com a Divindade dent.ro de mim mesmo. esse crltériodeamôr vívido e sen• tido que tern sldo por ps,;iJn dizer a bussula do meu ~s– plrllo na viagem maravilha– da através de todo o cotthe– cimento sistemátisado peltt clência dos homens Compreendi, assim. que tanto o espiritualismo como o materialismo são forntas conilingentes do conbec11nen– t.o e sentimento ltun1anos, se-r– vidoo ambos por semelhan– tes critérios de moralidade, imposto\ pelo terror a que alimenta o egoísmo indivi– dual e que, transc!c'ndendo e penebrando tudo isso, eslavll a profunda compreensão elo Amõr, espontanea e Livre, que leva os homens a coope– rar uns com os outros e a se estimarem muluarnenle de mo('() próprio. Como se vê não se- trata aqui de alguma coisa d-e m-OQitruoso acilna do hon1e111, don1inando-o, conLro1n ndo-o Não é nen1 o AltíS$in1n Se– nhor dos Céos e dil T,r :i das religiões nem o Sup r– Hotnem de Nletch. E' o lto– n1em. Trata-se realmente 40 ho– mem, de todos os hom,ens, o mais fraco, e o n1ais desp,·o– teg1do .. Em todo o 1lon1en1, aí está Deus ... Foi o peor d-e todos os ateísmos esse que atravós os séculos não quis reoonhcccr essa Veroad·e... Por ele criaram-se as distinções odío– aas, os sal vos e os réprobos das religiões int-oiernntes, o Super-Homem esmagando os ouit'Os homens, a exclusão do corpo ideal da hun1.anida– d-e daqueles a que julgou in– dignos o filosofo trallcês. . Ca.daa alma, poi: si só, é, porém, uma. e<>isa sagrada na sua, vida, na sua exístaênria, seja ela a mais hunúlde. a mais modesta ou mesmo a mais criminosa em sua apa– rencla.•• Deus é a e,pontaneidade do Aatõr no coração do H,,. mem. E essa realidadi! psi– cológica tornar-se-á 1n als evi. dente à medida qu,e ae --. gar no homem eua ca~• ctàde allruista de .• tr J►fta • eol1d3riedade hu.mana . Des– tarte o problema de Deus é antes um prQ'blema de natu– ttm psicológica. Não se Caz mistér lr buscll'.r Deus alérn do homi:!m, no abstrato e 110 d~onhecido... E sõbre el>Se empolgante proble1na que de– vorou como u1n 1t1istérlo bi– ante e insaciável Loda a eco– nornia d06 séculos, dirá a ul– tima palavra não a teologia ou a metafisi,ca, mas como se vê Psicologia, explio&ndo esta sobretudo o importo.rite papel da Arte que é a irnagi– n ação suprindo as la<:wUlS do conhecimento. Do livro em preparo: "Os dois caminhos do oonb e– clmenlo humano". vivência que é um milagre neet.a espécie de trabalho li– terário. Mas isto não é wn mi. lagre. e sim uma cora.~– cia d'4$ qualidades ~ais ct. cronista, da sua intellllência, dos seus estudos e da sua sen– sibilidade a,rtlstica. Um capi– tulo como o q_ue tem o Ululo ''Quando os homens matam a sua poesia" não é apenas uma crônica, mas um excelente en– saio. E se o volume Sete dl~ precisasse de uma eliquet.\, acredito que não haveria exa– gero em col0Ca1·-1he na capa: p~a. ensaio e jornalls1no. Mas tmnbém, e Jnf~lizmente, um pouco de $nObismo e de artificialisino, que êle parec~ ter adquiriqo na convivência ou leitltra dos croni.sla.s mun– danos. <1> Dionelio Machado - Passos perclidos - Livraria Ma:t·tins Editora - São Paulo, - São Paulo - 1946. (21 lvau Pedro Martins - Caminhos do St.'i - Edição da Livraria do Globo - Pôrt.o Alegre - 1946. (3) Xavier Placer - noz.e histórias c1trtas - Lrvraria Agir Edíte.ra - Rio - 1946. (4) Braga ~Iontenegro - Uma cha.ma ao vento - Ed-l– ções Aequitas - Fortaleza - 1946. (5) Franklin d-e Oliveira Sete dias - Ediç-ão O Cr\niei– ro - Rio - 1946. 'Para r emCM!' de llvro111 ~ Pcaia. de Botafogo, 48. -
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