Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

r • • A propos_i,to do aS5U!!lit.o da arte esoreveu Séafilies, em "L' or1gine et 1a Deet.uiée de l' A{rt", que é sempxe · ele •mê!s;Jn;o que e homem ama e pr-0cu;ra ~ arte. E •esta afir– mação nao é individl\l3>list.a P,or>9-ue o hom~·em idad1i! .ar– ti.sb ,ca sempre tem a consci– êp,ci-a das "ligações misterio– sas q ,ue o unem aos seus se• IJ!Celh·anitecs.'', porque se uni– versaliza do parliculaT para o g,eral, dQ contacto da sua familia e qa ,$Ua tjdade w– z:a a sensação <'lo mu;ndo é qa hum.,p)idade. E dad conclui SéaiUes: "Ç:$t ainsi que l'art se détache de l ' individu oo,hs jamais se détacher de 1 l'homme". Patrece evidente, 1~ois, que a força de um es<– erit-Or, que o seu gem<io, que o se1,1 ca;r-aiter estão llà pro– pl)tçâo d.e sua fi<le,M'da<lie às eon.dições da sua orjjge.m e ao ámbien<te da sua 1ormação. Ele será' tamto' m,a,ls uru;yer– sa1 quaa'llto mais _pei-man,e,ééit' fiel à sua cidia.dé· ; seirá te.nto ma,is nacional qu,a;n,to mafs for um produto étà ~ re– gião; será tanr~o maís ewiri• tua~ quanto mais s·e a.Limen.,– lfla!i, da lin\SIJ;)lr~ão que vem dá tm-ra e dos serea ligadoo· à . term. Nã-o será preciso re– petitr qUJe o fim. <'la a•rte lite– rária - ,pa,ra quem ·a realiza e piµ.i. que:m a recebe, para o al\l!f04" e pa,rsa o lei toir - consiste numa revelaçã.o da p~rsona:lidad,e. Reveliaçâo que oo serã co.m.1),1.eta, <lu.ando for !J?er!e~tamente na,tü.ral, qua.n– do trouxer ,à l<uz -uma perao• ool:ida-de realizada é forma~ dia de· acord,ç>. ccmi as· suas J,róp-1:i'sls' exigen:clsas; cQm as etiígencias mais reais · ou· nlia is ahs<n'V'entes. E como se orma um.a •persooalidade se– não em cpnitacto, em oomu– ltlihâo com a a,1unosfera que a lrtic;leia -em relação com· os i;eus_ ciroú1os soci~is, q1;1er em- ' mov1mellltos de ad;esão, quer em ·n1ov;iimén'1/os de r,epüilsão? iE)m, lité,l'a•~ - ·só ,. apresenita SiP,t~,l,'e~e um~ ~!)nalida4e. que t~nh.a. lJiffi ca~a.ter n,acio– naJ,,·-que .refliita na sua. obra •OS caracteres ess-enciais do llll'll pais ,e·. do seu povo, e só se ,cll'ega · ao Mci-ón~l, crei<>" , . - que sérá imrtrtiil 1embraa:; ,a,tra.vés dos círeulos de vida qu,f em .cônjt1JI1,to cons-tJituem Ulíl•a pa,tria: os ser,es mais pl'óximos, a ci-êlade, a regi-ãc:>, ,a~ prwmc-ia.. Há uma. pas.sa- · , ;gell). m.evitwel do e,p1rito px;o:vi,nó:La.no-!)al'a O e§pil".i40 na. DÍ:'?nal, e todos os- grand~ es~ at;tores .oonbecem múito bem mta sect,eis e insUbsitltu.i ve'l. 11&iz ·das verd.a<:ieiras é,br,as qu,e alio3i11çam, . êxi~o dur:adou:ro. Do contrairio, i,remos ea,ir no ''d~raiciné", no _postiço, no air- ;lffici.:a.l, no coomopoltta. -~ o --~.ráiciné" vem a sea:- o des- -,.ti,trido, o anémtco o des- próviodo da se~va. é g,~ san-' ~ da sua terrà. IDste t em isído o .desti:n,o é!-e tod.oo aque- 9,ree qu,e se p,retelllà.>em sim– plesní.18rute Ul!l.Í versa is, pois o 'llll'l-iveTsaJismo não. é uma' «:~ulsta _de est~o ou de 1 . von~âdfe, m,as .o c-omiplemen– '° :de J;ln,lª pensonal-id-ade que líiol'!!ll.almê'n,f,e se· forimou e. ~t,í dentro dais• ;uas' 'con– d,ições provincianas e nacio– llais. Não se deve n uaica cori.; fwnd.Lr Ul'liversa,l!smo e co– •rtopoli,'tísmo. lvLais 34)1,icação e proptie– ã,ade· têm essas ideias no Bia– •iil _do, qüe . el'n qual9-uea:- ou– «n,o pais; . e Joo!amente _pc>l' s~ , rem mu1·to · simples e el-e- menitaires, quase uns• 1uga;r,es- 1 • ~Q>l"h'Ual,s, dé'llem ser serii.pre i,epetidas a fim de que não i~i-i;~ para o esqüecimen– lO. Tem,os uana. extensão ter– nt-O;l'ia.l que· n<t;!Íloa dei:.:a,rá de obxhga.r Utma atitude de .res– J?eíto em :face <ias diversida– d~ e das pwticul~idades re-– ~o!_lrais. A tUJSão de certàs con- 11:íçoe<s fímcas e de certas con– i'i,ções socia>i'S :veio crlar mrul– ll!P1os _ca,i,a.ateres regionais que lnt~mm e complebam o ca,ra– ter naci!)llal. Não foi dos me– ~ beneficiós da co.loiniza– ·~o porttiguesa o ter reconhe- • ' ' ' - .--- · .. -~ Domingo, 16 de novembro da 1947 - ---- ·- Di.retór: PAULO MARAi-lB:Ao JORNAL ' DE CRITICA ... -.. ,______..;,.___,.,.·-•w•-• - ••-~-" . • 1 f ~ i : ,, r ~ .. - NU.t-j. 51 • mter,pretw e_ sentir a li~ tura b.rasilieir.a 1 a d e oo.rtem com.o a dos IIOslSOS dias. ~ogo conclu~emos que é to,d,à pro– tr ,i.ru :iam.a essa lite.r,aituir,a. Ex– plicando o titulo "Cr-0n1•cas da ?11ovfncia do Brasil" pa.r:a um Livro que t:rátava dos ass~ mais divwsos e dos temas .ma,iis gerais, esereveu o 91'. Manu– el Banâ.,eitia: "Aliás este mes– Jtl.o Rio de Ja,netro de- uós todos nã9 ffl,ta!I'dà, aité hoje, uma alima, de "prll)Vin<;i,a ? 0 Brà.sil todo é alinda urna prro– vi»ci.à. Dei!.:, 0 có.nserve as-- 3ial1 p,Ol' m,uliitos a.nosJ" N'ALORIZACAO DA PROVINCIA ~ , Não temos reaflroe!!Íte o que se possa ch.am.iir uma litera– tu-r.a urbana, um,a literaitura que iie.f1ilta a febre e o ctres– ci,melllto d<e g'ra,rt.des met,ro– polies. Até 1nesrn:o em S. Pau. lo, uma ~a.n.de cidade, ve– mos qu-e os séus es<n'iJtoT-es se voliúam d-e. pi-€/feà'enciia pa– ra aqueles asp,eictos ma<is an• t1gOiS, m-ajs_ cara.oter~.icos, mais ' pr-0vinoia!Il00. E em sen,. lldo la,rgo o q,µ-,e sifgnilfiça o Rio de, Ja,n,eiiro? 'Uma ci4~e 't)lepiit~, uma .fusoo de di– versida,des. Unidade deirutro ~a yarríed'< l.de ; e.is o q u,é tein constiitui:<:lo a U1?1idade mo– ):al dco BàJasiJ, o que Ii'OS funl dado o. c_ar:a,te[" de uma nação, se.m preJt'l.1rzo da s1,1a rJqueza e variedade de cootumes, de , • ~n n--.r :n ML. u ~- u • (~ecial para ia FOLJfA DO NOSTE, neste Estado) aspirações, de co.res, de sons de paisl)ígen~, , .d,e tempera– mentos. Pr-eserv-áir esisa Uini– dia<le, sem anulação das con- di.(,;ões paa:itf.oulaires mas, tam– beim: sem permititr que se eo– lO<Nem como ~ivais w in,i– m1gas - esta rem sido um,a ~rurefa ao IDC;s01W, tem;po de homens de Esita.d-0 e de, ~'i. tqres, E dev:e'inoo semp'te .Pal)_~irr do principi ? qu-e nos en\SÍl!lla a ~x o esiph·ito na– cional como um conji\làllto cios e.spír1toª provm~ia,n,()S. Desse modo ê que se d<e'Ve olib..ar, * n n n m ~-~ WWW W%d~-.t que acol•he, que pro,tege, q~ est.ianula, o bom provi=ia-nis– mo. O que fa,z; que to<'l-os se. sfu1,a';m nesta cidade coano em casa é sriia. pOO'Si:bili,dade d& j_tmta-x todos os J)J:ovia:J.,cian9°d' numa granidle p1;r-0vio:i1ci~ ne~• ció,lllá.>l. Todos nós amao:r:ioo o Rio coono uma exdell'lsão da ncxssa proviin eia, e ai!ia,vés d'C· Rio todas · a'S diemaii; provin• , - cias. Aqui estão os pa'tl1li&ta,Ss 9S ltl<i!n,e,ii•os; ~ - ganches, oi -. .noo-4,ooti,rtq,i;, os IlJO!ritiistâs,. a , !odos n-ós · sen,fü,m.O!S como se , Ri-0 ;foose a n()Sls,ã. propr-ia cjda{;le, a: nóssa J>tÓ1/'l'j,_a 1-.egi;ão, N;~1ih, um bfui·i~o, ne:nbtl'nla ri,v.alidade, nenliium,a disputa d •e mbe.resses 1o-cais. Fat?; pa;r• te -essa s1tua1tão de toda ca.,. pita.l mas tómou nô Rio uan ispecto ~ecial pelas c, on.id, i.– ;pes parti<:ulaire$ do Br·a&il. 'l renho nQt!l.:do mesm,o. que- há ~ uma·Jncl~.nàção cespon,ti.a(tle~ :M-"' : ra va,1'or17ia1-;. pail'a p1~tilr!~ o~:a1.1tru:e:e·9:ue vê~ d!a'6 a:egiões diist_amite,s, <;'QmO O sé.u liva-0 de , estréia, com os serts plW<ls, ' oom ós. seus ·oonho;s. E bem -pou,c~ são ó,s qne Í'OOW~1 a ' ~ espe<cie ~ - ~ipelp' -da...m.e– tropol<e, onde t1:1d-0 será dad<o sem ou<l!ra exi,ge1klà <J:lle nã-o sej a a, d,a ob1:ã; H<ttl\\'átriia,. Nilll– guimi exigirrá d 1 e. tiãll ,e.sicritor, p0T ·e:x;ei:niplo, gue esqu,eça a. , su-à prov.tncia ou. que renun– ci,e ao que ~á de ~i.c'.ô ' no seu ca,tater. Po<l'ell),1,()s eon– timtuà,.- no Rio os .l);J.,esimos pro. vineianos, os m-esmoo ho– mens do N-oi,.be, d1' Ceonruto ◄ d10 S'1.d, poís · aqui esitã o doo minador oomru,m de to<lias ai patritiou1ariila<des e dwe,ti;I. dad:es regionei1S. Es>tã aóndll •IliO' filo o ·oenitr,0 i;le Co«:Wer– gêneta e de ei;iuil°"J:la;i-o d~ qué trabaU:ia,m. lirer,a,1hian:iW• te n~ suas prój)Tji,:i,s r~gioos,, E nao g u.aird:ai até ag-Oll"a ~ n-o,,.sa. Capita.r uma "aun:na de pxoví,n,cià"? Os escritores - ós romiancimas, d_le 'p:referên– cia - que sãq can;io<:as, que re~e1n a v.ida, OOll"iQCa; E-S• ·" tã-0 todÔ's . coloca9:.o~ dea;ii:tro dà· vida pxovàniciiad1-a. Ele· Manuel An(t-on:i,q ~ .~>eida e lVIa– (jhàidfo de A~s ,a l\'II-afiiqüie3 Reb;elo e Ot.aiv1,o d'e Fa,da - · ' , ., .. ' . :,: .• «:. :.:~1~i o que enct>rllt-romos. nos ro– ~~ ca.r,i,,ocas? 'E' ·a, so– ciedade provi~i·á!lla; ou a da ail<ta bu,r.guési-a de Bo•ta:fogo, de Maitaiéaiv.a•l~, d'&S. Lwran– jeliias, dle Pal;rc°:polis~ cm a. peq,uà1a àu/nt§u.esiià d'Q<S su,. bµroios, d~ banos dâ,man- tes,. d:as l'U-a!S hum.i~des• .E CO• mo' pao:-,a cÔnfittma.r ao ltio á SUJa caiteg-0ria de poo<t-o de c~ve;igeir>.ieJ::i e de e,qllfü,ibi;-i(l qws o des t1-no que fome ca• rf>0ep. · a figurra priiruciQY<ll das n~as le1Jr~s. a fii~ qUl6 ma~s ~e:tn0'.l'1De1l!be siimboli• za 'a nossa lltléa:aJttt.iira,: Maicha– d'o · de Ass:s. Que fo,s,se um ·" , • . , • . . ,,i -p1,ov.mc1-ano ~r,ooa. este es- Ónitólr ·i;lie c·a,rlii•têr oocio!l'.làil e universaJ. Seyn<lÔ-. cell'to (} •1.le no plano político coiw,tiltui um ori,me qua;lqll!er propos.íito àte odio ou_ d!iviS'âo enitre as l'EigiiÕElf! l;jr.asile-iri!s, vem.o.s qu.e esites od1-0s ' OU di<Vi.sões .n-0 pila;n,o lit~I'á,ti<J a-ca-bàim .. no :inqós es– ~aritt?s'O r-.idlfuil.ç. $0.ru ,6i1~e oo liiJ>er,.ít~ tr:acá.ssa.dos aiomla ·se -1,;nJb,~:am - paira sie sal-· •. ,o e est,ian.w~o ~a rea– il'8.d,e geog,.áti<ia e socio.Jo– lLca a ' que •COni}il1(l.r!ll'alin fiéü, 116' ~~ê<Xl\S' do lrn,pélrio e da ~1_)1;lb;lioa. P-od~-ee di.zeir que • . vidlâ .da nação está lll8Sta ~stistencia, nesita pu~á lesta a;u,ten'llicidade das vi<las -,,rrnnnnrr• ,ua uuuuuuu legi-on-ais. E' t.vma noção socio– l>gica e política de uaiioode • ';j ~o desdenha a vatr.íedladie a ..... " . A V u n u n .,-, u r u ·n u r w, \l'aitiUTI dos seus ''complféx:oo d'e 1nl.feri-0ridade" a! t.tl" a•"' · d' , • • - , 1v-es: e eX!J)l<JJC',lçoe.s 1lr.alllSCe111del'lltaia 5 rm>le2'idàd~. Uriid•ade i;;ã·o e;ãf 1 ~~~~~p~~ •. ~ 1-'\0ÇO S·&1'1'CO•Q)Q - -de §runo @iorgi . ~ão etilP~°ll,a,J. uma (;~~· :é::>.!.!;>:_s:>_&::~-~;::::.;:s:::,.::S:;.:!_~~ -,s::~.-;::>,: .... s::::._,:5:::,:;::::,~,:ti=;;:,..:""~-S;~-~s. :;;,,_:$::ó,;:>:_$_ :::,.:s~~--S· :>.~--.::i::. -s. ~~-~. ~- ~ - ~'e levanitia~ quesitõe.s de ni– V>~lida:dJe, ~~lt:re g1rlll~o6 d-o ,•NQiitie,_ ,, e g,ru,p os d•o $,ui]' <JS}ltre gru_pos dle ptQ\/ilricia\ e. · ~UiP<X'J de m'€11~~olie; ~tá-~ .dJe uan r,e~,so d1~ · .bai:xa j>0J,ít.iica, ;u. ' .QOón/&-wa ~ ,2: á pa,a:;) • f

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