Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• • , 2.ª pá- l ,. :: e g. til; 'ê f = ªM & ;t':S a ·- .,,·FOLHA DO NORTE " -~- __, Domingo. 9 dê bovembrci ae 1947 ·\_ ' .· DEFINICÕ·Es· DE a ! --- D_E. _e . - .:> MAN\.;BJ.. BAND~JBA ' ' =-----, ,'>.-~BE{~· (DE ™ CONFERENCIA PROFERIDA NA UNlVERSID .A.DE CATóLICA. bo .taQj '--- !f , •·A·-ut"o MillHH.lO"" ' mo- Um dia, e,sçrevendo uof-· obscuran..,....., _ .....,..•• G-ti . --------, 11vro druátlco, tive que dar uma · Ferl'l>aaldes?" - "M'1.14to ~le.,", J/i Dante acrescenta ao ele- de foi desente~ de um pre, To . r , 1 . de:finlção da p,oesla e empatu- respondeu 9 homem, Fe~m• mento ficção um novo el~en- facio esqueoido de Banvllle es-i r iSUJ 'PLEMEN · 1 ;_.ne •"TU-RA quei. Eu, que desde os -d~ anos des porque é 9 meu no~, e to - a música, e diz: "P=ia é ta definição que espanta ver saú A R · T I Tt _ ""! ~ . de idade 1a 90 verooa, eu, que Pen,msul,i, porque é b0'!1!14ol O ficção r~tórlca ,posta em músl.• ela caibeça de um mêstre pama., •-t------""-ll tantas vezies· sentira a poesia nome_ estir.v-a explicado, mas a ca". O elemento música vai apa. Biano: "Poesia,.. esaa , magta, \.,. . . , passar em mim coemo uma cor- emoçao poética ;por ele despef• recer em numerosas outras de- que consiste em d~ rf.ar sen, ylUEHTAÇÃQ ( 'l !l'enite elettica e afluir aos meus tai\l'a, ·'.ão; agia óe uma manei- filnições. "A poesia", disse Car• rações por meio de uma comb1~ l>E olhou sob a fo.rma _de mlstertosas ra ina,precndida. · lyle, u~maremos pensamento oação de sons••• êsse sortllégto J Jágnm,as de aJ.egt,ia, não soube musical". Riu;ldn, moralista, en• graças o q11, l nos são necessa, , forjar jã não d1gQ uma defini• lt assim que multo.s fatos de sln-a que . ela é "a a:pres~ação rlar:i:len,te comunicadas :Idéias, de klf~lfl9. ldfi]!,AH!fAO. -·- ção racionaJ., 'de515as que, eegun- rua atuam 11obre a n<>s6a s~- em forma mustcal,•à imagmação, uma maneira cer.ta, Po1' 1>alaivra 11 ,. • ,do ,a regra da l6gtc11, devem co.n• bU!<1a<1e. Doll!I autom:ovels coli· ~ no)>res funda,n;ientos às no- que no entanto,, não as expr.t,, :•----•---- vir a ' od-o O êe:fl.nido e sr, -ao di!l'a,m, uma senhor.a deamaif.911, bres emoçõeS", Não se pocl.e ne- mero" . 1 um h~em foi a6Sassiuado, urna gar' que a m-'--'- -""a wn elª- · defilni?,O, 11}319 UttµI deifmlção pu• v•u .-.,,,.a ""' ~ Com-enúndo larga.msente a de<! COLABORADORES: - Alva.t'.O Lins, Alonso tto. eha Almeida. Fiscll~ '?JJ?hOJll!Ull de Guimaraens Filho, Augusto Frederico IISCD.Dlidt, Aurelio Bua.rque de Ho· Danda., Benedi~ Nunes, Bruno de · Menezes Carlos Drum-m4)nd de Andr.ade, Ca-uby Cruz, Cecilla. i\t:eireles, Cecll Mdra, Cleo Bernardo, Cn'o de>$ Anjos, Carlos Eduardo, F, .Paulo Mendes, Ba.roldo Mannbãó 1 João ·condé, Levy Hall de Moura, Lêdo Ivo José Lms do • Rêgo;- Marques Rebelo, Ma:l)uel Bancle~, Max Mar– tins, Murllo Mendes, Otto Maria Ca.rpeaux, Paulo Pli. nio Abreµ, R. de Bo11Sa Moura, Roger Bastide, Riba– mar b . Moura, Ruy Guilherme Ba r-a.ta , Sergio Milliet, Sultana Levy e Wilson Martins. CERVANTES E BEETHEVEN ' lllÇnta,do nrwm burro, que tr-a2ta ~0\llSt.go U!lll _vaso tedon.do -de tnetal ~escente: acll.ava Qtre a êle, ao n6bre eav-aleiro, e nunca a um homem de con– i:lição plebéia pertencia de direi– .Cio o ;p~,oso trof-eu, o "Yelmo (lel 1amoso MambrtnoH. Aquele pobre hO< m.em d.u}a-se. porém, barbeiro, precisando para o seu oficio de uma bacia; aquilo .que a.o Don Quijo~ parecia "Yell)'lo de MiunQJ."l.n-o", apenas seria =a Jnodesta " tiac!a de barcera". Qu'lmdo, fllll,tâo, a luta entre os àiOis adversarlos 1.rreconcilia,ve-is 9'e tomou extrema, SiWcho Pan-. ~a pretendieu intervir, dizénd'O: "Tal-vez o objeto em causa não fosse y-e~o nem bacia, e s1Ín wn baelyelmo". ~ re-Iátivts• mo; e$9e l)ei'SJ')eclivi.sm.o dos pontos de vista tambem é cer– vam.trmo. Então, Cervantes &e'I'ia neutro? O seu humorismo eéti_ co servb1a de arg,u,mento aos que nã-o têm coraigem de t.ornia,r partido? Para .re'batér ~ "PO!l– ·to de v:lslia", prete,ido escolher wm re-curso extremo, dir-~-.ta esqu.tsllfio, ~ertnd~e m a 1 s uma -vez a Fidelio, a ópera de Beethoven. · prim'<l11'11 " pcígi'll8) tes da representação. Ma.s ê u m a verdadela,a "sinfonia de programa". :-e,presentando muSi.– caJme:nte o enredo inteiro: as cornetas que na 6pera acompa. nham a perLpécla, tambem vol• tam para "Leon.ore n. 3", como au,ge do desenvolvimento. De.· =ls dessa "OUvl!-fture" Si.-ngular ...... ' . jã não seria preciso representar a· ópera. Por isso, pre:ferira-m a toca,r a "Leon-ore n. 3", depois d;1 representação, no fim da noite. Mas o público gosta.ri ,a de ouvir mais uma vez -na or– questra o que já ouviu no pal– co? Como seria, talvez, en,tre o prtmeiro e o segundo ato? Mas eal!tã.o o 9úblico ouV'ir:la aa cor• netas na orquestra ootes de tê– ias ouvtdo no PtiCO, no cãrcere onde airnmci.am a libertação; e nin,guem oompreen-der-!a a &in.fo– nia. En,ftm, Gustav Mah.ler, 'na.• ctuele tem,po diretor da óper,a de- Viena, achou a solução: re– p~--se a prlmeira cena ~o ·segun(f;o ato, a n·otte do ertl'M ese=ece o palco, a tensão dta-– mãÜca clhega ao auge, ouvem-se de lenge, d<>.s bastidoree, as cor• - netas que a~anr a l!berda• de, cai lentamente o pano: de.. poüi, d~ ,:,epen,te, ilumina-$.8 a sa,la escUl'a do teatro, transt.or– mada em .sala de concerto, e a "Leon.ore n. 3" 81! desenrola com brilho enonne, até r.essoa.r o toque das cornetas, re])(!tindo.– ee no pa.lco tdeaJ. da música oo aconteclmen:tos da. "vida real", termLnailldo tudo no côro jubilo– so do final: é só o póbre sol dos maqu:lm.ista1 11 de teatro que_ então se lev-anta, .mas o -sol -da liberdade jã se leventara antes a-os acordes de Beethoven, Que Idéia g.eniaJ, esta de Gus– ta" Mahl-erl Mas no íu.ndo s6 tõi preciso colocar as coisas nOs justos luga,res. Só é precl.S'o to• mar o ju.st, o ponto de vista para ver as coisas como são, para sa– ber o que é n>a vel "da.de o "ba– clyehn.o". ra,me«i,te _empirica, a.rtf.stl.ca , li• estrangeh-a em trânsito pa,m men.to da velha poesia, da poe.sia fmição de Banville, começa Gid:e ter/irla, No aperto me so«>rrt ,de Buenos .A:1res desembarcou em ao tempo em que ela 101 assim pelae palaVJ"as "magiaN e "sor., Sahlllw, em quem o c1'1tlco e,ra tra,jee -pOUco ma.Is que menores: defl.n1da. Hoje sabemos que P0- tilégio" (so.reellerie): "Voalery, d-a •&- d ~ ..- ta for.ma -se um ajuntamento e os de haver Poesia sem m'ÚSica, e '-fdn.o ...,_,: • rTU A...,,..,,. o ..._, grlll!l, e qu_a...,..., o l)Oe , e amv ,,_, ....... • ~""""'"""·.. . disse com êle: "poesia é a for9a que ·vão aderllndo ao ~ e 08 P.OeS!a, da melhor• A de Carlos um a ma:ne1ra voluntariamente que age duma maneira divina e que ollhÍbm de longe não sabem DMn:n-mônd de ~ade , P o r verdadeiro t)Oeta é um m11,go. , mapreendlda, além e aclima , da ainda O que 00 pas.sou, Palra ·no exemplo. · Não se trata tanto para êle de consclencta-". Sa,be\JS O 1;11e é ar um ce:r,to tumulto emocional, ser comovido, mas de conduz.ir aiglr de Ullila maneira clivJ.nia? Eu c:tlando uma corno que a,t,mos- Outro poeta_. e quê poeta-! Co- o 1eit0'1' a sê-lo: "por melo de não sei. Mas conheco da ;poesia, ilera de poesia. Pois bt>m, o poe- ~erid~e de:etn1u o . poema cot1;0 . u-ma combhnacão de sons", que por eJ11Periencla pr.~r!-a. ei.9a ta suscita a mesma coisa, só que aquela e~écie de com~tçao 5âo palavr,as. Que a sigrilfica.-c maneira ~reend!da de agi,r: medd.llme apenas wroa ,coll6ão de que ee ovoe às obra_s de clênc11a cão dessas palavras importa, não. n,imca pU<le ex-pllCM, em muitos palavras. por visar como obJeto 1m~a• serã ;>reciso dizer: não, porém-; casos, a emoção que me -assa.Jlta to O pra~r e não ª verdade · O lnde'1,>endentemente da eonortdai- ao ouwir ou ao ler certos versos, Quandlo SchilleT disse que ª objeto tmed~.ato, porqµe em pro- de delas. o verso adórâvel d,a certas oombin-ações de -oa.Jayras. Poesia é uma força que age "além fundidade, é a ldenti~a,de de Racine-, tão f;requeGtemente ei,. A prqp6Bito 1 vou cailita.r-voo uma e acima da consctênda' , parece todos os outros conhemmentos, ta-do como exemplo de en.ca 'llta.1 a,nedota~ Haivia na r.ua Marechal que êle queria referlr-eie àquele a -:flor e o _perfume ~ todo o eão haiJ'!!llo«>:iosa: · Floriano uan hotel qu.e se clla• mundo do w,b-consel~Jt-e que buma1no c<>nheclmento . E aqui Vous mourutes awx: bords au m•a,va "Peninsul.a Fernand-es". todos trazemos dentro de nós. A entramos 110 con.ceito qe p0es~a• futea 1al~. Toda vez que eu pas.sa, va ali e poesia 9e<l'~a então ª ponte entre CODlheclmep-to. Nwnerósos sao Mudai as palavras; dizei: 1 na a tarboleta "Hotel Península O Nb-cOIJ:lSCiente d.o poeta e O os que O afirmam. Pa·ra Lautréa- Vous ·êtes morte = Ie rlva◄ Fern.a<mi-es'', sen-tía aquele pe- suib-con.sc1ente do leitor. Se ado• ment ela a,nuncia as relações geou Thé$ée v-ous avalt aband-Oln... quen,mo ailvoroço que era, em tei no meu livro a de:&lllição de existentes entre os primelr◊s née. suma, · de qualidade p~tica. E Sobiller, fOi porque ela eeclare- principios e as verd•adea secun- A slg:nl!lcação c o n t 1n11 a a ficava l:ntri~l$imo. Por que ce, a meu ver, a p.oesla menPB dârias da vida. N<Yvalls d,i.s,sera memna, ma~ o •encanto" des~ aquele hotel era Penlnsula Fer• acesgivel, a qUe não ocorre no que "~ poesia é o real aJ)solu- pmce. nand-es? Umá tarde um primo foco da consciência,, Mas é evi• to". E o - mod~-o :M:.u-tta,tn pre- Aqui vem a :pêlo repetir a ane• meu. igualmente 1111voca<;!o pélo deote que a poeaia llOde nascer cisa: "Poesia é o conlhecLmento, eleita de Mallarmé com o pintor. nome, subiu as escadas do pre- i;am:oom em pleno foco da coro;• Incomparavelmente: conhecimen- Degas, contada por Val.éry: De• dio e fio! fáJ.ar -./IO -proprietário, ciência e ~wmto a,gif de ma- to-ex;peri~ciâ e COl!Ulecl,mento- gas passara um dia mtel.ro na víi qoo e1:1a um. português terra-a- ne11ra claramente apreensl.vel. emoçã-0, coll\b.ecirnento existencial. tentatLv-a de · compor um soneto, terra e sem nénhuma :fumaça de Isso, tirei eu igualmente de mt- Ela é o fruto do co-ntaeto do es- e que!xando-.;e a Mallami.é: "N~ literatura. J!Jha proprla , experiência, Tende pirito com a realid-ade em si entanto, .não são as idéias qua -"o• senno.r me desculpe & ,uim. pouoo de paciencia e ouvl O mesma inefãvel ~e com a sua me faltam.•• Tenho-~ até de• ~rgunta,, mas por que é que o meu poema "Palinódia": fonte, q~ acreditamos ser mais", :recebeu do poeta esta seu hotel se chama Penlnsula , I>eu.s". O eptteto "inefável" le• resposta: "Mas, . Degas, não é _ _ Ta•no,s -a um grupo de defini• com idéias que se fazem ver-, Quem te- ohamara prlaoo ções, culminando o -conceito na so.s: é com palaivras". .Arru.inari.,a em mim o cancel~ 1 de Jldwln Arlilngton lwbi1mron, DJ.sso estou prO<f<l,mda•mente De teógonias vel:hisilimas o glian.de poeta norte-americano: c-0nvencldo; slm. não é cqm Todavia vis<:erai.s, "'Poesia é a 11-ngua,gem 4ue nds idé}as, não é conl sentimentos dlz em virtude de úma ~ação que se fazem ven;os, - é coou, mais ou menos emoci.dnal, algu. palavralll. Na-turahnente, o sen• ma coisa que não pode ser di• timento está su'tien:tendido. Em ~·· • mim, pelo meno.s, é ê~ q_ue me \ Naquele in'(erno Tomaste banhes de Visitaste as igrejas Como se temess-es morr~ Tiraste retratos en01'llll!!J Telefonavas, telef-onavas ••• Hoje em v:erda<ie te digo Qae..-não és prima só Senão prima de pr1ma Prlma-dooi,a de pri~ -Pruneva, A eâtrofe central é clara, mae eu mesmo não saberia explic<l1'. as estrofes inicial e final. Elas pertence1n a um poema que-· fiz dura,nte o sono. Ao despertar tentei reoompô-lo e não me fOi pós:sivel, A estrofe cla:r.1 :-es-ul• tou de u:m trabalho mental em pleno foco da consciência: a& outf.as furam elaboradas. de ftla• ne.íTa inapreendida na fran1a da consciência. N.is meamas condições de "Pa• 11.nódia" estã o meu soneto "O lutàdor", ta-mbem perpetrado em soooo. Tende mais um pouco de paciência para ouvi-lo: Buscou no amor ç balsamo da vida., Não encontrou senão veneno e morte. Le.v,m'lou no d-rto a roca-forte Do egoisn10', e a ;oca em mar ío1 submerg!ida, - Depois de multa pena e muita lidà. De e,sp-antoso caçar de toda a sorte, Venceu o monstro de desmedido por,te -A ulula11:te quimera es,pavortda-1 Quando morreu, llnguas de sa:ngué a-rdí!n.~ .Aleluias de fogo acomet.iam, Tomavam todo o céu, e la<lo a lado, E lon,gamente, indefinida-mente, Como um côro de ventos sacudiam ' Seu gr-ande coração tr~sverberadol ' Aqut a intervenção pOOt.e:r!or em, estado de vlgili-à ~I mini• ma. O soneto, com titulo e tu• do, é fielmente o do sonho. Ti• ser a,grupa<i-as tério co1num. como ficção. segu..ndo Uns a • - fâZ aobar as palavras, e toda Devo esctar-r qú' todas és• vez q.u.e ~entei f;l,zer a magia a sas de!lrt1çoes e muitas outras fyiof ifrac=ei. Como f i:ácassei em, que cón;~; ~ar~_em. em con- to4as ÍlS ml,nhas tentativas ~e t ;,xtos onde . se proc.ura ~pr~e,n• sµ,per-realiSnio, de !lUtoinlitlstnp. d! e r__ ~ e.ssêricJ-a do :l;enômeno l?S',i<iúico a frio. o que m:e .saia poét1co. n~9 foram _ai)rese~ta• ém t;i,ls momentos ~ra a'P'<?llas rias isolada;nente oomo defilli• uma série de aesoctações po:r eão no sentido lógico da pala- cont}g.uidade, dás mais ~are$. vra, e de !solá-las, como fiz, _re- Será talvez uma corídiç'ão pes--. suita uma ~a< mut!laçãa do soal e a'dm!to que outr-9 poett.1,. pensam.ento· de sell!; autores. ?'l'a- um -Elua,rd, por ·e_,emplo, tenha da ()bstante-, c á _d a uma contém inventa<l:o sem à!ffeoio e.ih qúaii...1 uma .Pai;ceJ!1'a de ·veroa.de ,_ ilumi• quer tdéta ou sentimento os a~• na um !hígblo do pr.oblema, q_ue m.ira:vets· vex;sQs .crtâdos por Qilie é talvez inoolüvel. Todas me como.um casó· de- encan4açã-o 01>-· parecem falacr em termos de tida'•fora e a despeito · dá si.gn: i.• j , ·poesia, com O Sl!-U ,raio, O seu ff~a~ão da.a :pala-'11ras: mistério. Nenhuma fala no que é a nlf,terlai!>r.ima d.a poesia R.a Rose p~reille au par~de artie literária - as palavras, e Desoend de· J.a. tôlle -du ft»'ld tanto se podem apl:lc.ar à arte ~ Et- tout en fl-3'1TI!rnes s ;évapor~. litex:ãria como A música ·e às a-r t'e s plásticas. :e;iu1 Valery menclona-as· nitÍma definição que é w:n pequenino poema: "Poe• ria é, a 'teiutatlva de r-e.presenitàr ou de restituir por me1o da ·un– _guag~ .articula<l-a ,a-q1,1elas coi– taà ou aquela coisa · que QS _ges• tos. ae láigr)?n8'$, as carícias, Oli beijos, os s.usptros procuram MI.na! , .em poesia tudq é re- . la.tivo. O que é p<>esla para uns__ 'de~ d-e o ser -para outro~. ~ P.oesla não ·exime em s.i: se;,;oá wna r-elaç:'ão enitre o .rtNmdio m-. terior db P()eta, com a SUà s.en, . sibilidade, a tl'\la é)J].tura, as sua.e vl:v:êncjas, ~ o _mWldo lbterlor daquel:e que o lê: · SONETO DO SILÊNCI0., 1 • Fantástico silêncio! Nele existê O enrooo j/i toi resum1do. Prf.. melro ato: ~ore, disfacrçacfa em hom'el'U, sob o nome SUd>QStó de Fldelio, introãuz.iu- se na for• taleza: chega a sa,be:r que o tl– reno Pizarro pretende assasst– na!l'-&bes o ~:m .. a,rido. A primeira •<!ena do segundo at.o passa-se na eli'CUridão notu=a do cala– bouço: assistimos à tentaUva do cx,Jane quanào, tio filUrru:, mó– tnento, lleSSOam, de lon,ge, atrás do paloo, as cornetas que anun• claim a cllega<ià dlo - mi,nist;ro, a Ji_berta~ã<o. A segun,il,a cena do segµ.ndo ato só é uma espécie ~ epilogo, o c'õro de júbilo dos ~lr05, en-qua1n1t;o se leva11- ta .o sol- da liberdade. E' a úni– ca ói;>erá de Beetpoven. Cústou– lh,e muito. Escreveu uma "ou~ ve:rtu:re", que es amigos achi!.– ram J.ns ~ante: a peça é hio– je conhecida, '.Pouco conhecida eltã 1 ~, et;nn.o ºl'.leonore n. l", _por– que entáo a ópera àinda devia chamar-se. ._Le.ono:re". E o '!nú– ~ l" se ex-plica I'!elo fato de que Beethoven escreveu l o g o Olftra ••oavert;wrieº, a ••teonóre 11. 2", tambem de$_P:rezada ,Pe– lQ!f arn.!ga.s e pelp pr-OPJ:io mes– tre, · M11ris u.m esforgo e saiu a í<J:..eonore n. 3ri, a "ouverture" das "ouvertures"; no fundo, uma grandiosa silll,f-0\nia, iin-tensamen– te agitada e-0111-0 a luta pela 11- berd.lide, até ressoar o toque de corneta, tocada fora da sa-la de con,cerío, !nl,çla,n;do-se o desfêcho :fubilCJÍSO. E' µma si'nfQl'iia tão grande que não perve. bem P'.a:ra ·abrir uma noite de ópera. l!ln– tão Beethov~ escreveu, mu– dando aio mesmo tem_po o tftu• 1-o d a ob'ra, a ,••ouverture" de '1F.idelio''. .aquela peça bonita i:n,as pouco slgrii>ficati:va ..qu-e_ hoje se toca no3' teatro.s li:rico,s. a~– tes de se representar • a única ~era de Beethoven. Um vaso red,ondJo d,e metd resplandecente lp()de ter, com efeito, várioas usos; e o olho in– subornável do humorista vê-os todos. Nós ou.tros não somos tão soberanos: este só vê o "'Yelmó de Mamb!'ialo" e aquele só a ''ba• eia de barbero" - não ' impor– ta. O que l,mport;l é ver o "ba• ciyellr(to" do ponto de vista jus• to-: tm-p6rta colocar-nos a n6s mesmos do la,do justo para que o lutador idea•l!Sta não se arm-e de uma inofensiva ' 'bacla de ba,r bero" e PMl2 que o precioso "Yelmo de Mambrino"· não seja colocado em cillna da ca-beça de um ··maiiandro. O problema é co– mo o da<> quatro "ouvertures~ de Beethoven: problema de coloca,. ção justa; Se Cervantes já ti– vesse pe-nsado lmteiramente co– mo n6s outros, goza-não de Dle– na Ul;)erdade no tempo dos Feli- · pes, t1âo ser ia p,reciso represen– tar a ópera. Se a ópera fosse represênta<la· antes d-a sin'fonlà, não se precisava de Cervantes, que é mats e melhor do que um p0<nto fln-aa . Entr-e. o primeiro e o segwndo ato da tra,gêd>ia, n-in· g\tem c9:mpreenderia a reyelação da música e do humorista. ~as -colocada no únieo ponto justo, entre a prjm.eír-a e a segunda cena do ,se~mdo a-to, ru:r mô– mento penúltintb, deetsLvo, en– tão a luz de Cêrvantes íltl'ITl!ina a sala escu,1'.a, as cornêtas anu·~– ciam a 10,eida'd,e e em nor.soo C'OJ:acõe, levanta-se a a,ui' o.ra; ve de ó interpretar como se eu _ "P-0eta", escreveu J onson, "6 fO'SSe um e:straoo.o a mim mes- não aq'Uele que e.;ocreve ·com mé– mo como qualquer um de vós trica, mas o que fh1ge e for, · ' 0 poderia il)tel'.Pretar segundo as ma uma fâbula, pois fábula e fie- ' um clarão moII).entâneo: e tud@. ftorme. Ai! que a noite irreal, céga e dí~forme! ainda o faz mais pungente e amargo e trtste.1 Fantástico sil~ncio moribundo 1 A "Leon9re n. ~::' e-ntrou no 1t ,epert6r.io dos concertos de or– questra . Aootiteceu, porêm, que as re~ntes de ópera não qu~– l'am r.enunciar ao prazer. hon• tooo de apresentar, p.or sua vez ~bem a guamde, obre,. Mas co– m<> f·air;-k? A so,tuçã:o maj,., 'stm– ples $8riá tocar a:. '\Leonor-e n. , •, ao invés da inslgnifl~;,-ntê "ou_ _'.f'«ture~ ~ ".iid-clio", l.tb é. an· St.J-g-estões do se-u sabconsctente ção sªº• por assim dizer, ~ forona estimulado, P:,:i:a mim - me:n- e a aill!na de toda obra poet1ca ou sagem do meu sub<-onsciente à poema". É o mesmo conceito de minha consciência, muito va:ga- dois granrl~.;-simos poetas: -n<>n• ment e apreendida por esta e de ne, que defi;ne a poesia cç.mo novo te.fran-gida p a r a o seu " u ma si·mili-cri,ação" e faz mundo orlg~nal. coisas que não existem....ceomo se Posto que a poesia pode agir élas e:i,.'isti.$sem'', e Dryden, para den,tro- ou :{ora, llcima ou a-bat 0 quem "a f1c.ção é . a ess~cla ~a xo da : consciência, comecei a poesia". Pergunto eu agora: nao regista-r todai,; as def~nlções que haiverâ .poesia quand:o-e~_ re~li~ fui encontra-ndo· ao acaso de ri.li ,- em pa}a.vras. uma tran'l;lpooiça:o o,has· leituras. Orgánizei a-ss'im da realidade, sem inven-ta}· nada, uma pequena antologia de d-eíi- ,sen1 fing<ir nada? nlções de p:oesla. Podel:ll elas Como ne,;;1:e_ poema: O arra:niha-céu sobe no ar PUTO que foi la•vado pela ol1u.va E desce refletido na poça de la-ma do pãteo. Entre a realidade e a imagem, no -chão sêco que as separa, Qu~tro pombas passelaon. P.oema 9.ue é um~ sin1,ples r~- prégar ru; velhas pr-Odu1,ão ,por. ,i,mita-1,ão, ,pa•ra em- , .Alristóliele:i, ' pala,vr,aa d9 aos meus olhos acesos como v~fas que circundassem becos e vielas pelas cidades pálidas do mundo .• . ~ ... Lá o ve39 pender, fruto caído, lã o vejo soprat contra JS muralhas e recobrir - silêncio envelhecido•- o que o· céu QC:t.1ltou, e está _perdid<1 .• ,!)i •Lá o vejo oscilar nas coraoalhas de algum veleiro desapareeido. - AJ;.»hónsus de Guimaraen's F:'nh,f

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