Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

!'-411________ ._IIIIIIÍ.,___, 111111' ■"■'■IÍ■iil l : 1,':. -;, .: ! • Cada um· dos três poet-as, de _que ~stamos tr~tando, pro– àu2.iu pelo menos um poema que se tol'nou · famoso e ca· r.lcteristico na 9rdem do ~o– vimento modet-nista: o sr. Jorge de Lima, "Essa negra Ftilô"; o sr. Cassiano Ricar- 1:lo . '"Martim Cere'l'ê:'; o sr. ' N t ' ' Raul B0p1,>, "Cobra ora o , r- •• • • • • ' ' • .Todos três nacionalistas. mar– cad•amente brasileiros no as– sunfo e na linguagem. O do sr. · Itaul B<}pp, como ête Pr?· prio o explica em ' nota des– ta recente edição; esteve mes– m·o destinado -a aparecer nu-· n,a coleção· "planificada SO? - - ------------ ·»omlngo, 2f> de 01ttub.ro de 1947- .Diretor: PAULO MARANHAO ·• " , , '1 , ' NUM. 48 • .JORNAE DE /CRÍTICA um critério ferozmente bras1- •-- - --·-· • ---- - -- 0 - • • --- --- • - - • --- -.- - - - - - - - - • • -- - - - -- - -- -~-- - - - - • -·- - - - - - - - - • leiro" e que seria a .•~iblio- · po ETA s . D. o _ •M o.' . . DER·. tiquinha Ant topofãgica". A • :ll\nti-opofagia" . comó se sa- be. foi uma das correntes - escola? grupo? tendê.ncia? - .em que• se divld lll o moder– nismo, quando o movimento .herético começou a gerar no seu J)'róprio seio outras tan- 11:as seitas heréticas. como no ôese,nvolvim.ento do protes– tan'f..i smo. Qu,ebrados os tabú!I e· desacatados os aogmas, o p ,rincJ,pio do, livre exame se– ~ clia ássim o .seu processo 1.6- ,igi-co, embora . apa.i;:entemente deJirante: O criado!'. o anima. 'dor, o líder do grupo de ·"An· ~ropofagi!\," foi o s,r. Oswald ae Andrade, e esta era tal– vez a ala mais radical. irre– verente e primitivista -da gera– ção de 192,2. "Antropo'f.agiá" itwe um clube, editou re-vis-. ítas, · espalhou-se em ·mánifes– ll;os e entrevis tas• .Conceituã- 11.o não é fácH. 1> e.lo menos pa– l'á n:iim que nunca per cebi com muita clareza os objeti– vos. os conteudos daqllela:S c orrentes e, téndencias do mo. .dernismo, que aba·recian'l -so- à estilização. A verdade,, po. rém, é que não ine yeio agg– ra ao relê-lo, a mesma im. pressão for te e decisivi,t que senti na primeira leitura há alguns anos pássa.dos. Defei– to do leitor em algum possi:. vel est11do de espírito menoi; P'r0pício? Efeito do tempo sôbre •o gosto E} o interêss.e li– terãrio? Def-eito por ventur a do po'ema. ·sem a r esistência pari:, ·a prova difícil dà se– gunda ou terceira Jeitura? Não sei; e por isso não que– rQ ser opinativo desta vez a r espeito de uma o.bra de t ão visi vel importância. Ali.ás, mesmo que v.iesse a se des– valorizar u.m pouco· como ar· , • 1 , - u • - ALVARO LINS - . - <Esp'ec1a! para a FOLHA DO NORTE) te, co1110 realização literária, ainda assim •ico.bra 'N6rato" não perderia a sua,importân– cia como uma das produções ma:is caracteristicas e repre– sentativas do último movi- • mento modernista. Além dis- so, senti•r-s.e-ã. sempre neste poem·a bizarro e vitalista. un1a imagem de· coisas brasileiras através da vl.~ão expresS\O– nista·de u•m a rtista otiginsilis– simo. Infonnà o sr. Rau:) • A . • 1 1 B0pp que "Cobra Norato" era a principio um li.vro inO'~ fensi.vo para crianças. ReaJ. m·én'te, mesmo nes.ta Ve'rsão definitili-a. êle conserva mui– to do,. encanto e da fantasia de um conto para crianças, com a imaginação e o ritmo interior que apaixonam os seres infal') tis. E não seria o primeiro livro . para srianças com a capacidade de pene-.. tr.a-r e instalar,-se• na li tera.· • • 1 NISMO iura. Nele s.e - misturam his• tória e lenda, ob~ervação Qb· j,etiva e alueinaçi30 poética. um mund:o exist ente e um mundo ima.ginár.io. E' bem um quadro lírico da fantás– tica realidade amazônica. da · realidade no seu duplo sen- tido. Ao lado de "Co.ôra No– ra to", aparecem neste- vo1u. .aje Outros poema$ p,enos e.X.• tensos ao sr. Itaul Bopp. Ao meu ver, dois dêles. se des- 1 ta-cam pela s:ua:-beleza e pelo seu lirismo. Aliás, ness-as pe. !;as menores, sente-se da par– t e . do .P~ta u)i major a~an· dono, uma. maior entre~a d.os seus recu rsos liricos. Urií dê– Ies . ê 1 '~apuia", . canto ' a.. u.ma ~~~~~~s co~it~~lo~~;f!fº it - Quand'õ p,ergüntam 'OTTO MARIA -CARPEAUJC ni.iúlhe.r: ela já é- s.anta' '. mecessários naquele momeri- ' pela min:ha cídad-e natal, (Copyrighr E . S . I :, com exelusividside para a FOLHA no NORTE, Foi un1 homem• qe força to para dar Miiníação aos cootqmo r•espo,nder: neste Estado) . hereú]iea; pa,s-sz.•nd:0 a vi ,q.ia {Próprios autor.es ; provocar "Sou de _Vi ena, sim, se- • nos subfubios , • n·os liospi-' llla direção deles '0 -- inter.êsse n,hoo- ; ;nas, pelo •an)ôr d~ pi{ia. Vie-na, -i,sso tamibém· -op-erá-ri0 que a,c-abou tuber-- tais; nos · as-ilos, un1 gra,nde do, l)Úblic.õ."~ véjó.as tô~às' Deus, não 1n-e fa1em em s ignifiea fábricas de loco- ou1óso no h•oopitail, min,ha trabalha<locr na vinha do epenas com uma vaga simc vals·as n;em em .ps icanáli- mo,tivas e motores, refina- má,e-opera·ri,:!I que morreu Sen·hor. ,patia de não participante. O se". • rias de petróleo, carava,nas de fome na sarg.eta". :ii'o- Foi. contemporâneo. de p í:óprio sr. Oswald de An.. • d · ' H · J_ M t ~ th "'Ta- o deº·"onheço os 0 ·n- ·. e teares_, invadind0 os bos- ra,m - par•. a gente nunca ayuu, -ozaT , .1:1ee ov:en drade. entrevistado por um '-' "'- "' !jornal em 1928, ofereceu não cantos d·o ritm,o d•e três qu,es em que ninfas e fau- se esqu,ecer disso - os sin- e Schubert. Lembrand-o-se ,uma, mas várias definições tempos os primeiiros nos campestres d •ançaram dica.tos socialistas de Viena d-esses nomes, qu,em t erá a de "Antropofagia", a primei• comp<l,SS'OS da vals-a mais minuetes <le Mo21art e val- que transforma,ram o ope- cor, ag.em de afirmar que a ta das quais era esta: "A An- banal serão capazes de ce- sas dJe Schubert. Enitão. os rário a,vi:ltaõlo em .criatuira músi:ca de Viena seja a val• rtropofa,g!a é o culto à estéti. m,over, po.r úm ins·tante, v.elhos subúrbios, cenas da humana, iligna enfim de sa? A Criaç.ão, o Requiem, a -ca instintiva da Terra Nova"· qualquer vienense que pre- comédia, populaT, transfoT- 1?overnar • a v·elha ci,dadie Missa Sollemr.is, o "lied". .Tanto quanto é p ossível iden- " 1 A M' • d s h b rt tificar uma- obra realizada, tende viver e )norar longe mar am- se em . s ums~•; nem d os imp€ra<l-OT>es. C1dade us1ca e c µ e su- que é sempre particular · e da sua terra. E ni,n~uem- na Londres de 18.40, a mi- do trabalho. Até os santos i;rerem conceito di.f-ere<nte . !Pessoal na sua fisionomia. d-esprezara a geni,alida,de séria e o abandono eram de Viena são traba,lha<lo- O E x u l t a t e jubilate com uma doutrina estética, do velho médieo que so- maiores. Um operáTio vie- - res. O santo Clen1ente Ma- d-e Mozairt, se tem ri,tmo de o;ue é geral e abstrata na sua f.r:eu horrores por ter de;;- nense que se revelou gran- ria Hoffbauer, que a Igre- dança, é mesmo uma valsa lfe1rmulacão. podemos. dizer coberto os horrores no fun- de paet;,, A1phons Petioldt , ja Universal eomemora no dos anjos. Can.ções popu– oue "Cobra Norato" repre.., do das nossas almas. Mas conteu tudo isso no seu J.i - dia 15 de maa·ço, apresenta lar,es nas q,u~is canta,m os senta excelentemente O gru- não é tudo. A psicologia da vro die memóri.a5. "A vida vários traços dos burlescos anjos da i,n,gênua i'magina- po "Antropofa,gia" pelo que d " - f a'evela de· "culto à estética cídad:e. às mairgens do ur a , corr,eça.ndo assim; monjes PoPUlé<res do Bar- ;ao do povo, orn•eceram Bnstintiva da Terra Nova" na D a,núbio Azul, não se res,u- "Hoj-e, minha v1da, é 1im- roco. Certa vez, quando· textos paira os côros <}as dnspiração, ~ó tema e na lin- me em alguns t ê r m o s pa como a fôlha branca na uma, senhora, confessa:riido- imensas sinfonias d ê s s e guagem. peseud'.o-cíentifircos já usa- q u a l p!'eten,do escreve_r, se. afirmou nãc ter pecado, músico de intelectualismo Agora. cêrca de vinte anos d•os p~lcs ca.ÍJ (!eiros~viagan- mas está _escurecida pelas o s 1 anito chélmou o sacristão: requintado ' aue · foi Gu,stav íiepois de elaborado. aparece tes e 'os "s,p,eak-ers" de rá- duas sombras qu.e caem "Tira do a1tar o Santo .An- Ma,hl,er, o úl<titno dos .e:ra,n – ~m nova edição. feita. na Eu- dio em tôda a parte; e o em cima do papel, _meu pai- tônio e bota em ci-ma esta <les con1;positores de Viena. ropa, o poema do sr . Raul - Êl b' 'Bopp, que na -o-i<{a literá•ria Danúbio nao é a.zu1, na --- 1 ,e tam . em personagem - ·, · verd~ ->1e, e s1·ro ..--.,•e-su1·0., · - •-•-----~- _meio fantástica., meio bur- da nova geraçao Ja se 1a t o:r- ª"" vtuu . .nando mais citado do que um rio pr~saico que corre 1-esca , fanático da 7:1{)sica, ;n:,ropriameT).te lido. <2> Vê-se en,tre chaminés e teurenos ' do qual se co.nta,m tnume- aqui, aliás. um cur loso con- bald,ios, longe das igrejas ras an•ed·otas 'Cliv-ertidas, co- ,t,raste. que assenta muito _e-óticas e paláci,os barroeos mo êle. chefe de orquestra, ~em à pe-rsonalidade enig· do centro. Vi:ena é cidade para, dar fôrça a um "sfor- Jll)ática e complexa do sr. d b Ih - .., " t ., b \Raul Bopp: esle poema pri- e tra a o. -•-•-.. ________ zaullUO , es enu-eiu os ,r~ços o:nitivista, representação do Aq,,uí sabem disso pr_inci- 1 com tan.to ím,peto que jo- ·pa,lm·ente os me'dic=. - vie- (ESPECIAL P~ A "FOLHA DO NORTE") go•u no abismo da oraues- :mundo amazônico, surge nu- v.o o:na edição l uxuosa e requin- na já f oi . a Meca deles. D b I tra a cantôra ao seu lado; tada. impres.so nas oficinas Uma rua die Viena, no esço O arrt;1nco amare O c<omo esbofeteou os meni- :gráficas de uma casa de Zu- bai1rro dos edifícios un•iver- os passos vagarosos prolongando a ansia de dez n-OS rebeldes que executa- ll'ich fundada em 1519! Con- ;itários. imorta~iza o nom.e . (anos de espera. ra,m, sob a sua direção, os traste que prolonga o outro ~'O professor Skoda, funda- memoráveis concêPtos de tde ser um gaúcho O poeta que dor da clinica moderna. A,.nda e·sta' ali-velho e imo'vel-o Larco .onde . música eclesiástica, na pe- tão apaixonadamente sentiu F 1D · l d e tão regionalmente cantou oi êle que rompeu com as [eu brincava de marinheiro O'Ue-na ca~la particu ar o alguns aspectoll da paisagem teoria<S · fantásticas dos mé- Paço Imperial; outra vez, e do homem da Amazônia, dicos do seu tempo sen.ta, n- desalianllo os pássaros. -para· marca,r um "piano", tornando-se assim um ponto do-se perto da cama do do- A mesma paisagem azul enchendo o lim da abaixou-se .;,•o ponto dre de- sentimental de ligação ent(e enite, obse·rvando cetica- [praia. sa,pare-cer por completo. o extremo- Flotte e o extremo mente, lemb•rao,,do o aforis - .O mesmo vento abr,·ndo ve7las. Muitas die.s-sas anedotas fo- sul. E eis como o sr. Raul mo de Hipocrates. "A vida ,;am inventadas pelos músi- Bopp explicou'.· êle próprio, 0 é br-eve, a arte é longa, a cos, v,ifl1gan.<lo-se <las noites sentido ' de "Cobr.a Norato": B · na p o verd e· e mo to ocaisião é tugitiva, a ex;pe- o,a . es uma e P ,x r Jntà-;n.áveis de ensaios . ..Para mim vale como a tra- = "" gédia da maleita. cocaina riiên,cia é fa1az, o . julgan1en- e as crianças riem das ondas destruindo cas- 100. 120, 150 ensaios para am-azônica. ~u quei:o é a fi. to é dificil". Pensando nis- [telos. 00111segui•r 1,1ma represenita- lha da. ra-inha Lu-zia. Ob- so tTaba,lharam os grandes -Oh! Espelho de minha inlancia sem f'etorno! ção perfcei,ta de Moz ;a.rt ·o,u sessão sexual. Druidica. Eso- _ clínicos e ci-ruTgiões vie- Wa,gne•r, de um·a perfeição t érica. Tem o ar de u·m livro nie:Ó:s·es obe-d'eee·ndo sem1>re nunca antes soniha<la·. Mah- de criança. Quente e colori- apena; a uma norma que Na pedra as á~!las não apagaram o nome da l,er era um ·fanático do tra- do. ~as no fu~do representa o maior en-tre eles Notna- [primeira Amada balJ10. a ;1111nha trag~d1a das febres". ct l f . -la . ,.. l,s, - m b d lôd Mas o i·=. ulta .,o?. Os so- L a, o poeta viu "o mato e as .,e, ormu ra. 0 u - agora co erto e o, ~"' ..., e s t r e 1 a s conversan- bom homem pode ser bom mas as árvores ,ecu9ram até à beira da estrada. nhos <le perfeição artistica, do em voz baixa" e ouviu médico". Afirmam que em dePois <l'o esplendor feérico "aquelas Mil e Uma Noites Be1'1im se vive para traba- e as gaiyotas se multiplicaram . . d;e u•ma ~~ser.tação na tapuias". Daí surgiu "Cobra Thal!' e em Vie.na se tr>aba- \ ópe:ra Impe,ria,l, acaba,ram N°r!'!-to". . • Ilha pa;ra viver e é isso Contemplativo, arranco a camisa branca nesta mesma n·oite. Só fi-. entªAo!en;: ~e~~;~ ªN~~i~e mesmo . Trabalh?, o5im, mas e corro feliz, os pés descalços tocando na areia cam r-eminis-cênciais. Até o e fi-co assim sem poder com- traba11?_o human1z~do. ~ra- · ._ ' t . (molhada can<f:-0 ]itúrr,i:!ioo. tni111,terr,up- pará-lo cvm êste novo tex- ças a esse ~u;man1smo ma~o to desde há séculos. na at- to que me pareceu bastante a velha c1da>de co~egu1u e me entrego ao Mar! m.os :l'era espa.nho1a da cape- ,nodificado. Sem dúvida , mo- v-ep(!er as desuman1,dades la ,cJio 'Paço Imperial ~tos "-ificado para :melhor (;lUg"' ~P, uma Ul<lU~trializaçáo Iá• ~ ;. o N s o R o e H A i C.011r.l11e 11,Q 1. 0 .,.... ) • ' 1 ' 1' indígena, que assim 1 e,mbrança: "flor selvagem" se fixa na nossa . - •o vento desarrumou os teus cabelois sol tos e modela um vestido .na inti~ midade dô teu corpo exato". Quanto ao outro. êste me pa'.rec-e que é. a obra-prima do sr. Raul Bopp: o poema "Serra do Balalâo" - uma história de crime, mistério e assombração genuinamente brasileira. O sr. Cassiano Ric.irdo lide– rou, no movimento modernis· ta o chamado grupo "'\Terde- ' . amarele(', de que o· seu poema "!vla•rfim Cererê" é uma ex– p ressão representa:tiva. C?mo o. se~ .título indicá, a. t'en-àên– cJa- â,o grupo era· çle exaltação patriótica, de dedicação a um eulto de brasHidade. O sr. Cas– siano Ricardo não foi u.m mo– deinist-a\ da primeii;a hora; à rnanetra dõ -sr, Jorge ·de Lima, êle cultivou o parnasi<1nismo, denh·o do qual escreveu os seus primeiros. versos. iqt'lusi:.. ve numerosos sonetos, alg,;ins deles reeditados no iirimeiro volum-e de suas "Pces:as Completas". Ambos pass:ara1n - usando de uma exp•essão emp1~egada 'pelo sr . Carlos D'rummond de A p'draçle nu– ma \crôri.ica de 1925 - ' 'pelo serv.iço miUtar da n1étr ica". Depois de ter cantado, em 3onêto. a morte de Pa1J: • "Não s,,ei qve mai.or oem ·en– tressoüho e press;nto: se o mundo ,cheio de ais, ch-0• ràndo um deus extinto, extravassan·do a dor que ,den– tro. em si não caiba ou se a morte de quem, no mais ftindo desterro . em' cada son·ho morto as.!;istà ao p·r.óprio entêr.to nà glória· de morrer sem que hio,g.uém o saiba ... " - ·o sr, Cássiaóo Ricardo lan– çava também a sua profíssão de fé 1nodernista: en1 "Vamos éll--çar 'papagaios". uma espécie de manifesto en1 vêrs-os, qtre nos faz lembrar imediata.meu. te o jã histórico "Poética" do sr. Manuel Bandei'ra. Naque– les versos anárquicos (e t-a-ín. bém p , osaicos) já se percebia a tendência ultra-nacionalista do sr: Cassiano Ricardo: "Abai,xo os que copiam tudo o que ê "is~o" da estranja. Ou só descobrem o Brasil em la "rue de la Paix''. Abaixo os que pedem descul– pas 1 Portugal, toda a vez que em– pregam um brasileirismo, cheio de sol! Abaixo os que querem meter no caixão de defunto do clás- sico · o Brasil que ainda brinca com as borboletas à margenJ â os ' r ios!" ' ' Assim. com êste est ado·de es~ pirito. escreveu o seu "M-arti.m Cererê". Êste poema está sem ' dúvida prejudicado· estetica– mente pelo seu carãter de ar– te interessada, muito ligado a ce'rtos ideais PO\lCo consisten. tes tanto do autor como da época. Existe, no decorrer de todas as suas páginas, uma atmosfera abafante de napio– nalismo e patriotismo, que não se aj us t~ à realização li– terária do poema. Pessoal• mente. O· sr. Cassiano Ricardo podi!!, estar sentindo com a maior sinceridade os seus te– mas de brasílidade, mas não os sentia devidamente na o'.r– dem J:>Oética para a corres– pondente estruturação l!.rtís– tica. Daí a forma pro$aica de páginas .e página.s do "Mar– tim Cererê'', que chega a su– focar a espontânea e legíti; ma poes,ia de alguma·s outras. Vejam-se, por . exemplo. os versos magníficos cóm que o poéta desC'reve o sertão e ,aqueles em que traça o qua. clro' admirável de uma ban. deil"a, São das melhores pá• gin.as dêste livro desigual. Quanto à forma, o poema aprésenta muita riqueza de ritmos: sendo de grande va.• riedade métrica, composto ao. -mesmo tempo (:OID versos de metro e rima regulares e com versos livres. E sejam quais :forem os seus defeitos e de:bi. ciên.cia:s; é incontestával o seu valor; a sua signdfica~ão, a ~ua im.portân<!ia dentro do modernismo, no que vem sen. do compreendido pelo publi– co, como se verifica na cir-

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