Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• • 1 • - - - Jardins De Yista E De Cheiro Conversas De Meninos ' - - - - CECILIA MEIRELB - - - - - - - CYRO DOS ANJOS • . • (Copyright E. S. L com exclusividade para, DO NORTE, mste Estado), a FOLHA _, RIO-::Po escritório, ouço P~rcebo a manha d~ ga- meu f 1 lho oonversar na rôto. Lança mão dó meu girade do jardim, com duas ~rofessoras da escola infa-- nome para se descartar da til próxima. 'U4 professora. Há vários dias que uma Ela_ acha engraçada a· ex• delu tenta conquistar a pressao: cria.turinha rebeld·e. c~"e• . - Maria Eudóxia, o ga- v""' il'Otinho disse "dana" ou- gwu avançar um pouco vistef . • diesta vez: ' - Tu goschtasch de mim Mar ia Eudóxia, que, com mineirinho? pergunta-lhe • ~~~~~:•: andou por Minas, com for te acento carioca. ' _ Quer dizer que O pai - Gosto. • se zanga. - Que jeitinho bo.nito êle A outra ,:i, e insiste: tem, de falar, hein, Mai"ia - E, se eu pedir a teu Eudóxia? . exclama, para a pai, tu vais comigo? companheira. Os ·mineiros O pequeno sentiu-se mo– •p izem gósto, e pareee que mentaneamente, em di.ficul– sabem gosta-r de verdade. dad,es, mas, depois de , pe- 0 .. 's" sibilante é 'to . mu1 quena pausa,respon-d'eu com m;us cari,nhoso que o nosso a_secura de q.ue as cr ianças "s" chiante não achas? sao capazes: · Maria Eudóxia conco~d-a . N- E • · E , . - ao. u quero e b r.tn - • !latu_ralmente, ret'eve a ca11 -com o Pedr o. expl1caçao erudita da outra para aiplicá-la em ocasiã~ adequada. A primeira co:ntinúa: professora - Vainos dar uma volti- nha na_ praça, mineirinho? - Nao. - Por que? - Papai dana-. • .* . A A o ** nton10 Joaquim, que tem três anos , foge para a casa do vizinho, e, lá che– gando, sua primeira provi– dência é fechar tôdas as po.11tas. · A senhora, com quem já. travou . car,;aradagem, per– gunta-lhe por que fa?, isto. O pequeno explica: R ita, a babá, vinha atrás dele. E co.nclui: «Essa Rita é i-m– possível". De outra, vez, chegando à casa do vizinho d epois do almôço, pe,rgunta,m-lhe, de brincad eira, se quer uma x ícara de c,.fé. .,;- Nã-0, respo,nde, mas aceito um cigarrinho ... * Explicação i -~e minha .so- br inha Ivan.a deu à sua irmã Virgínia: -:- Saco é um copo de pa– no, sem asa. * ** Márcia gostava m uito d e romãs, e n ão podia com– preen<i-er que alguém dei– x asse de com.partilhar sua predileção. Um dia, em Belo Hori– zonte, veio correndo pll;r-a mim. com 'Uma ·braçada de romãs, colhidas na romeira de nosso quintal, que vivia sempr e carregada. Gri– t ou: • - Papai, toma ! umas lindas 1 Tem Percebi o seu desaponta• mento. Mais tairde, interpe– lou a mãe: - A senhora não dizia - . . q,ue papa.i. era romancis- ta? Dito intenciona.lmen:te, o troeadilho teria sido detes– tável. Mas, aos cinco anos, Máreia não poderia fazer ta-1 jôgo de 1>alavra~ E i~orava o qu.e fôsse r oman– cé. O importante ' er am a, romãs: • / Há tempos, o escritor Aníbal Machadó contou-me esta, de uma de suas garo- tinhas• · • Co_m a baixa da corrente eléb.'ica, a luz da lâmpada do quar to se extinguia, aos poucos. A garotinha exclam:a,: - Pa,pai; o quarto está murchando! Exclamaç:..o que propor• oionat ia um tema para pin– tor es expressionistas ..• \ Adverti ao pequeno à3 vizinhança,, que ve1n sem– pre .à nossa casa, e, à~ ve– zes, mexe nos meus livros: -Está vendo aquele pas✓ sarinho ali-1 (digo- lhe, mos• trando um pássaro de me– tal, que serve de. pêso para papéis). Se você b ulir nas estantes, o passarinho me conta, tudo ... À ~r<le, quando vol tei para casa, não notei indí– cios- de i,ncursão dos garotos no escrit9rio. Em toào o caso, d-ig'o ao menino. - Olhe, -0 pa6sari:nho m.c contou qu e você mexeu na• quele livro de figuras. - Q ue passai;inho m.ais mentiroso! exclamou o pe queno, revoita<to. * ** .A.ntoni-0 J Oa-q.U i-Tn me anuncia-:- - Papai, está aí u·ma "<lona", querendo falar com o senhor. A pal_avra "dona" usada à maneira arca-lizante, co– mo em l\.lin as, e o trata– mento resp eitoso de "Se– nhor" transpoi;tam-se ao sertão e à infância . . . de Continuação da mt. l'ag. ----- - Guarde pa-ra você, mi– nha filha. Não gosto. F.ormosa província Mi,na:;;, tu ce prolongas na fala de meus filhos ! . Os gra?,des pr:>prietários. que lid1erava·m a 1't!volução. e tmh_am interesse nela, influencia,dos f)ela mentalidade her-0ada do colef[a jesuita (auem estabe1eceu a gra,nde p ro_priedade, o lfitifu,ndio no Pará. no· Brasil, foi o j esuíta), os l!randes proprietários viram-se, de súbito, lutando em d -uas fr-entes. Confra o comércio escravizador da indicada ' e a p-arte do comércio já infensa a essa, escravização, mas temerosa das consequências imorevisiveis do mci~,iJnento, e ao mesmo temp.J contra os filhcs ,dos comerciantes já ligados à· incipiente indústria nascente, men1bros da ~1- çonaria, ou aceitando, do la-do de fora, o seu espírito já deseJiJndo aquelas consequências temi-das por seus -pa!s– ou sejam. proclama·çã.o da' Reoública, abolição da escrava– tura negra, enfim, instauração do regirne democrátir.o burguês no Brâsil (o movimento não era isolado) e a•os ouais se ligavam os -escravos negros (qual era o deles?), os próprios índios. alguns foreiros, alguns pequenos pro– pri ., tários. os filhos destes e alguns padres. O grande proprietário rural - sabe-se - era e.entra a escravização da mai:sa tapuia sob o pretexto de que o ca– tecúrneno submetido à eEcravidão no mister agrícola não dava o rendimento. pronorcionado pelo nubio. Não lhe falassem, portanto, em liberação daquele tão precioso ma– tet·ial humano. Os filhos desses grandes proprietários ru– rrais. conquanto nunca tivessem combatido consequente– mente o estado de cousas semi- feudal em nossa lavoura. haveriam de se insurgir mais tarde, por mero sentiJnen– talismo, contra a escravidão do bruto da A.f:rica, tanto •como seus pais se hé\viam rebelado contra a escravidão ,do bruto da America. Um exemplo desse tipq, no Brasil, va- • mos enconlrar em Joaquim Nabuco_ A tendência -::le Patroni e de seu admirável cou.tinua– do1 'Tonsurado - Bnt;sta Campos 1 - era-, como a dos n1a– nos Vasconcelos. evidentemente, para u ltrapassar o ciclo feudal d.esejado pelos senhor es de terras. Está vi:,t-0 que, naquele tempo, as <'Cndicões não estavam maduras, con– quanto as contradições já fossem agudas. por força da si– tuação mundial, à qual nii'o poderíamos fica,r inàifere.ntes. O que é certo é que Pa:troni e Batista Campos prepara– :ram a Revolta dos Es,~ravos, Batist:i Cam,pos chegou a pa:·tiriipar dela f! a ~;.,.;P'i -lR, r>i"c; ~mhos se no1.a,bilizaram, -4:ambérn, por suas ic.é:as avançadi.s3i:ma•3, e, porisso, en◄ \ Esquema, ·oa Evolução Da , Socieda_de Paraense traram muitas vezes em choque com seus próprios cc1n– pa,nheiros de luta. Ree-iste-se e, ue Patroni er2 filho de alferes agricul– tor no Rio Acará e estuliiante. Ba!istà Campos tambérn filho de agriculto:· acáraense e sa-cerdote preterido nas promocões. Anota-SE' que sua no1neação de arcipreste foi recebida de 1ná sombra pelo bispo_ Foi Patroni quem organ)zou o n1ovimento de Ja,nei – ro de 1821 de ades-ão a,o 1novim,ento liberal do Porto, No entanto, não pertenceu à Junta que se constituiu com ;:;, vitória do movin1ento. "Para presidir o govêrno revolucio– nário foi escolhido uni .ele1nento "1noderado", diz-nos q historiador Artur Cesar Ferreira Reis. Esse element-0 "m-o– dera-do" - era, já se vê, um padre, o vigario geral Ro– n,ualdo Antonio c':e Seixas. Os demais membros da Junta /afinavan1, aliás, por igual <liaipasão. bs revolucionários, muit-0 avançados. fica,ram do la<lt_de fora. ·Tsso não aco•n– teceu uma vez, ne1n duas vezel; mas todas , as vez,es - e-orno diria Machado d,e Assis. Não foi, evidentemente, por acaso. Mas não foi também por acaso que ao lado do co- 1nerciante Francis:;<> Gonçalves Lima já figurassem dois proprietários agrícolas-João da Fonseca F r6itas. e José Rodrigues de Castro Góis. Pocrisso a Junta foi revolucio– nária. Revo1ucionári.a feudal. Dond·e ter s~do n ,e-cessário afasta,r dela elerncntos que tent assie1n leval' o me>vimento até consequências que não estivessetn no programa feu– dal. O revolucionario ava,nç.ado, democrático burguês _– Patroni - co1no era natural - não ficou satisfeito. En– t rou a aJtita;r-se, fur<lo-u um j_Qrnal, pregou a Abolicão e a R,epública, a liberdade dos negtos e a igualm~nte abso– luta entre os homens, e os acontecin1entos o levara1n a ser -aeP.ortado para Lisbôa. Aí cessa a sua atuaçá-0. Mas teve sucessor. continua– dor à altura- Batista Campos. Ba-tis-ta Campos lev.a,riia, a ' luta além da independência através da .ma.lograda adé– sâo à República do Equador até à Cabanagem. quando morreria estupidamente de uma espinha infeocionad,a. Seu ideal era evidentemente o republicano. Chegou a negll't· o o seu apoio á Republica do Equador, mas o fez co1n o fi1n dé escapar às terl'iveis consequências a que esta.,va sujeite quem se declarasse republicano, entre nós. naquela epoca. Era o m•esmo que se con;fessar comunista há çi.ez ano~ atrás . . D.ai suceder a, Batista Ca1npos o mesmo que sucede.u a Patroni. Conquanto tivesse lutado pela Inde,pendencia. se sa– cri:Eica/1. o por ela, quando a n1esma ,vitoriou pusera1n-no à ma•rg'em. E' que ele q1.1etia levar o moviinento às ru:i.s ultilna,s consequ,encias, o_que não convinha aos etemen– tos revolucionários ' 1 moderados" da Provincia e ao capit.al inglês colonizador, todos interessados no ciclo feudal a instaurar. Dai ter Batista Can1pos atritado con1 o proprio bispo d. Romualdo Coelho. Os dois parentes Romualdos. tio ~ sobrinho, o, bisipo d . Romualdo d•e Sousa Coêlho e o viga– rio geral Ro1nu.ala_o Antonio çe Seixa,s, fo.r:a,m rep1•esen– tantes perf.ei ;tos e acaba-dos da Ol'den1 sem1-feu,d,a'1 entrr , nos. . O tio preservou · grande1nente a,quela orden1 e te– meu-lhe pela vida como um pai. Freci,u, amorteceu qu3;n– to pôde, a atividaqc cabana. Fazia-.o em non1e dos prin– cípios de moderação. .Ele era un1 d~s c11an1~dos "~odera• dos". É ·estramho que igual n1oderaçao nao tivesse Lido pa– ra com a m,içonaria. O seu espirito de 1no,deração, de pru– <lencia era s·ó no s<c·ntido de iinpe;pir qúe a aventura c..– ba,na pu<lesse eo,nduzir à república, à li ~ertação.do a.!ri– cano. ·Como ele se atirou contra o republicano fr~n Z?-Jºl~, partidário da libei;tação <los escr~vos, valente, cons•c1enc:it libertar~-a entusiasta da Revoluçao Fr.ancesal O so-b1·1- nho Rom~taldo de Seixas, d.a, Bahia, man-dava conseU1os aos Cabanos pa.ra que s,e rendessem. . . Nas eleições de 17 de Ag-osto de, 1823 os par!i<iar1~s <l.e Batista Carnipos riscaram o nome ae d. Romualao Coe• lho < .l.as <-edulas. não por<1ue ele foss·e "mod-era•do". m~~ porque já era "mo,derado" dernais. "Os m,ode-1'?.•dos•:- Já Conclne na 2."' P.agtna .,

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