Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

• • 2.ª Página\ 1 i i E d r CC:::hni . • ' l)lltETOll . ·- · 'PAULO MAlfAHHXÓ·,...., toJUENTAÇI.O. J>S · l -dAROI 00 t,µUHHAO • COLABORAl>ORESr - Alvarc, (,lna, Alme14a l'lscher, A.urelio Buarque de HoJ.1:a.ndii. Benedito N\lllea, Bruno de ~enuee. CarlOt Drummon4 de A.n.drade. CécJJ Melra, Cléc 6ernàrdó, CJro doe Anjos, Carl011 J!)duardo, li'. faulo J4en+ i:loe, ~toldo 14aranhão. /oio Cond6, .Marquea Rebelo, Ma. o.uel Bandelra, J4u Martillà, .14urllo Mendes. Otto Marta C4rpeaux, Paulo P J•ll!o Abreu, R. ·de Sousa Moura, Roger Bastlde, ftU7 GUllherme - Barata. Sergio MUU~t e Wilson llliarl:Ju•. • (Conolusão da 1,a pãg,) , Para Eliot, a poesia dos velhos poetas confunde-se com a-re. ligião dos velhos poetas. Che. ga a .definir sua posição como "classicista em poesia, monar– quista em política, e anglo. católico em religião". Vive no 1 século .XVII, Prefel'e Dryden ao puri~no Milton. . Seria partidário da monarquia dos Stuarts. Pertence ao anglo. catolicismo, quer d izer, àquela / ala da Igreja Anglicana que, sem aderir ao catolicismo ro. nrano, simpatiza com a litur. gia e o dogma de Roma. Con– tinuando dentro da Igreja na– cional e po~nto cismática, senão herética, os anglo.cató– licos cultiva.m a memória da.s - instituições medievais e dos santos roartires ingleses dos quais o maior é o arcebispo Thomas Beckett q,ue, opondo. se ao tei tirânico, foi assassi- nado na sua própria catedral de Canterbury. E fruto dêsse - - ---- - -- - culto é "Assassínio na Cate. DE CHIRICO CONTRA.AS FôRÇAS OCUL- drar'. Os córos dessa peça de sa. TAS DA PINTURA MODERNA bor litúrgico são de · extraor- dinária beleza: mas o publico e de ond•e descerão certamen- contemporâneo não está acos– te os anjos trombeteiros no dia turoado a apreciar belezas tlzante como o Vitrfolo é , po.. do Ju.lzo Flna-1. Nó primeiro an- poéticas. O forte efe.i to dra. rém, o resto do livro. No pro- da:r um sa iã-o enorme forrado mático da peça reside antes póslto de provar que a chama- de vermelh o com os quadros ·da . (Conclusão da 1.• pãg.) . da pintur.a mode11na não passa sua atual discuttd.lssima fase, a na ant ítese que o próprio ti- • de urna camorra de art istas f>em fase da pintura "no duro". den- tulo exprime. At é o descren te talento e de mercadores sem tro das normas clássicas, a fase moderno, entrando numa ca– escrúpuios, êle não recua dlan- d11 apostasia - desce,u a noite tedral, compreende de iv.anei– t.e d-e nome-3 hoje ééJ.ebres e te- sobre as pad11a.gen9 onde Nietzs- ra vaga o sentido das pala. midos como 0& de Eluard, Bre- ohe e Homero &e encontr-avarn vras bíblicas que servem hoje ton e Arago,n: "Apenas chegado - no segundo, o atelier; no ter- de introit o da tnissa par a a a Paris - escreve ê!e ' - encon- ceiro uma terrasse de. onde se consagração das igrejas: "Ter. trei un,a forte reação de parte tem os melhores espetãcutos das 'b 1 daquele grup0 de d~enerados, quat ro estações sôbre. a pá.tina, r1 i is est locus iste; hie do. de p equenos delin.quentes, de fi- <>" volumes e as linhas da c(• mus· Dei est et porta coeli". lhos de p apal., de 'b(ias-v.ida.s, dade que eu preflro corta,r a A escuridão solene dentro da ~e onanistas e de abúlieos q11e rnão a escrever e.tem.a. floresta. de pilast'ras envolve pompo,samente se haviam auto- De Ch.lrico é controlado de lugar particularmente impró. ba:U1.ado "surrealistas" e f.a.la, va:tn pa,la,vràs e de gestos: quaooo prio pará se cometerem cri– t,a,mbém de "revolução surreQ. êle me revela que suas me.mó- mes. Eis a expressão· estética lista" e ~ ".movimen-to surre.a- rias vão apareeer em francês, de um critério mor al: Está lis ta". Este grupo de ~ndivlduoo expw-g-ades de certc,3 ataques certo assim. A verdade1·ra tra. pouco reeomendáve<is era clhe- pessoais violentos. eu sinto na- fiado l)Or um suposto poeta que quela calma o fmpulslvo, sem- gédia, embO'ra sendo estrutura reo:"'ondla ao n ome d<> Atldré pre em luta para restabeleeer a estét ica, baseia.se sempre em Bretol\ e que tinha como a,ju- justiça, ou pelos menos a pi-e- convicções morais. - tlante de campo um outro pseu- dade. depois <tas suas expansões Com essa observação fica– do-poeta chamado Paul Eluard, provocadoras de mágoas e de mos dentro do programa dêste • m mocetão incolor e ban al, com ódios. Isabela F>.1r é rus.sa, e t d · t · • na r iz torto e uma ca ra entre seu estudo "Consl-cleraçóes sobre es u o: tn erpretar e criticar •I~ onan ista e de cretino mlstl- a pl:ntura mod.ema"·-que eu u O· teatro de Eliot conforme a to" . Dep()is oeste retrat o a ta.mbem antes d.a entre-vis.ta - teoria dramatúrgica do pró. pont-a d0 fog-0, De Ch ir ico en~ não compron.ete.. pelo coutrárto, p'rio Eliot . ~le também aplica ~ra nas a>eusaçõe-31 concretas; A:n- torna pálidos os elogios ao ma- critérios morais aos seus es. :1,·é Breton e a sua ".cliqµe·• h11 rido'. E' uma mwber cullfss!ma, tudos sôbre os dramaturgos l>''am comprado ,por meia dúzia com fdéfas de primeira mã·o e elisa-betia.nos; até ousou cen. de vintenj;, depolis da outra a mesma falta de medo d,? de- surar a inconsistên,cia da fi– "'n ei:r&, 11,um Jeilão, certo· numéro sa.gradar de De CJ:llrlco. Diz O losofia. moral de Shakespeare, J ,i quadros a-bandonados por êle, qu.e pen.sa. rna.s pensa.:.multo an- Oe Chiric.o. num' pequeno es- tes de · dizer. o ·snenci.Q que ro- com.parando-a com a. firmeza t•'•rl io ª"' Monmarnasse, qua:ndo dei.a a sua obrl! indlsicutlvel- do tomista Dante. Mas .· dese. deixnu Paris . o proprietário do mente ~erla, meditada é útil é joso de evitar a confusão· com e-,t úd lo vendeu-os Dara cobra:r consequência dia sua franqueza o esteticismo pseµdo.religioso o; alugueis. atrasados durante bntbal sempre em choque c.om dos pre! rafaelistas e simbolis– <1$ anJos de guerra. Os "surrea- "-3 intere95es constituídos, com ' tas, Eliot che~ a inverter listash - escreve agora êle - os louros e a bo~-a dos homens e-.soe ra,vam assim moi:,ot ,oll.z.ar a dó dia. aquela frase q~ Arnold: "A tnl nha ptntura nretad'f;;1ca . · que De Chirlco foca,tiza o re;fletor - @ J O s natural.mente cltaina•vMn num quadro ca-r.acterist!co da el<>g1ª'1' com calor justamen:te. wsui-reali'~ta". e d~o!s, ~ ;forca sua atual pi.ntu.ra: uma cena da a.q~lo que eu deixei de fazer de recl•,me. de artigos.. e de tOdo "Ili.ada" pintada nos mlnimos e que 85 galerias· ní(o podem um "blu-tf" habilmente organl- de(a,Lhes com o generoso e:mt>re• mais oferec-e-r ·à os amadores-. zado. fazer aquilo aue antes al- go de todo;; os recursos adquiri- At.ora, por exemplo, êles se en– ..uns mei:caditill lia-viam feito dos nas sua,s expe,:ioência.s· em camlçam em achar. maravilhosa ,. t - i minha fase n:i.etaffs,·ca d. esvian– põr C'e'li~, flõ.r va.n Gogh, ca~n~os co;n !."ar oo. µoi- Gaugu!.n e pelo "douail'lier" Entre os abstratos. os sur- do a a tenção do l)úbllco das ex– Row.;seau. isto ~: ve.nder 06' reallsta<s e outros parceiros do Periênci;as extt:_a,~ .licli.na -rias que meus qua,,ir 0 s a preçc,,;o altissl- jâ anctão "bluff" da arte n;tO• venho fazendó .e:rn pleno domi• mo~ e em,hol.sar bom dinhe iro". derna - vai-me dizendo êle - nio d~ minha arte. Os palhaços o "'•c ilndalo dns revelações de pouquíssimos sabem desenho e desfilam diante do meu atelier De Chirícoé"au.e elâs não.pa ,rtem quase nel;\hum resistiria a um ~ando seus tambores p11ra 1e– <le v m "pon:i•pier". dP. UTl') pr~mio exa.me elem-enbar daq.uilo que es- var na cauda do seu grotesco <;lo "S~lon'', ma!/ de um a,pós- pec-Hicamente é. a pintura . Por cortejo aqueles qu-e êles supõetn to!-3 de um pi 11 tor que n Escola sua vez c,3 .e.titicas de a.rte - decidiidos, a entrar para ver ml– de' i>aris constdera-va filho dlle- recrutados entre os ficcion iflta~ nha nova orlentaçã'õ plct6rica. to. pe.1-. men os no 3 dias de re• mais ou menos "ratés"-crla.ram 1: um reeurso pueril. ma,3 não eeber vísitas, de' m~t rar sua •um.a Un1?ua1?em uni.versa! pa,ra foi com puerilidades que se . ar• :torça ao 1n1,;n,do. Quem "estri- ~ seus el;lcritos e d,e tud-o fzla,m mou êsse t re<mendo "ct>miplot" Ia" conhec~ a maJai,d'ragem ãe num artigo. m-enos da pfr1,tura e cont ra a ,vel'dadeira pintura e pôr , 0 <1u,i-~ro. de a rtista modef- do pintor. O inteleetuali""'l'l'> e3'- suá verdadeira escala de valo– no no leil ão do Rotei Orouot e nob ,e va:i,io do '9E!U público e res? Devo dize r-lhes, porém. a de m~ndar alguns ccmvince.n tes dos :falsos pintore;; lhes permi• fim de que sofram mais :um ''l;C$ta 1 de ferro" êli~ utá-io pa- te êsse exetcicío u·~e:á: io à ctis-..-.Pº~!~º• qu 'Ê amador~s de ~u1tos ra Hnpres~:tonai:' o "snob" ame- · .ta. do,qual êl".'5 gra:nJe1.am a ad- p::1:1"es es_tao co.mpran.d:o· d1reta– rLca,n , d iim'>.Sto a se tornar "en- m1ra('.ao dos 1mbec1·3 e a prote• m-ente nunhas obras. passandG– tef],dido" de arl:e e ~ empregar ctio dir_éta ou i11direfa dos ast i1• ao la, 7 ·g~ da caan~rllha. p_eáante l:íem 0 , S<!" S ci>hres. Quem acü- tos ·mercadores de quadl'os , Urn d~ . orient;1,,:J o1·~ art:»t\006 e sa sn.be como saem os ,.,artigos pi,nior a•utêntico quando eon- dos 1nter'!1~dl~n ~ despeltados. do.- gran.des critjco.s nas revistas fro~ os dl <ters?~ ji.,.i'l:es d°? lu- M~us nef oc,oo vao be_m. e _eu Ju;ruo!;as de a,rte sitborn 3 das pe- mlna.re.s da c ritica_ in ternac1on:al sei qu~ isso deve dana~los a1n– los mercadores; poderia vendà r sobre :,rua e:,qJOS!c~"º· solta f?ar- d~ maqs do que a quahdade da oi; p) hos e ir toca-r dJreitinho. l'!Sl:had·as diante _de_ ta,nta char- m,r,h• _ r,i,,tura '!_tual. um;1 a um,i. t<Xlas as chagas dà J.ataolce e ignoi;an.c1a . E~te qua- _- Re:.uma. entao, sua lmpres– dl2obôlica orga¾uzação de glórias d~o - por ex-empln - diante ~o sao ~õb:e a pin tura rn.odema . e -d ,;, p,-eços . Por q1,1e n~o fhe c:,u:,l um desses gên!os para r ia -:-'É s imples: um conto do -:i· ~espo.r;rdem? Por que níio des- t rinta se,gundo<:, seria b M,1;ante gáno do 9ual ~ vitimas n~c rne]\tem-? par a fo~er-1he ,-vi:J,te mil PJ:' poden, queixar-se ~rq~re fora,!'1 As memórias de .De Çh!ríco lavras de pe-d,ant,smo.. confusao cun~oh~es com sua irre!lexao são aS';;im: pasc,,am de uma da- e depravação arti·stica. O cri- a,qtusdtiva. . cO:m sua .boa f .~ sem que:Ja·~ sua.s vi$ÕE?s: m,etafisMas, t ico i r,tu,iti\>o sem estudo e sem ~ nece;,~na des<:o~ft'!)nçs. e s sa oride Niet:zsthe e Romero. &e en- ti,midtz, montando a;p.enas num d.esconf,anç~ autonzàd; por sé– contrarn na se:renidaqc das pai- ''argot" pictórico inc<?nseouen~e cll:!oo d.e p.Jntura ': ae critica sa,gens sem épooa e sem Baedec- e num código hermético de p1- ido;>eas, Mas os dias da burI:a ker. pa.ra um libelo ácjdo e i.rn • tonisa histérica. é o animado r esta0 coi;tados. Os falsos P)n• piedf.'So, E de quando em quan- núme;ro um dessa legião dê ~o- tores e$tao nu~ bêco, repetin– de ele aind,i abre •um parênte• bres su~adores de teras e de-;-- dó sua, p0bres 1nvençoeS<. e um se para duvidar da lntelig,!ncia se com.érclo hnundó de falsa "clown·• ~o!": o ê-<sse Salvad;or dos leitores modern'O<S, P'(l1'a re- •artie, -;ni 11. º. a.ní1-p111tor por e ,xcelenci.ll . a,fltn1a,t que se con-.;idera um O reCJ;etor ilurn!na tin,, ~ottt- e Qbr,g-a,d(5 a vender se\JS qua– homem extl'ao~diná rio e parà Te- vel auto-retrato de De Chinco dros dando saltos mortais. e d 1- p etir que sua $posa - a ~ cri- em rou!'>~"' d e C'ava-lheiro do sé- ·~nd.o os preços de ca~eça para tor•à Isa-bela Fàr - p-0de como culo XVI{, De Chlr!C'o tez ul- baixo. O publico . e-~ta desco– n ln1,'llétn "ju1~a-r logo ii primei- 1Jlman1ente numerósos a,uto-re- br indo o jogo, e a1 dos malan- 1·a vi-sta. tanto ns qualidades tratos, todos em costu.m~ antt,. dres quando todo o jogo for des– qu;lnto O!I defeitos de um qua- POS - êlc acha que a roupa mo. coberto! d r<>'' . derna. até a roupa m<>dern!I ti-ra Continuo a ver ciuadros . De Glorgto De Ch:írico mor:a na a dlguidad·c dos seus auto- re- Chirico trabalha seis horas por Pla-zqa di Spa&'l}a, n. 31. Quase tr.atos - ou então nú. $eu au- dia. todos O?, dias. Isahela .Far p arede e tneia com a sua. ~rã .a 1:Q,ret1'ltto n\1Zinho em pt;,lo. , co- aux:!lla -o .!J!utto iias pe,qtusas. casa onde viveu. S'e1K últilnos n1c;, Deus "I fe,7'. mas ~n,;; se.s~n- ce>m 'f\la vis~o r e.belde a qUalquE;r :n~'Sés .o poet.i John ~ -eats. ta anos <toe.,01s ne fp1 t_o, an<iou r,n!OP \il.. se!3t11nent a) . Ne,i;l'.'as . .se.is J.VI.als para den'tro, Trinitá del -pelos jqrna:s fazett.d,o enorme hnt_as mu,.tqs . dos seus d ~.fetos '.i.Vtonti ao alto daquela e;,-cad.a• e'S<"ilnd~lo . P•lãn no• c~.fes &studand·o o mo– l'Ja irrtens.a que a gento embo- Um do,s.. :11·d.i'& ?o,s ve!h:tC'~. i~- "'"' de rPpetir l.lind-i ,"ttO o De ;9, iasta sobe sem Càinsar - fnl. r1t~<I·"~ "~)~ m,n1,3 stneer>>da<:le C'h·nc" di> 1'a~ meta,(1sic-a foi o ~tJ.-gr-e' 1:'·"tl" !lecun~'irlo. ne,;ta !.. ~1.., :'.11~~•.. ~~1utn.. ~:?,;,he~: ~!'.\:::.ft'i Otirico... o grande De • • • • • __ ./1:>omfngô~ 11' di õufübro ae 1947. ..:::::::...._ . ·- - . nossa literatura. é sucedâneo servar a indigna:cão moral doxi'a, _de qualquer c;utro é h~ .. da religião; até a nossa reli- que prc>vocaram igualmente terodoxia". . gião não é outra coisa';. O au. em jansenistas e jesuítas. :ts. O ortodoxo Eliot é heter~ · têntlco drattla _poético, a tra. tes críti,cos' não teriam porém doxo com respéito à .civiliza. gédia, precisa• porém de con- objetado à "Reunião de Fa. ção moderna; dai o modernis. vieções morais, firmemente m ilia". E liot não apresenta a mo ántimoderno da sua poe.. baseadas em . convicções reli- revolta e sim a submissão à sia, detestada, justamente pe.' giosas, comuns do dramaturgo lei divina. Dai não há na sua los conserva.dores e idolatra– e do público, porque só assim peça, nem conflito dramático da pela mocidade radical. Por se sente· e comp'reende a gra. nem derrota trágica, "Reu. tsso, o aníL.individuaHsta l!:liot vidade dos conflitos trágicos nião de' Familia" não satisfaz é , no fundo, individualista– que são sempre conflitos mo- às exigências da teoria. drama- ~acas à sua atitude de opo– rais. Af reside .;:.. acha Eliot túrgica. Em compensação ó sição contra a civiliza,cão mo.; - a fraque2a, do teatro ellsa- dramaturgo satisfaz ou pre. derna; dai o seu isolamento -b etiano e do teatro de Ibsen, tende satisfazer às exigências em face do p(iblico, dai o ca- são expressões do individualis. da <:>rtodoxia:. ráter poético mas livresco - mo que se opõem. por defi. 1 Eliof já teve a coragem de dir-se-ia, vitoriano - do sett nição, aos critérios morais da de.nunciar a fraqueza filosó- teatro. Os vocábulos religio– eomunidade, considerando-os f ica de Shakespeare; entrin- sos no teatro de E-liot não são como convenções obso.letas. cheirando~se atrás da ortodo- expressões de uma fé comum Grande tragédia rol a dos gre. xia tomista de Dante. Depois, dt; ' dr,amaturg,ó e do público; gos que acreditavam nos deu. no volume "After Strange têm apenas a mesma função ses, foi a dos franceses do sé. Gods", dirigi1,1 ataques vio- das citações e alusões eruditas culo XVII que acreditavam lentos contra Hardy Lawren. na sua poesia. São expressões em Deus e El Rey. Eis a teo. ce e Shaw porque .todos êles, de um grande poeta - isto é ria dramatúrgica de Eliot, ex. • negando o pecado original. se- verdade - roas nãp é por isso posta num estudo de. 1928; dai riam "heterodoxos". Eliot que impressionam o público já se sabe que Eliot escreverá chega a considerar como "he. de Londres, Paris, Zurich. uma trà-gécUa classicista de te.rodoxa" a literatura :m.oder- Ant~s têm o efefto que a es.. fundo mor.a!. Como 11.ssunto. na inteira, êste mero sucedâ- curidão solene entre 11s pilas. tomará o da "Orestia" de Es- neo da religião". Por que? tras de· uma catedral gót i~ quilo: a c.ulpa que pesa sô. Porque 11ega o fundamento da sugere vagamente aos descren• bre uma família clamando religião cristã, o dogma do te·s: "Tel"ribilis est locus iste; por expiação; a culpa porén, pecado original, Dante. ·êste hic domus Dei est et pol·tà. não será êste · 011 aquele .cri. sim, acreditava no pecado coel(!'. E' a mesm:a impressão me, mero fato contingente, e original, Bom, mas basta acre- de vago pavor sugerida pelo sim a culpa das culpas con. ditar no pecado original para encontro do. homem moderno forme o dogma ,cristão, o pe. passar poi: ortodoxo? Dante com cultos e."tótrc6s ou com cado original. Esse Orestia teria porventura con.siderado ri tos supe.rs ,ticiosos. re~íduos cristã chama-se "Reunião de como ortodoxos os anglo. de religiões esquecid.é!s e Familia". católicos. cismáticos separa. abandonadas - ou de reli- Quando representada, eni dos de Roma?· E' ·diUcil de. giões de que aposta tamos . Londres assim como · em Zu. • finir a QTtodoxia eliotiana. Em "Reunião de Família" im.., rich, a peça fez iJnpressão comparação .com o livre-pen- pressiona o público das capi– profunda. Os especialistas do sador Bernard Shaw. Eliot é tais européias: é a função do teatro admiravam-se disso. e ortodoxo; em comparação com poeta americano. El:ot l.em– com razão: porq,ue à "Reu; o católico romano Chesterton, b'L'ar a-0s europeus. o falo de nião de Familia" faltam to. Eliot é heterodoxo. Quando que apostataram da Eu, oua. dos os elementos dramáticos. Eliot se julga or todoxo, acu. A sua poesia é o evangelho Não há acãó. Har.ry, o jovem sando de heterodoxia os ou- _da religião "Eur◊pa"; é. u1n lord inglês que representa o tros, volta irresistivelmente à. "sucedâneo da religião''. Né.s– papel de• Orestes moderno, memória a famosa frase de te sentido, até a. própria reli– matou a espôsa, continuando um bispo inglês: "Orthodoxy gião de Eliot é uin "sucedâ– assim a tradição de C'rimes my lord, is my doxy; heterO.: neo da- religião"; e O seu tea– misteriosos que pesa sôbre a doxy is am·other man's doxy". tro poético um sucedâneo de> família. "Ortodoxia é minha (loxia. a teatro · Matou realmente? Talvez - • · · - só fo:;se um acidente. embora POSIÇÃO E DESTINO DA LITERATURA",_ intimamente deseja.do , tal,. PARAENSE vez só desejado em sonho, talvez fôssé tudo apenas so– nho? Eli<Yt não pode evitar essa "desrealiza,çã-0" do crime porque r;ião importa o crime realmente cometido e sim a nossa permanente disponibi. lidade de cometer crimes: é o pecado original que pesa sôb're esta .famHia, e sôbre a Familia humana inteira. Dai tampouco é possíve1 expiação por meio, de a to e s}m apenas por cónversão íntima. tão inexplicável e invísivel como o .Péca.do. ~a peça não acon– tece nada. Os personagens parecem. paralisados. Essa pa– ralisia da ação dramática re. flete.se · no comportamento cer.iniónibso quase litti;i'gi'êo dos personagens; é o ''.r'.i'tual vigoroso vjgente na vid•a fa– míliar inglêsa. Assim como na poesia mode-rnista de Eliot se reunem a . linguage1n co- 1~9,uial d~ ~o<lo~ os ~i~s e grandes U1sp1raçoes poebcas, assim_ se fala no palco em "Reunião de Família". Na ver– dade é :'f. S. Eliot que fala através das su.as criaturas, meras sombr,?s do pensàmen– to poético do autor. Eis mais um motivo àa impr ~ssão de irrealidade que • "Reunião de Família" suger e: .p eça i rreal como 9 s onho, em vez .qe ser d ramática como a vi<la. . · Literariamente, o teat ro de Eliot enquadra-se numa tra. dição que êle mesmo detesta; t odos os grandes poetas vic– tor.ianos escreveram peças muito dra,máticas, expressões livrescas ,de um individualis– m o m el ancólico que se Sab ia separado da vida moderna. Em Elio-t, o anti-individualis– mo tem n o entanto consequên. cias lite-rária.s sem elhantes. e isso ' po r motivos profundos . Antes de ma is nad a, a sua de. finição d a t r agédi a clássica com expressã0 de critériQs morais estabel ecidos é bas– tante unilateral. Seria inte: r essante compara r "Reunião de Fa1nília" com duas outras versões modernas da "Ores– tia." ; "Mo.u rn ig Becomes E l.ec . tra" d e O' Neill e "Les Mou– ches" de Sartre: S ão peças de r ebelião cont r a uma or dem estabeléc-ida: contra a confu. são da políti ca e religião. em Sartre: contra .a mora l .puri. tana. em b'Neill. A rebelião, nesse s2ntido. é elemento es– sencial da t ragédia clássica. serr.ndo de m otivo ao conflito trágico. P:roroefeo, E dipo e Medea 'revoltam-se contra os deuses; os her óis de Corneille pretendem colocar a h onra pessoal acima das razões po. lili:cas; e quanto às mulheres •rá~iCas de. J:ta,cine. t>ast3 -ob- • ' (Conclusão da últ. pág.l pera-nça da sociedade hodi-erna, e saberá ca-m~nhar, sejam quais í-0rem os empecilhos a vencer para a frente e para OS' groo– d e s d,e,i>tinos da .humanidade, que deve se aiperleiçoar dj!ntro do amor. do · bem e das virtu– des. Tambem é. a geração glo– riosa da liberdade, porqu-e, até mesmo dentro d>a ditadura qu,e nos asfixí6u dura'nte . 15 anos, ela ja,ma:is delicou de gemer o seu dese,;pero e de profliga!: a vilania das ,opressões. /,endo re– volucionária. não deixou de ser sionha,dora e li rica, porque não se pode conceber a literatura !!em o encanto das suavi'dade-s Urica.s e sem a ternura das emo– ç.ões •quí,mérlcas. Mas podemos observar que até mesmo n0& lf. ricos e~jste :: ~ncia gJ~rifica– dora da Uberdade e d.a ind~pen. dencla. A gCT~ão de b,oje_vive a hora mai;; trágica que já foi .vivida pelos hon1ens de letras e pelo.s artistas. Porque ela tem sido vitilna de todas as incom– preensões e de todas as malda– des dos reg.tmes . A odiss'éia dos arti.stas, em, todo o mundo, im– pressiona ·e mostra sempre o V'S!Or do espirito acima das am· · bições ignominiosas, e p r o v a que o escr it,i,r ainda é o ama.n– tc da verdad.i ~ e o inte.rprete do pensamento ão p0va. Por isso mesmo, sa:iiet~ CLtm·prlr ó seu destino indà c;iue malsinado, es– poliado e sacrificado. . ll - Sómente existe a liga– ç'ão lú,stórica, por fa. talid;ide in– derro<iáve!. A nova geração é a interprete .con•.;,ciente da emo– ção, dos desejos, d.a's ansias e óa vontade de um mundo no– vo, humano no sentido de suas necessidades e de suas aspiraçõe3 super iores. E por .essa razão, t alvez, é que a geração mode,:– na venha sendo vítim·a de todos 0 ;3 caprichos dos q\te vêem na arte a man !:fes.1ação de sua von– tade e não o símbolo dos an– seios coletivos . b.s p-0etas, por exerniplo, têm sido os eternos motivos para os combates des– cabLdos. O Parn:(sianismo~ o Romantismo e o S imbolismo ti· veram· a sua época, viveram .o seu instante. A geração de .h oje se 1ivrot1 das armas ao passa– do e c riou a poesia do senti~ mento aue pode ser ínterpreta– da, bastando a,pena·s que se a veja como expressâ.o da ,,ida, de um mundo novo ao qual tende– mos, de uma u~va él'a que se plà•sma, .que se avizinha em to– do o vigor <;le sua consolid~çllo. m - ·o melhor posslvel. 61f!! para ta·nto ela contar co1n, ,º a,polo da sociedade e do proprio governo . Sa,bemos que os inte– lectuais paraenses vlven, afas– tados dos grà01des centro:; ~ ate a.<iui. no nosso Estado, a maio– ria de1es é desi:;on1hecld~. Valo– r es possu ímos . doo tnelhorei; e malo.r ef;', Mas v_ivem ocul tos num ;lnonimato fc;)l·çado, im>P:Osto i:rc– lo 8 .1he.laroelllto die muitos e ~ ambição lnteJ.e,,:,tual d,eao11tro.s illntos• temEa0$0S com o ~ ' cimf.ll" o· d0/1 novos, N~o ..J 1 • · ain:da u,ma imprensa or~ani?;ada, como nos tempos ,passados ou co– mo a 'do sul, · que revela e tem empenho em mostra·r os valore-3 da te'rta. Qu.a.l.s são os livros de escritores paraens:es já p1,1blic·::,. d-os? Conta.mos a ftedo ta,is 1 - ' vros. E tudo por gue? l'>ela f a,I- tã de a.polo material e. nn, itas, vezes, mo.ral. Não · possu imo:r uma edi:tpca que se aTrisque a tão nob.re. en}presa. Tenho auto– ridaid·e para falar nesse as,un– to. J4 publiauei dois livro.~ .~ob a minha · exclu-siiva Te&pon-<•bil!. dade :fin~nce!ra. hipoteéando o que não t i>nha. FuJ feliz . 'grac-as a Deus. Mas, no mo1n,en to. r~o me a:rritoo a nôva av'<'ní ur'? : Por Isso mesmo. a geração 1no• derna está. na .sua maioria. i~– ·norad-a. l:.lvros muttos, caioazes de em!)ol-gar' e de a·iiSinalarem aconteeitn.mtos no mundo inte– lect ual, possuimos, mas no fundí> de TIOS/las ta,vetas: sem esperan.– ças: de vê-los impressO'.;,. . _ Mas. . . para prever o íutul.'O das letras no P ará , no Brasi,I e no mú,n,cto, Sé tornaria neces:!la– r!o sll!ber o que pensam os pr<>– príos a.rtl&tas. · CJ1eio, por~111. nue a lite,r1Jtur.a alcançará um "livel: nunca dantes conseguido, d•.•de qu~ des·a,pa,recam a,s. d;ver ~encias sociais, as incocy!l'l'een;,ões ,..,tre o~s !)OVOS e as T?f!aS . AC "re.rl "H-,-– d•o, corno a.credito. na evol11riio d,os homen'll e dos seus sent.~– men.tos, da.s sociedades· ,, el as ools·as . cre io na · grandeza do f u– turo dai; letr.:s. que naturalment,e a.com ;panl1arâ;c;, o aperfe lcoamº"' . t0 dos çovos para -.a perfeJoão do m111ndo. E na,turalmente. oue a líterah1ra e. os i-ntelectuais .•e• rão se.-n19re. é'om,o semip.,e o fo-. !'&m. os construto.res lirico~ e human~ de~a evoluc:-ão e des– ~, apei-feic:.oament o. que "6 ~""le •a;>se<.1urar ma is pnz e mais- 1' 0 le– z.-:i pa.ra as aílmas e os esoi 1 •0,(";,-""t. O f••tUTO da liter.itura no Parã, no Br2-<:il e no mu·n<:1-o ser~ pa• ra inelhor. e pars muito melhor. NOVO LIVRO D:<.: Gl.LBF.'RTO FBEY'RF. GHberto F rey.re. qüe há al~ , guns meses 'se encontra ·em Per– nambuco onde ~ã• 111:tiroando diversos trabalhos. já tem um novo livro no prélo. Intitula-se a obra do ilu.s-tre• autor de In– terpretação do BrasU, o m~ recente dos seus grandes suceT-– sos ele aná lise social e his1.6tica , Ingleses no Brasll (A.spé<ltos da in:Cuência britânica sôbre a vi– da; a J?ais~gem e a cultura do Brasil). Esse estudo do grande sociologo de é asa Grandé e Sen– zala, que será prefaciado pelo hlstoria1ior Octávio- Tarquinio de Sousa, deverá all)arecer em bteve n a, Ce>Jeção Docu,nen tos · Brasileiros, iiun,a ediçã:, da Li• · vi•arla :tosé Olympio Ed itora. A,tuat'<la-o, 11~lutalmente. 11,< rnes– mo sucesso de crltiea e ae p(1- i:1.ico que sua oora ª1JJ.~ri,:,, i.á ,!~eeeu 7 I

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