Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

. ' ' . . FOLHA DO NOR'l'E ' . .. Domingo, 5 de .6utubro de 1941 · ) or,tOLA NIJINSKY, no seu R Uvro sobre a vida do gran– de dançarino, conta-nos o que fi,i a estréia em Paris tto "ballet' ' 'Le S a e r e du Prin– ltemps··, "· 20 de maio de 1913. O depoimento é pitoresco, e vale a pena transcrever algumas p-.ii– aagens: " ...sim, na verdade, a agUaçã,o. os gritos tinham che– lJado ao paroxism-o. As pessôas assobiavam. insul1avam os ato– res e .o compositor, g.ritavamr :riam Monleux la~çava olhara& des«: : {?rados a Diaghileff que, eentad,, no camarote de_ Astru.c, Ih,: fazia sinais para que conti– lllU8SSa a ~ocar . Asttuc, nesta barulheira indescritivel, deu or– dem para que se iluminàsse a sala Uma dama magnificamente vestida le-.rantou-se no seu cama– ;rote ;,,ara esbofetear um moço que estava a assÔbiar no cama– :rote vizinho. Sua comitiva le– vantou-s,, e olõ cavalheiros tro– caram entre si os cartões de vi– eU:a No dia seguinte, houve duelo Outra dama da .socieda– de esea~rou na call'a de um doa manifestaajes. 1/,. P 0 rince:;,o: de P. a.han'lonou o seu camarote,, e,c– clamando: - Tenho sessenta anos. mu é a primeira vez que alguém ou- 88 fazer pouco de ntim. · Neste m(lmento, Dlaghlleff, ll– -.ido n,n seu camarote, gritou, · -P1>r favor. deixem te?minar ~ esp,,taculo. li ~~~ Fh: questão de citar este ept– lódio hlifôrico para nosiio pro– prio consolo, quando topamos com as. incompreensões que a música moderna des:!)érla. Aft– naI. se em Paris a reação assu- MÚSICA -., ormoçao iscoteca XVII o/V\uril o o/V\endes miu tais proporções. seria justo que aqui no Blo tomasse 1nesmo {Exclusividade da FOLHA DO NORTE, neste Estado! aspectos de catás.trofe, entretan- ou ~ anos, vira -se para m im I> to aqui a_'Ollaar d.a efervescencia me di.z muito seriamente: - "Não tropical a coisa não se passou gosto; iate> é puro futurismoM. assim. Tudo se processa num am- A execução de "'Persephone", biente mol"no entre viztnhos e obra e&tranha e sugestiva, em cochichos. Lembro-me bem d os que Vitória Ocampo vestida com dois concer1':>s que Stravinsky re- uma túnica grega se deaincum– ge,., aqui, no Teatro Municipal, biu da p~J.inda (t, ,xtc.de An:1ré há algun.s ~os at,rás. Lembr«>- Gide) oao o~teve roawr. êx,t~– me da pequena pales,ra inicial . A ilustre e~itora a.rge~ma n'>o que êle fez, estabelecendo os li- ~-contava ~ao trilava, ttl\J. 4'nfu• mites entre a inspiração propria- a.ava· o "?'to, não dav!.I 9u1n,;:ho11, mente dita e O trabalho do· ar- o que evidentemente chnteava a tesão. lembro-me do seu cc>• maioria do audU'.>t'IO, com uu– mentárlo antes da execuc;,ão do dades da "Traviala" d11 •'Nor– magnifico concerto, para dois ma" e de .outras mar,,ohnas pa– pianos. que lõle la tocar. com seu recidas. Os concertos reaultaram filho Sulirna: 0 concerto, de ten- num insucesso absoluto. O mea– dência francamente clá&!lic11. tre, que, N!9'end.o, lembrt1 nm apresentava na sua $8gunda par- dançarino, maneJa<r~ n deftcien– te um "noturno": "Não esper~la. le orquestra do Municipal (e.beta disso O compositor, um notu'<'no alláa, de verdadeiros herôiaJ e ã maneira de Chopin, mas 4im à apresentava a interpretação_ ~e maneira dos velhos mestres ita• textoe musica.la que exlg,.m um lianos" . Pois bem, depois da <,Xe- afinamento da sensibilidade, uma– cução desse concerto magistral, adequação maior da intellgibtcla um músioo da nova gezação bra- ao fenômeno de ajustamento en– sileíra. que devia anda~. pelos :ze tre o fundo e a forma, a medi- tação de uma cultura que os sé– culos apw,aram e que combate a facilidade de expressão, com• bate a· preguiça Intelectual. Mas, em todo o caso, não hou– ve a gritaria e o tumulto que a mulher de Nijinsky registou pa– ra a posteridade - uma nova batalha de "Hernani", de!<ta ve,:, mu.sical. F,(ri pena. AntH tiv&ll– se havido barulho. Porque =– tão talvez o gênio de s,ravinsky tivesse despertado maior infe-– reue, e o proprlo mestre p~ daria retirar-se com melhor im– pressão do Brasil, ao contrário do que êle ':mesmo nos confeasou, depol11 de sacar do bolso a sua cruz grega que beijou com fer- ~~~ A diviaãó, que se COGiUnta fa.. zer, ·da produção de Stravinsky em dois periOdoa: o russo e o europeu. o primeiro se esten– dendo até 1918. e o segvndo al- . . cançando os anos POSterlorea, é um tattto arbiti-ária, oomo dé ·--- ---- - ·---- ---------- resto o é a classificação dos tr61 estilo& de Beethoven. Na verda– de, é fácil observar na obra de Stravinsky a aliança daa ten– dências slavas com a.a propria– mente européias; existe de res– to, co:mo na pintura, uma Esco– la ele Paris da músíca. De Pa– rill, como do alto de urn obser• vatório, Stranvinaky estudou as diversas correntes que travam batalha no campo art!stfco da Europa há séculos; e . vista, (ou– vida, principalmente) sob este ângulo, sua obra .apresenta o ca• rater de uma Suma de conheci– mentos musicais. Não foi à-tõa que aeu destino se decidiu em Pt'.!'is, centro assimilador e dis• ~ufdor de correntes de cultu– ra . É pl)r ·1sso que se pode afir– m,ar ser Stravinsky o músico atual Por excelencla cullo. O refinamento de seu espiríto atin– giu o nível mais elevado. s6 po– dendo ser comparado ao de Mo– zart na época clássica .Se às ve– ZIMI, diante de certas passagens de sua obra. temoa a sensação de coisa bár;bara, diante do éon- --===- junto tert..::<,..: i:i que concluir s& t:atar de uma barbárie domada, ·Não no~ referimos, entretanto, ao ·lado oriental. de sua obra, maa sim ao elemento bárbaro que dor– me no fundo da alma itos mau civilizados: o próprio elemento natureza, o que vem da terra. o que é muito bem significado pela desm<>ra.lizada e indispensá– vel palavra telúrica. Crem011 que melhor que nenhuma outra da nossa época a opra de Stravins– ky manifesta este chOque entr<1 o instinto da terra e a cullura. que assume nele, às vezes, pro– porções 6picas. como nesta pro• digioaa sin6onla., que é "Le Sa• cre du Printemps". M;is o Ori– ente e o Ocidente não aão, de maneira rigorosa, nem bárbaros 11em civilizados: são humanos, são conflituosos, com tudo o que de anti-humano e de catastrófico encerra este oomprometedor e espectral vocábulo : buma110. Muitas vezes, nessa obra pertur– badora, sinto a presença do Mí– notauro; Stravinsky, lambem tem sua Guernica . O elemento civl– lizadol', entretanto, procura do– minar o convite da destruição: fá Jl.iio maia dança de sangue, dança sexual, dança guerreira– mas Apolo consciente da sua cla– ridade. sennamente branco, con– dw: as Musas no "ballet" lne fá– nl. A cultura venceu, polindo as armas espirituais ·pa.~a o combate que ~ esboça de novo na ante-:manhã, combate em (!Ue aurgem novas tendenclas e no-' vas pOssiblUdades de transfor– mação e desdobramento do es- 1>irlto humanÕ e do seu "demô– nio" artistico-vida nova ritmos . . . novos, uma nova manifestação do EspirUo do mundo. - - ---------------·- + RIÓ -:- A pobre figura hun,ana e a, grande e rica experiência p o -é ti c f de Char les Baude}aire, conti– nuam a seduzir e a despé-r– tar a curiosidad,e, a atençào e o interêsse de críticos, es~ t udiosos e ensaístas de tôda ----- --------- -- -------------- BAUDELA.IRE SEGU·NDO SART.RE vai fundamente desco.brindo certas regiões escondidas. , . a , especie. , Ê,se poeta, que paeseou pelas ·_ ruas de Paris a sua face macilenta, vestido de manei-ra singular, lá pelos meados do século passado - êsse homem que procurava espantar e fer ir· o seu tem– po atribuindo-se ví-cios se– cretos e l iga-ções demoníacas - e ,que não passa de U!_ll grande d esgraçado, com tõ– da a sua terrível lucidez e penet ração crítica, êsse es– candaloso Baudelai re conti– nua a ser uma fonte de es– cândalos, uma nouniture extra:oTdinária para os que "p roc~rain ria poesia o gué a ppesià revela e desvenda do h-omem invisível. 11/[esmo os que _não amarp. ó P oeta, _como é o caso ~e Jean Paul Sa1;tre, que es– creveu, rec~ntementé; para uma nova edição dos' Ecrits Intimes, uma longa introdu– ção; .mesmo a êsses que con– t inu11-m a julgá-lo, Baudelai– re os -serve· com uma gene– rosi<;iade incomparável, ins– pírando e ·suscit~ndó pági-. n as impressi-vas e suostan- "• . . c1a1s: . E_ss.a introdução de Sar– tre (de 1946), a que me refiro,. é, em verdade, um dos mais ad.miráveis ensaios que já se escreveram sôb~e <> autor das FlÓres do Mal.' E' algo de novo nos estudos baudelaireanos, o que não é pouco, pois a -respeito de Baudelaire se tem escrito torrencialmente, não só em Franç.a, como . em tôdas as litera:tu ras modernas. Sastre . revela-se, nessas pág.inas, um crítico de penetração extraordinária e, mesmo quando não o acompanha– mos em certas conclusõ~. em certas ousadias interpre– t ativas, é impossível negar~ lhe i...m vigor de análise in– vulga,r, un1a originalidade. uma agudeza qu,e raramen– te encontramos em outros es,crit.ores modernos. ' O estudo de Sart re sôbre Baudelaire se cara,ct.eriza por uma ausência absoluta de caridade e simpatia. E' um homem duro, é um cri– tico sem raízes c.ristãs, que empreende essa viagem ao país baudelaireano, com a intenção de v e r a verdade na rua terrível nudez e de nada velar sôbre o poeta tão doent-e de altpa. E' impossí– vel l ê r essas páginas, por vezes de uma penetração extreiria, sem uma íntima.. pie~ade por qu-em nelas é mais exposto do que estu~ dado. Baudelaire ajudou e, por assi-m diz-er, preparou o seu crítico. Nenhum poeta nos terá deixado maiores sinais e traços de sua ver– dadeira fisionomia. A luci– dez de Ba,udelaire, a sua in– teligênci a doentia, a sua horrível compree:,;isão de si oi-esmo, como que atraem essas naturezas vinga.doras e cruéis, êsses sêres, como Sar~re,,,que ~ã,o avis de· ra– pina, de gran<les 'garras e olhos acostumados a: divisar Conttnuação da 1.ª p,ag. lorços dessas gerações tão mal compreendidos e, portanto, combatidos com tonto locili– dolle, o critico foi erigido em genero criado,, e como foi equiparado oos demais dentro do literatura . Se o poeta e o romancista criam mais ou mê– nos desligados de teorias e de preceitos, é o critico que lf,es assinalo os tendencias, as ori– enfo~õe.s, as inovações e os se– gredos: ~ a critica que reve– la, que assinalo, posso o posso, o progresso do pensamento li– terario. São atividades que hoje se completam e não pos– sam agora de "boutodes" ano– cronicas os epigramas com que os autores inlelires ainda otu• olmente se vingam da critica. O homem que apresentou e agitou uma f ilosofia para êstc t empo_ o existencialis– mo - e não logrou o êxito 'que esperava por ber pro– cu.ad, o não apenas um pe ti– sa•mento original, uma i<léia funda.mental e viva, mss tamb.5m um ll:xito. P..sse mes– mo rl 1 i-doso J ean P aul s a~- A consciencio do fenomeno literorio como um instrumento de conhecimento do hqmem e nõo como veiculo de delene ain– da é outra conquista lento e se• guromente consolidado pelo critica. Em todos os campos do atividade literária o criti– ca procu,·ou esclarecer as di– ficuldades e revelo, os en– cantos: e que nem s empre os seus resultados tenham <orres– pondido às intenções é motivo para novos tentativas e nõo para precipitados desenganos. 1 • Augusto Frederico Schtnidt) (COPYRIGHT E .S.I., EXCLUSIVID4-DE PARA A "FOLHA DO NORTE". NESTE ESTADO) o que as próprias trevas procuram ocultar. O ponto de partida de Sartre para a análise do drama baudelaireano tem, como movimento inicial, a cons tatação do am·or inven– cível do poeta pelos seus algozes, pelos que o fizeram sof.rer, A revolta em Ba•,1- delaire era apenas um as– pecto formal e contraditório da sua · adesão às coisas. Sen.4o um perverso, quer dizer; um homem que só podiá- r-espirar num ambien– be impuro e que viveu fora do rítmo comurri, Baud-elai– te adotou o q'ue Sartre cha.; ma de móral mais banal e vulgar: sendo um requinta– do, frequ•entou t~a a v:ida prostíbulos onde o seu gôsto pela miséria se saciava:. So- ~itário, ni.ng, µéni mai~ do que Baud.elaire ·sentiu· o me– do da solidão e aspirou mais ard-entemente um lar, . uma vida f amiliar. Tentado, co– mo nenhum outro poeta, tendo cantado a se dução das v iagens e das fugas e so– nhando com o exóUc-o, com os paí,ses desconhecidos; he– sitou se1npre em se deslocar - , . e, a nao ser uma un1ca vez, •em que o fiz-eram partir p-a– ra o estrangeiro, na adoles– cência, jámais Baudelaire viajou e dei xou Par is a não ser para Honfleur, onde morava sua n;tãe, o que não era uma viagem sequer. R-ealmente, foi um estra– nho revolucionário êsse poe– ta que abriu um º caminho novo e revelou nova sensi– bilidade e, nó entanto, as– pirava a peq1,tena glória,, re– verenciava, de uma· certa maneira, todos os valores estabelecidos e sofria a se- dução de uma A e ad e m i a que o des·deiihou e descó- . . -nheceu. Essa submissão inti.ma de Baudelaire· a tu-do o que não se acordavà com as su:is preferências e inclinações mais profundas, é a grande linha, o nervo do ensaio e julgamento de Jean Paul Sartre. O famoso complexo de Baudela-ire em relação a sua mãe, esse ·amor sem no– m·e, essa revolta que acom– panhou sempre o Poeta, Sartre retoma essa abun– dante matéria que serviu a tôda a sorte de análise e psica!'lálise e conseguiu por– tar-se em tão rico e fáçil tema com uma dignidade cruel, mas exemplar. Na interpretação sexu:il de Baudelaire, o mestre do novo existencialismo (por– que há um outro existen– cialismo que se _pode. tran– quilamente, denominar de antigo ou ·verdadeiro\ se es– tende com uma proficiência total e mesmo com um sin– gula-r apra_zimento. E' um assúnto ·êsse que atrai Jean Pâul Sartre. Teria si d o !i'audelaire realmente u.ro uranista, cor.no êle prÓpt'io quís .fazer crêr ou suas per-– versões se moveram exclu– sivamente no campo femini– no? -Gide nos transmite no s~u Journal a convicçã._0 ele ~ ·-- .~ ... _________ :._ _________________ AS NOVAS GERACOES E AS REVOLU- reali1<0 nas provincias. Que se Ço -ES LJTER,.ARIAS realiza explendidamente, ape• sa, dos inume,os dificuldades iJenticos, silenciosos mos fe- fontes dessa grandeza. qué· ainda cercam o vida ;,;te– cundos, podem-se assinalar no Em quase todos os províncias lectuol distante dos grondes ombito de todos os outros ge• (e nesse "quase" vai muito da ce'ntros: diliculdodés biblio111á– ne1os. O que havia de perene ignoroncia em que viYemos uns ficas, p_o, exemplo, e ainda o no Modernismo foi solidificado dos outros e de que não esca- isolamento, o tempo necesscíria– e incorporado à experiencia dos po, naturalmente, o autor des- mente maior que se gosta porCJ novos gerações: o que havio tas linhos) c,s publicações litc- atingir o nucleo dos atenções de tronsit6rio, ou foi lorga- rários dà melhor quoliflade rea- dos donos dá literdturo e mes– do à margem pelos que mere- lizam neste mo,nento a suo mo do publico que conta, a cem o atenção, ou está sendo tarefo. Revistos e edições do incompreensão e os surdos ,nos pobremente capitalizado pelos mais genuíno substancio en- persistentes combates que pare· que souberom ver no Modernis- chem de um sopro de vicio o cem inevitoveis no destino dos mo e nos seus homens apenas que antigamente ero o moras- que nas províncias se desfacr,,m o pior, apenas o que era ou mo da existência provinciana, por qualquer . .. originC7lidade. um sinal dos tempos ou umo O fonte dos desesperos dos que Os documentos dessa dilusa contigencio do estado de es• sufocoYam nos seus estreitos revolução chamam-se o "Supte– pirito em que as suas obras se horizontes. Hoje, 00 contrário, mento da FOLHA DO NORTE. reolirovom. , os grandes nomes da literatura em Belém; "José" e os Edições ' tre, rutor de p eças de tea– t ro que n ão parecem <les t ;– n ad as a fica-r é . sem dúvltia. um ol har ag:u<l.;i..e m,..i--;,-;""-Q,. Ao làt!o dessa torela critica de ,consequências visiv~lmente consfru:tiv.ps , m.:,s ao mesmo tc~ po ir.egov~ltr.ente revoln– ciocár,as 1 ,relo menos entre nó~ 1 , ce:i~lrv.~ões e revoluções Mas, não é somente nos li- brasileiro sõo os '{!'e possuem Clã, no Ceará; "Nordeste", em vros e nessa captação por ve- mais viva .o consciencio de suas Recife; "Ago»·o", em Goiás; "Edi– res difícil e sutil de atitudes ,aires provinciais: mesmo os ficio e suas edições", em Minas; que se pode oquifotor do re- que residem na metrópole nõo "Mogog", "Fonte", "A Época", volução subterraneo que se recr possam ali, conscientemente, a futuro "Orfeu" e os suple– lizo no literatura brasileira. de representantes de suas pro· me11tos literários dos jornais do Essa revolução possue também vincios. E' em função e em no- Distrito Federal; "Paralelos", os seus documentos, São os re- me delas que trabalham · em São Paulo, como iombe;-n vistos e os gru.p9s literorios e q u e p , o d ú z e m. As o inesquecível "Clima" inicia– dos províncias, que lentamente suas glorias são os glorias cio cloro· desso renovação e um no– se formam umo vida indepen - provincia. Outros, porém, a .me que por isso não podemos de11te e rico dos mais inespe- maior porte, residem nos pro- esquecer "Joaquim", no Para– rodas sugest<ies. O foscinio ,Jo vincios e sú mantêm com o me- nó; "Uirapurú", e .m Santa C'1- metropole já vai desop!Jrecendo trópole os contactos de visitas. forina; o incon1porovel "Pro• do espírito dos intelectuais &,o- E ossim o literofuro• brosileiv,r, vincio de São Pedro", no Rio sileiros: substitue-o, pouco o exterminou o t,odicional eiKo Grande do Sul, e quem sabe pouco, uma valorização inte- São Po.ulo, Rio, Pernambuco quantos outros existem no des– ligente . e · afetiva do provlncia, poro adquirir umo• consistenc;io co,ihecimento de!"ie critico de umo voloriroçõo lecundo dos muis uniforme, aind.a que mais pro;'incia. ,Qelem iá tey~ .o~or– yo/ores ,provinciais, uma coe,s- delgada. Agora, é a -metró6JO-' tu11id11de -de ÍolNear ess.os pubn– cienc;o-mois exato do verdade,- le qu.e se curva, com curiosida- coç9es -e de lonurr c~t<tcto ro ·g,andero do Brasil e das de, para o · tr/Jbolho que se Oonclu.e na 2.ª pag. • Marcel Proust de que Ba u– delaire era um uranista pra– ticante. Tudo o que r, ab e– mos até aqui de Baudelaire não confirma essa an om1- lia. No amor, como em tu– do o ma-is, era um solitário. O que êle pretend!a. o que êle perseguia, · realmente, . . . nas suas exper1enc tas ,:on- tinuadas era jogar corr. a vi– da e com o mal, Mas deixemos a Sa1·tre êsse Baude laire. como urna prêsa- entregue à ave de ra– pina que a surpreendeu. Que nos importa a impotên– cia, o uranismo, a ant ina– tureza do poeta, se de tod a essa doentia e trágica r ~'u– nião de vicias, requint e8 · e ~ ' perversoes, nasceu u m a forma de ver e sentir o mundo e o homem aue c.:n1 anos de uso excessi:vo n"lo desbota·ram, não de>lfi gu– rararn. não secaram. A re– sistência de Baudela ire ,;1 0 baudelaireanismo é um grande sina l da sua e tern '.– dade e dêsse gênio que flo– resceu na sua trágica n alu– reza. Baudelaire pode ter merecido pela incapacida rie de se libertar dos :.ieus P l'Ó– prios antagonismos o triste destitto nue lhe coube. com" o quer J . Sartre. m as é preciso não esquecer nL:e foi precisamente atravé~ do poeta. ouer dizer. atr i:>vés das fatalidades. <l as -fra– quezas e das m;sér ias cl ê~– s•e homem amoroso de t udo o que o devoravà - é Clue– sur_giu e se revelou vrna realidade não fo1"1u l,ida, não f ix2da antes, dele. Bau– delaire. O que não há no esr:u ro e,tu<lo de Sartre, é Ul'Yl in– ventário da contribuição de Baudelaire. à cultul'a. que é o conhecime.nto do horr.e1n. Graças a efsas mcsn,as nd– sões, restricões. f raau ezas e incertezas de um corpo vi– s itado pelas seducões n1ai•: de1n oniâ-cas e de Úma aln1a q ue v iajou a-lém elos to,– mentos e d eõesper0s e C'l – nheceu cer tos terrores n1,– t urnos, cer tas in~ôni as. c~r– t as · tentações, graças a Lu– do o auc Sar tre analisa e perfu ra· .tão bruta lmente- - é que foi pQssivel ~e des– cobrir a a.trós sol idao de um ser a quêm, como nns sB.r, tos, e.m a·lg11ns santos amargos , nada fo i poupado no que toca à aridez e ao ab3tt•dono. A · presença dé Baude lai– re, aos poucos, cleixou ,:'te ser unia Pr-esença somente poética. H:í na sua- ex-p.er i– ência uma cer ta af inidade com a expe riê.ncia pascalia– na embora não se encon– tr em, o poeta e o fílóso.io , s~nã(l na -contemplação d~ mesn10 ribismo. que os se• guiu implacável 'e terrivel. '

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