Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947
CURITIBA, Setembro. - fàla-se muito no "é:on!o,mi~- --- --------- ---- colculavelmente longe das ne– cessidocfes e das ospirosões me– dias, mas tem por veiculo di· versoS"' -e distintos focos, espa• Ihados ;;por toda$ as províncias l,,asileiras; todos eles por uma milagrosa coincidencio reali· zando a mesma obra, a mes– ma renovaçãri, dispende,:,do os mesmos esforços c,iodores. o" dos novas ge,açoes 1,– :,ú,ias do Brasil; Iastima:se 0 SU4J falta de açõo , evcfuc,10: nária e •condena-se a a,fm,ra cõo .quase irrestrita que raser– ;.am .paro qlguns nomes con• ,1iag,a·dos, ptincipalmente os do Modernismo de 1922. Isso equivale a censurá-las por !l_uas ten,áencias mais ~onst~utivas que destrutitfas, · ma,:s ~~1ad91as que e_ritica.s. O que, a1,as, cl~ve ser entendido no~ devidos ter• mos, porque nenhuma . oi:t~a gercu;õo 11.0 história ~,terur,a do Brasil foi tão essenc,alm-en· t e critico como a que oro . domina nosso proqramo inte– lect ual debaixo da catalogo· seio si f1'potic_a de " novos". Ma~ J que .o próptia critico lo, t,anslormada ~, e.sses hOVOS numa ati'fidade ctiadora: nõo. é mais umo a·titude espiritual essencialmente destrutiva como antigamente, nem se encon· tro, comp a dós modernistns, diante •da contingencia de des– truir, ·de limpar o terreno, un– tes que sôbre ele se possa,cons– trv,r o cóilir.:io• élos no'fos tem– per ~ - Dom-=~-g_o_,__ 5_d_:~~~u~b~r~o~d~e~-~1M~7'.____ ..:::.º:~~e:to=r~:~P~.A=U=L~O:._...:.MAR__::__A_N_B_A_o___~·----·-·_____ N_U __ M._ ~ Ao contrário do Modernismo de 7922, o renovoção deste,: ,nos 40 corresponde' a uma :ristalirasão dos esforços linte·- E As RevolL~ções Literár ios rioi-es. Os mais /ucidos do,~ re– prese·ntontes das duas gera· · ções mddernist.as tinhom pre• visto esta estiagem construti– va depois dos delirio.s destru– t ivos a que lo,ç,osamente se viram arrqst.ados os que, cem anos depois ela político, pro– clama:am ·a nosso independen • c;a espirituttl. Mário de An– c:onst,utivas da ~.olitica 0 ~ das drade e · o sr. Tristão de Athay- viàs mais solidas e duradoura.s d~ trabalho paciente, medita– do e cons-trutivo, nenhum ·mo– tivo hoverá para tamentar-se a -auserlcia das revoiuções. --Wilson ~AR.TTNS-- letras. de, paro citar somente os .--dois E não {! só. Mesmo RUe Se maiores· e mais, percucienfes, desse por resolvido que se lar iá tinh'am assinalado essàs rigor.a necessária uma revolu- duas ci,cuns·tancias suce~sitfas: çiic na literatura bra.silefra, só a do caraté, crltico e destru– os· d1sttaid:,s ou as mal infor- tiro do Modernismo e o ten• modos poderiom ignorar. que d.encia l!Onstrutiva que natu– essa revoluçõo se eSfá eletiva• rolmente se1-ia o sin.af das ge• mente ·r,eali,zando-. Nõo é . uma ra,ções p.'ost-modernistas . mqis (Copyright E. S- 1. cóm e.xclu:Sividade .pa ra DO NORTE, ne-ste Est aco) a FOLHA t..;e ,este.,, tt.$!tas cond·ena9ões são, no fundo, um pouco sim• plistas, nenhum volor f-ec11ndo possu~m as , evoluções que se fazem exclusjvamente pelo pro– ::r:er da novidade. A·s revolu• . , . !§:Ões só se cóm,tr-eendem e ·só se -.{us•t ilicam. quandô itrpiri'– ,iem âe éircu,,stancias impres· critiveis; quando só a revolução COl)segue retirar dos caminhos, clesimpe.dindo-os, os cadaveres cios gigantes mortos. Fora clài , se a indispensayél ·o·bro cons– trut iva se pudet, fazer pelas - Na política como nas le'tras, só sõo fecundos as ,evoluções necessárias: as outras, não passam de "~ronu.nciamentos", qt.ia, ndo polití,:as, ou de caho– tinism6s qua.ndo lit.erária~. As , .. histórias Jla literotu,a regjs- • tram de:i!enos de revoluções, cpmp as histórias polit'Ícas re• gistràm outras ta.nf- as: mas etpenos u_m numero redui:Ul'ó de· umas e de outros pode ser tido, não cômo a div..e,sõo es· teril de energias qúe podia111 s.et _ melhor apraveita·das ou como 'resultado de c:o·gito·ções f • . estFanhos à • ,teratura, mas como o pont-o ·de inicio de um novo. período na vida do ho– mem e do sociedade. Há ,e– voluções que finalizam uma REFLEXõ.ES SôBR'E O TEATRO - - - ..,, ... - ... ~ ~ .. _ .. _ ---– . A CÓNF'USÃO DOS· ·ESTILOS- • RAYMOND LYON (Copy,right E.S.l. com exc1us1vi<1ade para a FOLT-IA DO NORTE, neste Estado) PARIS (Eor avião) - Deve. se ctiticar uma peça logo de. pois de ,élSSistí.l a ! f'i.s impressões recebidas evoluen1 no pen– samento, e à medida, que passam os dias vão sendo descober– tas muitas• :relações. muitos jufzos ~ue· se esconderám nos p rimei-rps instantes. ·Por isso, a cr itica imediata re.duz-se mui- 1as vezes a 5>ihlples inventário. · Foi assim que durante o vazio período ' . das férias, que não oferecem aes olhos outl'O es.p etáculo que o dos cartazes das "reprises", f$poca como há as que inaugu· ram tempos novos; e se essas duas obras . sõo necess.árias e indispensúfeis, o ntesmi> não se pode dizer das que simples• mente colorem com sangue ou com o . inólensivo vermelhão dos es,,alhGfatos as épgpa's ,ev·olÚçã, o do . tipo CO(l.centrado ., ptoximas. E loí rea,mente o e explosivo, como, a de. 1922: que aconteceu. é ·uma revpluçõ.o do t;po di- Mesmo a . pred-omin,çncia de fuso,_ e de re flexos mais prq - uma atitude critica da melbo, /onga'Jos e duradouros, porque espécie e de vm pensamento mais 01,ganicos. Não é um pro· critii:o de riqL(e,ca e qualidocle cesso de patolegio, mas dê -li• incomuns em nossa literaturQ si-ologi'a U~eraria. Nãr;, é uma não desmente o que , fica cli(o• revoluÇ,ão arti ficio/mente pro- Por.qu·e o critica, tal como a ..-ocada como O · de 1922, mas entendemos mode,namenti?-. dei· un, movimento que repr.es~ ,,ta x~u de ser UIJ!a at;,ridade ,à o ·v.ertice de .um pro.cesso há mar.gem dos generos -constru– muito tempo em ação. Nõo se . tivas, dedicada especicílmente reolira jlor irl_term~dio de um r1 zumbir oo redor dos troha– numeio reduzido de inteleçtu- lhos de criação, Grq~a_s aos es~ ais 'de vttng·uorda, portanto, in- (Continú'a na 3.a p ág .) j 1 OM MESTRE DA ESCULTUBA DE MARTINI - CARLO MONELLI - 1Copy: lght 1P~. e om exclus,v!dad~ para a f'OLHA DO NORTE, oeste Estado) l , O homem que havia aberto b,recha., llesde jovem, n os baluartes da escuJ'tura aca1lê1nica tradicionalist.a, e· que podia ser cons ide:rado como o 1rta ior es.óultor vivo depois da 1nor1e dos grandés mestres fra.n eeses, Despiau e MaíJlol. des·de a'l– guns ànos se n:iostrav_a em ciontraste com a sua própria per. sônalidade tle escultor. . • ret letí. novamente sobre a entrevista q ue t ive 1:ora Georges Vit~ly depois de assistir a "Le M a l Cou:rt". Na ·crônica em que qie' reféri a esse .es. p etáculo, di~se como Vitaly _o_ concebeu ~ a– pre~.ê_n«>u. Mas nessa concepçao, o d es.acQl'do qu= o enc·ena<:lor es.ta, beleceu calcul adaníen. te entre os diversos person~_gens, a.té mesmo quanto aos r esp~ctiv-os estHos, levou-nos a esboçar um pri:nc'ípio de debate estético. ul. trapass·ando por gran,de m.argem a p eça de Audíl:ierti, e a . Conipanpia de Geor ges Vit aly, Conceitos Ex1stencia/1stas Há uma dezena de anos a,trii~. qu!lndo mais al to se afirmav-a. a sua. virtuosidade (fie e~tatuário, ao tempo da polêmica em tor:no do monumento .a.o Dugue •de Aosta. em Turim. havia abandonado a escultura. e se. ded•e'lra à pintura. com o· ardor de UDl neofito. Naquele te1npo J.á. · andava doente 'e só n1ediante re– pou$-O tinha podido v euee,; as ameaças ~e um:,a incipie1!tc nefrite. ·n,1:,iis ,t.a,1·1le, nomea.ilo pr~– fessor de es.c~ltura da Ae;i:rler;µia, de Veneza. apa.r~ceu revigorado e pôi:).e · levar a oal;o os grupos marmoreos para •O novo IIospital Maio.ll de l\'(ilão. e a Comédia dos Campos Elíseos.. · No grande deba te entre o realismo e a. eonvenção. o encenador não deve inte'J:vir. Eis o 'Í)ims;irnen:to do nos.so encenador. Será , essa ' a opinião geral ? Não. Alguns são decidida. mente - ◄•estilizadores", outros são :rea,listas. Durante o inverno passado -assinalei vári as vezes, nestas crônicas, .a tend,ência muito bem definida das novas compan,hi-as para o r etôr– no ao realismo. talvez mesmo ao naturalis– mo Mas, refleti ndo m.elhor, par ece que a dis. tinção não passa de -um si> fis.ma. O teatro é sempre convencional. Como se pode falar em " t eatro rea1ista" ? Onde o i;ealismo de um mundo em que os cômodos têm apenas três paredes. as personagens erguem a voz, bebem de copos. vazios, e. con templam-se em espê. lhos de lona piútada ? Pelo simples fato de ' ser uma arte, o tea. tro 4mplica em convençõé.s. O público sabe p erfeitamente disso, e presta-se generosamen. te à mist:,ficagão. O público não finge acredi- tar: acredita. vei:'daà;eiran1el).te. que o ator .qf~- J[í);nte veio correndo do j nimi:go. que o seu fe. a,imento é sea 0 l, que a janela a~re pa1·a 'a rua, qUe chove, e que em .par,te alguma se estâ ~ zii;ího como nesse· quarlínho, aberto a di>is mil pares cl.e·olhos atl!_ntos. · , . Que se· deve, en!ao, acrescentar - ou ti– ra,r - a esse conjunto pa•rà que o público, re· ~nheça que a encenação deixou de ser "rea– U.st 'a" ,e tarnou-se "esti-1iz~da.. ? Creio que b asta simpl esmente urna mu– da!:).ça n,os ritos. .·Existem h.ãbitos de íencenação. O que os espectadores o'l;lainam ·rea.Iismo· é o resp_é1t9 a esses hábitos. Unia ger:a,sã~ .\\tores, ae9stu– :1 na 2.ll p ág.) "A morte é um lim, mas todo fim 1 :unca é !"ais do 9ue um começo" . 11 11 • •• e os inteligentes ar,imais lo– go notam: n~s não nos achamos mui– to conliadamente em nossa casa, nest.e mundo só por nós inte,,,,etado", • 111 "Vêde: assim se acha a morte na Yida, .· Amb·as as coisas se acham tão bata• [ .lhadas, como os fios de um tapete. Quando alguém morre, nem só isso é [ a morte . .Morte é quando alguém vive e não o [ s.abe. Morte é quando alguém está priYado · '[ de morrer. Muita coisa é d morte; impossivel en– [ terror tudo isso . Em nos, diariamente, há morre, e nas– [ cer". RAINER MARIA RILKE 11 0 que uma véz teve a yirtud.e de dilatar o con~eito Jlo homem, tornan– do-o mais belo, existirá e.ternamente para eternamente também cotinuar a ·1-ar-nos essa possibilidade de o ser- mos" . . NIETZSCHE * * • im- 1 -. "A natureza da consciência plico no projetor-se .ela própria para diante de si mesma no futuro; ttâo se pôde compreender o gire ela é pelo· que ela será; ela se determina em -seu ser atual _pelos suas próprias possibi– lidat!es; é isto que Heidegger -cha.ma ... a fôrça silenc.í osa do possivei" . I I "A imin.ênciâ de perigo sel"fe de motivo para esta intenção de deter– minar uma conduta mágica. Eu vejo Yir para mim um animal leroz; mi– nhas pern9s se abatem . debaixo de mim, meu cordção batê. fi acamente, empalideço, caio, desfaleço. Nada me parece menos adaptado do que esta conduta que me abandona sém delesa ao perigo . E portanto é uma conduta de evasão. O desfol~imen– to é um refugio pal'O mim, que procu– ro ~alvar:me, não mais ver o -animal e feroz, .mas impossibilitado pêlo p-oder eYitar o perigo pelas Yias normais, eu o nego, eu o suprimo quando isso está em me11 po,ler. Es.tes•são os limites de minha ação mágica sôbre o Jr?Un· do''; JEAN P-AU.1- SIARTR,E. Grande era ó ar~ista e . excepciona1 a 1'i– g.ura do ltomem e a su a vida. Filho de -gente humi;l~e de .Treviso. h av ia cOIJ!<eçaifo a ~~ul· .p.ir desde ·ra.p.az ê for-a aJ uno, na, A:cade~~i,a. de Vene:i;a., de l.Irbano. NQno, excele,ite êse1.l'l– tor t!aclicionalista veneziano. i -ni!iio do pjntor Ltúg~ Nono. Tempera~ento r ebel1le, tmha. dtsde lo-go exercido a sua,. a·rte 1;obr e esi)ue~as. a{a<;ta.. d.issimos dos escotásti,::qs e, na 1.1e9.nen<t Trc– viso, l!av-íà desenvoJvid;o a oti1:a ele pol-emica. que em l'aJ1is, p ela pintura, naq1,1ele,s mêsinos anos. fôra sustentada pi,r um a,:tista que, pela ver.satiJidade e pelas "uescoberta$'" esieticas Ih.e pode ·sc.r comparado: .Fab)o Pica~. Os seus primeJros ~~aios, mode)ados às escondidas em um,a ~ua fu-rtada, ()Jtdê, para e.vit:a.r os períg:ós de um deS.abam~nto, devia ' c()loear ·a argila em )>l)quehos "õ1.oeo!ii e onde cada esta.tua, a~nas terminada. dev.ja , ser aes. frullla pa~ <)'sue ~o se-µ l ó,gar p:ude,sse $er pQSto o péso da: . 3r g:l~a de uma no'V'a ~ tá.tua, era.m naturafmenté ignor,ádas: do pótilico. A SUll p.rimeira e:x).>oojç~. aos dezoito anos. a!;lrigou:;$e -em ilma p'e,quena. -leiteJ'lá -da sua,. téFJl<l, Pouco depôis, fec~ do na )jjenal de V:e~er,a, _participa.,;a. cótn o pintor 'kevísa:110, séU ipíimó a:mig~; ·Çino lt'Oll$i - <11m P/éCUN s~ do éub1,S 0 Dlo italiano qu;e há ,nui.~ a~os vive,., demepta4q P,or um trauniatJl;illlo 1ft' guen-a.; no tnani.côn:üo de Trevlso - da .e~– çã.o dos reensa.dos da. Bienal or;ir,a.nhada m, Palá,ei.o Pésaí:o por .N~ Barbantini. Trans(er.indo::se p a.i-a. .JWma.. féz amiz~ com Spili1iiµ. ~ cc-m, Pederico '.llo.izi e .COIJl1 Q ,l',l'.U])O d& ,ar~st,as e literatos r omáll"8 daq~ela t'il){lêa. l\fas a ·,;ua vida era 11,UI~ a ,iJe ma ' pobte é a ~e um re_lfe\4e. . . • Um art~ta, amen.eano ~eu~)he o 11r•âleS. (Colltlriuá ba 2.ª p:ãg,) - • •
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