Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

·• , • -- FOLHA DO NOBTE \· . ' • .... Domingo. 28 de setembro ·de 1947 VIDA LITERÁRIA · . . . ' •. MÍlllllllllllllllllllllllll_lllilllllllllllllllllll llllllllllllllllllllllll lllllllllltllllllllll lll o ' ' Poró E- O 2. 0 - 'Congresso Brasileiro De Escritores NURILO MENDES EM RECIFE . Conquan-to o .tema não _seja o 41Ue ' el . naJút'iiJJnente escolheri.a, 1&be-se que o poeta Murilo },,len,. eles realiza,rti em Recife, -no mês . . lle outubro pro'Ximo, uma con– ferencia sobre· Castro Alves, a eon'ITite do Oépartamento de Gultura da Prifeitur-a 'daquela eldàde. F,sta - sérâ, icli~. a p:ri- 11>,eira · visita do poeta mineiro à eapital pernambucana, estando, w-ualmtnte, nos séus -,planos uma ~ parada na Bahlà; que ,ele 11 bmbe r não conhece. .Antes dis– ff(), pcré-m, O ·· autor de "O Vis>io– aãrto.. rea~izarã no Coleglo Sa:n– flo• lnaci-0, d~ta capital, uma pa– lootra sobre poesia, taJvez nos IMOldes da que p,r_oferiu há me– ,e;, em Belo H-0rizónte e que taao IIO iucesso· alcançou. . ~~~ cowros DO MAR Dever6 realizar-se em, Belo· Horizonte, ele 12 a 16 de outubro próximo, o ~ Congres– so B,asileiro de Escritores, promovido· . pela Associ°'ão Br,isi(eira de Escritores (A.B.0 .E.). Há grãnde espectativa em fôrno desse im– portante conclave, que convocará intelectuais de todo o país, para tlefendér a cultura e salva– guar',lar os interesses dos esc_ritores . Hinguem se esqueceu ainda da _grande re– percussão do 1° Congresso, realizado em janei– ro de 1945, em S. Paulo, e no decorrer do qual _ pela primeira vez foram formulados, de publ;~ co, votos pelo ietôrno do país ao regime consti– tucional. O manifesto então publicado teve de– cisiva influência- nqs acontecimentos que depois se desenrolaram, .situando o escritor brasileiro na sua historica posição .de combate ao fascis– mo e de atenta participaç_âo polit~ca. posição dos homens de letras do Brasil ; , A A . B . D. f. recomendou o seguintê1-emá• rio para a grande reunião: Direitos autorais - lntercambio cultural - - O escritor e a luta pela paz - O es– critor e a cfefesa da Democracia - A difu– são do livro <e o situação economico do país -:- 0 livro didático:_ T e'atro, rádio, imprensa e ci– nema -- Problemas.de arte literária . Será livre, no ent11nto, a apresentação de qualquer traba• lho referente à defesa da cultura e aos interes– ses do escritor . . mairxista da Comedia Humana·• e da ..Introdução a Balzac", de autoria do escritor inglês con– têmporãneo Raymond MortíJner. Aparecerá dentro de algumas semanas, no Rio, sob a direção de Fred Pi,nheiro e Fernando Ferreix.a de Loanda, uma revis– ta literari-a - "Orfeu' '. · Po.r isso mesmo, se voltam agora as aten- com lindos de.. enh.os a côres de .-w, Especialmente convidados pelo president~ da Comissão Nacional encarregada de organ,– ;rar o Congresso, participarão do conclave, re– presentando o Pará, os intelectuais Oalcidio Ju– tandir, Dante Costa e Eneida de Morais, residen– tes no Rio, e Ruy Guilherme Baraf~ e o nosso companheiro Haroldo Maranhão, diretor deste Suplemento. · No con•.;-elh·o consultivo da men– elona,da publicaçã-0, constarão os nomes de Lêdo Ivo. Bernardo Gerseu, Darcy Damasceno e Fer– n:µi-do .Fei:rej:r.a de Loanda. O 1.0 numero, já no prelo, conta co-rn os !leguintes c·olàborad-ores: Te– resinha Eboli, Da}ton Trevisan, H~.,-dn Goulart, Paulo Men·aes ea,mpos, Walteusir nutra_, Ma.r– ·cos Konder Reis, Wilson Ma•r– tms, :\)antas' Mota, Xavier Plàcer e outr~. 1,a,nia ~sa. acaba a. ,Liv. Agir fÕes da opinião puhlica brasileira, para ê~te ,1;,- Editol'a, demi _capital, ,de lariçaT, C·ongresso,. que irá _ratificar o lucida e corajosa 11.a sua coleção de lii(ros infan- • tis - "C<mtos do M;1r",. historias CTis-e por que passa atualmente me três romance-;i e seis contos, •comédia Humana", outras no– ~ra crianças, de autoria da nos- a industria livreira .d-0 . '.Brasil, é na sua· maioria até hoje não. tra~ vldad.es podemos- tran~~t!T aos ~colaboradora Ivonne Jea11; "A poz, um preço que aJjna•l não -es- ll,u,,,Íd<><S pa·ra o . português. Entre· lé!Jores.- E' certo, _por ex~mp~o. le,n& das dooas", "Os dois rei- tava ólio, a-lcaru:e de todos 06 lei- 1>s .rc:mances , f igurará "A}berto · que tamben1 jã ~ã•o .no pre~o o nosl', "A· vi_a-gem ao sol", "O cu-• . t.ores, 'é sabido que j â se ach_a Sava:rus'\ muito C<lliflos<> pe!o .terceiro e o· qua:rto volumes, e eulo ·magico·• e ~A .n<>i'té dos _ge- '-?.otado é 10 volu~ da "Co- s,eu: carate:.: ·;iutobio;grãfico. Além - gue toda a obra, abTangendo -os", s_ão os cont0.9 que· :foi;mam media Humana" ·· de Balzac, :na . disso, abril-à o 'volume o çelebre cê:rca de .onze m~l.pagia:las, ,j fl s1 esse vol11me, · capaz de propor- publicllção da Livraria do Glo- eistutl:O de ~a.ine sobre BaJz~c. o acha ·prat!-cam~~ trad:uz!p.~, · eionar horas ,de vivo pr·azer . e b-Ó;- de Porto Alegre. Para isso, pr'Jllleiro ·e,nsado critico :em que rendo sido esse trabalho .~a~l~êc, éncantamento aos nÔSBos _peque. rem- duvida, muito 'cón-correu o o autor da "Comeõia . Humana" d-0 não s,ó P.!los escritores ,, q~e DOS• leitores. , . elevad-0 nivel do trabalho, ®e ~y.,are~e com</ úm grande e,s,çrl• pa;ra_ isso. haviam sido ;contra• . • ; ~ ~ -~ :r , era, de.pois'· de ultimado, . uroá tor e r.quele que por assfm dizer tados pela editora e cujos nomes D 2° VOLUJ.n: -.li>A "COMEDIA !'las melhores edições de Bal:iaé. o revelou à França e ao mundo. j à revelamos, mas ta-m-bem por HQMÁ:NÀ". . • AD.uncia-se, ·agora, o 2° volume. Qu11nto- ã ioonograt ia, . compre- Lui Corrêa 'Dutra, Brito Broca. . . dessà importante coleçã'o, o qual, enderã 9-Uinze gravuras, mos- Rub'em _Br.aga, A.urelio Bu arque llAln<;>aido, embora; em mà épo- 11-0 maximo até .dezembro, estará -t?-ando Balzac n.a caricatura \da de Holanda ·e Mar:Lo' ·Quintana, ea, qU3!1dO~ jâ se anunciava a na., livrarH3s. Inclúi esse volu~ ~poca. }H-as ain·d~ 'a ' r~peit-o da qqe _passàram depoos a figur.i.r entre os tradutores brasileiros d:-. "Comedia Humana''· -Deve~ igualmente, merecer refeiência o fa:to de haver Marcel Buteron, . ' taavez o :homem que mais ~<>nhe- ça Bajzac no mundo, e'!)viado _ã Li,vraria do Glollo um estud-0 . ' . . " . escrito especialmente para a . ' . ' . ~ . edição l>rasileil:a, estudo er-~ crqe; c<>mo !l obvio, não fazia paa-te ® - plan-0 inici11l da obra, :mas que. muito vira. enriquecê-la. ' J;)o merono· modo, em futur.os vo- l1r..,1es- serão incluidos estudos aos e!oCrttores braoSilelros Bonald · i}e· Carv~o e Nestor Vic!to.r, -al~m do e:nsai-o de Grib - "Analise • A, revi,s,t;a !.-erà. em· formato de livro, com 60 pàginas cada nú– m~ro. Segundo planos tratados ~los orJentadore.s, i;e1·~0 !anç11· dos no ano vindouro como i1:11- ,.clativas complementares da re• ... ,! ' t • ' v,i'sta,, liVlOS tlé poeina.!i. de Dar- cy I>amatc:enb. P/,J~lo M;enàe:, Campos, Lêdo :Ivo, F~rnan.dil Ferreira de Loanâa e , Freô Pi– nheiro; um.a "4to1ogi;i ·dos p~• tas novos", e Ulll,,. nú:fuero dédi· ,.. '.. , ,,.. cado a ~u,rilo."Mendes, 'A ré!e'rida pub1lcação reunirá todos Ois' novJssimôs do i3rasi1 éii:i~ e~ejarn d-l!1})os'io!I a lutar · pjla autQ<!Íon~ia das. _atividades int~- 1eciuais e· ·pel<i' resP.êito' à intelt– gencia e à fiteratura , I -----""~--------------------------~---------------------------·--------------- •• PORTO ALEGRE - Quem tá leµ · Chésierto,n <,lifi~ilmep. ~ vo.i~rã d~S:a viagem se ri;I &e sentir remoçar .no ·cam'inho. Tal é •a i1Dpres,sãp vivific~n:te ile termos · â!!S:vendado, coni ele, o segredo das origens e ~oca,do <>- mistério · do ser que alguns, como o sr, Gus.tavo Corçá9., cliega:ip._ m~smo a ':nascer. de novo". E' q.ue Chesterton detém realmente um ségr.edo,_que boj_e constf– t!í:i privilégió, dos poetas. e dos místicos: ·o sentido do misté· rio, a humildape da aceitação. o dom de . adhii'rar-se;· -e:- e I?Or, isso está•sel,llpre disposto a pa. ra:r , e ver dé no'1i:>" pela "pri– rn-eir-a vez" o cotidiano da éxistência. · Há no autor de Ort-Odôxia nm instinto seguro <la norma– li:<i~de hu~aria, dá s1,1µ,de; e~7!Ji– r1tua), que dã ao seu ,3ovial ~ -senso uma , fÇ>rça q ui.jse mágica de persµasão. A súa obrà, como no-s lílQstra o sr. Corção (.Três Alqueires e Uma ., . ,' 7~, AG-m, _1~),. traz ó selo ~ o.fi~ i.n.~Ji!iaq.e,. ·vão· p_ó:r O§- ' lfn ta:i: 1de1as _iresc,as, r,ecentes, -::- poJS se. hfi coisa que ele desdenha é " armar um ninho ri~ árvore do- porvir" - m~s pela audácia c.om que se tor– D9U o ca~peão .de verdades · ~ntj_gas. ,. ~ua.s .descobertas - l ele mesmo que o proclai:na - não são suas: "D·eus e :e. hu– ,nanidade as. fizeram". Ches- . ~ton é origi~al, ·como nota lf sr. Cdrção, no me:smo senti. do em que,1i.ára o p_rópriii au– ~or,- de Ort~ôx\a, a poesia po– le sê.lo: "no sentido em· que talamos do pecad'o or.ig (nàl. l!;J~ é origi~.d•. n~o p elo ·mes– qµ 1niho :mot1.vo de , ser nova, mas pelo -profundo motivo de ser antiga; · é original porque lida c0:m as origens". · - · "Encontrei.me a mim mes– mo em Chéstertón - escreve o 's;r. Corção"; ~ , porque as mais simples e triviais idéias, que ,Para ·mi:m par'eciam relí– Cíuias -de !a1nília, desprêZádas :nás altas esferas ·da cultura er11,m - suas idéi-as mestras. ê eram realmen te. rell-quias de famil ia". C·hesterton· não" :faz y • ' • outra coisa, com efeito, ao lopgo de to.da a su:a ~bra, se– nao susten tar a pr10'r1d ade de bn:P,orténci~ das' éoisas . CO– mp~fi Jodqs. os .h_,omens ~<it>re as coisas p,eéuHar,es a algll:ns .bpmen,s. E' ~este Pl"incipio que ele .baseia a sua cóncep– fâp dê dfmocraeia, assim co. mo é na" lei -da p r omessa na fi~elid.ade :lo JU!ámento, 'que ele vai radíca:r o seµ: conceito de· tradição:' P ara Chestérlon demoeracia eº trádição fião sãi> . 4?-0n~ei~nti'le-tic~. :!)~O ~~. ll' !'l() - ~ f>,POdeip s(i:t' Sel)a'ra• dos "'o a m~roi\ e 'i\nlca icdt:•i O s'eu l um,; ..sn-10 assenta . Notas Um --- ·· ~ilson :CHAGAS solidaroente os pés na h:uma. nidade· do hom,en1 no- e'l~r,las– ting man, e se. inspira numa visão afirmativa da vida. Não tC<>ptrigh! E .S . I. , com exclusiyi4a4e para a FOLHA DO NC>RTJ:, m1).scara uipa abdi~~ção, não nes.te Estado) exp.ressà um desa3usta'lnento; · nele é a forma ·como movi·-· · - ·N- ê pelo contrário un-ia ·parti · posiçao. ao se confunde com clpaç·~o. _uma fó.rÍna sadiâ d; mentou o raciocínio e o ines- henhum recurso engenhoso lu{á. ·Não é uma prisão onde O pe!ª~? das. c~nclusões que:. à ou m·aJ&barismo de puro eféi~ esc;ritor cpol"a o desencanto primeira vista, parecem des- to; ~raté..-~~. ~o cóntrário, de trági-co, do ~eu isolamento, mas tina:rsse a chocar o leitor a um processo legítimo que lhe um veiculo que o liberta do confundir <> sense corou~ E.n;i permite firmar algumas das seu próp,rio eu. qué o' recon- Ortodóxia depàra:mos esta ex- idéias nucleares da· sua obra: duz de vólta ~s suas raízê$· l)u- traordinâ'ria. conclusão; "O O sr. Gustavo Corção sou15e rn:ana-'!. Não·é in$trumento que louco é o· homem que perdeú eín seu iivro, analfsar aguda! deforma. ou mutila. mas que t d li ·t· ' retiff(!a. Exemplo· disto elé nos tudo. excéto a razão". São des- men e o pa'ra oxo e es erto· dá. n a re~po~t,a a êsta: pergun. ta espécie os tão falados para. ríiano, e o seu exato signilfica– ta que lhe foi formulada num doxos tle· Chester}ón, ·com que :10· num mundo atulhàdo de inquérito l~rárró: "Qu·e livro ·muitos dos seus ·críticos não lugares comuns, de meias– q'he:r-eria você - salvar se náu. têm . deixa;do de implicar. O verdades acollÍíàas liberal. fragasse numa ilha deserta?" seu processo consiste em a- mente · pelo espírilo largo do - O quê eu d·esejaria' ter na ·compailhíir a argumentação reeulo; "Na verdade -=.. escre· ilpa desetta. 'respondeu CheS'• dos seus adversáribs até ex· ve ele, à pág. 56, - o confron– terton, .erá O ,~anual do co~- -~air. do seú bôjo a contradi- to entre O ortodoxo e seu trntor de botes. - çac;> unanente; fazendo saltar mundo de désvài;rada éloxia O que hã d~ inconfundível para fóra o absU'rdo da sua · teria-q1,1.e produzil', logicainen. . (COPYRIGHT E .S. I ., ~OM EXCLUSl:VU,ADE PARA :DO NORTE", NESTE ESTADO) Crítico te, o par-adpxo. Não era ele que os fazia; er~ ·ele que os caçava. · r.io , cortanoo·lhe desde log\ qualquer p~sibilidad'e de f,u . ga. A l uta, pára e~se eaip.;peão inexoray,el da Ortodóxia, é, serp quartel ~ sem t~gua;, só deixa de .y~\:>ra'r go]J)es Q\la!l.,– do v,ê o inimigo esti raêlo ':na arena. ' • • • A .a-i:_gument.ação d~ Ch~ter: ton ~ ªº m~mq 1~mpQ gtrrê• da e inui to viva. O seu fuva- O dr ama de Amiel consistiu riavel bom-senso leva-o sem~ no perpétuo julgar-se-. no sen· pré a ·preferir fat-0s concretos, tifuento de iinpptência em fa– casos. 9orriqueiros, f:!gur;is do- ce da vtda. na timidez mórl:li. m·ést1cas par-a mov1mentar e da. excessiva, na cônviéç·ão de ilustrar as suas idéias. "A ca- sermo.s nós ptóprios os cqns– _sa de fa,mflia• .nota O sr. Cor. trutores do nosso destino. Du: ção, _é o pode.roso vé'rt ice que · rante todé\ a sua vida obscura atrá1 _todas as idéias d~ Ches- de professo;i:- universitário ele terton". O estilo é de uma a- lutaria por 11reserval' a paz gilidade felina e ondulante: 0 interior, a unidade do· espírito, autor estaça de rep!:!nte a meio m_as. sempre q_ue o con~egu~, caminho para r esponder -de n~o. encontra força~ Pl!-ra sa1-r a:ntemão. a, um_a obj~ão .previ• de de:1tro do se~ p.ropr10 mun– s1vel, e Jã retoma mais adian- do_, nao ,sabe transformar a te o raciocínio' que deixãra em atituae olímpica, duramente suspenso: E' um estilo de com. alcan~ada, em energia cria:do– bate. l;>reve. preciso, metálico. ra.-. Eis todo o s,eu d-rama. o Chesterton é sobretudo um lu_ D1a.r~o tntipiP_ é a hist61:ia da tador .leal e valoroso que sa- sua 1mpoten-c1a .para criar, o be at8.<lar. de :rijo · 0 'aàversá- dl'.al!la da ~bmissão às leis do s:,u P!Ópr10 mundo. • que. e}e na:o pôde supera,r, por que nao do111inon jamais as suas pr6'– pri as forças. · E' um hom,em que perd.eu à fé em si me'smô, 'mas não se rende, não se cu.rvà, não se su,.bmet,.e nunca. O instint-0 de vi:da pe1:manece intacto, ar– -derite, apaix~nado, não se re- signa a re;conhécer a próP,r ia i):hpotênci~, mo'rtifiea-se com Vi a __ névoa da madrugac!a Desl1%ar s~us · gestos de prata Mover den!ida'des de opala · 1 Naquele portico de sono. \ Adernava, triste 1 o' cavalo morto .~• 1 J jsso e · se désfibra cada vez mais, numà-· ânsja suüiida de se attalisar· é corrigir. " O i!)eÍ,l "Diâiio" ·'é, pot isso um'brev.jâl'io·do que é precisi sei' e (~er para se 'ser verdá– deii::a:me:nte um hómew. ltle oontem . o q:ue Amiel não foi é Na fronteira -havia um cavalo morto . · ., Grãos de cristal rolayam pelo Seu .f/~nco nítido; e algum v-ento Torc:i'a nas crinas pequeíio L , , I eve arabesco, · - triste adôrno - . E movia a cauda ao. cavalo morto.' ,4s estréias ainda viviam ~ aindf! niio eram nascidas A i! as flores daquele dia. .' .' ~ Ma_s era um' canteiro 1 o seu corpo: Um_ jardim de lírios 1 o · cavalo morto: ' • E ?S viajantes contemplaY.am_ A., fluida música, a órvalhadd Dos .g:-.a'ndes moscas 4é esme,aldà Chegando em rumoroso jórro . . ·. • • • E viam-se uns c,r;alos vivos . . I Altos co,no· esbeltos navios, Galopando nos ares finos, Com felizes perlís ele sonho.' • Branco e verde· via-se o cavalo morto .,,' ' . . No campo eno.rme, sem recurso, - E devagar, girav~ o mundo Entre as suas pestanas - turvo Como em luas de espêlho r.oxo. Dava o sol nos dentes do cavaló ,ntJrto ; ' • Mas os yiaj(llftes passaram . E não sentiram como a terra Prfieu.rava, de légua em légua, O ági/ 1 ime,,so ff eterno sôpro . . . Que lqltàYa -àquele arcáb6uçof , • Tão pesado, o peito do cavalo mottt,! Cecília ME!RELES " , o que· ele não fez: justa,mente o que é preciso.s er e ':fazex 'pa– lra um artJ$ta r ealizar-se plé- .. námên:te llÜD)a, "vida e numa ,01:íra harmori.~osa e criadora. · '( . , r " A sua lett,u-.a torna•sc,. por v,;zes; monpton~. enervflnte, na,c;> nos consegue p;render; 11ot qqt AmJ.eT não sai :nunca q.e den~o de si me_§_mo e Í) que revela ao seu ·"Diário'' nos parece insi.gpificante s.~m· i ropórtância. Mas con:io 'tudo :isso tem p ara ele um sign1li. pa(lo terrivel ! E' este, aspecto qU:e faz que o-seu "Diálrio" con – 'tinú} .a intere~al' átravé.s das ge:i:ações, pois é ª'í que está todo o seu interesse humano. Rtjas suas _págihas se o:uve a querna de todos os que ansia– raill, ,crJa,r, e fra,ca,ssaram, O m µ'n-&ó nã9 <;,ôr,h.~tía, antes . de·le, a revel a:ça.o deS$e drama;. todo'<> os Jfracªssados l?aJarru:xi , se iTudi±-am a:.sí p~6prios, tiv:e1 ram o pudô:r de n ão' coníi.ai . a nenhum D' ário a hist:ór·ia da sua impotência, Aini el, não. ·

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