Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947
' ~'111,1l111111111111~111111111111111OIli1111111lil UIJll111111llf11111111111Ili11111 ~ - - - li ., - ;l "' ~ - ê - li 1 • -- !!! ;;; - - -- = ~ -~ "' - = - ' ~. ,11111111111:11111111111111111111111111111111h1111111111111111111 111111J11111111n 1» _ _ _ ·+++ . * * ;,_ *** * * * * ***J- ~ ~ - . - ~ llll1111111l11111llllllllllllllllllllJllll111ttlUllll llll11llllllllllllll1111011111~ J I --/rlc***H***********************"l<***********************º*******1!k*~**** * _ Porque o sr. Dionelio Ma- ~ l o' ECR'IJICA ::: 0 m!~!i U:o!:~~:::- i JORNA / . . .. . do e respeitado na vida li te- f rária, nenhuma crueldade exis- ~ R O m O nees, N O ve I O _r- _ E tae no dizer-se que o seu ca o . , ""'ê o de um autor de escada a baixo. Hã mais de dez anos, êle publicou um ~celente rc,- . mauce, Os ratos, com o quõl ~+lf '1' li• "li >f • • "f·lf>t '+lf- • >f lf lflf 'll"# .. ••HY/f)f)I.. ebteve grande sucesso, abrindo Alvaro LINS (Especíal pará a FOLHA DO NORTE, no Parã) Contos \ chado em,perra ou arrasta~e, sem colorido, sem · vihragão_e s~m beleza. São mui.to ~ os tre– chos em que se revela sim• plesmente vulgar. Além do mai.s, as repetiçées são tão !.re– quentes que de tudo,_em con– juntQ, o que resulta pM'a o leitor é uma descomunal sen– sação de monotonia, e de tal ordem que- somente por es– foi:ço prof~iona.l não se_ trans- forma em irritação. - . Ao sr. Ivan , Pedro Martins, um considerâvel espaço para si próprio na moderna litera– tura brasileira. O loueo do Catí, aparecid6 em 1942, já era, porém, um livro medíocre, vi– sivelmente falhado, como obra de ficção. Não li Desola~ão, que surgiu em · seguida, mas Passos Perdidos, deste ano, re– vela' nitidamente que o roman– cista perdeu de todo, ao me~ nos por enquanto, o próprio $entido da criação literária <1). Pois a verdade é que este in– titulado romance nem chega a ser propriamente litel'8tura, e merecia apenas o silêncio se o nom-e do autor não obri• gasse a crítica a um •oomen– mente, porque lhe faltam subs- sentimental' ou 'Um- romance CaTáter de coisa automática, d- eA•tumes. E' um simples • · ~ tância doutrinâria, paixão ideo- v = fabricada, sem 1nsp1raçao, sem 1 regi.,tro de impressões com "lid d "d própr1"- lógica e visão dos acontec. - ,,, ag1 · a e e sem vi a iu-. """'ª f=ma de má .-.mnrtagan. lítico -m-tos "Utn quadro S<JC1a1. ..,,. = - -,.- - Não é .um romance po • "' ' ~· Com a fragHiâade do assun- cozno poderia sê-lo excelen_t_e-__ rn_,a_m_bé_'m __ n_ã_o-:-é_wn_·_r_om_a_-n_ce __-:- to, ainda mais se destaca a pob-reza estilística de Passos PerdidOII. Uma pobreza que chega a ser miséria vocabular. A prosa do sr. Dionelio Ma- em Caminhos do sul, não fal– ta v:ibração, entusiasmo, ener– gia, potenciali~ade criadora. Há mesmo neste autor uma força de criação que. embora ;1inqa informe e um poueo bár– bar-a, cheg,a a ser notãvel pelo que rev:ela em juyentu-de e, vitalidade para o romance dos noslfôs dias (2). O sr. Ivan Pe-/ tárlo. O enr edo dePa.55os Perdidos está na revelação, na fixação - . dos "passos" qe um persona- gem, . que se movimenta no . a1nbienté da cidade de São Paulo, I-0go depois de haver . ' saido da cadeia, onde ~tivera como prisioneiro politi,co. Lá, êle procura e1;1tender-se com_.,– a sua "ligação" (como se diz · na linguagem técnica dos co– mumst as), envolvendo-se tam– bém em outr~ pensamentos, preocup-ações e episódios. E ---------- • 1 :Domingo. 23 de fevereiro de 1947 Diretor: PAULO ~RANHÃO ----- - ................••.....•.•••••. . -'"' --•·········– ········---- ---- ... ··········---- ~ I 1 • .................. ., .......... - ... . ....... ..................... Marq!JeS ~EBÊLO neste ponto, exatamente, é que (Copy,rigblt E. s. I. com~x<!lusivid'ade p.-.ra ~niimos tôda a fragilídade, a FOLrlA DO NORTE, neste Estado) tóda a inconsistência do .livro. • ~--- lamentações - . ·t f' il tom apocalipti,co, s:eus miados mesman:"""", su.is tir . h'-•-'ria Pensamentos, preocupações e mo _ Esta história de bom gosto não é coisa mw O ª~ • não me rlmkÓ se aial-d nos s us dias s e rep e a ....., episódios diluem-se aqui na l\em muitco coll)um. Vem F'wMlo e diz: "Meu D~us, q1:1e- OO.llja dos· vendilhões do templo. - . IU,Pel'ficialiõade ou na vacui- horror01Sat". E !l co:i$a é lmda • E ~t~ acon~ece a r~peito de Pegou no "Ca!l.tico ~ 06 Canmos:• e n.a? 0 U:aduzru c<>":o dad.e. Está claro que o próprio tudo, seja pr osa, se ja poesi a, seJa musica, seJa arquitetura ou seria mais fácil porque Jâ estav~ jeito _ mterpretou:-c, Diz sentido do romance exigia uma dança. 8 Biplia, por e,c~plo: ••. .. terr:r,veI como um ex~ito com certa descontinuidade, uma E' difícil estabelecer os limites do requinte. Mas na ver- bandeiras". E O pO'eta, ..... te.rrivel CO\m'o um exército sem realização ém trechos soltos, d--'e _,..uinte é questão de sensibilidade, nasce COlffi a gen.te , _ · · = •~ bandeiras". mas tudo isso com uma uni- mas só se desenvolve nos ambientes dle cultura. Há quanto.; s~l-OS a1,1davam en-ados· o.s comai.ialdores da dade interior, com um centro Me•- ~=,gos, eú não quero insinuar nada. · = =- B~blia ! _, de eonver~ncia, que seria, no • ,. • • • • caso, a ª"ão dr_amátlc;i. Esta ..,___a a nossa -"eli-i<lade literária, devemos tra"a. r normas ,, ta , _,,.,_ espera de um .. ...-...- _. •V " o r01nancista. ·sergipano e$ va na sa,a """ . _ un.idade interior não exi-5'.te, claras. Para a critica mstitui o seguinte modêlo: !) J'om&n:cista grande clinico COll). seu cartãoemho_ de nora mareada :na 1?11?· pórém, conw não exi11te nestas A é genial. Qs.. wman-ci&tas l3 e C s~o jão grain~s- como o ro- Será que ainda tem e&p!erança de encontra-r um remedu> Jl!).gina$ um verd,adeiro drama.-mancista A. O romancista D nada fica- a dever ao romancista para os seus romances? . Como se apres_enta, o livro e. Os l'O:m&ncista& E, F, G e H são tão genfais com-0 os ro- • • * está cons_t\tuido de vário.s ' pe- mancista.s A e B. ós que; por esquecimento, não menciono lr 00 cemitério não ·é pass'eio triste. Veja.mos a princlpal daçoo SQltos, de esbOÇ.os de si- equivalem-se perfei-tament<e aos rom:ancis:tas E, H ou G. Quan- alameda do São João Batista _ lá está o ma11S01:éu do Be-\)ho.r tuações, de fragmentos de pes- to aos romancistas :Y, W e lt, . como são letras que não fazem e. de s .. Acaaen.ta a gente. E' encrme, pomposo e, felizmei:i,te 11oas, sem a necessária a.rti- mais parte do altabeto, podemos considerá-los realmente umae para as letras pátrias, ainda ~tá vazio - um cozpo s~ alma. ~ulação. b~ l • A alma ainda está cá fora brilhando, brilhando- e pm11ando os Divi(iindo-,o em dois planos • • • b l ' · caeos , " ·- - O- primeiro, no qual o per- Diál-ogo de livraria: Como, modestamente, 0 mausoléu ainda não tem- iuser1ça?, sonatem apaxece no presente; -- O senb-Or é da extrema-esquerda ou da extrema- vamos identificá-lo para os turistas cemitei:iai&. E' um: anfi- com o,s seus "passos pen:l~dos!' direita? teatro grego, todo de granito cinza cla;r~, levemente parecido em Sã'o P>a:ulo, e o segundo, -- Sou oenter-: forwa.ro, meu amigo. Dou passes pall'a com O estãdio do Botaf-0go F. e. Ao flmdo, o woscênio - em com os seus pensamentos n_a os dois lados. ,, rigoroso má:m:tore. Nele descansará o w,oprietário dessa obra base de nminiscências - o sr. • • • de arte. De ca-da lado dlo dtto proscênio, duas máscaras de Dionelio Machado ainda am- O uso de tinta violeta ou. ve.rd' e, por parte de certos es- granito _ uma rmuo, ou.tra choran.cI-o: Não pensem os senhores pliou mais a complexidade da critores naci~ais, nã.o é nenhum toque d~ melaneolia ou re:- turistas que repr~entàm. elais 81 Comé'dia e a T-ragéclia. Nãot :l!i-cçáQ quanto ao problema de quinte;. como acusam certos sujeitos .de vistas gordas. A razão o swbc:ilismo é ma-is sutil. Represeniam dois espectadore8 in– tempo e· espaço. Ou mais exa- é mais prosaica - uma razão econômica. Uma gota de tima teligentes. Um- chora»do das con:iédias,,outr-0 rindo das tragédias tamente: fi-cou preso estatica~ co,mwn que caia na roupa de Utn ca,valheiro, por um particular _ comédias e 'bragédias do senhor C. de S., é ·Ióg;j,co. : mente a essa c-omple-xidad~ ~uímico bem desagd"adável, se transforma em mancn,a :!mie- · • * • . ape-nas sugeridil, sem dar-lhe o lével. Com a .roupa pelo preço que. está - o uso da tinta ~e morreu, coita-do, e foi 'Úm grande imortal. A sua ver- consequente des-erw-olvimento. violeta ou veroe deixa um escritor tranquilo. Suas ma:nchas salba-da há de viver enquanto houver um cretino neste mundo. Os. dois planos foram ajunta- saem totalmen-te (outro mistério da <;1uímica!) com um.a sim- Mas o que mo traz à lembran~a (como ~evem os escritores do,s tão artificialmente como ples ensaboadela. Diabo é gue o sa,b~o agora está tá-O Caf'o poa-~s) não é a sua poesia ~s certo comentário seu numa se entre- êles houvessem sido como uma roupa! ta.roe do I,tamarati. Eu estava espiando um gobelin pendurado colocados limites rígidos. E • * • na: parede. '.tle se chegoµ e disse muito sérii>-: todo o livro;- aliás,_ revela este O poeta A. F. S. é um homem i.nteiiramen.te l)iblico: seu - Gosto muito dessa:s'°'pinitwras. ,. ,...******************tt******·*·*-.******* *i.ti* **********+: 1 • , ! . . d4'o Martins esteve há dois ou ti& anos com o nome ruido– samente no cartaz quando a censura do govêrno <litatorial proibiu a circulação do se1,1 primeiro romance, Fronteira agreste, 'que o público adqui– riu .depois .com verdadeira avi– dez, impulsionado em grande parte pelos rumores do e§.. cãndalo. Caminhoe do snl é uma El,Spécie de continuação de Fronteira agr~t.e no ass.un– to, no processo e na :finalida– de. O assunto é a vida rUl'Sl · no R.io Grande QO Sul, com os seus costumes e os seus personag!lm.S típicos, no ambi– ente do que lá se chama o eor• redor, e -quec assim está ·carac– terizado numa nota expl4ca– tiva sôbre o livro: "O corre– dor, terra de ninguém, é o lo• cal onde oostumam levantar seus ranchos. os enxotados da gleba. Ai também .montâm seus- precári011 negócios QS l'U• des comerciantes da campa• nha. No~orredor _o .peão s.e di. verte, n9 jôgo do 9680 ou: na disputa de carreiras. Mas a sua função principal é · o transito. · Nele se Cii:'.t!=- .– grandezas do pa,g,o". 'Quanto âo pr&eesso, é o do -.regí-onal'ismo no sev sentido mais comlliIJ;l e até co-nvencioa– nal. ,Um proees~o sfste~itica– mente oi:ijétivo e de:scritivo. 4. :tina:lidade ~ mais sentfmen-tal dõ quer doutrinárià ou ideo~6-– gtca. .Mmnado de um Intenso sentimento de humâmdade, de wn apa.ixonado ~mor aQS se– res humanõs, p,!rfücularnrente os-- da S$. região, o ~- Ivan Ped·l'o Ma.rtimi_ imprime à sua obra uma si'gnificação sociàl indiscutivelménte j-Usta em li– nh~ gerais, Este não é um romance fácil para 0/l leit"ores de fora das fro.nteiras do Rio Grand1e ·do Sq]. E',ial difi:çuldade ,nã& d,e– corre de iim carátér hermético, 1>rofun<l'O, denso, • complexo, que poJNe?lttll'a In$Ca\l5e · O lf.• v.ro como uma· obra excepcio.• na:t Ao c9'lltrário: êle é sim– plé-s, direto e até primário. Aconteçe, porém, que tanto :pa siibstãnci.a como na forma es~ con4ici-0na<io ao 11egionali~~o ma.J.s pártícularista. Caminh~ ~ (Co:ntinúa na. 3. ~ pfíg.) f ' -~*·*-* ..*AA** **-Hr.~li: **-** *'*-**'liHti*H* ~ :-*-*1e-•--1i:1,;-*·*-* *_*_*1e-lrlt1r1t·1c ***·* * .. ** *.**tt~* ** 1· ' ~•\Clf'H•,"#.lf'lf'•~•.....lf'YlilV.Y~V.. HHlf'>fVljlljllf•-••HV>f•lf'V_.lf''\'~V*lf-+i · . ' - ~ ' (Exclusividade da FOLHA DO NORTE, neste Estado) A MOR? Atnar? Vozes que ou vi, já não me lembra Ik novo· estas vozes. peço-te. Escan de-as em tom sóbrio, onde: talvez entre gr,ades solenes, num ou, senão, grita-as à face dos homens; desata os petrificadoo, aturde . ' . calcinado e pungi tivo lugar que re gámoe de fúria, os' c~les n-0 ato de crescer; repet e; amor. amar. bd>ase, ad,oração. t emor. Tulvez no núnimo O ar se crispa, de oµvl-las; e para além do tempo resso.µn , remQS territ6:rio acu-ado- ·entre a espuma e o gneiss, onde respira de .puro batend-0 a .águia transfigu rada; correntes ' ,n:na criança apenas - mas que assustada! E que presságios tombam. Em nós ressurge o antigo: q novo; o que ~ nada ~ se-us cabelos se desenrolam! Sim, ouvi de amor, em hora ' e:ictr,ai fo111~ de vid~ e não de oo lifiança, de de5aSS<>ssêgo se n'Utre. infinda, se bem que sepulta~ na mais rwe nte areia Eis que á posse abolida ; a de hoje se reflete, e coclundem-se, que os pés pisam, e por sua vez - é lei· - desapare<:em. e quantos dêsse mal um dia- (estãOf,\lmOrtos) $0luçaram, li! ouv i de amar, como de um dom a poucos ofertaido; ou de um crime. !habitam nosso corpo reuni<;Io e soluçam conosco. **'********-*º*********** * '"6'"fi-li*'"** **" * *.-. •·* **'**** * *****'.. ' i 1 1
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