Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

E \flDEí'ITEMENTE, n â o é possivel co;Lal' em .um a;r– tista do pp;rte de Debu_ssy uma etiqueta apenap de chefe de escola e caracterizá•lo como fixador do impressionismo mu- 81Cal. Por que êle é, não s6 o cria<ior de uma nova linguagem sonora como o inte;rprete refi– nado e <S<Utll de certas emc>ç~s e certos estad<>s multo mtimos da alma humana , pelo qual êle se apa;renta a Chopin, cuja· escri– ta pianl.stlca, de resto, com suas audácias de harmonia; êle con– seguiu ainda aprimorar. Debussy criou tàmbém wna at– mo#exa própria, uma atmosfera de .magia nunca antes percebida; mesmo os críticos menos "llterá– :rios" não podem fugir ao r.ort!– l égio, pois que tal -atmoi,fera ba– inha numa poesia veroadeiramen– te inigualável. Debus sy criou "uma escrita ~aseada no e'quilibrio dae res~ sonâncias naturais de um acor• tle e na t,;i.dependência dos s·ons barn)Õnlcos considerados comío eflorescências naturais e neces– tária,s do som''. E, note-se, fez )s~ se11:1 nenhum e!.pirito de àliar/:{ula, antes procurando ll• be, tai- a escrita clássica de um Jrande número· de imposições lrb i h·ár-ias e convencionais. <q ~ <q Se me perguntassem qual a obra representativa de Debussy, S. PAt.TLO - Tenhp ~sempre, à. le.itura de José Geraldo V~-' e1ra. um sentJinento complexo d e irritação .e enlev'o. l1>tlta-me s e. u i ntelectual:lsmp óiferecicto. v erdadeir a su_blimação de um re– calque de exibiciotrtsmo; mas en– ~atrtam-me a sua !magi,na'çâo tu– tnuliuár~ e a poesia solta, sur– reali$ta, de SU<)s melhores pl1gi– b.as . Quanto à gratuidade de sua obra, não me desagrada, sobre– 't'udo em nosso momento de afe– t açãb pa)'.ticipante. .Seu novo liv.ro, '.'A tfuuca e os 'da,clos" · (Liv.r. do Globo, ed. Por_ to Alegre, 1~47), parece-me d-0s 1na.Ls representativos de s u a s quâlíd;ides e defeitos. E.Is 11.tna h istória que se entrosa em ou– tras tantas, numa trama com– p licada de plan.os realistas e pla– nos lnt,rospectivos com persoi;:1a– geos que surgem de todos os la– dos, à primeira v.ista de igual :i.mlportância, e de~parecem re• pe),ltinamente par.a reapa.reoo:r ào ~esr.no modo inesperado, viven– d o c'ada qual seu drama pró1?rlo e particlpa-l'l(lQ todos dp mesmo , complexo centl,1l, J.sto é, àas três h lstórjas prlo.ctpais: a de J ail'):'li• p.h.o, que foge de Marília, para não ser inte1,nado em um _pre– ven tório, e vem parar em São P aulo-, :ri'a '1nstltu!~ã'~ dõ Cêllíil e do Ca,ixote": e de João Ber– n at'do, que procura súa filha Cons.ta,n9,a e a encl)ntra anúga– da ª· úm "croupié" em San.too, fu rn.ando-,se entã.o ~regado su-· b alterno do cassino; e a"do coro– nel Rogépo, que, para cumprir :uma promessa, faz reptese-ntar tod-os os a n os o ''Mlstérío da -Paixão", em um armazem do t áis . En'ibora a técnica usa<la não 1,eja' .coínpletaménte. nova, José G e;raldo. Vleira a enriquece por ~e.I't.o. graças a sua espantosa iniagina§ão, f,lum deHrio etn que entra de tudo, do melhor e do p ior, e rudição enciclopédica, ru– d in1eiltos de todas as línguas. re– co,rda1;ões pessoais, imagens mi- 1rabola-ntes e comentários saga- 1tes. Assim, .apesar de manter a !estrutura do romance, como lWlª o rquestração modérnissima sô– b -re a qual não se desenvolve uma linha melódl'ca, mas can– tam vá.rias melodi as entrelaçadas, 111l<rµ,ples ft-ases, por vezes, muito -:rica,, e que o autor não e>..l)lo– ll'a vQl-unt~riaµum'te, "A túnica e os dados" assume amiude a for– m a c;le poema, e sua prosa . que JIUnca desce ao n[veí -da vu1ga– r idade, m:ei;mo 11os momentos mais banais da ação, ergue yôo então. de$dobr a-se. em · ritmos com,ptexos de lndiscút'ivel no– b reia . T,a'Lve:z .ne~a pal'ticula,rl" dad~ . resida o defeito principal de seu rom,ance, como romance, •, p o,is ê s se· d iapasão altíssimo '-p,bctga as persona-ge'ns -todas·' a tim es'.fô.vço que não vai sein djs– sil>nânci,s d-esagradáve!s. As fra– ~ vulgares. imprescindíveis ao riC!al;c:>g'o, destoam do tom geral. rs énte-se mesmo que o poeta não 11al>e anda.r no chão, dá topadas • tocto e a direlt.o, e só vol– ta a respirar . n;orma1mente nas 11)-tµ ras da puiza ficção . Outro d ei.eito d;i ?bra é a l!U· tên<Jia d e verdade psicológica, b gue não teria i.mportânc:iá se o auto, não insistisse a tô<lo ins. tante em retr:atàr pessoas c:,0- llhe<:i>d.<1-S (Martins Fontes, por txempló) 01.1 em criar tipos (La– ta .ele Al<:-a11tara, Chaves e ou• tros). O malôgro dessas tenta• tivtis parece-me total, f!• tan.to ina1or quanlJ:> mais se .aproxi– mam os retratados do mundo ~al. uma e;,xceção, e i.µ-pâ ad- tnll'a'l/'el exce~ã.o, é João Ber – p,ardo, bem vl'\>o e humauo do prin<:ipio ao fim, ·p,.-incipalmen– ~ no fim, quando, á:lquebrado. ibumilib.a<lo, sente as ,primeiras ~meaç11s <la vertigem <;aro.faca :to ft·obl'ar uma 11squlna . A cer,a da tolta do ve!hin,l;lo (! Be.n11fi<?ên– tia é sitnwlesmen:r:,. g~an.~Q,~a e ~ 11,~ :>M<1t\'!;, ;,,ol>'&i. ' r1ma, ob•"' hl'la êSS<' úitJ, <!t . a»f'\1,llo do IJ q\l'!> finda <10T'! :. &l_'-.ll'/1,!i'l'•Y', lã iwrt« ~ o 1clnr .P""'6 Jli,~- ►· 4<>&. í'l Al<!>il l-ns.,1tn"!l.<i ~ 'tf!l/4 . it<t( ! •. 1 !?~~ ~- ~ . ~~ ..:"vm . • • •• ,,. MUSICA ormEJção .. e iscoteco a ma1s· digna d-e figurar numa discoteca sintética e de alto gosto, eu in<Ucarla logo os dois cadernos de "Prelúdios". Exis– tem deles as admiráveis inte·r– preta~ões gravada.3 de Walter Gieseking Gieseking. Mas natu.ralmente, ain.d,a plll'a p1arno. poderlamos escolher as ''Estampes", BS ' 1 Ímages'' , ou a.in – d!l, "Cbildren's Cornér", nas in– terpretações ja hoje clá,ssicas, do ·citado Gieseking, ou de Alfred Cortot e Rubin.steln. Da obra para orquestra, se qu~ermos :Indicar as peças mai~ belas, só teremos o emba.raço da· escolha. A ~enção do ''Pré• lud,e à l ','\pres - midi d'un fau– ne" ·é obrigatória; apesar da po– pularidade d e s s a , ma.gnwc.a ob,~ que foi gravada · de manei– ra persuasiva por Walter Stra– ram e sua orquestra. (Deixem de lado a interpretação empolada e retórica do 111:, Stokows.k;i)-; ., J"\ uri lo • (Exclusividade de FOLHA DO NORTE, neste Estado) • No momento, poderão ser en- contr ados ainda com rlllativa fa– cilidade os kês ptemgiosos "No- . . cturnes". bem como ''L.a Met" e "Iberia", peças de uma rara 'beleza Ol'questral, que devem ser colocadas entre as grandes páginas da mÚ$ica sinfônica. Infelizmente é impossivel obter agora ai, poucas partes grava– das de "Le Matl'yre de Saint- Se. bastien", o)>ra de vasto interes• s;e metafisico, que derp.onstra a pro.fundidade do espírito de De– bussy, capaz de dar· o pulo e abraçar o.s d.ois murtdos. Não esqueçamosi. entretanto, essas pequenas obras-primas que são as composições P<!ra canto, em que os .grandes poetas de • França, con1eçando- por Charles d'Orleans, Tristan, L' Hermite Fr:in~o!s, Villon; passando por Baudelaire, até Mallarmé e Ver– laine, tiverazµ o seu !ncompara– vel ilustrador musical. Exi9tem, de vãrias de!.Sas pe– ças pa_ra canto, "charme" Incom– parável, discos que gravaram a c.onhecida interpret ação de Mag– gy, Teyde, com Alfred Cortot ao piano. Uma bela coleção de discos na lntelígente e sensive1 transmis– são de Artur Rubl,nstein, 11 a que r-eune, sei.5' das mais famosas pe– ças para piáno de :Oebussy, ti• radas, salvo uma, d·e "Estam– pes" e ..Irnagesº. a saber: ...Sol.. rée dans Grenade", "Jardi.ns un1co Copyrlgh1 - Sergio MILLIET - E .S .l,, com exclusividade .p ara neste Estado) a f'QLHA DO NORTE. 30l• . .a plui~"; "Reflets dans r .~ , ·'Homm.age à Rameau", "l:'oissons d'or" e "La plus que lente - valse". Aconselho-a vivamente a to– dos ·os amadores que se queiram miai.ar nos mistério$ da arte de Debussy. É n ecessário destruir a con– fusão que se estabeleceu no es– pirito de muitas pes-...õas,. que vêem em Debussy uma ~écie de literato da .música. Tais pes– soas são levadas a isto porque r,e impressionam com os titu~os preciosos e rebuscados ç.e mui· tas peças do mestre das "Estam• pesº. Na verdadll o que se deu com Debussy r esulta da qualidade especial do seu gênio, pronto _a assimilar todas as tendências de sua época; na literatura e na pintura de SéU tempo êle en- os controu outras zonas de ressonân. ê1a que seu. espirito ptocurav-1: dai essa adequaç~o admirável do ,-eu gênio musical, que, sem o gi. gantlsmo prôprio a Wagner, pr o. curou e encontrou a unidade. A extensa e profunda assimila• çã.o, feita por DebUSSY, de vária, correntes e es~ilos. longe de re– sultal' num ecletism-0 decorati– vo, ;resultou nessa coisa prodi– giosa, fenômeno seTJl par, supe– rior a todas as- pesquisa~ feitas por êle no mundo impressionis– ta e no simbolista: o dcbussys– mo. Porque a revolução de De• bussy foi mais importante que a de Wagner, Wagner foi um ponto de chegada, Debussy um 11onto de partida, A nova era musical. não se apriu sob o signo de indigestas mitologias nórdi• cas que celebrariam o ideal guer– reiro, abriu-se sob o signo dá lf. berd·ade, das mitologias eternas do amor e da natureza. mais atentas a.o individuo do -que aos nacionalismos. Na galeria das figur,as supre– mas da música, o autor l,ie "Fel– léas et Mélisande" (de que infe– lizmente não podemos me!lcro– nar, p<il' agora, gra,vações, l e. vanta-se, <aos nossos olhos, ao lado de Moiarl e Chopin. co_mo um tipo de artista particular– mente. grato aos poetas - aos poetas 9,ue deveriam ser todos os homens. · .. se faça l;lermlticO>. O g.ozo !la invenção é mais forte do que o dé~io de comunicai: a outrem seus achados. A quem tenha u ma sensibllidade elécepcionaJ nall,a será mais agr~<;iável do que a leitura de suas páginas ma1s barrocas, em que cada de,talb.e reveLa um valor estét,ico parti– culai' mas aos menos dota~os de r~e.ptivida<l~, êsse estilo há pr e, a visão de seu futuro tú~ mulo: " ...a tu;mba tinha que dar impressão exata, em pedra, ou em bronze, duma túnica tncon– sútil estendld·à s ô b r e a r elva aberta. E ,no centro, cai do como os três dados de marilm. êle, z.es, •qu-e entra e sai do romance entretanto, e sem essa precaução João Bernll'l'Clo. A túnica e os s-em a,viso pl'évio, cr1ador mti• a sabenoa- do autor é atriblllvel da.dos". Assim se -apresenta seu'!- mamente ligado às suas c1·iatu- à personag~ e se torna ridicu– pre a técnica desse r omance: uma 1·as, o qu-e o leva de quan<..v em la, !':la reali dade a prosa de José continua assoc,iaçãõ de idéfas e qllan,do a abrir parêntes~ ex- Geraldo ·vieir a vem de tal 1n0do iinagehs, contiuzindo o autor e pllca tivos para que o leitor nãQ.. r-eoneada de prectosismo. na ex– o leitor de uma a outra exis- i-magine seja a obse'rvação ines- p1,essão literári,a qu-e s,erla ne– fê.ncia, de um a outro momento pei:áda da personagem em açào: cessã.riQ quase um pal'ênteses da mesma vida, do real ao ir• "Lá na grama, perto dum ;re;pu- para cada págin;,... E' mesmo a real, da descrjção ao devane'.o. xo e de um lago, uma seriema maior c aracterJ.stica de seu esti– do dialogo ao. mo nó logo, do parecia uma carloatura de Ber- lo .a associação esdrúxu.la das consciente a-0 subconsciente. E nard Sha:w (nã:o que o veJho 'palav,rl;lS, .(ormando imagens não acontece que tSinbem o autor pensas.~ isso, mas o k!eitor, ago- r,rro felicl~imas m.as sen.pi- e participa da ação inúmeralf ve- ra)". N ,em sempre assim oc.o:rre, di11c-eis, é:l(1gentes, para stia coin_ -;:-=:=-=-:;:=-::;~~:--:------...::.__ _.:..:..:.::..:.::~==::.:...=::'.'..:::.:=::.:..'.::.::-=:.• ..=::, : Atualme:lúe dois nomes do– nunam isto que· se chama a "jovem · literatura francesa": jean-Paul' Sartre e Albert Ca– mus, Tanio assim que· o M· gurul:o tem sido frequente– m ente colocadó na ço.rrenfe existencialisia, da· quã1 Ô Í:>ri– meüo se tornou campeão vi- preensão, de uma grande leit~ ra -anteri,qr, de uma informação muito sólida e variada por par– te do letto.r , Sua escrita é por dema.~ "artística" (como a de Oswald de Alndrade). E p~a sem cassar, nu1n jogo desnorte. ante, do -impressionismo ào ex- 1>rêssioniSmo, e mesmo ao sur– realismo, o que requer uma c-o– pacidaii'e, de ªbstração e recons– trução, mttito acima d:O púplico comum, Por isso, José Geraldo Vieira não será jamais um es– critor popular . l'!le_ ama as p~– lavras pelas pa}avras, as frases ~las. frases, nao resisUndo nun– ca ao prazer do voctbulo rebus– ca d o, da construção inédita. Pouco se lhe dã que d~sse n~odo . ---------- oert Camw, -d.emo.ni; t::-1- como o ..m,nl-e.ntendido" :Pode nM(Cer dà d1sta1Jeia 9'Ue _sepi¼ra as pe-.,s:oas, Na segunda, é o mesmo -tema da solidão, da fuga é d~ n1orte. Ein ambos os casos, iê>ga con, o mes– mo .r.ecu,rs(} dramatico: o àssas• -Mnio. Moralídade: "Não se pode tuôo d.estruir ·sem destr uir a si me,$rnp••;. de pareeer im:penetravel! ou pe– l.-0 menos ext'l'e,ma1nente rebar– bativo. E qlte o públieo estâ m~ habitúadd. O romance nacional, de tese' o mais das vezes ou dé ü"ação realista de "rortes de yida". esq~eu a 1.íngua e o es– tillo. Escreve-se mal, o.i,m ra– :ras exceções·, e com méd<) ~ passar por- i.nteleclual. E escre– ve-se depressa pri1)cip~J.mente. Por outro !ado, os eSQ.rl torés lê,n ral. Tudo jsso condicionou o lel– póuco, carecirn d-e cuitut'a ge– tor conte1~orâneo, que diante dos r omancistas çu.ltQ~, imagi– nosos, menos p;ímátfos na su·a em;:ressão, e máis at<:i\tos !lõ t ta– balb.o <fCq lingu:., pel1de p1L .N fto se :faz, entJ•etanto. neru:i~i:n es· forço !}3l'a a~ang!l'r es.so lite– ratura a que .não está habitua– dQ'. já lll'é cjiissetarµ tan~as Ye• zes q~e escr~ver bem e ra per• n0s<1.1cismo, era antíquad;i, .tóra de µ'ossa é(poca! goroso e ,;utiL · o· único ponto ·em comum que pode existir na r ealida– de entre ambos os escritores, é que tanio um quanto o ou– no possuem talento, e ambos têm a "marca" da filosofia, embo:t'a Jean-Paul Sa:ttre seja filosofo de profissão, enquan– to Albert Camas é filosofo de vocação. Este úllimo l, tam– bem homem de ação. Com lrl.n:ta e três anos de idade (nasceu em Mondor, na Ar– gelia, a 7 de nóvemliro de 1818), deixou para l~ás, não µma carrél'l'a, máa um desti• no muito cheio: ap6s os es– tudQS feitos na A/ rica do Norte, fez a apr.endlzagem da vida, ganhando o pão de cada dia nas profissões mais diversas (acessor fos de auto– movel, corretagem mari'iíma, meteorologia, funcionario de prefeitura, a u t o r dramá– tico), antes de chegar ao jor– nalismo. ]'.oi daquele.& que, no te-m-po da d-er't'ocada e da ocupação, não perdeu a esperança, participando p~ssoalmente da organização d a Resis,tência. Jornalista, i.m,pôe– se imediatamente pelo som vl– br.ante da sua. voz, a pureza e a l ogil!a d~s suas c~nvieções, e. o s-eu idealismo nutrido n-as fon~ tes mais ,puras da lioerdade, Seu e~enpo ai tambem se ·mostrou total; e . se; provisoriamente pa• r ece, ahandonQu o posto de com– bate na impre11sa p arisiense, foi apeilas ~para um novo r etiro es– piritual e para pôr em d ia a sua obra -!iteraria. E$ta possu1u alta riqueza de espirlto; o seu u ltitno "roman– ce".,. ,.La Peste", mal sa ira do prelo, recebeu ú.m dos mais am– oiéionados prémios titera rios - fóram p_reçisamente 0 $ critiÇOS' que vieram tr'azer ao àutor a homenagem <J.Ue já rendiam an– tes ao conjunto de uma pro<i:u– ção, cuja originalidade e densi– dade são notaveis. Fo~ o se;u prlm.eíro l!vro um ensaio. que patenteia bem a ,nar– c})a escrupulosa de U,:I\ _espírito dêdic.ado a conseguir o conheci– m,ento das coisas, das id~ias e dos horne-ns; ant-e.s de pronun– cia:r-se, "empenhar-se". ··'Le M.:r,– tl!e de SlSyl)'b.e'' deu-lhe de ré– pe~te esta notoriedade de bom quilate, s_em:t,re propor clonada. n.a França, a os escritores que têm a coragem d,e revelar o se– creto mecanismo da formaçã.o de &e\!, pensamen.t o intimo. Nes– ta obra, o jovem ,escritor expÕs a fa.f)lOS!l dou t rin;i. ao abs.µrdo, átr;i,tt~ ,dil,. <t\ l.BL ao e'ncontro do ~ ste9,clt}hmn que. ae<"ii.11 ei,;se •~: !.!:tQO. •!e i" éll' ,;le vel~• íibér– tu~ ó,: l!\sµl.rltos rn~15\l'l:•,::J'r&S. P/ITa um ác~i-rlo r<.'>l)l a àa"3i,pr. .·aoiio. t:u,, .:. "l:i.?ªp•• g ..;". t\l_il rorn.a9C1): ~ • fl.l,."t.l()fl.S. ~il,:'-/f.O li,9 i ALBERT CAMUS -PABLÓ DE PAL~ (Dircifos reservados do S . F. I. , distribuido com exclusividade para a FOLHA DO N.ORTE) vel; provoeou o livro um .fr.a-gor consklera,vel entre a juventude intelectual: "Em um mundo fa– lho •de sentido e de razão, sem luz, o homem sente-se estrangei– ro", Redizendo-o, o valor dest e livro ;reside em que ilustra o mito de Sisyphe, Cll,Í a conclusí\o é que a revolta constitúi a úni– ca atitude . prc;,pria ao homem ~o.1,1scient e da absurdidade· e a Unlca maneira de "trvis!ormar em re-gra de vida o que era eon- vite à ·morte" . . Outr,o testemunlio de Albert Camus chama logo depois a aten– ção: as• suas quatro "Cartai; a u1n Amigo a1emão" (Lettres a un Ami allema~'Cl.) formam preciosa plaquete; foram e-sc1'itas durana te a Resistencia e se d irigem a um personagem I ficticJo.. Magi~, LITERATURA (Conclusão da 1.ª pá,g.) m.undo. Quando um poeta, um romancista ou um crítico está trabalhando n<1 ofi,cib da- 5' 1.la ar– te, ele· nã-0 se deve subordinar a qualq'4er consideração exte– rior, a qua1quer lnterê,sse que não seja o da verdadé ou o da belezà da ~ua obra. ~lé poderá trazer a·s eml)~ões e as J?:aíx!Ses da sua ideologia ou do sêu par– tido, mas terá que a•s exprimir nu.ma outr;i forma que não a diretamente pqlitlcá : -a forma' da arte }iteraria. l'ienhuma ob.ra dé poeta ou romancista será obra de arte sem a con,flg,1raçâo den– tro ~o 'plano estetlco, sem a ant– maçao interior· da realidade pelo poder hnagJnàtívo e pel o estilo. Pois a nat;uréz.a - tan to a hu– mana como a paisagística - n:ão é estetica . em si· mésn1a, e s6 l!d– q,ufre . e,.;,se carateli quando ti-ansa fig,,u:alia pelo estilo do artista. 'r'emo g u. e esk circun-stancia elementa1· fique esQ\I ecida nes– sa fase de euiorism:o pol'ftico · dos escri1,ores, nes3a ansla com que se a t\ram ao tem!,)Ol';/rlo e ao .ejemero par<1 servir os outros. homens. V<>rios delas já anda)i:t a ·confundir a arte da' fieç-ão co,m, .a propaga'nda pa1,tidaria c.qm: o se.,.as obr,as de elrcunstancla tos– sem a :final idade ultima do e~~ critor .. E l:,to coinc.íde com a tendencia brasileira para a fa.eí – lidade e a lmprovl,-ação. torna– s.e tnn sintotna mais alarl'(l.ante. pqrq.ue s·e enquadra na especie ~omum da no3/Sa prpilução. que é em geral apressada e :mal fei– t~. ~ mos mediocr<as artes~o$ em ltte'ratura. como eni'. ttído o -mais. :FicamQs .11at,lsfr.itos ,com: o t'aleri– tq, a íns>piração. o bi-ilho exter– no, com c;,s attibutmi espo;'lta– neos. selll levar em conta as vir– tu~f"~ cono1dstaô:i:.s. c-err, 11s crnai~ nm•h11ma obra nclqulre· dura~ão e vitalidad;e; a paoienciã, o tra·ba• tralmente _s,ib~ opor_ à i~agem qu,e um Jovem alemao faz da Alemanha a concepção qu:e da França fotj" um jovem J'rancês - para quem o amqr da -patria não se mostra afasta-d o da idéia do amor, ·amor à justiça e à fraternidade humana. E ainda aí, o escritor desenvolve 0 0s seu~ princípios flloS'o:ficos : o mutido é absurdo, o papel do homem é combater esta absurdidade, esta ccueldade do mtlndo, e afirmar a .libe:rdade, a justiça e a fe)ici– da,de em um mundo que os nega . A expressão teatral deveria n_a'turalmente tentar um e3Plrlto tao cioso de comunicar-se com os seus conte.mpor.aneos: duas p e ças. "Le Malenten<lu" (1943) e "Caligula" (1944) , ilu.stram tal preoeupacão. Na primeira, Al• E POLITICA lho de artesanato, o. esl;orço da composição. ''Não há maior en– gano do 9ue supor que uma au– t entic_a orígínalidade séja sin1ples questão de lmpü!J;o ou inspira– ção. Inventar é combinar cuida– dosa, paciente e conwreensivel– mente" - escre.veu um poeta, Edgar Poe, que élis'.P,ul1ha, no ~n– tanto, de um poder i nventí-vo em, ,gnáu de genialidade. E . acres– ce.r:itou: "El;,sa habllida4e partl– cu,lar depende muito dà f"acul– dade de analise; pela qúal o ar– ti,sta a d.qui.re uma visão de con- 1111J.to _do_s·•meios a empregar pa– ra ahn!{tr os alvos deseiados. IVfl!S . ess'a habilidade dapende ~á1nbe1n, em grande p.árte, de certas vi r t u d e s estri tamen– * n:ioral's, tais · como a pa– c,enc~a, a a t . e. n ç ã o sustenta-. da, a facultla<lé de concen : " tr,ar o espírito, o domí nio sobre si mei,rtio, o desprezo de todos os pte'êQncéi.tos e, mais especi– almente ·a111da. a ener'Jtia e· o tra– ball,o. EstaJ; du<1s últim;ts con– dições ·~ão tíi:o indÍS'Uensáveis. tão vitais, que se p-ode "duvidar. com ?mpla Ta~ão, de que: ,sem ·etas. tenha sid!> J?O,sivei. algum dia. r~'.alizàr qnalq-11e.r obra de ge- niô'~. ,· ✓ O que pode desejar um Ct"ftl– co llterílrib, anirn-1100 ta\n):ním d e t>;~~Clfpações . política·3', é .que a afiv,dade social do· escritor não .venb.a desvirtuar a suà rn!ss~l) d·entro da ordem esteti'<)a: e quê o desejo de p regar ideológ,ia~ e dout•lnas não amPlle n,;, escritor 1;,rasil.eíro a sua iã na\t1ral ten– den,;,ia para a oora f,1cil e· ap1:e-s– ~a da, Pa.ra _a . ~~g11,encia. e: o J,rJ• li)~ sur,erf1c1~1. Fit>ar'rm·os em, feli.z equUIJ>r10 çom ttm p«;>U;éO ménos de :ta1ent-o J,mprovi sad.o· e um pouco m;ilr; de composição na acrte litei::arl;,. 'Pr .... ~ rPme~-e... d.e de Botafogo, 4.8. lrvros: P-raia Jí:~im, através de- uma p-J:odu,– çã,<> variâda ~~ ensa!St;:i, ro.inan– cistat jor.nalista_ e _dramat urgo, Albert Camµ.s assumlU de répen. te o pa41el de chefe de ere.ola, voltou-se com a.foi te,za soõre as ãg9nias do homerà às vqlta.s com as coníradiç\ies. d~ ·um univers·o, po !').\131, iin1"lll\e1;1-te, a graça se ~J?l'esent-a como único reéuri;o contra a de-sesp·e1·açãp, Notem be.m 12:5'la ati'ttJ,lé: p ara .A'lbert Camµs à dese!lJ:).eraçã(} não é .nein. ponto éle· 'partida nem é!Qn– cl~'âo; cunipre ·àceitã-la como e;-cperiencia .necessaria sê,n con– finar-se ccim.o diante de wn im– passe- Deve, ao contt~1Jo, pio• v(}ca1' uma i,-eação (unia revol– ta) que pode vir a ser :fecun– da. p~p.e•se ctu~ o. es~ritor JÜO~li.!!– rã auicfa mais clara:ment'é>a fe1- ção m·et,ifl,si<:à- dà iitía qoi.ttl'Ína em um "ensaio 'll:O:bre -a, .r e,volta' ' que está p,1:eparartdo h.ã • alguns anos. M'às. ná Ulll longo t°o'ma»– ce que el~ suo~eteú à cw:losi– daãe de, IDn vasto públito: ''La Peste". eo.meçou este lívro el)l 1943. .-.igun:s ite.cnos d.o rcütnüs– .cl'ito aparecer'ilm, na Sui.ça, · n·o ~esµ:i.o an..o. Trata -.se ~o .surto de uma epldém'.ia de peste lml,i, gI)la.ria, e.,irt" Pr.an , n.os pninviixos ~í)"OS qà \i<:t1pa:~ão: ~,e !,~ío, b, l~l: tor si! ~µcónaia em pre $eq.çâ , ,de úm·a alegl;>ria''ésttità:co·m.;a maior sobrtedade ··te ainda de -iún to,1f cploto.so que revila p)-oíunda distinção.).. Aº '' pe•;;,te"' nâ.Q .é ·~e– n.ãp wn pretextQ P,ai:a ca.won, tos, em· face do<i q'Uais o fifosofo o_rganiza 'àpaixonal)te dêbat!? ij'e es:pir,itós . Aleg_o,r,i·á. 'i\ _peste é " 'O m·,ü âneE)sh·'at .. i)}e ron.da os.; ho-– mens; R;aa·a , .~!> : ~a.ter·.. ,ti,'l'ta' peste ê .preciso (aco sêiJi.a~l'.1~: ci' aü– tor -com ·a. h iiriestí-dai:te intra11slr gentt que é a ·sul! ,ir(àrfia essél')– cial) ' '!omat <iclibê'hadll,rieh.-te o P3.l(tido· d;i, vitima'' ~ A•c.tJ,tig.a.,çar os b<5lt',ec~~- . no~ps çol)e~q~(lãos. e!)1 torno i:ia.s unicca.:;·~er~.za.;, qu_e têl'.'Q em,-é'ontum e que S'áo-ll ,amói, o sé>fl'IWeJIJ9, e o çl,ep,e_d,Q!'. Ji,Jta .é . a ml$Sao êl.ç bo.n,em, d:E.!'fin·~a uma; vêz '.aiil:da. peTo jqve,m é ~:t:ilhll,n til , .~sc.r'tt<!1c erp .1,1ma -t.r~$1.! c,ortcteta • e s e,,m .cG,t{!pla<ieí\ç!a ép'i(!Í\: J.u.tat . i>~.ila-- S'alvaf o mtlt:l~ do p:a sú] {lb(>prd1'qáqe., _ ~b;;' ~,i;t,e , ç~Q'iinlfõ, All,',er,t _'Ça,– l'l').ú.S .. Ie!'l)bI'a,, uma ..dai!> mal% pu~ ra.s. ],'qzes do g~io franeês. o g_ra~di" P.~~al. 1-i! i esene_v.eu,: ·"~uanq.o a;,t e ~o o: :uinv&– s~ llrre ;be.h.ta ,::, , o lí<:1metl)'. ~! ni.alor q-::re g_uil~ ·(! J:l)lj11il'' • .. ,'Ap$!~ tai,n– b ftf.l) 1?lf'_~t~e , ~~ í;\\l,le~t .f.i9-'mli~ ul;}lll clí'.am~ e,._ ,t~ma-iiét,lg,~n'é}a - a éxI,g'e.J;J.çia .qÍl<ítl\~1e · ctu'e. eon'l!l– di!t;/l _gu.i, al--t~ li;t:é_!a_t"íâ ~e e .geve., ser n:iilJ!;<, qye · UIJ:I J!S,gg- cl.e es-pfrj,tq!' 1:' éle:. par-à os f ~ltncie_;.. ses, ,i,n1 dos asp'éctos v.1,"¾ ,fia s~~ , co'lltc!e-n-cA ...:. a: da dllpudá- 4-e <lo homem; Mário de An-d,:ade 1 n,;is úl;tl• mo~ anos .d;e $Ua vi9.a, i;ndava deveras inqtJsJeto c91n .as · w:·~speç. tlvàs da prosa e da poe~:.. bra.– s:ileíra-s. A igno.rânciâ e a sufi– ciêncfa pa maioria o ap:'lvora– v,a~. -Ele, que criara• uma ling.t1:; nova, raclónal, mwto, me~s: tada, erudita e açesslvel .a um tei:ppo, à)1agi1':\Yá"5'e vaga1nen,~ cttlpa90, Nã.o. JJ;ie cal>ta em ver9âúc f\,e~ Tih\ima re,w~sahilid.a-q>é n:a de• tunp~_ção d.e sua§ ideias, , mas o éx~i:vo , escr:ú1>:1J.:o seihpi:e 9 acompanhou, como -úm .contr>J,pe– .so a su,as ous.ad.ias ·rev.o.l\td::onã– i;_ie.s : A ~=a" de 22, de \lni: modo gerai, cu.i-dou a~íltarocntc da *nica da exp.re ~ão. A c.oís'a C':'11.leçou }i. _desandar ·cqm of qve v1e.ran1 .a •epo_is e ,;,s g_~e ,;ur-ge.m agqra ~r:evem franc.~m~nte mljl. Jos~ Ge1'àldo Víeh•a não é ·moço. ~~iil .t ecr p e.rte'!lcj,clo à iur.m'a da Semana. Te,i'a sido o .:o,np"l– nti'eiro predileto, de Os.•:Va'td ele Aiidr,áde; a q 'U,e -m i;e ái:>!l'l'ei,-ta _po, mu itç>s aspeetos de s'i;.a per– ' són àli'tl a'd e . ' No coli}junto dê sua obra "A túnica e' os .d·àdos", nã'o '..as$it1.ala uma mudan.ça de · -0aiµig;t1:>. 'l';,!– yez nem seja, 1nesµ1·0•, objetiva.:. m~nte o séu tíle)J)oc ,r,órilance-. .MlÍÍ$ re,pr~.enta um a,µn~u:r~~i• .n1~w. uma p-le.tiltti~e. G;o1:ii ~lá chag,à o au~or a , um~, reali~1l:;i,~ eyiJi~ntf! ;de ·st mesnro.,.,. isto · é. ali,nf!l. 1::,_ e,J!'.:r;j_l;e9S'ãp . 11,l~is fellz d;e: su-a;s q u1111d,;ad:es é . de ia.us : . ~;l· cios-. E 'es.sas· qua~ldad,;,s e. vicios :sã'o os' de -um· esc.rLtor i;ttê);n'a– C)RIX.i.1 . e , !l ã: o esp~éi./:lclún~flt~ bliasllei'l'O, .de um Ji,orne:tn que viv,eu p)l,t' &xia ~ .P~rtê. · sé1!1., s.e flxat, len-do, vep~o. ouvinpo, mais, em .lí1>téi,s e él!,~ln9s, P l'af{\1 .,,fl .ruas, do,. ~úe na P:,.Õ'l)~i';! _ça:;a , pr~o,. à tez,ra .e às' fll'~<,lf$iôe~.- São , e~às, 1'J~Il°'da(ié~ 1$ v~iP-,., <5~\ d'e l,!A'I hotn=.t d!l c1;ise· ç,;1,1,~ te ~o.rl !,l'íc~a e, q.µe eu Véci,a ~-~~ feitam-e,1:ft-e. ~r'l!>VÍflldo em tf:úí.• p~S. o:u 4J.~fs '.- 0 pe~~J) 'q;t)t c,p~– r.e" l o ' d~, i ;i.ao C9ns;t!nr ll',{ljs'I ncest#is _a1~3;_as-. • o l:ár¾.1:.> <Je v;,qa , ''.t!ge,~t(Y<l_ 1nd.1s,p-en,$a_ver á 1".e-!i– hza,1,1ao (le, WUlf #l?1'1i; 'l'e\'qli,;leir.;('– m'jllitr,. ri,ca de n:uro;i.nrda.Õi! ~- ' s~11'0Ja'í, 0 r1sco. ~fá i:m 0 (j\l'~ ·a fu'\t~lfg,';P.eia .v_ol~ô'.ii para, p I;iii.– .l;ll,~.. :ct a sens1bíJl.da<le ,._ ~1;~11ta ~ s-ti.tfl'ez;is e â.\>s' reqtnut1>1 E1m– t>u ri:9-u o in\t,Q.I' ·t \{h1a ~~ut-éi):– cb❖re", a ur:na pel"rnl!Jll!lnt'e 'ti~ ~i-da~ .!l.e um .11\'~o:· !:;i:i,:~. sêm ~:SUP*.tar no.<eP.t<at,Í~ J;':' as– sÍJt'Jl, e,n.. 'itia7.. _dce t,i;:a[ ne,;;se ,eg111- :Ufri:to insfà:ye'l 1'1~s ft!<"u'\';IO, .~l– fç ,~e sonh,ape?o,s- e AA 1'.eel1fiibs _s.~a4,of . e;o:iit;l'a o tal_en,f.o:. caw no a:h~icto, e;ii~rl:.gar'-se ã's! ~ll– !lôt:\llc, cl:~ w-oo~, c.omo 11m ' '11l!1iiJ~" . ô,g lo'él~bs. fá'ee}$ dos N<tJ.õ'ç,5 sli,.1> iet1j v'el_m'~nfe 'te:n,tâ.'1o~e!\, tant(i, ~enaç rQ,a n,. qun.nt9 oi; Ci:t:I<' n◊ofe~eu:l ti.1'1'111· p~uláq91lÃtl, o~~ da il. CUJ,ta iW t&i/ls:· '" ""'""eiJ;, IISeta. . ---. ' •

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