Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

2.ª P,g!ni \ a DmETQlt PAULO MARJ.HH.10 L ~SR T_1 ) SUPLEMENTO ILITEAATURAI - l'()JUENTAÇÃO Da tfAR.OLDO MARANHÃO COLABORADORES; - Alvaro LUls, A.lmetaa 1!'1SchM, Aurelio Buarque de Hollanda, Benedito Nunes, Bruno de Menezes. CarIOI Drummond de Andrade. Cécil Melra. Cléo Bernardo, Cyro dos Anjos, Carlos Eduardo, 6'. Paulo Men• '1es, Haroldo Maranhão, .roão Condé. Marques Rebelo, Ma. nuel Bandeira, Max Martms, Murilc, Mendes. --'Otto Marta Carpeaux, Paulo PJ• .n.to Abreu, R. dE> Sousa Moura, Roger Ba~tide, Ruy Guilherme Barata. Serglo Mllliet e Wilson Martl.ns. ·----- CRONICA - LADROES 1 --Lêdo IVO-- (COPYRIGHT E .S.X., EXCLUSIVIDADE PARA A "FOLHA DO NORTE", NESTE ESTADO) RIO - Quando, no ailênclo da noite, ouvunos uma p0rta bater ou uma cortina esvoaçar, nem sempre se deve dizer: "É o vento". Um corpo ágil, que conhece os segre– dos do ar, pode saltar a janela; uma mão leve pode abrir a porta, Vultos de sapatos de borracha e roupas que Imitam o escuro estão circulando pelas ruas da cidade, po– pulação noturna e &llenciosa qu_e quer joias, cédulas, rou– pas, a.xitiguidadea. Em pleno Distrito Federal desenrola-se surdamenie êSH drama das grandes cidades. A l\lta entre 0 ter e o não ter se des.envolve. inventando chaves que abrem t6cias aa portas, dedos que violam tôdas as gavetas. Há criaturas esp-ecializadas em tirar anéis dos dedos de pes– sõaa que dormeni; outras efetuam verdadeiras mudanças, carregando móvel.a de sala de jantar. enquanto os donos da casa trilham os caminhos do sono. E assim por diante . Nem só duranJe a noite a sombra cauta dos ladrões se in– ri.n\la, aproveitando a bruma das esquinas, a clássica bruma à.os romances policiai& . Ein plena lu~ êlea aparecem, com a sua perícia q\le p0ssúi qualquer coisa de uma magia poé– tica, coni a aua destreza que evoca jograis e dançarinos, se és wn escritor, êles te roubam a inspiração. S.e éa uma dessas moça& grã-finas que entram aózinhaJi no cinema, da– rás de repente um gritef. e perguntaráa: "Onde está o meu relógio?" Se és um homem de negocios, procurarás em vão a tua carteira. Se tens automóvel, voltarás a p~ para casa . Se tens jóias em casa, teu amanhecer será uma ausência de cim.élios. Nada está seguro neste mundo. O escoamento não separa os pobres doa ricos. a gente do governo e a da opo– :,ição:1Todos são contemplados por essas criaturas decerto !nvíslveis, cujas mãos chamam os objetos e cujos pés co– nhecem os caminhos da evasão. desçem uma escada de in– cêndio como se estivessem correndo em uma planície. Foi justamente em vista dessas circunstâncias que au– mentaram ainda mais o sentimento de inaegu:rança dos ca– rioc_a.s, que um velho senhor, dos tempos em que se podia dormir de porta aberta e esquecer jóias nos camarotes dos teatros, l'esolveu proteger-se a si e aos seus, exercendo uma contfu\la vigilância em sua casa. As luzes do apartamen– to sô eram apagadas depois de percorridas tõdas as depen• dências e fechadas as portas. Então, êie ia repousar, inva– dido pela certeza d1> sua seg\lrança, e_xperimentando a ale– g-zia de adorme-eer eJ:!l uma casa que era também uma for– taleza e que, pelo seu ca:ra1er escapista, os amigos do alheio deveriam considerar como uma torre de marfim. o· vuinbo ao lado foi ro\lbado; leva:ram'-lhe a totalidade das roupas de llnhO, em uma tarde de calor clamoroso, A vizinha dos fundos, em u-ma manhã. 11rllou romanescamen– te: "Minhas jóias", deàma1ou e foi para o ·Pronto _Socorro. Os vizinhos de baixo, n-o fim do mês, não conseguiram pa– gar -o aluguel, pois justamente no dia do pagamento o mlll'i– do deu um encontrão em um s\ljeUo que la passando pela rua e ainda ~diu desculpas. :N"ada aconteceu com o nosso amig-O. Presa de um te- , m<>r cada vez mais crescente, :resolveu andar armado. Se em sua casa a obediência a certas !ois de precaução e v; gilância tornava inútil qualquer assalto. o mesnto não lhe 1 aconteceria na rua. Era pr-cclso precaver-se. Em uma manhã, tendo necessidade de ir cedo à cidade , mesmo ao tomar o bonde êle não dispensou um dos parã– graf~ de sua liturgia, Sentou 0 se junto a um aenhor gordo de colete e óculos de tartaruga, que Ih.e pareceu grave e com um corto ar de magistrado. Tinha que chegar ao cen– tre, Justamente ª• sete -horas. Ia pouca gente no ·bonde - Quando, o bonde entrou no túnel - que ête considerava -me– lado do pe:z,curso - lembrou-se de conll\llfar o relógio de ouro que há trinta anos habitava no colete, que era comple– mento indispensável de sua Indumentária. Meteu a mão no .pequeno~bolso, e esfromeceu de espanto-. O relógjo de– saparecera. Virou-se para o comp_anheiro de banco, que ' nobre e digno. D.e repente, compr,eandeu ,- se os ladrões tivessem caras marcad.as, niJL<mém seria roubado-. Per.igosos. êles ligem sem que os outri:,s desconfiem. . Sua felicidade era .t!!r comprado um 1ornàl, antes d r -apanhar o bonde. Abriu-o: sacou o -Yev6lver do bôlso, e oc'ultando-o atrás do jornal, apontou-o para o .aeu compa– nheiro de viagem: ~Passe-me o relógio, seu cachorro, se não o .liqllido:n_este ' instante. Imediatamente, o cidadão lhe devolve1' o relógio de ow:9 sem dizer-- uma- palavra. O bonde-· já passara o túnel e estacai:a no ponto_de pa– rada. :f!:.le, ::r.esolveu continuar com o rev6lver oculio no l<>r~ nal, oronto -.,ãra as a-ventualidades. ~Certlflcando-s!' de que sua .;;igilãncia astumira um cãr.ate:r mal• grave e pe-rlgouo, o seu corripanheiro de viagem aprovelt011 a pl!radà e sal!ou apreosadameJUe. Du_a.s :&óras depolc. ao entrái' em casa, p~e•surj)!;O em narru a aventura mat!na-1 e reêonstl!ulr a :i>ule relativa ao i:evól\r.&r empunlíado· atrás de um diário. sua mulher lhe dt•se: -Voe& se esqueceu do re16g1~ •m cima do criado-mudo. Deu ~a falia dele? FOLHA DO NORTE Domingo, 14 de setembro de 1947' ========~============== ·~ OS BURGUESES PROCURAM .ENTENDER VAN GOGH PARIS - Os pansienses fazem fila para vis~tar a exposição de pintura de Van Gogh, inaugu– rada na Orangerie, na Praça da GIANNI GRANZOTT() lo, os ciprestes erectos como to. chas no espaço. Uma tira ver– melha sôbre um çopo basta par.a subverter o que os burguese., denominam senso comum, oii aparência, e aproveitando o Fu• jiama como fundo, para um re. trato. Van Gogh demonstra que a retórica não existe. Os bur,. gues.es, porém, vão ver Va11 Gogh e procuram. entendê-lo. em. hora eom cinquenta anos de atra. so. Isto é louvavel. Da sua !ou• cura já não se surpree~em tanto e limitam-i;,e a lemb~ar que Van Gogh é aquele que um dia decepou uma orelha. • Concordia. A exposição fol or– ganizada pelo govêrno holandês, 10b os ausplclos da Associação francesa de Ação Artlstlca. Pa– ris viu nestes últimos tempos, muitas exposições de Van Gogh: mas todas parciais e limJtadas ou a determinados períodos ou a determinados assuntos. Por ocasião do cinquentenário da morte do pintor, que se matou lCoJ)yright IPl!:, com exclusividade para a FOLHA DO NORTE, :neste Estado) Era ,um dia cinzento e frio, e todos aqueles sois amarelos e céus turquezas no coração de • As outrae côres são o verde-es• meralda, e veronês cltronné, o alaranjado, o amarelo-verde, e tonalidades vermelhas e azuis. violentas e pro.fundas em con– traste. , ·com um tiro de revolver no co– ração em 1893, na cidade de Au– ver, foram recolhidas muitas das su~s obra9 e, partlculannen– te, a do periodo "holandês" da pri)dução de Van .Gogh. ou seja, anteriores a sua chégada em Pa– ris, que data de 1886. A expo– sição assumiu, assim. um singu– lar retrospectivo valor e são calculados em muitos milhares os visitantes que a frequentam diariamente. No domingo. 16 de fevereiro, seu número atingiu a 16 mil. Desde as 9 horas da ma. nhã avolumavam-se à entrada e não era po~sivel examinar com vagar as 173 obras expostas de– vido ao lufa-lufa ocasionado pe– la grande afluência nas salas. Alguns encarregados estabelece– ram uma especie de mão únlca para a: movimentação dos vi'Sli– tantes, e não era permitido pa– rar durante mais de tr!s minu– tos diante de cada qÜadro. Paris enevoado pareciam uma fabula maravilhosa. 011 vlsftan• tes estavam eletrizados. Os qua– dros não tinham vidros, e em• bora as camadas de colondo fos. sem de uma atraente sensualida– de, a multidão desfilava sem to– car. Eram muitos os estrangei– ros. sobretudo ingleses. Eram os que comentavam em voz mais alta. Van Gogh, quando vivo. não conseguiu vender senão um único quadro. Hoje estaria com 94 anos. e ba•.;tarla apenas uma ma– nhã para que todas as suas té– las expostas fossem vendidas,. Seu valor total avizinha-se de um bilhão . Um grande frescor, um senti– do de atualidade cálido e sensí– vel. emana das télas indo ao en– contro das dezenas de milhares d~ conterraneos de Van Gogh, que vêm a Orangerla para to– mar lições de pintura. Domina o ~marelo, c ô r primordial de Va,n Gogh. "Que belo tom de amarelo cons'egui neste verão!", escrevia êle a seu irmão. "O sol tem irradiações ·de enxofre pã– lido. Como é lindo o amarelo!". Van Gogh apr11Pdeu com Gau– guin, cuja , casa xrequentou em Paris, o valor da sintese das grandes superlicie<11 em cores pu. ras. No inicio, no periodo em q_ue trabalhou na Holanda, era wn pintor flamengo Inspirado pelo realismo social do último •Forum r6publlcain'• , d e Arles, quartel do século, entre o mJs- de 25 de dezembro de i888. assim ticlsmo cientifico e o soclalls- narra o acontecimento, numa mo: buscava a realidade. pequen_a noticia da segunda pã• 0• comedl)ras de batatas, t-ela gi,na: "Domingo passado, ás 23 de 1884. é a mais representatl- horas e mei<1, o Individuo Vi~nt va deste período. Sua estada em Van Gogh, artista pintor, natu– Paris e. ainda mais, a perma- ral da Holanda, perguntou pela– nencla a seguir no Melo Dia de decalda. de nome Raquel. e en• França, em Arles. tornaram-no tregou-lhe a seguir a sua ore. o mais ardente dos colorlstas. lha esquerda, embrulhada num Não queria mais copiar do ver• jornal da tarde, dizendo: Con• dadeiro. "A função do pintor", serve este objeto carinhoS3men• erereveu êle, "não é procurar te". Depois desapareceu. Infor• reproduzir exatament~ o que mada do fato, que não podia seJ tem diante dos olhos. mas utl• atribuld,o senão a um pobre alie. lizar-se da côr do modo mais nado, a policia dirigiu-se n.a ma• arbifrário. para e.'CJ)rimir-se com nhã seguinte à cas'B desse in·di• fôrça". vlduo, encontrando-o ainda dei• Nasce.raro. assim, as côres iso- tado, quase não dando sinal de ladas, os céus azuis safiras, os vida. O desgraçado foi recollú– terrenos pigmentados de amare- do, com urgência. a um hospital. RIO - À. ma'!'gem dos livros e das publicações periódi-cas - veículo normal d-a substância literária - d ·esenvolve.se, sub– tel'll'ânea, i1m11 litera,t,w:a de circulação limitada, que res– tri ,n.ge , v-olun,tàriamente, seu cam-po de comunicação: a dos albuns. Literatura De Albuns fo:rmado ao pa;Lada,x: mé:iio.. A . a poesia m·odert11sta ss1m. ti não pooeria prospeTar na a • --Cvro Dos AN.JOS -- • va camada de 1,eitores em q~i-e o albu,m ci-rcul'<l. P -or esnob1s• mo, esta ou aquela jov.em ~– d.iu ao poeta mode-rrus-ta os seus versos l-0ucos, a sua ma– téria est'ranha. mais escanda• tosa. na época. do que o ga.lo de Portinari t em,pos depois. Ma,s . por toda a parte o albu,m s~ f-echOIJl, pudica-mente. ~~r– d·ando, com um derradeiro bastião. a es,t.ética pa~nas· ana • (Copyright E. S. I. com ex,clusividade para a DO NORTE, neste Estado) FOLHA Teoricamen,te, dir-se-ia a,té masimo que não há campo de comunicação. ~ste se reqiuzi. ria a uma simples linha. que ligasse o autor ao leitor único - o dono do a-lbum - per– dendo. assim, wma das dimen– sões que a geometria plana exige para indicar s-uperficies. Mas, isto só em teoria. Ape– nas por biipótese se consagra, a u,m leit.or (inico. aquilo que se escreveu no al:bUJm. Na verda<le. os a.Jbuns cor. rem POT miil mãos, transmi- tem-se pô'r doação ou herança, deixam-se copiar, c irculam, viaja,m, sobem pa,ra Petrópo. lis no verão, ou passeiam nas estâncias baJlneárias de Minas, vão à Eur:,opa, vo1taan. visitam as igrejas d,a Bahia_ acompa– nham. enfim. S1Ua d •ona e seu destino. Assi.m. alguns deles peixorrem brilhante trajetória social. enquanto ootros, me– nos felizes, costumam acabax num porão esmt•ro. Em certo sentido, ,poder-se. ia afiTma.r ·a,t-é que os albuns ESQUEMA DA EVOLUÇÃO DA SOCIEDA– DE PARAENSE (Conclusão da 1.ª pág.) dal) conservar resqu1cios do regtmem anterior da escravidão. Daií se volta·rl-1n os 1nglêses contra a própria ,esora,vidão ne– gra, qu~ até então tinham tolerado e mesmo i,n-orementado. Calimavam com aqu,ela cam,paooa a,pa,rentemen,te hUJl'llan\. tária, contra a escra,vização d-O n1egro, não perder tudo. pre– servar o rR,girnem feuda.J. dle tant-o in;terêsse para eles. nu.ma regiã::, a,t,rasad& como a Amazônia. num país aitrasado como o Brasil. Com. o s-entimenta~ismo esC'ravocrata, mascairavam a outra e;xp1oração- não dei.xava,m o mundo v.er a- outra ex– ploração. a outra escra'lliidã-o. como se fosse a. outra f:ace da lua. Os ca<tequdsta: também supDrtairam a escra,vização do africa,no a,té ver'ifi.cairem que aquele residltlo escrava.gista no Brasil Pu-nh!I. em serio perigo a ordem de cousas feUldal, or. dem de cousas que tinham interesse em ver instaurada e ma,n,tir1a, a todo CUlSto no Brasil. VE\l'ifi.caire.mos, no decorrer deste esvudo, como se prova i-sso, de rnod10 fla,grarute e eX'll• berante. ~ Os F ,ranciscanos, que aqui chiega.ram nas águas de~cas. telo Bra•nco. for-a.m os primei.ros a "alde-ar" o gentio. Essa expres.,;ão "ald=' ' nós . a colocamos ent:.te cb:cunspeotas as– pas por que realanettte o "aildear" o genti.o do catequista t,ave o m~o signifiearlo qtlle o "oomerci-air" com o gentio do chamado hereje. Buscava liberta•r o na,tivo da escravidão, afim de utilizáJlo m,e1hor na eX;ploraição feudal. para a época evi,de,n(e,rr,,entA maii~ progressista. .., · A rea:li<lade, porém, é que - já o dissemos acima - as condições madw:as na época eram pa-ra a eswa-vidão. E nela s,e atcta,ram até os gorgomilos todos os espiri.too prá. ticos, nada sentimentais, da época. AJS Fra•nciscanos coube inicia1r timidamen<t.e a ard,ua luta para ultrapassar o ci,clo abomi,nado. Mas no Jes-uLta, não só pelo seu recOJllheci.do gênio d!! cal\ldilho, como pela s11a no. toria vocaçã~ pa.ra admmiS>tradoir, é qu,e as 1-eis do ·~sen– volviment p histórico haviam de encontrar aquele a quem se ti,nha de ccnd:erir mais serio pa,pel. A rcll'ega - já o ob– servamos - !oi notavel. Contra a teoria de catequwtas da impavidez e !'eca1citra:ncia dos jes,túitas se opôs, tenazmente. a prát!Ccl d,a ma\Ssa. obs-ti.nada e co11sequênte dos oolônoo, es– cra·vizadores 1n.transigemtes da massa i.ndigena. As forças _produtivas mim,guadjssimas não a,u,toriza-vam a.inda as rela. ções de produção feu<lais; perm:iltiam tão some,nte as relações de produção e scraivagistas. Não advertiam os jesu.iitas - nem poderiam naiurahn-ente fazê-lo - que para o triunfo lhe escassea.van1 a..<: mais elementa,res; condições objetivas, pro. duzidas po.r mais a1to nivel das forças de produção. Advirta– se, mais uma vez, que o regimem de escravi,dão agui i.M– taurado, não pc,deri,a ser copia exata da formação ecooômioo– social a que Marx cha'l)JOU d~ esora.vidão. As contradições já existiMo., não só. exter1o.rmente; com um mundo em cres– cente de!:"envoivimento, já em ma,roha l??-•ra o oa,p1tal-isro.o, como, 1nte-mamente com a a,ção intimOil'aita pertinaz e irn.– telig.en ,te dos lJ;d'eres· de sot ai111.a. E se é certo que somerute se possi,bilii"tou - como ve~,os mais a<iia.nte - a v.1toria da causa d-os .f.!llacianos - COIJll o desenvolviment.o da,s fo,rças à,e produção e a revolta dos cab~nos, que esse d:esenvolvi. rnento provocott~ - é também certo que o desenvolvimento nwndial. lã fora, e a ação dos diirigerut-es j,es,u,ital$ e de ou– tros elem.e11ílos progressistas a eles li,ga,dos aqui dentr-o ccm– oor,reu · de mu,ito. a!i.m de a<eeliera.r a maircha paa:a o ciclo a-Imeja.do. ·se multiplicam, como as es– pécies animais ou vegetais, pois a imitação e a emulação fazem com que, de um al-bum. nasça,m cehtenas de outros. Também s,e dirá que estão sujeitos, muit o ma,is q ,ue os 11vros, a ou,tras cont ingên cias da humana condição: criam rugas, encroiecem e sofrem as hwmilhações da extrema ve– lhice. As revoluções estéticas cau. sam-lihas v,e,rdadlei-ra~ devas• tações: numà s imples página de aJbum. l?ara des~ré<iito da literatura. pooe-se -ver con10 a peça literária, longe de ter valor est.ável, se acha sujeita ás oocilações da inoeda fldu. ciária, e como a glória de on– tem constitui 1-).oj,e. muitas ve. zes, objeto de irrisão. E o jovem que agora es– creve, desdenhosamente_ o seu poema na página em branco anuindo, J;}or masculina fraqueza, a.o Ingênuo pedido da bela que 1he trouxe o li. vrin'ho faitídi,co - não sabe o que o espera amanhã. · As gerações passa,ni. es al:-bu,ns fi– cam. ~ a estéti~a de- simbolJs,mo. E , por fal-ta de alim~nto os ah,)uns morre>ram ou hi):>e•1;na. r am. Como as letras cla~slcas, d i.ante d.a barbaria med1:'1al, se refugiaraan nos mosbe1.ros, 05 al!buns pa-Ssara,m a viver ·~penas en tr~ as al,unll,s dos coo– lég½s de freiras..• -o- Não seria poss ivel que pel'• manecessem. por tanto tem-po, em estado de bib~rnação. Vejo, agora que há, por toda a par• te. ;µbuns. Podet'.se~ia, t alvez, anunciar uma renascençii de> albu,m. Seriit po;rque os goe• tas modernoss já met1·ificam e rimam? Ou teria o album acei• to, finalmente. a revoluçãc> 1nod:ern.ista ? -o- Observa.se, no album. seu ca,ráier emirrentemente d emo. oráti•co: tanto escrevem nel,e a glória nacional, o poeta lau• read·o, como o literato "in her. ba". o m,ocinho que mal se -o- · acha nos primeiros balbucios Nos últimos tempos, O$ al. li,terá,rios. Também não faltará bu,ns tinham caido da moda. A a página escrita com muita gera~ão modernista, ao con- pud0t· pelo namorado d-a jo– tráTio da pa;rnasLan.a e da siril• vem. a quem O albtlJlll pe.rten.. bolista. não dava seu consen- ce. D.ecla,ra ê1e, humildement e. timen.to a essa m-0d-ali(!ade fri. q,ue não cuitiva as divinas mu– vola do comércio literário. sas e pede pe'rdão para a sua Ta-lvez o fizesse por d•efess: ousadia. O amigo da família. hermética, arjstocpáti,ca, por o padrinho, 0 médico da casa. .um lado, e, por outro lado, re- -também costuma,m deixar. no v.olucionáda, liberta de cano. caderno da moça, as suas im– nes, a poesia moderna sentia- pressões, ou nele copiam pá... se hesti!izada pela opinião mé- giT}as de autores prediletos. dia e longe de procurar as Note-se, ai"Qcd'a. q_ue há pe&– simpatias dos filistinos, tim- soas que só escrevem para aL brava em ir-ritá..los. buns. Jamais frequenta,m os ''.A dona de alibt\JlS represen- supleme-ntos ou as ])á.ginas 'li• ta, em geral, a ca,tegoria mé- terá.rias das revistas munda– dia d·o cons-umidO'r literá ,r.io. O nas. 09nsu.midor recebe oom extre- O album constitui, portanto, ma desconfiança o produto um ramo literário, uma es,pe-. novo. O consumidor não ama ciali2açã 0 que devera se>r me– as experiências, não é sedJu. lhor estudada pelos historia• zido pela aventur<:1 dos desco- pores da literatura. brimentos. O consumidor lite. --"o- rârio é guiado pelos seus hã- Em cinco a:ibuns que me bitos men.tais. E' um conser. apresentaram es,crevi por co– vador, portanto. Se deiermina- modi:dade, a mesma !,rase bre.. , do eva,ngelho estético -triunfa, ve, cautelosa, que eu na,,i.a com o tempo. o consumidor o manipulado pa-ra o primeiro adota:rá e tornar-se-á permeá. deles. Ficou-me a impr essão die vel aos novos conceitos e sen- que, às donas de a1buns. pOu• sível às novas formas de be- co se lhes. dá que lhes brin• I•eza. Mas, se a palavra de re. demos com um S-Oneto, um.9 bel,iião não ~<:E: e se esgota C'rônica, um pemsam&nto ou no campo das ex.periênei~, ja- uma quadri1ha: querem a,pe.. miais ela, se i:mp_or~ a êsse ~ nas que eoorevamos a lgu,maa quivo representante da opi- linhas. Se tiverem i,ntimidade n ião média. conos:eo, arrisca~-se-ão a pedir Seria cedo, ainda , para apre- , que não passemos de uma pá– ci:ar, s-ob êste aspecto, os efei. gina, nem rabisquemos menos tos da revo1ução lite.rária que de meia, pois h ã os grandes, veio depois da primeira con- colabo1;ad/O~es. g:1ie se aiprovei– flagração mundial. t~ d,a o<)asião para pUblicar Mas, volvamos aos aubu1ns. os ~eus inéditos e os excessi– A poesia d'e al):>uns, pO'r sua na. vame.nte comedid-os. os sovi• tu-reza, tem de s er uma poesia nas l'ilerárips, gue apenas dã.:, sobre a qua,1 não haja dúvid~s três linhas. - isto é, seja produ-to já con- Elas plre!erem o ~io •têrm~

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