Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1947

1 \ • 2.ª Pãglni \.. -♦ - - - I>IRET91\ PAULO MARANHI.O ()IUENTAÇÃO' OE 'HAR.OLDO MARAHl-lÃO. ---··------ • COL,ABOltADORES: - Alv::11:0 Llna, Alme'IQa - 1'-'lScher. Á.urello Buarque de Holland;i,, Benedito Nunes, Bruno de Meneres. Carlos Drummond de Andrade. Cécll t.letra, Cléo Bernardo, Cyro dos Anjos. Carlos Edu·ardo, F. Paulo Men• 1es. Hàroldo l,?:aranhão, 1oão Condé, Marques Rebelo. .l',):a. o.uel Bandeira, Max Martins, Murilo Mendes. Ot~o Maria Caroeau.x. Paulo Pl'.nto Abreu. R. d~ Sousa Moura, Roger Bastl<Íe. Ruy Guilherme Barata. ·serglo Milllet e WU.son Martin!). ----------------~---- --------- Movimento Literário RIO - Via aérea (A. U.) - ULTIMAS EDIÇÕES .ARCO DO ,TR.IUNFO, a , ma.is notavel realização de Eric)l Maria Rema:cque d~de vta,ria José Olym-pio Edito,~a apresentou ·este anó as "Obras Completas", em 5 belos e uni- , . for-roes volumes assim distti– buidos: I - "Caetés; II - ·"S. Bernar,do'': IlI - "Angií.sti:i,": IV - "Vidas Sêcas"; V. - "ln. sônla". "Nada de Novo na Fren,te Oci. Ct;N'TENARIO BRONTEANO . dental", numa excelente tra– dução de Wanda Murgel de Castro, para a Coleção Fogos C·ruzados. Um romance que conqui,:,tará à intelig.ência e a sen~ibili9a4e dos lei-tores ·:bra. sileiros, e que ioi viirido níl tel11 p-or Charles. Boyer e In. g.rid Berxgman. . A\>"ENTURAS DO DR. KII.,– DARE, romance de Max Br,and relatando-nos as aven– tur,as do -personagem que o cin.e.ma popularizou na inter- pretaçijo de Le\v Ay-r;es, . A BALP,,. DE OURO, histó- 1:'ia de um crime romântica, poi:, Pedro C.alrnon, a apare– cer na ·Co1éção O · R-0mar:i<:e da Vida. INTERPRETAÇÃO DO BRASIL, o novo livro de Gil– berto Frey-re. eserito original mente em ioglê:, e traduzido e prefaciado por Olivio MQnte– neg:ro. ESTUDOS DE DIREITO INTERNACJONAL PRIVA– DO. pelo ilustre jurista Ha– roldo Valadáo, professor ca. 1947 assinala o cenlcná ri o 'de três tQcmanees. que são ae t ~ês irmãs, as :famosas Brontes. Em •agosio próxhno. "Jane Ey-re'', 'de -autórl.1 · die etiarlotte Bronte. ce. lebra cem anos; em d,e2'1ém1iro. "Wuthel'ing Reight:1''. . de Em.ily Bronte, e. . "A;ine.s . G r e. y". de Arut,e l3rpnre, tambem c'elebr-am o seu eentenãrio de •,publicação. , Na Inglaterra pre1>3ram-se l(<\– rias homenagens _às Irmãs Bt?,n.– te. devendo reahza.r-s:e. naquple ;mês, e'.\."t)-OSições e C(\n,:fet-ênçias sobre a · vida e a obra de Ctiar– lotte. 'Eml-ly e A:nn-e Bron~:e. Ta,mbem sera l ·? n ç a,d ;1 um:a "b,·ont-e-ana" co,npleta, com t~<ds· os artigos e· en,;;,aios crlt!co:s ,1,_ue S<Mesc.re,,;i,ram a regpeito dos li– vr,os e da vl<ã,a daquela :fatr\>lis priv'iiegiada. AcUantando-se a essas com,e– moraçõe.so , edit,ora "Pilot Press". de Londr-es. lançpu o seu "Pl)ot Omnibus 5", com o i.;,egulnte ti– tulo ''Novelys py the Bronte S\s. t-ers", en:feixand,o num belo vo– lume "Jane Lyre" , "Wuthering Heights" e "Agne.s Gre:v". Pelcr Quennea.l, con:hecid,o crftl«>. es– creveu a lntroduçã,o a essas no– velas. tedrático da Universidade do -----------– Brasil e uma das grandes fi- Opiniões De Robinson guras da intelectualidade bra. sileira. ESTRANGEIROS. 5. 0 volu– Conclusão d.,> l.ª pag me das "Obras Completas" .de res. 011, melhor ainda, há. so– Agrippino Grieco, trazendo mente bons. Dentro dessa ca. excelentes estudos sob-re Pi• •tegoria, uns sã.o partieul~r– rande1o. Sha,v, Rabelaís, Cer- menta d0-tados pa.-ra a repre– van tes. etc. sentação de pessoas, coisas e VOCÊ E A HEREDITARJE- fatos, rl'ais ou imaginãrios. DADE, por Amram Schein- Esses criario histórias ~ -per• feld. 2.ª edição desse ótimo li. sonageYlS que darão volta ao Vro de divu.lgacão cienLifica, mundo fascinando velhos e çom 123 i lustrações, volume da moços, mulltcres e homens. de Coleção A Cienc~a de Hoje. toda..ci as profissões, e serão (Livraria J@sé Olympio Edi- sempre vivos. Não têm ll preo. tOlr·a). cupação rle uma clientela, de PRõXIMAS EDIÇõES JORNAL DE CRlTICA, 5.• série dos grandes estudos de critica literária de Alvax;o Lins . OS DIREITOS DO HOMEM:. J)Oi Jacques Maritain. 2.• edi– (ã<>. Traduçãa de Afrãnio Cou– tíaho. POR. QUE? , poem8$ da es. crHora gautba Lila Rtpoll. MEl\llORIAS .DE GOETHE, em 2 volumes, traduzido res• pecU'\•aroente por Lucio Car– doso e Osorio Bo·rba. co,m in– troducão de Brito B.ro.ca . Vo. tu.me · da coleção Memórias– Diá<rios-Confissões. AS LIGAÇõES PERIGO– SAS, romance de Choderlcs de Laclos. Tradução de Oso•rio Borba. Introdu<;âo de Wilson L ouzada. Coleção Fogos Cru– zados . AURORA PF.RDI:PA, ro– mance de Kathleen Norris. "INFANCIA" EM ESPANHOL Anuncia-se em Buenos Ai– res que a Edit<Yra Siglo Veinte a.caba de lançar excelente tra. dw;ão de INFANCIA, volume de memórias de Gracilia-no Rl)<mos. Encapregou-se da tra– clu,ção o escritor Bernardo Kortlon, cujo trabalho pode ser ronsidei-ado ma~ní.Cico sob todos os pontos d:e vista. ne Cl'aci!liano Ramos, aliás, a Li- ' uma r.l~~ ou de uma ,r.o~a <le infloéncia. São os escrito– res propriamente d itos. _ Os outros são os ruins .- não ln• teressa,m. E depois: .., -Afinal, e sumariamente, a cha.maàa literatura infantil tem o seu principal ccieiro no folclore. Mas não é o folclore universal um fornecedor de m0Uvos11à-ra toda lit-era.tora? O folclore, simplesmente. se,;la insuficient.e para individuali– zar essa pretensa literatura pre-púbere.- Outro elemento de caractcrizaçio setJa o seu dtt– plo objetivo ode reori~ão e educação (não falo da propa– ga.n.da , que já. é um desvio) . Ora, aqueles sã.o objetivols gue podem coincidir com 1).$ da 11- teratura. mas não são os· da literatura. E' ])reciso divertir as Ct'lanças, como é -preciso ensln'lr-lhes ma.temática ele– mentar. ~ até a oenfig:ura:9ão in~rta dos q,afses, mas não vejo .-,m que Isto envolva pre•)· eupaçá(i literária., como não há lltc::-atura no ato de cantar para que o filhD adormeça, 011 no de substituir-lhe os cuei– ros molhadoo ... -l\1'16 há vida, Robinson ilustre. hi vida! -E a yida não 1: uma só. sem embargo das diferencia– çól'<; bioli>id~'l-S ? F•t~i. SPTia. RoblMl>I\ um conferencista recalcado? • • -FOLHA DO NOBTE , Domingo. 17 de agosto de 1947 \'- CRONICA ~ / - CartotD-antes E •uiroJDantes Q UEM jamais penetrou no 1·eino gongórico das qui• romantes e d a s carto• mantes, não pode ima-gl• nar a fascinação .que elas · exer• cem sobre ,as pessoas que aJll pro– curam.. e a atmosferà poética àe que se cerca sua escondida tarefll de prever de&tinos e de elucidar os mlsté'rios que apa– recem. em nossa vid11. Confesso que há algum tempo, o tema e."<erce.u sobre mim uma grande magia. Meu desejo era transformá-lo em uma grande repdrtageµi, ou ·talvez em um ro- f rrnance. Aconteceu, entretanto, o que nenhuma cartomante po– det'ia ter pr,evisto: a 11eportagem saiu em ·uma revista, 11,ssinada por outrem. E de minhas inves-. tigaçôes resta apenas o que a memoria, d eu s a infiel, p_ôde gua,dar entre _as .dobra, de seu transparente vestido. São êsses clestroços o que eu. quero ofere– cer nesta manhã aos meus leito– res. E que elri suas praias haja boa vontade para acolher e'&tes restos de naufra~os ct)amados · artigos d.e suplemento. Em Maceió. con11ecl um qui– romante que descobtiu em mim uma grande vocaç~o para a mú– sica. Este é o único segredo qu_e rião confieí aln·da ao meu que– rido Murilo Mendes, que me conslàer<1 anti-musical e antl– plãstico. Com uma lente· vl,!jan– do na palma de minhas mãos. ê!e prr.viu grandes viagens pa. ra ''o Oriente ao oriente do Otl– ente". como diria o poeta. No Rio, eti t!Stav,a uma tar• de em visíta a u.m a ,uniga, quando surgiu uma cartoman• t é . .Roje, tlro-lhe o e.l:ra.péU: il,ita• ginário. pois a misteriosa certa• ·tura encontrótt nas cartas os no- vos caminhos de m.eu humilde destino. Descobriu o lugar em que eu então morava. falou e1n certas particularldades que só. eu çonl1ec.ia , al'!Unclou um em– prego que me viria !)elo telllfO– ne, e forneceu col'l) uma g,ran– de rígueza d,e. detalhes a !!Itª– ç-em de mll)iha. desola<l.ora s1t-üa. çã"o econoi:nica. · Meses gepois. a a!J)1j:a a que j~ m.e referi .fez questao de que eu vi.s'itass~ um a cartomante que era um assombr o. um ôni– bus ·me levou a um suburblo, e este me conduziu ao lugar QI)• de seria ciesve.ndado meu futu– ·ro, Era uma cartomante d·e alta cla·~é. •Soube que um d'e seus frequenta<;lores màis antigos era um grande poeta br<1,silel, o fas– cinado pela Aea~emj;i. Declarou– me a cartomante qúe ele, nas varias vezes em que se cà.ndi– date>u à.Jm'ortaJidade. fói prreu- rá-la. - A lall(undlãria doiuturo alheio era franca: -O senhor não entra. Estas cartas negras dizem que o se– nl1or não entra. -Não é pos;ivel - obietava ~le . Vinte academicos já me gar~ntiram os votos no prin1e!– ro cscrutinio. Ponha novamen– te. El.a tornava a pôr as cartas, que ~le cortava com a mesma miio trêmula com que escreveu alguns dos grandes poemas que existem em lJngua portuguesa. Cartas preta~ novamente. Ne– nhum ar,. Desculpe, mas o se– nhor nlio entra. A oal'lomante acertou. Ainda hoje ele eslá fora da Academia. Cnndldnlou-se duas vezes sen1 ir consulttl-ln, e não conseguiu ele– ger-se. Quando entrará o poeta na Academia? S6 a carton1ante o sobe. tllando friamente o des– tino d.os outros. Con re-,;so ainda g_ue tive o pra– zer de não ser o único llte1·ato a frequ cntor esses sêres :fabulo– so.; e no entanto lúcidos. Al· guns n1ln11tos de palestra foram su.flclcntes pata confirmar em meu esplrlto que a numerosa cla'9Se a que pertenço, bem ou mal, está atenta aos seus glo– riO$OS destinos. e recebe orien• tações so]?rc o melhor mê1l de publicar um llvro e a melhor maneira de colaborar assidua– mente cm um suplen1ento. Dis– se-me A c~rLumante que passara anos pondo enrtas gratuitamen– te para um poeta e romancista brasileiro que Ingressou na dl– plomacta e chegou a e,.;crever , um romance em lini;:ua inglesa. -Nesse tempo, êle vivia em ama pmdalba horrorosa. e reci-. tava poema~ nn~ fe~tas de anl– :versarios. Eu previ seu eles-tino. Não imagina como êle pedia de– talhes e .me atenazava. troje. é o que é. Acertei ou não acer– tei? Magno destino foi o dês-;e 1o– vem que há anos atrás se de– bruça:va sobre o rio sinuoso das quiromantes! Conheci outra quiromante que leu o meu destino pelo dor– so das mãos.. Talvez porque o lugar de pesquisa não to.ase mui• to apr,:>priaõõ. não descobriu ·ab– solutamente nada e eu, encabu• la<ilsi;imo, fu: obrigado a dar– lhi!' <informações falsas. que ela oonfiN)10U, Ao sair, tive-lhe pe. na. Deve ser muIto tri·.;,te uma quiromante sem intuição, apta a;penas a dizer que eu estava vestido de arul marinho e pos– suia um relógio de pulso. Hã pouco tempo. voltei à vre– s-ença das cartomantes. que an– davam aliâs bastante atarefadas. .poJs a mudança da situação po– litic:i lndu7.lra candidato;, à As– sembléia Constituinte a saber, .na estatística exata dos bara- 11:g,s. o número real de seus elel.– to"eS. RP~1n,ente. sua atmosfera tem grandes encantos. A mesa co- --LêdolV-0-.- (Especial para a FOLHA DO NORT:C. neste Estado) J;)erta com uma toalha, os bara• lho•.s que $ão cortados pelos .con– sulentes, e o prQcprio ar das -p'ro. fetisas levam-nos a um plano supl'a-real. -O senhor vai fazer uma via– gem. -Há uma mulher e1n sua vida. Agora tire a primeira carta do segunde monte. Novos . segredos são revelados, por esEas criaturas que quase se)l),prE.> se chamam Giida e D,o– lo,:es . Antes do cliente despe• dir-se, levando para a luta pela vida uma euforia feita de azes e damas de espaclas. elas-. rev:e– lam qué dirigem, com as suas cartas, a vida de 1númera'9 per– sonalidades,-desde o escritor que vamos encontrar na Livrar.ia .Tosé Olym1>lo até o ministro de Es– tado, .Há quiromantes que não dão uma dentro. Dizem gue o su– jeito vai casakse, quando já é casaoo. Anun:ciam a morte de um ·irmão que nãsceu morto. e cometem Inúmeras "gaffed'. São os E!oy Pontes da quitomancia. O preço que elas cobram é ba– rato . Por vfnte cruzeiros, o ci– dadão vê o seu futuro habilmen– te descortinado . Sã o via11ens, imores., e o lugar-comum pro– fético de "uma .mudança i;adical em sua situação econômica. e pat'a lriell).or, olhe lá" . Quero confessar ainda que rtão eou nein, contra nem a favor dessas f,ascinantes criaturas que deseobre..m o amanhã por tnter– médfo das -linhas das mãos e de um baralho cortado. "Tudo são n1istérios'', di•~e o ,grande ?.•ta– chado de Assis. que satirizou em 1 uma .obra pl1ma do conto a vt, dência de uma cartomante.... E por falar em conto, lembro-m, de que, há varios anos passados, um estudioso do mistério leu a mão do contista Breno Acioli, e previu-lhe a loucura q11e na,, veria de segregá,Jo por Um se– mestre do· convivlo <los ··outro, mortais e collstruir!a '0<9 andai,. mes aluclnadcz do "João 'U'rso". Ful testemunha e dou fé: meu amigo Breno Acloll, com as suai mã-0s, será um grande médiCO\ ele que já é um grande escritor. Entrará na Academia Brasilei;r;;i, de Letras e na Acade1nia Na,. cional de Medicina. E é o pró– prio Breno Acjoll Que diz: -Com Br~no Acioh nJnguém pode. Eu tenho a ''.faisca". As cartomante,,.. e~tão ài. para atesta:r que o Inunde ainda é bastànte misterioso. .e n ingu-em pode Jut,ar contra a perturba– dora evidencl.a das cartas e das Unhas. ' • • --Lúcia Miguel PEREIRA-– (Copyright E.S·.l, 1com exelustvid-a:de para a ·FOLFIA DO NORTE, neste Estado) e •· HEGOU-NOS agora de . pai,-a mpstrar como é perJ_goso ~isbôa u.rn dos, ~ais sé- fazer .Cf ítica sem wna term.i– r1os estwlos cr1t1cos que nologia; atlequada. já se ptib1ica-ram em portu.. VoLt~do à nQGsa língua. ve. guês: a Introdução ao estudo mos qu·e o sr. Jacinto do Pra. da novela camiliana, tese de do C,oeJho não considera Ca– doutorame:nto a-presenta.dª à milo .Ca,stelo Brll,11co romancis– F!l-culda<le de Letras' daquela ta: e stm novelist~- Por que.?, cidade pelo sr. Jacinto do Nao por sere1n ma1~ ou menos Prado C,oe1ho. A obra de Ca- eJ.:;tensos os seus livros. mas mil-o Castel.o B:ra:-n,co é ai es- por ~~ parecerem Íí_pi-cç,s ~o tudada mi nucio.samente. em que entende como novela os suas origens, sua estrutura e seguitntes traços de sua obra: seu sentido, e essa minúcia, "a pobreza das descrições, o na parte em .que trata de cada vêr ggFflmente d-e fóra as pe,– livvo em particular resumin- sonagens. a carência de anã. .do.lhe o entrecho, talvez s_eja lise ps'ko1ógica sut~l. a falta o único senão de um ttabalho duma átmos:fera social. o pre– em que se rev~l:am um eru- dom~nl~- <lã ação . e~te!ior. a d~to e .wn escr1tot - pers_o- Pf~_fleçao pe'1ps s1tuaçoes .l)a• 1 nag.ens que nem sempre ~n; tebca~ 1 e pelos ca_racteres de gam j®~. P-arª !l,l!~tn. ÇQ!nQ exceçao (temperamentos im– eu, não ·mon-ê-'âe a-mores por pulsivos. ca_pazes de beroi~m-0 Camilo, sem dúvida em parte ou no declive da pervers1da. por haver sido obrigada a lê- de e da loucura) . a "derivação lo com um irrterêsse mera- concisa" da narrati·va para os .mente filológico, o que so•bre- momentos culminan,tes, a vi– tudo seàuz neste ensaio são bração iifri,ca, os conside,randos os ca,pítulos mais gerais. os ma,rginais, as introduções e os que traçam o panora.ma da ep;U.ogos, os própri-os nasgo-s cultura lusa no início do sé- peculiáres do estilo" culo passadq, ou focalizam pro- A de11peilo de se ter imposto blemas de com~osicão !iterá- à minha admiração o _crítico ria. Assim é que me parece- da lnt,odução ao estudo da r am excelentes, e gostaria de novela camilia-na e de lhe ecei– q ue as houvesse desenvolvido tar en1 regra as opiniões, não mais, as distinções estabeleci- posso cleL"<ar de ·fazer aqui al– das pelo autor ent:-e romance guns reparos. Não tenho cer. e novela. · téza de que pertençam priva- Com a importância Ç't'escen. tivamente à novela todos os te da ficção, essas diferenças, tra90s acima apontados: se tal que mtlita gente classificará se dér, deixarão de ser con– de bizantinas. são de grande sideradas romances obras- 1.rtil idade -. menos. é verdade, primas do gêner-o. como a para os criadores do que para maioria dos romances de Dos– os críticos. A confusão come- toiewski, com a sua "predile– ça pela n-omenclatura; o que ção pelas situações patéticas nós chamamos de romance é e pelos caracteres de exceção" "novel" para os povos d·e lfn- e o .Je~n Barois deRoger Mar– gua inglesa. ·"novela'' para os tin du Gard._ no qual s6 não que falam espanhol : os fran, se nota "a pobreza das des– ceses. embora possuam, como crições" por não possuir des. nós. "roman" e " nouvelle". crição alguma; e "a vibração aplicam mais fi-equen temente lírica" não serã comum a ro– aos contos esta última desi~. mancjsta e novelis'la? nação. tan to que Gide se vin Noutros p oJJitos, porém, são na contingência de denominl:\r mais concisas, e talvez por is– ",récits" os seus livros que não so m·ejSmo mais de.finldoras. julgot1 prop-riam-ente roman- as distinções; é o que se ve– ces, os que a.qui ~eria.m n-ove- rifica quando o autor observa las. C~mo, na tradução. a pa- oue o romance é "mais cria. l avra que logo ocorre é a dor. mais constr'll.ido, mais re– mais semelhante. a balbúrdia dondo (enquanto a novela é s~. tornou completa. linea-r) e convidando mais à E entretanto ainda prevale. cont=plação do aoontecer e cendo o vel ho critério quan - ao iníerêsse pelas persona– titativo. é conveniente que gens em si mesmas", ou quan• cada tipo de ficcão possa ter do cita em seu apoio a con. seu nome. Quando Forster diz cepção de Tbibaudet do "ro– que é roma11,ce toda obra de mau passir', que faz sua pa,ra i-magina<;ão, em prosa.. de mais a novela: "Le roman passlf de 50.000 palavras, arrisca dei- ne crée 1e princi.pe de son xar de :!'óra livros que. sem ordre. TI le reçoi~ tout fait de a-tingir ta_is proporções, ul- la réalité, de la vie. n pi;end trapassam todavia as do con. comme son unité simplesment to. Lem'j>ro. ao acaso. que de- l'uru,té d'une eicist;ence hu– vem esta,r nessas condi<;ões Le maine qu'il ra,conte, et, qul bal du comte d'Orgel, de Ray- lui fait un centre". mond Radigu,et, tão elogiado Como qúase sempre, senão em Fra,nça depois da outra sempre, em crití.ca. é necessá. guerra, e a S:vm.phome Pas- rio pa-<'>Ceder aqui por aproxi– torale de Gide. Que serã-0 pa,ra mações. não esquecendo que, Forster? Não os podendo en. como a,visa o sr. Ja.cinto do caiX'a.r nas "sbort -stories". só Prado Coelho. "novela e r-0• lhe restaria rotulá-los de "no- man.ce são limib;es para que velettes", dimhiui-tivo ad-otado as obras tendem e de que por alguns críticos m,odern-0s ficam mais ou menos l-0nge. e que sugere uma ligeireza Há novelas com aspectos co– em muitos casos inconv,enien- muns ao romance; e h4 obras te. Mas deixemos que os in. situadas na zona intermediã. gleses resolvam as suas difi- ria". Assiro sen'Clo, como {IS culdades, mencionadas a,penas disl1nguit7 \ Quer me parecer um ele– mento muito cla.rifíca<lor o do emprego do tempo: enquanto o rama-n.ce apresenta fatos e criaturas que vão ' evoluindo sob o.s olhos do leitor, e· per– qianecem não raro inconi_ple,. tos, a novela reconstitui acon– teci·m.entos jã passados e aca– bados, cenferlndo por iss-0 .aos protagonistas feições e ati.. t\ldes definitivas, O que im– plica a natureza mais psico.. lógica. d-0 primeiro,' mais nar• rado-ra da segunda. Lá ~ su– cessos de algum tn.odo se prendem à.s criaturas, 11qui as i;lomiuam. Contado embPr.a .aó– jeito de rnem6tia.i;. o Dom .Casmun-o é romape<;~. já que tcYdo o seu in terêsse incide na! caracteres do bevói.. . que se .formam e se transformam à nossa vis-ta: e Inocência.. com as suas figuras condicionadas pela , tragédia que as esmaga, é, segundo me parece, indis-– culivelmen,te uma novela Outra ca,raçterística será a do método de construçã-0: a novela se desenrola num úni. co sentido e o romance se es– galha multiplicando-se em ramüi,cações. Creio ser por isso que o sr. Jacinto d,c, Pra• do Coel1,o cbarn-ou de linear uma e de redondo 'o outro; Dentro do Tomance A ilust.re casa de Ramires, hã a novela. histórica de Tructezindo '8a– mi,es. O critico mexicano Xavier de Vilaurrutia, em artigo sõ– bre o romancista Mariano Azuela faz. entre outras ano– tações. sôbre o tema que nos interessa, es,ta elucidativa. comparação: "O romanci~ta nos faz assistir à vida - ou ao fragmento de vida que es. colheu - como a uma repre– sen,taçáo teatral cujas p!.'rso– nagens não es-tão terminadas. antes vivem diante de nós. improvisando-se... Um es– crítor que depois de as– sistir a essa representação. a recordasse em ordem limita– da e preestabelecida, consci– en.te ou inconscientemente in– completa. não faria. um ro– mance, mas uma novela" . Tenda, pois, mais do que tra-tar. e fazendo.o de manei- ra. mais minuciosa, não será o romance forçosamente mais long-0 do que a novela. e não se justificará assim. por coin. cidir com o qualitativo, o cri– tério qua.ntitativo1 Nesse caso seriam ociosas todas as demais distinções, e a razão estaria com quem as consideta pura bizantinice. De fato, para fi– car1nos co,m a. concepção det Forster, embora não .lhe res– peitando as cifras a ut.idade de comparação - já que nã~ estamos babituadoo a avaliai:' os livros. peló numero de- pa– lavràs que contêm - pod~ m-0s talvez dizer que qualquer obra de ficção em prosa de mais de 4ÓO páginas é ~n– discutive1mente roman<:e. co. mo é claramente novela toda aqu'l!la que. não atingindo trezentas. e;x:cede entretan,to os limites do conto. Ma~ as !ntermediária-s. como a.s dife– renc:ar senão pelo seu coo.Leú– do? , •

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