Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

• • 2 . 0 Página FOLHA DO NORTE Dcmingo. 1. 0 de dezembro de 1946 -,:-.-----------------~-====--==:,;:+======--=====~==========--===,,,;;;,=-----------=-....,.,,=-• cv L!onclusão Qa l.ª pâg Literatura E Marxismo se opõem à sua época ou ul- figuração da realidade. A pro– trapassam o seu tempo, os in• p6sito de Marx não é a rbitrá– conforma;dos, os renovadores, rio sugerir que o seu gôsto os insatisfeitos, os originais 7 estava diretamente em função Na. verdade. o que acontece do cará ter poUtico do roman– muitas vezes é que as idéias tism-o alemão, que foi utiliza• dominantes - pelo menos em do pela reação, enquanto o literatura e arte - são contrá- ron1anttsmo francês estava si– rias às idéias da ola.ss~ domi- tuado na corrente cevolucloná– uanle. E n g e 1 s. êle mesmo. ria dos prlncl:pios • da Revolu– aceUaria a existência dessa çâo Francesa. V~jam-se em possível contradição ao lndicar face do romantismo. por exem– o exemplo da geração de Goe- plo, as atitudes de Cha1·l~s the dentro das coodiçpes so- Maurras e Carl Sch1nitt, dous ciais da Alemanha. Pa,ra "uma pensadores em direções seme– massa em putrefação" aparecia lhantes na F rança e na Ate– 'l literatura do país como "a manha. Maurras. reacionário, inica esperança de um futuro combate o romantismo pelo melhor". e êle acrescentava: seu papel revolucionário na "Esta époc.a vergonhosa. sob o história francesa: Schmi tt, aspecto polílico e social, foi ao também contra-revolucionário, mesmo tempo a grande época valoriza o roman tisrno pelo da literatura alemã" E maís seu papel reacionário na his– evidente ainda é o cas9 da tória alemã. Na França, o- ro– R ússia do século XL'X : seriam mân tico foi o liberal : na Ale- ' • idéias dominantes de sua manha, o libera.! foi o clássico, UteraLura as idéias da classe Contudo, a literatura dà pre– dominante na sociedade cza- ferência de ?\iar:x não era a ris~a ? clássica. e sim a realista. Não era certatnenle por jg. Por mais <tue se queira es- noráncia que Marie e Engels tender o marxismo a todos os deixavam de considerar êsse tempos - e não sería faclJ aspecto do problema cultural aplicá-lo com r igor à organJ– F echados dentro de um siste- .-:ação política grega ou à es– ma, procW'ando desenvolver Lrutura do mundo n,edieval - em tôdas as possíveis direçõ1!$ ê'le se destina de modo parti- , a sua doutrina numa linha de cular à crítica ê:la sociedade coerência com o princípio tun,- burguesa e à construção de damental do materialismo dia - ttma nova sociedade im.ediata– lético, êÍes eram levados de mente posterior ao capitalis– preferêncla a estudar as obras mo. De modo que para o mar– literárias nos seus caracteres xista o escritor ideal é o do sim[)lesmente objetivos e his- realismo, aquêle que retrata. tórioos, colocando de lado os nos seus romances, as injusti– elementos psicológicos e sub- ças, os desajustamentos. as mi– jetívos. â visão literária de sél'ias de um mundo em que o ambos era estritamente histó- dialteiro é a medida e o . fim rica. buscava antes de tudo o de todas as coisas. P ois êle é que cada autor e cada obra re- o que melhor se presta para fletia dos conflitos sociais da documentar esta tése do mar– stta época. Parecia-lhes que xismo : "A !órma de produção não havia separação a fazer da vida material condiciona o entre ciên cia cultural e ci~n cia · processo da vida social, polfti– natural , nem mesmo aquela ca e intelectual de modo ge– distiução entre história e arte 11eralizado". que H . Rickert conceiluou com Para a literatltra, [)Orém, 11 tanta ni1idez: "A arte e a bis- proposição marxista que n;:iais t6ria estão em oposição porque deve ser lembrada, r,orque de o essencial para u1na é a in- uma excepcional Pl!rl!picácia. tui',!ão e para a ou1ra é o con- é aquela que nega à obra de ulto' '. O marxismo coloca em arte. ao livro de ficção, o di– primeiro plano o conceito, q_ue reito de ser tendenciosa e sec– é o elemento histórico e eole- tária. Engels, depois da leihira tivo, e em situação secun-dái:ia do ron1ance Os velh.os e os no– a iuluí~áo, que é o elemento vos, de Minna Kantsk:y, escr e– psicológíco e individualísla. ve à autora para indicar como O que Mar x procura de pre- defeito do livro a maneira os– fe t•ê ncia em S hakespeare. por tenslva com que ela exibia as exemplo, não é o seu gênio sua.s opiniões. Transmitia-lhe, poétieo e dnmãtico; os carac- então. essa adtnirável lição só– teres originais da sua persona- bre fôrma e técnica de roman– lidade. mas o papel soc.lal do ce : "Creio que a tendênci.a d inheiro no ent-edo das suas deve ressair da situação e da peças, o elemento .aciden tal. ação, em si mesmas, e ao poé– documentário e histórico d a ta não é licito oferecer de a n– obra. Shakespeare e Balzac ten1ão ao leitor ; solução tutu– eram o poéfa e o romancista ra dos conflitos que êle d es– da predileção de Marx peia creve". Em outra carta volta história que n eles encontrava Engels ao mesmo problema, e dos conllilos sociais da sua agota em termos definitivos: époéa. Em Bal:r.ac . sobretudo, uLonge de mim censurá-la por conlempl;Jr um retrato da bur- não llaver e9Cl'ito uma narra– guesiél, a miniatu.ra de uma so- ção socialista, um "romance ciedade dominada peJa classe de tendência". como nós dize– burguesa e pelo d inheiro. Isto IDO$. os alemães, no qual l os– E!k'l)llca, que admirando Cer- sem glorificadas as Idéias poll– vante$ e Balzac. também ad- ticas e sociais do au tor. Isto mirasse Paul de Koek... não é o que eu pen,so. Quanto U1na crítica marxista gue se 1:nais as idéias políticas do au– ;fósse ligar estritamente aos ~ot p~rmanecerem ocuHas mais te~os de Marx e Engels esta- isto servirá para valori1.ar a ria mutilada pela ~s ua Lilnita- obra de arte. O realismo. ao ção, pela sua incapacidade de qual me refiro, m<1nüesta-se (ixar as l õrças Intimas, obscu- independente d as próprias ras e misteriosas que animam opiniões do autor". E acabava a. vrda interior do artista. Agu. por conf essar que prefer ia da ~e eficiente para caracteri- BaJzae - o Balzac que decJa.' zar o elemento histórico e so- rara no prefácio da ComedJe ciológico das obras, tudo o que humaine: "J 'êcris à ia lue\lt delas está ligado às condições de deux vérités éte:rnei!es : la 11,laleriais da s ua época, a cri- Reiiglon, la Monarchie" - a tica marxista dev~ ser com- todos "os Zolas. passados, pre– Plél3da com a consideração ,se.ntes e futuros" - o que não dos 81.pectos im!llet'iais e in- del.-xava de ser de cerl.o modo temporais da personalidade uma injust iça ao criad or doo humana, que lem o dom de Rougon-Macquart. se tctinsfiguràr, ern cert1>S mo- Não sei de condenação ma.is men}os, acima dos 1rruros e categórica a tudo o que s~ja prlsoes do seu an1l;>ie11te :soclat arte sect~ia. arte de simples Ma.rx e En~els estava1n tão propaga1tda poUlica. ~tes tre– Í~\prelfna.dos do sentido une- chos de Engels, no enl-anto. dialista e realf!fta da arte qu.e parecem Ignorados ou desde– não compr,eenderam a signifi- nhados por alguns dos nossos cação revollteionária do ro- esccitores de esquerda. falsos ma r1tismo li(erát:io, J á não digo revolucionários, que agitaram a sua grandeza estétioo, mas ao a vida literária brasileira com menos o seu potencial renova- a estupidez das suas exigências dor e revoluciQnárlo. Ambos bistéricais por uma arte d ir i– desd,en havam o movimento ro. gida a servico das paixões mânlico pelo que nele havta partidárias. Clamava-se por de ldea,lialllo, poetização, trans- uma obra transtorrnada de todo O MAIS ANTIGO COLONIAL DO MARCO. BR AS I f_ Luís da Camara Cascudo (Especial para a FOLHA DO t-TORTE no Pará) Antero do Quental dlZla, cético : - ---------- - - - Oh I a História ! A Penelope sombria. Que leYa as noites desmanchando a te.ia Que suas niãos urdiram todo o dia 1 Não é a História a Penelop e mas os Historiadores, Pc– n elopes machos e alguns com intenção pouco simpática de esperar Ulisses. Uma dessa.is teias d e Penelope. bem pequena, p rovin– ciana e curiosa. é a questão do mais anti~o marco colonial do B rasil Onde está ? Quem o colocou ? O m ar e o está a 5º,04'.40" latitude Sul. por 35°.48'.30" de longitude Oéste. rner idiano de Green'vlrich. justamente nos limites dos mu– nicípios de T ouros e Baixa Verde. na pancada do mar .. . É um marco d e um metro e vinte e quat t·o centímetros de altura. vinte de espessura e trinta centímet ros de lar– gura. É fei to de p edra branca. ~ranulação f ina. calcárea, o chamado mármorí de L isbQa. P edro-liôs. emoregada sempre nos padrões de posse Não tem inscricão nem data. No primeiro têrço está a Cruz de C1·isto, com relêvo. em ótimo estado de conservação. Ababco as armas do Rei de P ortugal : cinco escudétes em cruz. com cinco bez?ntes. postos em santor. sem a bor dadura dos caste]os São ~s armas del-rei D . Manuel faltando a bordadura 1 onc;ie estao os sete castelos de curo. Dete1·iorados, inteiramente o pri– meir o escudête da sinistra, a metade do do centro e pàr– cialmente o da ponta, O Instituto Histórico do Rio G rande do Nort e env iou uma "expedição" para autenticar e r econhecer o marco Nestor Lima e eu passamos algumas horas do dia 27 d e agôs t o d e 1928 olha!'ldo. medindo. est udando o marco na _,ráia do Marco, como a chamam. Encontramo-lo enrolaélo de fitas e recebendo promessas. É , para o povo das redon– d ezas. o santo cruzeiro do Marco. Segubdo todos os elemen tos da lógica, tratando-se d o ponto mais setentrional da costa alcancada na p rimeira dé– e-ada do século· XVI foi colocado n a práia nor te riogr an– dense pela Expediçãr, Geo.l!ráfica de 1501 . comandada por Gaspar de Lemos. o ex.capitão da navêta dos mant imentos na arn1ada de Pedro Alvares Cabral e que voltára de Pôrto Segur o par a Europ.,i, levando a notícia do achamento da ilha de Vera Cruz, em 1500. Esta n1esma Expedição de. 150l foi espalhando marcos pela costa b r a sileira . O primeiro no Rio Grande do Norte e o último em C-ananéa. 25º,35 ' Sul, todos iguais. As ou– tras expedições. de Cristóvão J acques e 1!artim Afonso de Sousa. não tocaram no território norte riogrand ense. Nem há notícia documontal d e armada q ue chantasse marcos de liôs como a de 1501 o f izéra. O mais àn tigo mal'co colonial em terra brasileira é o da práia d e 'l'our'l-Baixa Ver de. Não póde h aver discus– são netn possibilidade docun1ental. O relatório da "expedição" õo tnstitulo Histórico. es– ~rito e assinad o por mim. f oi publicado na A REPÚBLICA imediatamente e transcrito na revista do Instituto Arqueo– lógico Pernambucano. volume X."'ICTX. 147, An1pliado. ou– bliQ.uei no meu INFORMAÇÃO DE HISTÓRIA E ETNO– GRAFIA. 63-82. com fotografia, em d uas edições, R<:>cüe, 1940 e 1944. Foi igualmente publícado no volLtme IX d as PUBLICACõES D0 CONGRESSO DO MUNDO PORTU– GU~$. 119:127, Lisbôa. 1940. com fotografia. Pôrto Seguro, primeiro t1·echo d e terra brasileira do– minado pelo Descobridor teve como marco de posse um cruzeiro de madeira e não u.m padr ão de pedra. O pri– meiro que o B rasil recebeu está numa práia do Rio G rande d o Norte. Dizer o contrá1·io é simples vonta•de de P enelope pu– xar o fio que- não teceu ... - ---- - Movimento Literário RIO - vil& aêrea (A. U.1 - I rá déspertar, certamente, interês~e a selecão de caTtaz de Voltaire. publicada junta– mente com uma biografia do patriarca de Ferney. obra de Bri to Broca a ~er editada pela Livraría José Olímpio. ••• Ru th G uimarães. a autora de ''Agua Funda". já entregou em tribuna ou p anfleto. por uma uniCormiz.ação de proces– sos e finalidades que seria afi– nal a degrada<;ão da inteligên– cia. Não se pretendia deixar sequer liberdade ao 1!$C.ritor par a escolher o seu pr6prio caminho. a sifa própria n1anei– ra de expressão literária. Marx e Engels comba teram a censura e exl,}ltaram a liber– dade de pensamento e expres– são; desdenharam a literatura sectária de propaga11da e va. lorizaram a autônoma cap aci– dade criatlora dos artistas, E se un1 Partido marxista ou um Estado n1arxisla estabelece a censura, proscreve a liberd~de criadora, obriga a wte a ser dirigida como propaganda e persegue os escritores inde– pendéntes - isto não é então o ma:rx;ísmo original. mas ape– nas uma das suas gróss-eiras caricaturas. Para remessa de ltvr~ : l!luvlvier, 18, ap. liOl. Rua a Gl obo os ori~inais de outro romance. êste menos descriti– vo e n1ais introspectivo. Cu-µi. nre eh;, assim o propósit<' que formulou numa enl revLc:ta: "o de escrever- ""mnre". ·--. A su.::r., ;\ JNTFR,J.S!-IA-SE P li'T,OS N'OS~ OS ESC'ltlTORES A Suécia interessa-se pelos rnmancistai: brasileiros Anun– cia-se que Graclliano Ramos, Ciro dos Anjos. Erico Veríssi– mo e Otávio de Faria terão os seus principais romances pu– blicados = suéco. t>e resto. no mesmll idioma já se acha \'ertido "Os Sertões'' . de Eu– clides da Cunha. ci,·culandb naquele país em edição parti– cular. úLTll\lOS CARTAZES Arí de Andradce. 3utor da "Balada de Campos de J or• dão". publica o seu novo livro de versos. "Canto do Tempo P resente''. poesia inspirada na h·a!tédia da última l!uerra. es– trofes cheias de vigQr. nas quais encontramos a manifes– tai,:ãn de um temueramento verdadeiramrnte a,.Hstico. •• • "Crantord''. d e Elisabetb Gaskel\, lraduzido pela escri– tora Raquel de Queiroz e edi– tado pela Livraria José OHm– pio. ceveh1rá ao nosso púbHco uma das grandes romancistas in~lesas do Jiécuto l)nSSado, das primeiras a Interessar-se pelos problemas soe.ia.is. La De Bruyére E A Não Fazer Arte Nada FERNANDO ALVAR (Copyright do S. F. L) Rá três séculoa jà exl$tlam de Condê para ensinar hisf6ri.,_ homens que sabiam aproveitar e geografia ao ra,pazito ctu~ a lnstituição d os bancos pú- só se ocupava em malt ratar bUcos. Bem entendido. dos os empregados. em fe$I as ca,– bancos de jardim Um dêsses ças e cerimônlas. La Bruyêre homens de a,spect<, burgu@s começou a trabalhar para 011 costuntava sentar-se obscura- Condé a 15 de agôsto de !643 mente num banco do Luxem- e passou 18 meses consa.gradlJ burgo. vendo passar diante de a tão d esag1·adável pedagogia. si O ·murmúrio vivo da cidade: pois o duque se casou em 1665 observava e meditava . e o ma~môniu ~nbi:H 1 uiu oe Observar. meditar e ir re- estudos n-istando observações. oue se Entretan to, La Br uyere per- ., maneceu na casa dos C'c>nd& encadeavam no cérebro. era 0 maior de seus prazeres Há na qualidade de homem d9 espirilos que vieram ao mun- letras e gen til-homem do c-om– do com êsle dom cont~mplati- panhia de Suas Al tezas 0 ro~ vavelmente seria um n.•t ir r '1et vo e. às ve1.es . tiveram ª i;ecretário. meio biblioterári lJ grande ~orte de encontrar um e. sobretudo. depositâr'r iet banco lgnt>rado onde , e pu- desse'm sentar e observar. uma sabedoria que seus ~e-- Assim era .Jean de La Bruyê- nhores não g uardavam na ca.. re, o Ilustre nl,ltor dos "Cs rac- beça. mas que podiam h•.1ctra,r téres" cujo 2Só.O aniversário na d~le. De qualquer manl'ira,, de falecimento oassou ni ,;upera os milionários de hoje, pouco La Bruyê.re descendía de modesta familia b urg1tesa de Paris onde nasceu em a1?ôsto de 1645. Se estudou ou não com os padres do OraJ:ório. não é coi– sa segu.ra . Sabe-se. porém. que se formou em Direito pela P a– cultiade de Orléans e tentou exercer a profissão em sua ci– dad.- na tal Ten tou, somente. O jóvem La B ruyere não po– dia suportac os negócios da advocacia e muito me1.10s essa mecânica formalista, que faz <ia Justiça rendosa negociata. Em breve, abandonou o fõro e foi refugiar-se e.m uma casa õ.11 rua Gr@nit!t Sãint L1U11r@. no verão. ba~ida por um so1 escaldante e varrida no inver– no por ventos mortais Entre– tanto. estava satisfeito. Regu. lou sua vida tendo por lema não se aborrecer e, em sua mediocridade. foi bastante fe– liz, fU6so! o em todos os sen– tidos. sobretudo na aei!pção socrática da palavra. Havia a,pt·endido alguma coisa do grego e bastante la– tim. Lia os antigos e v ivia com êl as. absorto no espírito clás– sjco. É clar o que para lêr os a utores gregos e Latinos se torna indispensãvel viver Primum Tivere - e isto o fi– lósofo conseguiu, gràQas à morte de um tio que não filo– sofára, o que lhe permitiu reunir alguns milhares de li – bras. La B-ruyere comprou, com a herança. um cartii de Tesoureiro de Ftnanças da Municípalídade de Caen. Como era esperado do ta– lento do novo .f~1ncionário. procurou não desempenhar tão aborrecido cargo e conti– nuou em Paris. "perdendo tempo". Gr:aças a isto. La Bruy~re fez a lgo de imporlan– te n-0 mundo. Começou a traduzir e estu– dar Teofrasto. cujos "caracté– res" o impressionavam muito. Mas, o observador do banco do Luxemburgo não podia sa– tisfazer seu apetite, com a pa– lha sêca dos livros a ntigos. Necessitava morder frutos vi– vos e apetitosos. Necessitava observar e conheeer os lto- , mens. Como iria consegui-lo ern seu pomar d a rua Saint Lazare 7 Novamente a P rovidência que o havia socorrido propor– cionando-lhe a herança, com a q ual comprára o titulo, veio em seu auxilio. O grande Coa– dé, veneedo.r de Rocroy, anlllD– te das Letras, necessitava de un1 preceptor para o neto. o duque Luís de Bourbon, me– nino endial:)rado e de cabeça dura que na(la aprendera com os jesult.ru; . Bossuet, am it;o de La &uyêre. conduziu-o à casa que jama is se dariam ac- llLX<' de pagar um homem "P te,. tr as. apenas para enfeite i'ssim, entrou em c-on1;;cto coro personagens da ét11>,:,s e observou-as atentamente sob todos os pontos de vista Com1J conseguiu acosfumar-se a esla vida. êle que era tão orf!ulho– so? Conseglliu ser tolerado pela sociedade. graças a seus "mo– dos finos" a sua "convers11cão prudente " e "horre>r a qual– quer ambição", de que noa fala Ollvet na sua História da Acaden,ia F rancesa. Após reunir o material ne~ cessário. apresentou. em 1688. os "Ca,ractéres", !{ª<!l!çig <!~ Teofrasto e. modestamente. junta em Córma de apêndice. suas prjrneiras observações vi– vas. Por ai. verificamos a fin a prudência empregada por êle: cobria sua mercadoria perigo– sa e sa tiríca sob o pavilhii> grego, fazendo-a passar d issi– muladamente. A pri.ncfpio, "' êxito foi regular, aumentandi> incessantemente até o ponto em que a obra produziu ..• 200. 000 a 300. 000 francos. qu e La B ruyêrc não chegou a re– ceber, pois o editor os desti• nara como dote a uma filha. En, 1693, ing.ressou na Aca– demia Francesa; ainda em vi• da foi consagrado como un;i dos maiores escritores de França. Morreu a 11 de maio de 16!16. La Bruyere represen• ta o pensamento trancês e oci– dental numa etapa muito im• portante do caminho que n08 condu1. - desde a aati_guidade grega à filosofia do sécuJo XVIII e li Revolução. Algumas passagens de suas obras jã re– ve1avam. a seus contemporâ– neos, o -sopro republicano que se aproximava, fazendo-nO&' pensar em como é ~rente a evolução da cultura franéésa. Dessa maneira, o ocioso ob– servador do banco do Luxem– burgo. modesl~ e reti-afdo, in– flu iu intensamente nos desti– nos de toda uma civilização t O que é hnpossiv,,l qu.ando se não a proveita devidamente -a fecunda ciêncin de nada fa• zer . .. -- - ALGUMAS NOTAS RlO - via. airea (A. U.) - Augusto Meler, um d'os pro– sadores conscienciosos da noss311 lite1:alura. alérn de grand!! poéta. concluiu um novo livro: "Seg-rêdos da ln!ãQcl;l•. O poeLa e romancista Geor– ges Ouhamel !oi recebid o RS 4c.ademia Francesa, no lugar de Abel Bon nard, que, embora ainda vivo, foi afastado dest. sociedade por cola'b1>raéão COlll VichL '

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