Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

2. 0 Página • DA CARIDADE E DA LIBERDADE NO l,,lUNDO CRISTÃO DE APôS GUERRA ~ Conclusão da 1.a página ô temor, mas su:n a caridade do • • Çristo ,;i_ue teali~.1rá · a g'l'ande nosso heroísmo e a nQSsa capacj- i;>rom~ssa do· estabelecimento de dade .Pat·a o· amo.i; e para o sac.ri- Utll x:eino de De·cts ~obre a l'erra. ficio. Os comúnistas surgem di- Há u~ fome ci., 5,~stiça Que ante de nós .numa luta abert·a . será· sem.P.re sagy;ada onde ,ou em contra o Cristianismo, pr,é'gando qüem quer q_ue ela apateça e -u1na doutrina cuja vitoria final, que será . sem.ijre, também, pcfr parec:eu a mui-tos, setla·a vitória t ua es?encia, naturallnente cris– do Artti-Crí.sto. · E, então, nós tá,. .llfêstes tempos vivémos to– cristão,s, no~ ~tiramos, ·contra d,;,s, cristãos e con:n1n1$tas, f/l- . êl;es cegos de ira. carregados di, rnintos 'de jusUça. E, cristãos e ódiq é levados pelo desej'<i' de comunistas são .filhos de Deus Vingar-nos e de castigá-los. Ai e no ctia em que todos se con– de nós!· que nos esquecemos de vencerem desta simples ,verd.~de, · pergwi~r por que êles se joga,- p1·incipalmente no dia ,em que vam contra nós . e por que nos o s próprios c:r'isfã ·os Perseguiam. Não perguntamos ,e conve1s1cerem dela, 1 teremos qual o desespero que Os movia e dado o .1),rime~ro pi\sso . decisia qtial a paixão que os imP.elià. vo ~ forte para .a '(ttória' final. .Sé per.gun(as~emós CQ,m certeza O que nos v.ai fazer vencedores · que ·eles ,:espo~àerlam: "nós s.o• ~ o amor que aproxlrna e não 11\ó~ as vitimas de .uma socieda- o ódio que s~parà'. E qia ·Virâ em d.e qtie se diz cristã, nos move o qtie a Jgrej a Católica recebe1·á ._ de-!;éspero dá vida infamante a é1n ·s.eu seio, júbilosa e comovida, ,, que nos sul>metera1n, a paixão esses filhos erradios, g_ue no ~- ·11~ justiça e a i;êde ' do am.ôr !". , do de sua doutrina demoníaca • Sao desesperados e aos deséspe- eonservem· aqtiél,as "rãi:ies cris– rados o erro 1)0derJ pacec~r a fães·• que já fô'ram apontadas verdade e a sal"açao desejada. por um grande pensador cató– M'as nós cristãós, pergynto. ago . lico: o amôr ao próximo ,e o 'd~– ra, eti, podemos acusá-los de seja - de . justiça. Nós }atólicós .conciênclâ tranrtuila e odiá-Ios? poderíamos muito bem deriomi– Iníeliz.rriente. sabehto.s que. somos nar li' esses nossos írmãos1;ebeldes culpados. Que a Causa~.de· '-tudo de e'risíãos · e~ .estaa~ se.lva!fem, e:;;t,hi{i e esta em nós. Que en.\ pois, n!I v~rdacfe, \'.,ie. todás as grande· parte .somos·. os ...reiit)on- doutrin·as políticas e sociais ex– :;aveis pelos erros cj.é1és. Se :foi. trem,stas que dominaram e que na vérqade, n6s que traímos o dotninam o mun.do de }1oje, pelo Cristo. }1Õs, que o.· a.bandona1nos. 1leu impulso de fraternidade·, q_\;e O v~n'demos., ·com que direi- pela sµa conden.ação das injus– to.. 110s arrogamos a acusad.óres ? tiças -sociais. ·principalmente ·pela Ai âe nós! quanc!.o tiver~os de sua ·crítica à soeiedade capitalis– pres.tar conta- d~ um.a socwdade ta, a dos comuntSt.lilc pr<!~a um cristã que se descristiaruzoü<.\!'.l,o'r ideal que já se enéõritr'ava con– rioss;,. incur-.ía,.;:,ol' •!JOSso orftttl,llo" .~ido ná dou_trlna, socüt'1·:da •Igi,ê,, e' por - nossa amb1çaól Somos ·os Ja e .constitue no terr·eno ão m.i'i.ores. culpadõs de,ssa sócieda- temporal, p,rmcfpio ve1·oadeira– de cujos homens •:renegarain mente cl'is.tão : ó da f1·atêrliid/1.– Çristo, afas):âram a religjão da ,de- •lí.úinana. Embora ·saibamos, sua vida· púp'lieà ou, limitaram- tambem, - e ,aí está o trágico ná a~as• a sua yil:la privada; e1:ro •deles - que "a fraterni– desses homens que•se esváz,iaram dade, como dizià Ernest.. HeUo, à do \;erd~de~ro e profundo senti- •margem de Deus, é um·a palavra mento. reljg10s0 e transformaram que encerra abismos. Longe do ....., a sua· p_iedade etn um compleico ~spítito _cristão, a fra:ternidadé FOt;HA DO NORTE ' l, Too# Am America I , TQO, SING AMERICA l AM TllE D·ARKER BROT;EIER THEY SEND ME TO EAT IN THE KITCHEN WHEN CÓMPANY COMES BUT I LAUGH AND EAT WELL ANP GROW STRONG TOMOF.lROW ' . l'LL SIT AT THE TABLE WHEN COl'n'ANY COMES NO·BODY·'LL DARE SAY TO ME , "EAT IN THE KITCHE;N• , THEN • BESIDES THEY'LL SEE HOW BEAUTIFUL IAM AND HE ASHAMED 1 TOO AM AMERICA • • • LANGSTON HUGHES (Poeta negro norte– amérlcano) Eu Tombem • Sou A.mêrica ·EU '.l'AMBÉM CANTO A AMÉRICA. S.OU NEGRO, MN,, POR FORÇA DO DESTINO, PERTENÇO À FRAT·ERNIDADE DESTA NAÇÃO. DÃO-ME NA MINHA .PÁTRIA'UM LUGARFóRA DA MESA, MAS EU RIO-ME , E c.eMo BEM. , E CRESÇO EM FORTALEZA. AMANKÃ. PÂRTÍCIPAREI DA MESA COMUM. E NINGUÉM VIRÁ DIZER-ME: _.. "NÃO TEM DIREITO A ~:,.TE LUGAR•. ' ENTÃQ iie atos externos; sem re~.1:cus- e uma' cousa ,que se reclamá. dos– são na su·a vida inte~io.r; ·dessa óufrôs. Nã,o é. .um dom; ' é uma -socie«;iad,e q1,1e red'uzíu, iarisai'ca- exigência". Um tlia os comu 0 -mente, a: sua,téllg~iio-'ao cu.Ito ex- ni~as não de se convencer dês- ESSES-HOMENS ' POSSUIDOS t>E UM I.~F~ O~GUt:HO, QUE HOJE ME NEGAM O SEU AMOR.DE X:RMAO, , HÃO DE VER COMO SOU DIGNO ~ BQM. ):: A. FACE. DELES $E; MARCARÁ DE VERGO!jHA. ter10r,, quando. .nà'ó ,mergµl)lava sa :verdade e sentir o s·eu eri;:o, de todo no ind'iferenti.~mo cor- arrepender-se-ão 'e estaiíão. sal– rúptoi·· ou. no agnosttc'ismo tilor• -vos, E nêsse dia vindoún> em taJ'. Sociedade que~ abandonou que êleJ;, os comurustasJ t'endo, Cristo, que tr,aiu Cristo, que iinah:µente, compreençliçlo .o seu Vêndeu Crl$tol Como é tacu eri'o convictos da verdade cris• grifar agota em nome d~sse ' tã e .da grandeza e d.a . santi.4a;– Cristo aõandoqac;o, traido e v~- de. da Igrejà 1 ~ngressaí:e;m; .q.o . '11do .e dessa religlã?· renegada, seio da comunidade !\át,ghca, quan,do ·POdem ser\iít de defesa u.ma nova era de paze ·e d'f arilôr · ll.Os fl.~OS·, l,nteré'Sês' · p~ticlitâH.- 'é dé JU$tiça Íilirir"'se-á t1at'a o . te.s-, a .nossa ·.cupidez ameaçada ,'e muncj.o. _ · podem. tambem, nos , lil:!el'tar do Mas, por el)quanto.._ .quando teri:Or' cje ficari:nos, eí'<i;,óstçs .à a_indlt tal ~\l"!!l'r~ . não se r.ea– vinganç.a dos · que esp9llamos e ltzou, resta ao católico, rio tno– escrav.isamo!,. Mas. um autêntt- mento, agir como cá'tóliêo. E, co cristão sabe como. é ignol:iil como' católicos, .. càbe-no~ liá so– e triste ,sér-se cristão por egoIS- éiedade, cómo o mais imperativo mo ê temor. ;E sao exatamente dever dà nossa época, exércer a esses maus cristãos interesseiros Caridade e defender a Lioérda– e atemori.zados - a burgu~7ja de. Nelas dú'as repousa aquil.o Ulida e '.hipóérit/l dos n.óssos' dias q:ue é da essência. vital e da ""'"·os que i,e f'evarítam ·domitl'ados ri~tureza fntim:a· de toda socieda– por um J:uribunélo ó,dio que, à de aµtentieamente cr.istã;· o res– for~. _querem, faz~..' s~grada,. ·pa~ peito ã dignidade da pessôa hu- ra . açu~ar e con•i'en-l)r' os i!Jhos mal'\a. .. . EU TAMB~ SOU AMERICA. . Tradução de· R. Dl!: SOUSA MOPRA , •Belém; m"-10, •l~. . sos a vo-z do amqr pa-ra. se apro– xímarem. E basta: s,omen,t~ )>);11'· ci'phn· a ar.nar. Como d1z1a o Padi;e Vieira: "Um amôr natu– raltnente· chama por: outro; .e não hã coração nem {am sur– do que, se chamado, não oiça: n'em tam mudo, que, se ouv-lo, não responda". · • Domingo, 19 de maio de 1946 IMAGEM DAS HO.RAS ----- -- . . ........ CÉCIL MEIRA -A palavra do poeta não !leve soa·.r e morrer esquecida num momento. J,',lais rápida do que a luz l ela coner'á o Uhiver!ÍO e .sua chama 'àrdênie se alojará no co– i-aç~b de todos os homens. • • ,. ! Qµero reinar sôbr& a supel'ficle da "l'ena .pa:ra ordenar a_t~os os homens que sejam te~nos ê pie– dosos com as mulheres, No meu reitlo as mulheres não te:râo cri– mes. ,Serão todas perdoaq,as. .Elas somente conhecerão o ~ôr 'e a Ter,nura. Assim, por sua fra• queza .. elas serão consoladas. ••• ·Meu amôr em pequenas ondas ~nv111veu o cotpo esbelto daq.ue– la mulher. Seu)! olhos amorteci– dos i,ediam o der.ra :delro instan– te• . fii;iih'a lfõca ma:iísamente lfes– cans'ou em seus lábio•s. No.ssos corâ~.ôes, eram fort'!s, e vibravam soti o hino do Amor. Ambos go– .savainos a suave grandeza da· quéie ambiente secreto. Longe do }.'-lundo, \lPe.na.s sentia. seus SÚspj.ros. l!lada 11\BÍS alé:m. de meu Amôr, nada ;mais, senão, o meu Ciul)ie e o Amô ..r do Deus. ••• Não mais tocarei e,m ti. Q~e– :ro-te pura, t/ll como foste cria– da por ,Deus. Ni\o te i'nclinés •para mim. Os astros· também se inclinam e · cáem nos braços d!l Terra. Eu sou como a 9h·ama ar– den(e que tudo destrói. Se que• i,es ser pura, fo!fe d~ mim. ~eu des.~nó é ter nos l,ábios a Y1da. E tµ não qµerei l!: ,rida, qu~r~• ape11as a ~ort,. 5? ptu;a e mor– rê, ;Eu proc.ur ~e1 aquela 'J'!e possúi o néctar 6elicioss:, da 'Vida; j! que juntamente comi!JP o ~r'9:erá. • • • . Por que o mesmo. A;mõr qu~ une é ·o mesmo Amôr que se– par~ ? Por qué a mesma .bôca que ahençôa é a mesma que lanca a maldição ? Por que o mesmo coração que ama é o, mesmo qµ& odeia ? · Por que; os iitesmo.s lábios que bt>ijam são ós mesmos que sê confÍ'áeín em. ·repulsa ?. ll{ão compreendo 'a in• signllicâncla do no)!so espírito, !' pequenez de nossa :.J>lina, o,:tde dOlS polos surgem. Queria ter o c,p,ra"ão sem;pre al;erto ~a o· Ãmôr. . . mas êl& sé volta cont,ra mim mesmo, abate-me, o .6diO surge e domina-me. Ver sém.– pré be.los céus, estrêlas doura– das, ,s6ís .esplêndido~, um halo de ' luz celestial, Iluminando a terra, assim- eu qu~ria o mun– do. Mas as sombras vêm e . a noi– te· desce ... ••• • Luzes que- se- vão e se vêm de seus oihos pàra os meus. Oh 1 ' delicioso martii:io ! E e11contrO no repoúso· ihfinito de seus ,ólhoa uma única palav.ra : t>eus I Sim, ·Deus no comêço, Beus. no íím. ·Na madrugada e na tarde, na tnatÍhã "e da noite. Círculo im~n• so que a tudo prende. Êle ca~ inteíro dentro de meu cQraçao e êle está por for,,., cobrindo-o todo, cresceXJdo, crescendo, soba até o in-fini:to e desce até mim. ♦ • • • Ttês mulheres formosas. So– mente houve a d.úvida· quandq eu guís esco,lher !l mars · ·b.elâ.. Naquela manhã de fim de ag<111- to, eías passaram vivas e radio– sas . Não era m!'is fulgu,rante do que elas o spl q·ue brlnca'l(a d.e lw: em tôrno de seus cabeló.$. Elas ,passaram e eu fiquei ~6! olhando-às, bendl%endo \l Tei,ra que> 'formara entes tão lindos, es– beltos e delicados. • • • Assim corno nU.cvens nêgras ae dissipam XJO • alto céu e · a l~il do sol se filtra e;ntre elas, !>e1- j ando a terra, assim as sompraa ,de minha àlma se cesvaem sob ô clarão de teus oll)os. .. ). Pre'cis,amos se'r tão .fortes q_ua.n• to a Dor. Basta firmar o corpo, enquanto ela pas.sa . . . · ••• · O gue eu, dig9 e afinno é co,~traditorio. Be~ sei, MI½• eu nãó del!!l.spero, nem .nte acabru– nho, Sei q'!,e ôs olltos quan.do sê ~9re'!' oscilam e , tat4;iarn àn• tes de fixar-se etm algum pqnto, A contradição indica ªli?ena,s. 011 altós e baixos da natureza hu– mana. Os rios nada mais são do ~ . r, que· cont,nuos declives em J>us– ca do grande Oce.a110. Assim nóii e a Vérdad.e, • • • • Amo-te, Basta isso. AmO'-te. Nada ináis. ,Amo-te. Nada mlilla s e i . S e u s .o l .h o ·s , e .r a no somb:rJos, Ao som de minlia ·vo• eles se iluminaram . O nªufrago. .1?0~dido na eséurid;o, p~e&~!:l"' tlndo 11, auror.a, naQ v,u .lul& semelhant.e, -E ·nos- meus olb.Qll iambém. Unidos, num s.õ , ' .... Se eu pudesse · ser santo_. ,se– ria. Mas é tão bom gosar •a vida com ela é, sem renúncias ! • • • ••. O coração do homem fs:,rtG é como a base da.Montanha que lhe suporta o .pêso, ' • • • Se a\guem, como os ·Gandhar• vas indianos, pétietrasse no mai. profundo de meu coração af ·não encontraria o ódio. Nêle existe ape.nas a eterna p~imaví>ra. (Do novo llvro ''Imaiens das Horas" - Edição Valverde - Rio). -·------------- A HOMENAGEM DE DUHAMEL A MANUEL BAN'DEIRA esP,oliad<;>s e rse.beldes de l)eus. Q.ue o católico ,saiba que o seu cuja rébeldia .esses mesmos maus primeil'o mandamento é o Amõr cristãos provocaram e í,IÍimen- e que . a sua mais atta virtude é taram pela traição · a Cristo e a Caridade. P.ara São Pa,ulo o • pelo despreso à sua. religião. amôr é a plenitude da lei: "N~o J:m.pudor é cini?mo ! sejais devedores de ninguém, a Porém, o certo é ,que .a vltórla, não ser de amôr tlnú\ uo; por– gue· ·nqs <"atiSJi cos r.ren1os há r.e que aquêlé que arp.a a.. seu pró– sex, nossa, dar-.se-á através do ximo cumpr.iu a lei- Co.m efeito, aft}er, da comtireeqsii'O ,e .da bô.a "11ijo cometerás adultétió:• não voI\tad,e, poi;quc somente através matarás; não furtarás; não do ámor, da i:cf1\P~eensã-., e' •dâ cu.1,>içar-ã's:• e t,óclqs os !Outros l!ô'a. von}ade a .V1tor~a poderá ser. mandamentos que pcn!e.riám ser vê1·<1ade1r~. e,Ucaz•e dta·avf>l. ~ão citados afnda, tudo está Iesumi– será, ó ódió, nem·o ititerêsse, nem do nestas palavras.: "Amarás a . . teu ~x:ô~it'(lo ,como ·a ti ·mes1~0". ô aml)r não faz mal ao próximo. ô .amôr é, pois, a plenitude da Jei. E é, ,-itnda pata Slio Pau– lo, a Cai:fl:lade a maio.r das vir– tudes: ''Ainda que eu falasse a lingua dos homens. e· d,;>s anjos, disse êle, se não tiver a carida– de, sou como o bronze- que res– ~ôa; ou como ·um cimbalo que ,retine. Ainda que tivesse o dom ela , prof.eéla e cçnhecesse todós os mls!.étios e t,oda a ciênc,ia; ainda. q.ue eu tivêss·e ·toda a .fé, a ponto de trari.S'po~1:ar 1nonta– ·nhas, sé não tiver éarida'dé; não sou nada. Ainda que diStribuil;se todos os meus bens para· susten– to d<>'s· pobres, ainda que ~ntre– gasse meu· corpQ às• chamas, se não tiverJc~idade tudo isso de n a,da ine· sel.'virã". Amõr e Caridad.e, esses são, com certeza, o primeiro m'línda• -mentQ e a px,imetra virtude dos cristãos de cujas mãô's vai sair um múnd_o .novó. Depois de tan– to ódio espalhado pela . guerra o .Am.o:r deve voltar a i,mperar. Os homens estão ca:nsados de odiar e esperam, t;:alvez; ansio- E se nessa construçã9, - do mundo de após-gtlerra c?°õe .io cristão uma tarefa imensa. um labor sein tré~as. a sua aç~o t~jn q,ue' ser .inteligente ,a cari• dosa, para f!Ue resulte , dela uma i:>erfeita eompreensão c].a. _reali• dade presente. Para compreen– der melhor muita cousa para as quai.s ainda não está prepa– rado. Para poder compreender, por ·exemplo, a cplabor,ação que se to,rna necessária àe todos aquêles que podem contribuir com uma p;ircl!la do seu traba– lho e · da "$ti.a abnegação para a. reorgan~ação sociaf e polftica do mu ,p.do. Pará eompreender que- todos •têín o . dit:ei_to de par– tij:ipar•nà formação de um mun- ~ Conel.úe na 3. 8 página Busco todos os. caminhos do Mu~o, desço ao fundo da Ter– ra, subo aos Céus, percorro todos os horizontes, e encontro somen• te· uma palavra trêmula em meus lábios : Deus !· Converso com os homens; exponho ritinhrui idéias, ouço o que me dizem, verdades, mentiras, ilusõei1 e s6 encontro uma palavra: l)eus ! Meu cavalo vai eni passadas largas" e ágeis, subo os contôrnos do V·ale, falo com. -ricos e pobres1 acaric.io a cab&ça das criancinhas, embeve– cido olho a paisa!fem verde e sem igual, o gado pastando, a luz loura do sol dourando as campinas, e só encontro uma pa– lavra: Deus ! Minha vi11ta se em– bebé nas água~ da praia, pers– cruta o maz alto e o céu revestl– do de estrelas, noite clara, luar s#ave e pa,r .a'dp, e somente en– co.ntro uma palavra: Deus ! Che– g.\> j1<~s pés . de J1>l~a amada. Imagem de encanto, de amôr e de d~ura. Olho em seus olhQs. ·Rrq, via aérea (A. l)'.) - Associando-se às homet1agen.s que foratn prestadas ao poeta Manuel l3andeira, por ocasiao da pas~agem d,o séxagésimo at').iver– sário de seu nascimento, Geor-– ge,s Du'hamel, secretario geral da Academia Francesa, é escritor universálmente conlÍec.id<;>, tele– graf-0u ao - adido , cultuxal à En;i• baixada francesa, no RiQ, 1>,edi.n• do-lhe apresentasse, em seu no• róe e no de seus confrades da li'.rança, ' cu1l}primentos ao grande poeta brasileiro. ~~4Nf•• ....... ~~~# No~~~· . - . oito litros dãgua; desterrou da mesa domés- tié,i as, carnes gordas e, em geral, as-su,bstãn, ciàs .enxundiosas, os piodút.os de pastélatia, "- . . ,. ,. . grao.s,, ·cereais, pure1as, assai, sopas e papa~. Não se assentava depois da comida,. porq.ue ·a imobilidade; apóf os repastos, comprometla MORTOS DO MEU CAMiijHO a ésbeltez do corpo. · · _ ...... _., ........ _._ __ ., ,,,....,__,,.,., ........ . ,.. ... .... Duas vezes por semana, a sua ab.stinên– oia. chegava até a inéaia, ou seja a privação comp~eta de alimento,s. Acordaria inveja no ~ CONCLUSAO DA 1. 8 PAGfl\TA ;pr9p:rio lnahatma G:andhl, o recordista unl- Só a careca lhe p1;ogredira notavelmente. versa! da fome, que pretende, nada obstante, Era deslurn.biante . Déspedià revérheros ao viver até -a_os éento' e vinte e cinco ãnos. sol. . tfo fei~o comum de ferradura, desc1a- Goncebeu' a idéia extravagante de. fazer- lhe de alto do crâneo, deixando ao desabrigo se anaco;reta. Insútar-se-i~ nos ermos bos- uma vasta á:rea, ~nteiram.ente depilada. Vi– cat'ejo~, de-ar lev:e· e ti'.esco,. para, ·longe,. mui- n;l}'a m~r,er à.s· bor<;las~ do occtpfcio, ,ç.ercadc1 to long~ dos -c.omest~veis nocivos 1 nutrir,-se de farr1);las alvacen,tas, na vizi1,1hança d~s ló– de grelos, raízes e '':â:utos, qu,e não fõssem su- bulqs das or.elhas, de onde não•penqiam brin– cosos, e talv'ez de bolotas, como o proféta. cos, ou quaisquer outros dixes ornamentais O Conde R::om:a prescreveu-lhe a :rema- mas p'êlos .cerdosos, semeados oela ·i.,el,;ice. ' ~m. em ·sêco e Ejdgar entregou~se, fuxlosa- Teodósi.o ei-a azµj.g_o de qualidade. Ama– mente, a ·êsse exercício, no porão da casa. va a boria-xfra, os v inhos capit:osos de b:u– E_M conse.$1,,'uêhcü~J, ,s◊~,r~yierai:n~ihe _oll?,eiras quê, os quais aspirava com volúpia de bode rox_as e pr.o:lli:u:19,as, -tmg1das pelo b1stre da ·ent éio, e a .cama:i:~dagem discreta· .e jovial. fadiga.,, e ~çí·~ pertinal.es no lQmbo. descar- Q,J.!ahdi .ialeceu, deixou oitoeentàs gari:àfas na(!? e enf,r~quecitl:o. 'Qin méd.l:co amigo da da,s ~ajs fa'jnos'as regiões v.ió.hateiras da fatri1~ia, v-ea.tt: o.-lhe o e'stado~ contql;>escente, li'-ranqà. Não lhe haviam, sobé iaào ,,agatS! a'ler.tou-o co,1itra o .perigo:-. "Ou pa'.i:as à sú- para absorver-lhes o conteúdo. )l"erihum perfície da ter.ra ; .ou terás que deter-te no bem- imóvel. O seu testamento poder.ia ser s1;1b 0 sôlo. J;s~âs e:;om os bofes .ameaçados escrito na unha de um dedo mendi {l.ho in- pela héti'Ca". fantiL , Ep.ga,: "apavorou~se . e comediu-se. De- Em moéda co-rrente, rem.an ~scta.tt> E:P. sandoQ. o lo_P.go ç'arninho. percorrido, ·Ream;a- cofre quatrocentos ~ -poúeos c-:t;lizeirós. Para' nheéeu~lhe a alegría. Ile'tro ,a tome l Retro . lfUXtliJ:Ü) a fa~íl)a, I.;àui;o Sodré, então gov~r– al5sq1;dos .díetéjiéof •i "Reiiio ' ~ tís,ica ,p,or v;r j nador do Es~do, pr.oveu ·Edgar no cart6r1.,o. Retro 1 · enfim, toaos os sàc1·ificios alimenta- A , fortluna, que' fõ:ra nii\dras,ta do pat, tem– r~s:I ; · ·<e .. ' · lhe:_sõr/ri:do cçm tais ·l!'l:n~vi?-s, ,Que Eqg~i;:p,õg.e , V:i'-Q em· 1935; no Quartel da 0ita"!ia Re- ser a't'.r·~1ado entre ós maiores cont,·,.,u'(t)te , gião, én:cerrando d testàtnentô dé certo ·1eg,is_- do imposto da retlda . laaoí' ..estaêlual, qiJe,. o sr. Magalhães Bárata Devo a gentileza desta mil)úcia parti– _coqdeJ1..ara a mórr.et• p~tidu1,ado.num poste e cu.lar ;ao dr. lviig:uel Rocha, cui;ador de ní.en 'i>– êlet1·icipad.e , po't c'r:ime d'l! traição pe1litlca. . . res,. órfãos e interditos, e an:)igo pei.to.i>àl do Acnei~o escor reito, lépídçi· e ve'rtiéal. Aó (a-l)elj,ão, infor;me-corroôorado por tim escr.ibà de$peél~·ip,o-n.Qs, s~gi;~qou~n:ie: .., . , . · d9. cartório e. pelaS' transpirações yerbai:s de ., · · -,-Como vês;'saúde ótima. .. Mas, continúo uma ânti:ga copeii:a, quê: o -v:ir:a traqUi~a.r de ...~r,i.êxp:írcareJniénte'_,as~el'mo : · Nasci despi·(:' sunga, cli.amantlo "bum-bum'.' à ágUa. A ser- v1ijo de s.em: ente,s, · víço da· mesa, ouvira-lhe esta coh(idêncfa à • _ 1, , ,.. • 1 • • ♦, ' ( "" ' . e~posa. Mi,guel Rocha -abriu-se cq_lJ?igo, tà'.s– timando q4e Eagar fosse irredutiveune.nt ·maninho, o que lhe afastava dos .,bolsos o. ganho lícito que O futuro in:ventárid; lhe P.10- . _,., porcJona:r1a. N,inguém: .foi mais abundànte ê certeiro em piadas graciosas do que o ve1ho Teod15sjn. A veia humorística contrastava~.lhe .com o ar carranc~do efetivo: Esta mesma ;jpai·ência tem o filfio. A um dos seus pa-rerltes, que, chegando de · .São Paulo, lhe viera dizer ~ p~sara à éondição' mati'imon~a1, co,, uma senhora a quem tomara, há muitos anos. por manceb'a,- e c?jo ní.arido_,aindá vJv'i'."? per– guntou, sem depor a pena co:m -qu.e m1nutà– v.a uma escritura : - ,Fícou viuva ? -Não. • - Então, parente, Isso não .é. casamento. D.ê nçime à coisa. 0 q_ue você tez \foi éaga– mento. Desculpe a franqueza. Nisto ll'le _pa– reço com o cônego Batista Campos. Na mi– nha fráse de constant e lei, o ;boi é boi e o 1adF.ãÔ é laorãq: ' 1l .ó co:ri:etor ,Antot}girii Furtado ,ticara ~~~e devendo •tr~zs~ntos e n:iuitos cruzettos, e, dia– riamen;te, .prometia quitar-se, mas. 'êsse mo– menfo estáva inçlui:dó nas calend!l$· que, os ~r~ós jamais organisarâm. :An~n~ini ach~.– va-se enca:laerad.o coip meia c1dad~·. Nao transitava por certas r .uas. O coro,11el Mou– ra Pálha, · famoso leguleio da Vígia, di$sera– lhe Uilll!, v,ez, descoroçoado d~ rec'eJ:>rer a con– ta que lhé delegara ,um êomitep.t'e: _,: Meu éaro Anto.tJ,gini, sé v.oçê vjv el' nur.yt c,ios s_eté ~culot' da Rep~blicà ,rotn,àna, sérv,r vendido comó ·escravo. Naqúel.a épo.ca , • - · 11 era o destino d:os máus devedores . Uo ql;\e você escapou, nascend.o no século XIX, hem, seu feliza;rdo ! Teoqósio P.erdeu a _paciêt1cia e toi cobrar, em pessôa; a dívida. Furtado ~regoava ea...,. I.orosa~ente um leilão. de joJas, quando o viu - é'stacar à porta, -revestindo pa:v,;,roso cons– p·écto. As pupilas despediam-lhe centelhas incen:diárJ.as de basilisco. A dextra agitava, nervosamente, uma bengala de cana da In– ~dia. O leiloeiro, acometido de súbita gaguez, fitou-o com ol;ho:; assustà<ios e, dl:s:$im~ 1lan.do o, pânico, bàlbucióu u1n çump1·imento: ...!. Bôa:tarde, sr. Tépdósi~. tenha a bon– dade de •ent'rár nesta sua casa. - N·ão v-iin .;).qui buscar cumpr'iinentos, replicou Te.odósi.ó. ml\s recebei:' o que me deve, ·seu cálotei-ro desavergonhado ! E na rhais possante voz de que era ca– paz, emergida das entranhas irritadas, voci:- fer.ou : .. · - Seu Furtado ! V-0cê não é furtado ! Você é lâdxão ! Ning1.tém o furta l Você é que furtá, a todo o mundo ! Mude o nome t '\r:o~ê não~ 4ntbngini Furtad9,_:vo~ê é A!-1ton– g1m Ladr:ao l O se.u lttgar--)lao e •aqui ! O seu-lugar é na cadeia ! · '. Modificou p itinerário do cartório, de modo que pàssava, de manhã e à tarde., pela agêncià do leiloeiro, par!l lhe, berrar, da cal• ~ada, com .escândalo público: - "Seu." Fu1·tado ! Que é nheiro? Você não é fuxtado ! drão ! Quero· o m~!,i dinheiro ~ min¼ pena! , do meu di– Você é 1P<– E 1 ó suór dç1. Como rião havia bens . a, irivehtariar, a familia foi diferinào a decla,.1,ação da l~. üm empregado da Fazenda,,. volvidos alguns meses, procurou o varão enlutado, para Ih.e ' teverdecer o .que parecia esquecido. -'rnventáci'e ? ! estranhou Edgar. In– ventariar · o quê ? Gai;rafas vasias ? S~ se você qu~r que eu jnY:ente o que inventarlàr ! Mas, volte.inós ao segµirn~nto da 1 ~!ftra– civa, il)terrompídá" pelo v~to P,ar~tesis, que _aqui fica encerrado. (O<!ntlml.~ doJn1ng<! l)róxtmo) '

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