Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

Dom!n§G, 20 de outubro de 1946 FOLHA DO NORTE 710 muito antes da morte de Márlo- de Andrade. O mesmo )llár1o. na sua famosa confe– rência do Itamarati, falou do 111ovimento como de uma eot– aa do passado. como de uma coisa perempta e superada, É pt"ecfso ter mentalidade muito p rimárla para chamar de mo– dernistas os versos dos novos poétas. como Lêdo Ivo. João Cabral de Mélo Neto e outros, ou os do próprio Mário da "'Lira Paulistana" Serão acaso rnodernistas os romances de mestre GraciUano. de Ltns do Rêgo. de Jorge Amado. o teá– tro de Nelson Rodrigues. a crítica de Sérgio Milliet. de '.Alvaro Lins. de Antônio Cân– dido. as crônicas de Rubem Brat:?a ? Será aéaso modernis– ta a pintura de Portinari. Gui– gnard. 0 ancPtti. a escultura de Celso .'\ntônio. Bruno Giorgi Ceschlatl ? Só os primário$ o dh·ão Isso tudo é apenas arte moderna. arte viva, Isto sim" SE O NOSSO IDlOl\fA TJ. VESS"E A UNTVERRALID..\. D E 00 F R ANC t S E DO = J ~ Coticlmiio da ü.U::- -pft!lbi:11 - "Deposito grandes espe– ranças na nova geração de Poétas brasileiros. J 4 cite[ dois nomes marcantes: poderia ci– tar outros". Manuel Bandeira E A Morte Do Modernismo NOVA EOIÇAO DE "POE– SlAS COM.PLETAS" Vamos nos despedir de Ma– nuel Bandeira, mas, antes. pergunta.mos-lhe: INGL t:S ! ~~damos o rumo da con- versa sôbre os grandes universais. Ocorre-nos, a pergunta: poétas então. - A poética brasileira, em sua opinião, conta com poétas comparáveis aos valores uni– versais da poesia ? Manuel Bandeira acha temos grandes poétas. sem hesitar : que Diz, - ''Parece-me q u e poétas c o m o Carlos Drumrnond de Andrade. Murilo Mendes. Sch– midt, Augusto Meyer, Vini• clus e outros estão em pé de igualdade com um Éluard ou um Aragon, na F_rança, ou um S-pender e um Auden, na In– glaterra. Os nossos teriam cer– tamente o renome universal dos outro$, se o nosso idioma tivesse a universalidade do franéês e do fnglêa". SONETO LIVRE -Haverá realmente, entre Págiil QS Dé Um Diário ur Conclusão da 1.ª pág. Ili.o desempenhasse nenhum r P.dU?: a nada os i:-estos for!la- pa.pel em sua v ida. d~s. dt>bca-a al-nda m~is bosto, ••• inlelit: e solitária. apos as fra• Não me venham com a .len- cassadas tent11fivas. la de que gato qu11cndo cái . ••• eii em pé. n as virtudes de l\fariqul- 0 meJo-angorá do coman- n'1as : dante deu um pulo em falso Batatas fri ta,,;. omelete com no telh~o e Vt.>iO se esborra• ~:i.l sa " cehollnha. fal'Ofl\ mo– c,har cá em balxo nas pedras, lhada. lombo de porco desfia– e111 pleno exercício dP sué<>a. itn. t•1tú com torresmos. pas– A.fnda se levantou o bichano, téfs d,. nata. rosou.inhas de sal mas por um segundo. Deu uma amoníaco e hiscoitos de a.ra.ru– l'Olf:lda de sangue. e, adeus ta. - tudo de fina origem ma- os poétas modernos, uma ten. dência para o retôrno ao so– neto? - perguntamos-lhe. - "Há realmente, entre os poétas modernos, un1a revi– vescência do soneto, - diz-nos Manuel Bandeira. Até Carlos O.rummond de Andrade. até Murllo Mendes o estão prati– cando. Fazem-no bem diferen– te: é o soneto livre. sem rimas e com grandes licenças no que concerne à métrica. Mas per• siste sempre o que. em suma, caracteriza m ais protunda– mente o soneto - a estru tu– ração do poema em duas qua– dras e dois tercetos". - Em sua opinião, quais os poétas essenciais. cujo desco– nhecimento não se justifica num intelectual ? - "Para os poétas de lingua portuguesa bá um poéta es– sencial que todos deverão es– tudar a fundo: Camões". -Acredita que a busca ao verso puro acabe quase anu– lando a fórma na poesia ? - "A fó:rmii não póde ser abulada em poesia. PoeIJ,1a é poesia informada". O PAPEL DO POtTA ~ SE1'lPRE EXPRIMIR QUALQUER COISA O poéta nos olha do grande– retrato de autoria d~ Portina– ri, à nossa frente. Ao lado, Manuel Bandeira acende um cigarro. Fazemos-lhe • outras perguntas: -A poesia deve descer até o povo, ou êste elevar-se at~ ela? -Tem novos livros a sair brevemente ? O poéta confirma com a ca• beça. Depois. acrescenta : • - "Já ent1·eguei à Amerlc– Edlt os originais para uma nova edição das minhas "Poe– sias Completas", -com uma bôa dúzia de poemas novos acres– centados à .. Lira dos Cln• quent'anos". A Editora Zélia Valverde lançará ainda êste m~s a minha "Antologia dos Poétas Bissextos". A Livi-arla Globo está fazendo imprimir uma nova edição. mullo au– mentada. dos meus "PoPnla!1 Traduzidos". Ando agora po– lindo a minha tradução do "Divino Narciso". auto sacra– mental de Soror Juana lnés de la Cruz: será editada pro– vavelmente pela AGIR. Já en. treguel a<>s editores o mnter!al para novEts edições aumenta– das do "Gula de Ouro Preto", das "Crônicas da P.rovf.ocia do Bras11" e das "Noções de ffls. t6rja das Literaturas". A Li– vraria da Casa do Estudante está fazendo imprimir o livro ''E.studos Llte.rárlos" (estudo sóbre as "~rtas Chilenas.. , já publfcado na ''Revista do Bra– sil", as mlnhas conferências na Academia Brasileira, ele.). .Ficam ainda na gaveta algu. mas dezenas de versos de cir– cunstância, que pretendo pu– blicar sob o título de "Jogo3 Onomásticos". ratos ! geense. - "A poesia d~ve descer até o povo quando é preciso. Cabn Ror,lt:i Moura delirou. 6ofma a alma no .irato e no bt•rro. porouP. gato que cái do • •• Foi o que f izeram os poétas da Resistência Fran~sa... Tide é o 11erradeiro seres- _ Em sua já longa vida de Corno Surgiu "O Ci– clo Da Cana De Açu– car" teJhalfo é t,urr o. teiro. com êle morreu a !lôr , 1 a1 4 t l't • l d ~.• i;; serenatas. De olhar caido, poe .a, qu O ..,a O 1 erar o que D e11 perí, •- mais o impressionou ? plani:-ente. apaixonado. soluça Manuel Bandei-ra medita, RIO. via aérea (A. U.> - Como perguntassemos ao ro– mancista José Lins do Rêgo: ••• D olorosa disciplina a (]e 4!llnter-se no iimhito familiar. Fin~r-se d P surdo. af11ndar os .O.os no livro. contar até 10. al>raoado ao pinho. o cachecol t •i • e1 d • sêda braneá ."role"endo O sen e-se que e e passeia p o ~ •· ., passado. enfim. volta ao pre- pe."Jcoço sem gravata : sente: "A Mereacória lu,g do teu - "O caso Rimbaud foi tal- [olhar di vi no, vez o fato literário que mais Soluça o p~to meu no eterno me impressionou". -A idéia do "Ciclo da Cana de Açúcar" foi preconcebida ou nasceu depois de escritos seus primeir0$ romances ? - êle nos responde : Se f11lasse .,,.rf:t terrível ••• O amor nân t-omporta críti– eas. cstendha, !) [11t.Satinn.. . '' - Qual a posi.ção do poéta ••• -Pnr vezes in9pira dó e vem 1H1r ela 11m breve e calado rl'llipeitn. f: quando T,la !1P11un– ei11 n esfôrco 11" ra i" entfflcar– ~ enm o rora<'ão a1ht>io. nara JtMtici""r da A,ml.F.a ite. da fra– ilef'nirJade. do lnt~r r.ssP huma._. ·""· Ma:s s11a itecr,.ta natnre11a zu~a e Otílio seguem -no na atual reestruturação do como yüsalos de outros tem• mundo ? Bandeira responde pos. Os passos sã.ll l entos à perguntando·: !lombra cios chalés adormeci- - "A posição do poéta na dos. Os últimos latnpwes a gis atual reestruturação do mun– aa cidade llumiMm de passa- do? Exprimir a crise dessa do a l"SCalavrada ru a sub11rba- reeslTuturação. O P a P e 1 do na. Vem um silênoJo de ma• poéta é sempre exprimir qual– drue-ada 'J)t' rfun:a.ila de ma~• quer coisa". - Nunca tive a Idéia de ci– clo algum ao con1ecar escrever meus roman~. Ela só me ocorreu. quando ter1nlnel "Usina". percebendo a unida– de que, gem querer, havia dado aos quatro livros, Colo– quei-os. então, sob o mesmo t(tulo geral. Foi o bastante para que a critica me atribuís• se uma porção de objetivos que nunca me preocuparam". nólia. Vem um latido de cães - Qual a sua opinião sôbre 6 mats puJanl.r . Tudo desfaz. no vl'nto rreseo. a nova geração de -poétas bra– sileiros? -------------- ------ ------ « Conclusão da t.• pág. cabouços informes. Lembro-me que, nos meus tempos de r apaz, conheci um prático de vapores chamado Bélo, cujo corpo monumental pesava 160 qutlos. Dormia sen– tado, com o busto ereto, sob esc;:oras de almofadões. Ti– nha uma filha possante, t>aradoxalmente Xandoquinqa de b.ome. menos pezada que o pai duas arrobas, mas ainda casadoira, porque podia deitar-se. Ora. a gordura é, cerlíssjmamente. um patrimônio 1 a:Stico. Conto nas minbas relações vigentes uma senhor a a q uem as banhas descomunais não permitern erguer o cor– po a prumo.. Só caminha apoiada numa bengala, que é o e spant"alho inofensivo dos netos travessos. Mas não era razoável, afinal, envelhecer "cavando" mulher .fóra do padrão que os meus temores extravagantes i dealizavam. Certa morena, côr de açúcar queimado, caiu-me no gôt,o. Un1a espécje daquela irresistível Sofia d as Memórias de Fr2nk Han·is, não sei se dotada das n,es– mas qual idades intimas. Vinte anos. A familia recebeu– me con10 enviaào do Céu. Tomou-me pelo príncipe en– cantado, que súr-tira inesperadamente dentre as brumas rp isteriosas do futuro. Chamava-se Mariazinha e era 1 ~h_!?ia de. nicas_. com preferênci.:3s alin1entares ~izarras. lfa$ com1a gallnha. porque a femea do galo deixava o milho pelo catarro. o escarro gomoso e a lombriga. Não lhe !alassem, igualn,ente. em fressul'a do boi. S6 a vista dos bofes punha-lhe o estômago en1 desordem. Nada d e bacalhau. Fedia .1 chulé. Repugnava-lhe o caranguejo, pela fealdade da estrutura e o cheiro dos detritos na lata do lixo, cheiro qµe lhe lembrava odôres de natureza reser– vada.. A mãe ralava-se : - Faço tudo para vêr essa menina alimentar-se direito. Amanheço pensando no que lhe hei de arranjar para comer. Que consu1nição terrível ! E para ist.p se tem filho I Não sei a quem puxa. Gozo de bom apetite. Tonico (era o pai) diz -arreda. Mamãe morreu pela bôca· de gulosa. Não podia ouvir bulha de prato a qualquer hora do dia ou da noite. Botava logo o llariz f6ra do quarto e informava-se : - ''Vão comer? Es– tio comendo? Também quero". Dêem à Mariazinha ta– cacá com muita pimen ta e fambú. e está con1· a vida que pediu a Deus. Acha o senhor que t.aca~á é comida ? - Ah, não! respondia eu; tacacá só serve para abrir e apetite ..• Desabafo ~es os sestros visíveis. vista de estranhos. Matrimonial Outros teria a resguardo da Derrapei suavemente. Estava até aos gorgomilos de pato no tucupí e açai com a espessur·a de lan,a grossa, que se me oferecia como especialidade. Em sitio privado, ve– rifiquei que era bagaço e nada mais. Soube depois que Mariazinha já noivara algun1as ve– zes. Chamavam-lhe, na vizinhança, por troça, a "sempre noiva". A segunda das minhas prometidas era uma garotona quase da altura de Adolfo Duke. Loura e branca. Fria, não digo. Sabê~lo dependia da hora H, que não chegou a soar. Os grandes conquistadores de sáias opinam que as mulheres brancas envelhecem em menos tempo do que as t r igueiras. Arribei. Haverá homem feliz, ao lado de uma esposa cujas cJirnes bambearam precocemente, causando– nos a impressão de que estamos éasados a u1n molambo ? Durante alguns anos, desinteressei-me do matrimôniQ. Quando fiz, porém, 44, resolvi voltar à carga. Sería o que o destino quisesse. Foi num fandango de natalício, en, casa cearense. com refresco de mangaba e gengibirra de abacaxi> e bôlo fabricado com rapadura, que vim a conhe– cer aqueta de cujas mãos recebi' as algemas do "jndissolµ– vel". Fechei os olhos, e ao reabrí-los, na manhã seguinte, estava deitado a seu lado, em atitude dorsal, e de. .mãos ensarilhadas sôl:rre a barriga, à guisa de lorde Byron, quando dormia. tendo-a de costas para o ar e o rosto pou– sado no meu peito. Os "êbats" da noite lhe haviam des– carminado os lábios, e o ''bâton" manchara o linho dos trav:esseiros, onde a ternura de tia Francisca atara lacinhos de fit.a rósea. As sopran.celhas não sobreviviam ma.is . O crayon, com que as desénha.ra enegrecia-me o · lóbulo de uma das orelhas.• Minha mulher ocultava ossos agressi- . ' vos onde é .muito incõn1odo que existan1. Tinha um ~ênio irritadiço. Badala.va o dia inteiro, como sino de igreja i;ertaneja em quadra festiva. Tud(l lhe cheirava maL A noite, a sua pergunta favorita era est.a : - Lavaste os sovacos, Cerqueira 1 - Não os sinto feder. Pouco suei hoje. - É porque j.á se acostumou a seu próprio cheiro. t natural. Mas eu, meu be.JV. , não nasci para viver aspirando o pitiú dos outros. Amanhecia nas missas. Enfiava u.m vestido escor– reito e longo, como tipiií de espremer manclióca, góla apertada no pescoço, man gas ca ídas sôbre os punhos e barra descendente até os tornozelos. Em baixo do braço, conduzia o livro de orações, -envolto num véu pudico, co1n que velava a cabeça no mon1ento da comunhão. Duas vezes por semana, ao e n trar em casa, vinha exclamando, desde a porta da rua : • 9. 11 Página Ressurreição E Vida ur Conclusão da 1.• pág. des e hoje são tão pequenos. O mês de agora ! de- São Joffo, Como êles mirraram diante da e os togos se eXllllam na e.~ Vida! Tantos homens di~os. curldão. os foguetes espocam tantas mulheres b6as. todos festivos. e as crianças acom• vivendo uma vida que Deus panham com gritos alegres 8$ não póde ter f eito para êfes. homenagens luminosas dedl• -mste ama tanto a lib.erdade e cad11.s ao Santo. A tristeza ln· o ptsam. Aauêle busea em vão vade-me por saber Isso tudo a inspir11cão que lhe fo!!e e ratso. conhecendo meu cora• dobra-se diante dl' sua lmpo- ção as desilusões que en-chem t~ncia, num malôm-o sem es- as almas- de tantos homenR o peranças. Esta mulhPr. tão sofrimento que os mortifica. viva e ardent~ uma flor de afinal... sem l'!!lperancas dt>licadeza. fenecP tTlstonha. X.TI : procurando nos dias incleclsos A lei é esta. erurinoo-a Crls- «U8 hora orometida Onde a to : Am.al-vos u.ns aos outrn!I. fonte da \rida? Onde buscá- Mas os homens nada aprende– la oara vivê-la mil VP7.Ps alé ram. nem a turb11_-m_ulta de saciar as raizes do sl'r? Quem lncréus. nem os crH,laos. Por não oon,oreenne que a Vida que dil!;o que sou cristão '1 Pelo é má nos embaraça a todos. batismo, pelas missas que ou– E' rf com de-sorl!ro de nossas ro, pelas esmolas aue dou 1 r'IP«E!racas ? Procuro os homens Não. a rei:ira é t>sb• · AmR.i-vos máus e mulheres más e não uns aos outros. Nlnl!11ém a os encontro. Acho. sim. sonhos cumnre e todos se choma.m dPrru!do.-;. Mas as~Im mesmo cristãos. não desfaleço. e raro o que de mais bel o éxiste: Sonho! XX.X 'Eu- sei que .a bele1.a em mtm se revela nos meus dias tris• tes. nos di11s em que eu me– afasto do J\,'Tundo e fico s6. O homem solitário. tal como sou. ::ila~ta-se d:t vida c ouve ape– nas o lon.E!í,nauo rumor. Aau.(. no me11 recinfo fechado. entre meus livros. di>scanso i>n1 paz, embor-1 un,a tênue triste:," se aposse de meu coracão. Nes– tPs mom1>nt-0i: indescritívels. 1-into a vida oaloitar em todo o meu ser e lamento não oos– suir o dom de espargir ale– E!rin em redor de todos os ho– mens. e fazer com oue a feli– cidade encha as cidades e O.! r.ampos. Por que não fazer to– dos os homens f elizes. todos de n,l'ios entrelacadãs. com– nreendendo que o perdão ~ um Iegftimo direito do céu ? Não me deveria lmoortar com tais assuntos. Que me falta. se os bens materiais me cheeam sempre às mãos. e 0$ nossno para conWlnto inteiro di> mi– nha C8rne ? Que necessidade tenho eu de pensar na sorte dos outros. dos Que choram. dos Que se lamentam. dos que tim fome e se arrast!lm como animais ml,;eráveJs na f11cr, da terra ? ~les meus momentos de lristeza. de acabrunbam-en– to. me Isolam do mundo. fujo dêle. e desco neste outrn uni• veroo interior. bem mais v1111• to,. bem mais complexo. onde me perco. sem encontrar so• lucão para meu ma1. nem para o mal de 'n1,eus semelhantes. lC"1t E-u conheço a fmaain:içiio ma1s poderosa da suoerrfrie da Te1'ra: é a lmae:inacão do pe– cador depois do peca-do ~ Conclu....,. d.a ulL J>á!S, ANDRÉ GIDE E AS VIRT'CJn'F:~ FRAN– CESAS nme11te e ao qual ofereceu •oluc;õe.• ou ante• obMJ:vacóea 2 1 g . sagueantes, conn-ad it6- riu, tm,,regnada• dêss,, b.u – manhmo - europeu• berd11do du mala altas tradl~. Qaft rusonà.ncia ,. n"'ao eQContta ne■all nota, datada d e 1ulha de 1!140 : "Dlt-M-6 que • França t•llha deixe.do da ser a ,rrande naci.o cuio oanel ainda de1empen.ha ? Níio oba– tante, não vejo o..tro pai• I\M terra que o poua dMe·mi>e– nha.r em .seu lucra~. É a que lmport. con•enc~•I• " a coa - ,ren.ce.r.emoe~ Na experi6ncia. da denotll, como na_ f!icperiAnl"la da vida, Andr4 C lcle su~ nio coma um gula, ma1 como o refl,... xo doe no•- pr6prlaa eat>'-· rUoa, com •u•J YUlaçÕIHI. huJ~,;6'!-a e dú,..idu MlU te.mb ,m com .... c:onfilll'tl;'■ que Ale tem o tn.11nJo de m1,– b•r colocar no qu• d••• et,1r- 11amentf! durar : a r•aplan– decflnt• vltalld,ad.e do bal• pa i• de f'ranc::a " 1ua1 tuti.– lare1 •lrtudes, na primeb•• fU■ das cruls situa o am61t à UIMrd.ede, Ao sentar-se, nada obst.ante, à mesa. para a refeição matinal, caía de língua em cima da copeira - cu:iboqui– nha faceira e inteiriça - porque o leite eslava frio. tal se fõsse água de geladeira, o café era só bôrra e o pão apre– sentava-se móle e elástico como borracha. E se a rapariga alegava que "o patrão não achara nada disto". redartuia, picada de ciúme: - "Comerá trampa se lha derem Você e êle fariam bom par de galhetas. Se lhe serve, não faça cerimônia: leve". E lá entrava eu na dansa o resto do dia e parte da noite. Hã cinco anos que me arranho com esse. curuba dia– bólica. Pl'opús-lhe, por duas vezes. o desquite. Recusou. Diz que pessoas a quem o desquile separa ainda f:cam coladas. Não são nem casadas. nern viúvas, nem solteiras. Mulher desquitada é gênero que póde receber proposta.s. -Aceito o divórcio, porque me tornará possivel en– contrar n1arido que não seja uma péste como você. A nova Constituição tá1vez nos trouxesse o lenho salva– dor. Vivíamos dessa esperança. Enganamo-nos. porém. Ven – ceu o beatismo intolerante e hipócrita. Eu só queria vêr se Deus Nosso Senhor não votaria pelo divórcio. se fõ~ casado com mu]hflr desta época. A Igreja é culpada de que eu vá cair nos braço.o:; de uma "sex'ta-fe:ira", para atenuar os meus dissabores do~ mésticos. Ainda bem que não fal tam moças fanadas paca quem a espectativa de casami::nto é flôr murcha como elas, a nsiosas por vere1n aparecer no seu caminho um cru·onel. que a~uente repuxo. Eis a que os preconceitos caducos arrastam un1 homem temente a Deus. Faz-se un1a revolução sangrenta em 1930 e out.ra . líricamente branca e sentin1ental. 16 anM depois. e fíca-se vendo. por um óculo. o divórcio. já de cans e muletas nos países de carolismo in\•eterado, como Es.panha e Portugal. É como se dissessem às vitimas dêsse preconceito exe– crável : - Não és feliz ? Tua mulher te atenaza ou te orna– men ta de galhos frontais 7 Preferes a companhia do díabo à dela? Então. filho. amíga-te. O casiunento é nó que não se desdá. Pois é o que vou fazer. Alguma criatura do outro sexo ha\'erá condesc(;ndente em.. al)rír-me. por desbõras, a port.a.-b·avéssa de uma "chinerie" discreta. Não posso acabar os meus dias atrelado aos varai• desta carroça que é minha mulher e ignoro - Deus me perdõ~ - se de mais alguém. Devo esclarecer que prescindo de Eva para me afo1nen– tar. Tenho as articulações sem cristais de ácido úrico. Desejo. sim. mulher experin1entada em matar ca{unés e espremer cravos do na1·iz. Refugacei também propos– tas das que passarn os dias úteis devorandi;> ron1ance11, ou enegrecendo e calejando os cotovelos no peitoril da jant'l a. Mariazinha era um epít ome de cac~tes. Quando co– ntja, tinha o hábito de vasculhar com a língua os cantos da bôca; chupava os dentes, fazendo-os ciciar: Jmprin1ia trejeitos exguisitos a~ nariz e a<>S lábios. fungando desa• eradavelmente, e concertava amiúde a garganta. cujas ainidalas lhe ameaçavam a saúde. Outro dos seus gestos Mmuns era esfregár •as pálpebras com o dôrso do polegar e. nio deixar em aocêgo o canto dos olhos, desembaraçan- 4.o-os ·não sei de quê; com a cabeça. do mendinho. Antes • 0 : •• ~ .~~-se de quaiqu~i: prato,.~ -~~a. cti.eir,aya orµ.nei+,o. ·_ Não me tentem. não me façam oecar. tomei o Seol\o,:, Cartas para êste pobre Cerqueira, no Corr eio dai 0\hem que ' FOLHAS;: • • •

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