Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

• ' • • 2.ª Páglnà FOLHA DO NORTE Dominge, 20 de outubro de 19411 ' • e:,,,:::===ee;,=:;=e;,,,~•="'"='""';'7'=.==rsev=oii:u::'c::'!i~o:.::n:':a:r:!·,~u:':g;'e;;;n;;'e~';;O~-rl;n1fe=1r1' il7.===~~==== ====":"'=======""":=.:=:,"""======~p~r~i~n~c1í~pi<io~, iliás, nunca se oé-a e exalfa-a por fim". É -· ' . . . p, bl D ' d" · uni:versalizou p-ela aceitaçãQ º reconheeimenito da trag.é- ttl,dO conll'eei~ e tud.o sabia r·o ema·s a ,·age". 1:1 . ge_ral. Surge·- aq~i. e!1tâo; - a· dià. cómo se vê, atrâvés da do teatro clássico como do g necessidade de repetir uma sugestão aristotélica. Outro teatro contemporâneo. Não evidência: não é preciso erftioo. Ludwig Lewisohn, é um ignorante, um primá- a Conclusão da 1.ª pág. qtÍ.e um dramaturgo conhe- ein The story of American rio. um simpies instintivo. ça a obra de. Aristóteles para Litera.ture, discordando da Mesmo quando fracassa, êle que atinja na tragédia aquê- maneira por demais ob~etiva está realizando. cç,nsciente- que o nossp problema não f i.xad-os em conceitos inva- le efeito psicológico por êle . coi:n que O'Neill coloca em mente. uma experiência no- é o de identificar rigorosa- • riãveis através dó :- tempos e definido. Proust não conhe- cêna •o incesto na oéca E~- va, e quase cada uma d!lS mente o conceito de tragé- das literaturas. Verifica-se eia a obra de Bergson quan- Jubda torna-se Electra. che- suas pecas contém uma ex- dia na nossa época e o con- ai o que acontece em todos do escreveu A la recherehe ga a negar-lhe caoacidad-e oeriêncla diferent"' das ou- ceito de tragédia no passado. os gêneros: o Satiricon. de dn tt'ml)s '(lerdu. e a filosofia artística i>ara · produzir a tras. O nróorio O'Neill ·con- mas o de verificar se não Petrônio., o Asinus .Aureus, dêsse romance. no entanto, ca,that'sis. isto é: a capacida- fessou i>m carta a um dos e'Xistem "certas constantes e de Apolejo. o Gargantua, de é uma filosofia bergsoniana. de oara prod11zir o efeito seus críHcos aue lêra tudo características substl).ncial- Rabelais e o Don Quixote, Podemo$ chegar em arte aos ari~t,nt.Slico "piedi>de e ter- quanto· lhe ·caira nas mãos: m-ente inalteráveis" qlle re- de Cervantes, são romances, mesmo, fins através dos ror". Por outro I?..do. um dos os .rtreg.os " os elisab,,tianos. presentam o própriQ "espí- mas não O são no mesrpo mai, diferentes e distantes mai~ a<11.1dos crfticos dP teá- ouase todos os clá,;sicos. rito" da tragédia em qual- conceito dos romances de caminhos. tro da E, 1 ropa. Pie,.r"-A.imé- Confessou também aue a quer tempo. Um . equívoco Fielding. Balzac. Dickens, Os conceitos dP Aristóte- TO""h"rd _ em nt..... v~os. sua ambicão .conl'iste em es- fundamenta, !*-ría ima!?inar- Tolstoi. Proust. Joyce. Há Ie,. pois. já não são tomados a.ooloe-ie 1) 0 u r · lt' tloiâ.tre. boca:r nor intermP.<lio da arte se qµe uma referência a em todos êles. porém. a pre- hoje como do.1~mas da arte obra t>rincinalmen'te tlPdi~a- dramática ''a!; fôrcas inPS- Aristóteles significa apontá- senca a, 0 que se poderá cha- dr;,mática. •tle nunca teve, da 30 ,,.~tudo dos Ct'""ºitos crutávPis e céf!al'" nu<> p:,tão lo como legis)adór .infalfvel mar O "espírito" do roman- aliás. a int..ncão de cor, ,truir d·e tra!!édia e d1> C()t'l'\Pdia - por tr"" da vid;l. Port•nt.o: em matéria de arte dran,á- ce. mais susceptlvcl de ner- do!!mas. Não foi 1.;m filósofo trata <'omo sendo ainda ho- n de:,tin,i. a fatalidaõP. o tica. Pàra · elimin:ir êste cepcão ,do que de definicão. doirmático. mas o inventor je "nri>iin,.1•• a f6rma <>ris- Fi;1t11m. Fl " it.<>lPria o'ní>illia- equívoco. l!-OStarfamos de es- Assim. se alrtuém quisésse do m.Stodo indutivo emnídco. toté;lira : "Mais ie i:ouli!"ne na P " iios sêres v"'ncldos. éh1recer dois pontos: 1) até aoreciar O tPátro de Lope de em filosofia: não nretendeu tout de suite au'aores olus ·arrPl)ah1d'os. esmJJ.!!ad·os oelo aue limites a teoria drama- Vega e Calderon. ri.rtorosa- l P!!islar· i:Ôbre •a ar.te dramá- de vin<rt si.ecles la f:orm"íe destino di >nt.ro d·a i:ua con- túrglca de Aristóteles· é aoli- mente confoi·me as observa- tir.i e sim formular conctu- aristntéliciénn demeure ori- CPncão trli!!ica de aue nlio cável à dramaturgia moder- ções de Aristóteles. chegaria sÕP!' ap6s o exame das tra- git1:,,le nar la conscl,.nce tres há sa1vr,r$ío nara a e,;oécie na: 2) em que sentido é a um -.resultãdo negativo, 0 gédias. então exi•t~ nt.es. De tlette que l'atmosohere t.ra - humana. Leml:iremos dP nre- possível - sem erigir em mesmo acontecendo em re- óue tragédias? Ni'ío apen·as p:ique l"O'llsiste avant tout en 11.. rllnr-ia :;,,: !'H~s h·artédi"s dogma a doutrina aristoté- lação a Shakespeare e os das poucas tragédi-as ,rtreitas un ranoort entre l'oPuvre ,,.t Distint.ru:. 1)Pseio solo os n1- lica - ref.erír-se ooasiohal- seus contemporâneos. que aue conhecetnos. mas de to- . l.e <>nert,,tp11r: J 11 tr,,,íf\die mni:, O macaoo """•.to e ~n- mente ao filósofo .rtrego para 11 ,, 0 ton, aram conhecfnlento do <0 .processo e desenvolvi.. 1 uscite- dit-it, la pitié e la lut.atla to"1~-st> ""lei>f.,.:,., ~ m obter-se um critério em crí- dêle e · das sua• re!?ras. Du- mento da Tr::i!!édia na cul- cira.inte.. Elte n'est pas tra-gi- on tra ocacili.o. ~l,p n-ecl"r"Tt. tica de teatro. Isto me ser- rante O século XtX e mesm-0 tura ,!?rega. iá terminado no que, parce qu'elle est. mais rnmn <>e lam.,r,t"•• 0 <'"'rt<is virá. aliás. de P'Xercício pes- depois. nunca foi Aristót..les seu tempo. :!!:ste é um asoec- par ce qu'elle prov0que" Iimitar7,ps osicç,16'1ica« da i;oal. pois se não me en!?ano citado a pronósito de ~ha- t.n imoortante do orol)l,,m'l : ( ... ) "Tout le reste de la nosi:a énoca. (lue o~ l'!r"''!M tive oca~ião também de citar kesnPare 011 Jhsen: 110 Com- w .-rner Jaeger. em P'lideia. d•efinition s'explique et s'é- e o• <>li•_,,1-.cli,,n()i, c,,,,h,.rl<>m Aris tóf~les em outra ooor- panion to Sh:ikesnear e Stu- sublinha a observacão de clair-e en effet des au'on muitn mPlrnr nn n"" ntis n t11nidadP. creio n11é nnrn ar• die!I (Cambridge 1941 ) .. livro nnP com Esquilo. ~nfocles e adn1 et cette théorie". Aitora. nrnh1..,.ma fl,:, ti·•>16ni::1: ,"o ti!?o intit11l ,ido Trae-édfa ou fundamental da sh,,'kf'spe- F.uripedes a tra.,édia gre!!a um gsrande fi lósofo. Ber.rt~ Jmn11l«'I ,-f,; ?.~ olt11r•• oue farsa? Aliás. sAhr"' a pre- reolo!!ia m•oderna. 0 fITósofo já sP acha na última fase, son. para completar êstes há no1"" · F- n<in n°i-.:11 ""' -r senca d:> "tradi:cão" clá~~ica gree:o aParPce citado uma só perfeita e a<'i,b.ida. de um n-0mes escolhidos entre tan- mnitn sie'nifi,..ativo " ll-ste na tra!!édia cont.,,mpnrânea vez. rnas não ouanto à arte procesi:.o au" desconhecemos tos outros que poderiam ser rP..n<>ito n""" • '"'" tn"k 11r- imoÕP-<:e a cita<'iio df' um dramática ,. sim numa oJ:>- e 011e Arii:tóh•l"',; intProretou citados. Em Le rl.-e. numa roi,.o::i "XnPriênci" t 0 <1fr<1l admirável P OT'lnrtnno arti<to servarl,o sôhi•p ai: metáforas to<'o como ,..,.,ti'<'". Quer di- pál!ina em aue procura PS-- tenha «i<i.o •a renovi>""" ne de <'rític<1 de M>lrio -dP An- 110 estil o poético. ,Jma .!!ran- ,:or: não foi aoenas 11ma tabelecer justamente a· dife- 11m rnit(I P're~ n" f-:ilnctia drad 0 sob o Htulo Jlo tráe.:i- de P.arte da hist6ri ::i dn teá- fa~P. ,nrr tino ne traitéd ia. o renca entre O ti:á.rtico e O F,nl11f, .,1,. t.ort\'a-'l"' ~lt'i>tra. co: "Os grandes ideais "r• tro moderno confnnrle _se ºV" êle exprimiu na sua cômico. Bere:son emprel!a as see:uindo af a nr'óp,·ia con- tísticos. a enooéia. a sinfo- mesmo com a hi~tória da Poética. ma~ o conhecimento mesm~s palavras de Arist6- ceocão de F.sauilo. Por fim. nia. a ci,tedra·l. exi<'Pm luta contra A ri•tótelt><i ou em coniunto d·e tnna uma teles. sem precisar sectuer citemos textualmPntP O' · f6rmas mnito nítidas. Não antes contra a afh·,nanão dos . evoiú,,ãn da Tra!!édia numa citá-ln aí. para concluir oue 'NeilJ . num trecho d·e Dias se fo!?P ~ ftirm,i ria "ªtPnral. críticos f ranc"'Sf''l d'e nue se- civili1:acão em oue· ~ culti~ · 0 anti-cômico. e portanto: sem fim. para que se tenha con,o ·n;;n se forte à fórma ría nreci•o nh<>nP.cer ,..,, teo- v01, a ::irt." tratral <ie um 0 traqloo. é aquilo aue CQ,- uma idéia dessa ~ua aspira- da tra!!Pnia. P um" eoopéia rias np Ari~tóteJPs. 0 i5'Jtimo mn~n difi<'Hm-entP c:nnorá- tnove. qu_e impede O risd, cão nara l'l ,rracndeza. au"" é em snnet,os nós sabemo:< <le leitít imo aris:ftitelicn ontr., os vPl O próprio Ari~t6teles · mesmo sendo um vícin .fn- a :;itmosfera dl't tr<1rtédia antemiín aue fr• r-::i~sou. F,n- crít.icos teatrai<> fo1 T,~sin!!, J'pfore-sP. a pecas """ ""º shmiticante.. pela "piedade" clá,;sica. como também da t.re as .rtrandPS 'fórmas e as nara oul"m "n ·f im d.<t Tra!?é- conh"cemos. o Ol!e rlificul}a e. pelo "terror" com que se beleza d-o seu estiln. sendo f6rmas n<>oii:enas. c" m n a ni:i 1, infinitamen+P mais h a~ t ;i nt~ a comT'lreP"º"-º <X>munica pela representa- de notar q_ue em Estranho poesia soJt::i . a casa do lar. filrn,ófiro nue O rt<i Hi~tAria" rnmnlet" nn •eu t"xtn. Além çã-0 . Intermédia uma censura da a c~ncão.' hã uma. niferenca • e cui;i llramaínt'l\'i::i ifp ll:1m- di~$O. :. 'Pniitica, niío P um U- A~é aonf. a cltacão dos critica ao autor fói · a de aue b.<1.sicamente' nsicoló!!ica. A hurin é a ohra mais 1 9 rn.nsa vrn rl"<ii1titlo P rP,Vi!;to: P um críticos. E EugenP (l'Neill. êle usara às vezes. um estilo obri, de art.P de pequeno ta- no _!?',a.nero desd" a 'Pné:tica., c;in1>1·no d" not,is conforme -como se coloca O'Neill em por demais requiotarlo e até rn,:,nho i:e Hb~rta com f:, r-Hí- LP~sin.i( . <>ra advers.,i·io do a• ena!< aulas : inr.omnleto e face da tragédia clássir.a. precioso.~ "A new piscit>Jine dade de aualoner tra<'i<>lío teã-tro clás.'<ico fri1'.'n,..ê•. mas . atJ Cf.'nfJ.tso em al!!J11JS · pon- quP. relacão -encontra· êle of life wHl sorinl! into being for:rri·~1 . .Já os 11•·•ndPs itlPais 80 m-esrn,i temno nm huma- tos. F. tlaí se exnlica,m as , · b th tue f our 1·1•= bv coletivos (tra~é"'i". oratório. • t t ~ -"' "~rAnt- das proprro entre a sua o ra e a e va o • ~~ · · · · "' v nista e discíonlo dos e-rerto~: 1n ernre aro~ '-' 1 L"' ~ ~~ dos antíi?·OS? Como se sabe. We need. above all. to learn monn..,.,ento esc111tóric 0 ' ""CÍ• baseava-se no princínio de p;,l.;i,vras J;>a.stantP 1acôr,i1>as 0 aÚtM de Desejo sob 05 oi- aftain to believ.e in the !)O$, l!<"m f6rmas muito mai~ fi:ca aue os frarices~ nlín tinham e ?is vP7.P.S er,ittm:!itic11s sôbre ·mos é um Inovador auanto sibility of nobility. of spirit e :iá orovadas opJa tradicão. compreend•id'o Aric:ttif,,,ll"• e a traf!édiei Um te,cto de!'f.a à f6t·ma e à técnica. l'ituado in ovrselves". para ""P nossam ser com- aue os conceitos arl~totéli• l"!:nécie ,..,;;,, n 6""' ~erv!r de. numa i>o<c;icão revolucí011ár;ia , Nesta altura. justificada a pr:PP>1diõ:i,;;• . · · r.os se ~nli,-avam muitO" me- dn.2'm11. 'E ll-le ""º é dogma. em face da arte- dramática fr,vocacão d:e Arist6ti!les em . Nem "Teatro" nem "Tra- . Jh.nr a ~hakeso"~,-p do ·n\le reníta-cP. A" :rarnl'l<>as pala- • ror" não visam· a impôr um preceito : descrevem o efeit<J · psicológico da tragédia gre'– ga. Os meios ·para ·conseguir êsse efeito em Shakespeare, Calderon. Ibsen, Garcia Lor• ca. O'Neill, são às vetes ra– dica 1 ménte diferentes. A ob– servacão psicoló.Etica contu– do é de validade geraL Tôdas as tra!!édias de todos os tempos operam "oela pie• d.ade e pelo tPr.rl'lr" Variãveis são os conceitos: des tas duas palavras, segun– do as épocas. e quando a~ emprertamos temos em vls-ta. natura.Jmente o sentido em aue se aplicam em cada oca– sião. Acon+,.ce a mesm;i coi– sa com t ôdas as palavr11s oue se orolonrtam atra"és do~ sect1l os. ouando se rlP.s– pniam de certos valotes e vão adauirindo outros. con~ $•»·vi, t>.iln. nor.&m. a subst/.\n– cia essf'ncial. T, emhrem-s"' a prooósfto: LiberdadP. De– mocracia. Ditadura. É d11v~ doso. poi- Isso. aue um" lín.- -. /!lia moderna seja caoaz ,m reororluzir exatamente ao11e– las duas palavras !!rel!'IS poi:aue eram exõressões da: reJir!iosidade helênica. ex– primindo ~P.ntimPntl'\s d<? r,m :novo antil:!'o "m. fa·,.,. dos deuses e do F::idn. Com o desa.001·,.cirnento da rPTie-i;;o l!'.reita já nlío é noss{vPl "sen– tir com e'la" nn -sentiil" Pttl nue. por exewnlo. o cat.A1it>o "sente com a T'<i:éja". A1':8irn. Cf\mO a 1·.,li .,;:;" !!re!?a· <>< tá h"'"' ~ubstitnlil::i nnr nutras reli.!:' iÃ<>•. a~i:i"1 "t>i"nànP e terr(P'" tAm nara n'-': !.i!?ní– fii-a,.rí<>o rlli'1>rpr,•"~· lõ' "S nn~-– sai: tra!!édias só notl 0 n, <'On– !'e!!ui r ()5 me•mos . e,r<>H1>,; ri:t tra E<~tli~ rtreP.'a. 1>:nr:111::1 n to ·comn,·eendermos n11e ae 0::1,,.g premissas - as dii r,.ligiÃo l!r"'i!II ,,... ""º n11ssjveí!: d,e sul-.•tituicãl'I T'lnr nntras ore– m;....... ~c: Ponhr~lL'l'"lf-~ Como est:> nu~tlãn P.'R'i<te i1rn . maior dP•envolvlment<'t, v"mos dPixá-la oara o nrf>• ,chno àrtirto. com o exâme nao.uilo ou~ ch:>m·amo!' "a. lut:.i imnotent.e õ.o hornPrn r ot>h·a " fo.t.:,,1idade. .a de!I• gr,,ca dn s llr h•Jmano m,,,._ <'•tln nolo Destino ou oel:ti p,.,,,dnência Divina. s P m moH110 ou sPn1 a ronsctên– cia rt~ culf>a". em t!l,rwn,; <l<!! a,n.t~ e deoois .do Crist.ii:i nis– JYIO. de manPir11 Psoer-i~T "Y\1. têrmos <fe tral!édia cl3$"lcit e Pm têr..,,.,...s de f.raitédía CftT't fp.nn, nr!\ n .... ~ Para remessa de livros : Rus Duviv!er, 18, Apt. 502. no-rbe-americana do oassado. debates sôbre 'o !Jeátro m-0- gédia". contudo, podem ser a Corne ille e a Racine. :!!:sse vras sôbre ''.piedade e ter- Antes. porém. de inovar e derno. .vale a pena lembrar •-------r~--- --=·======~-= - ------ - ----- precisa conhecer o noss,o índio" (p. 203); E , O sr. Alceti Amoroso Lima (Tristão de Ataide), in terrogado sôbre. os livros brasilei– ros publicados em 194~. não se. lembrou de ne'!lhum que merecesse :ser classificado "grande livro" ou "obra ·prima". Entretan– ·to, creio que incluiu entre os livros de inte– r:êsse publicados naquêle âno o HiJeia Ama– zônica, do sr. Gastão Cruls. E no Bileia Amazônica do sr. Gastão Cruls é difícil não r~onhecermos característicos de "grande livro". É o maior livro que um b'rasiteiro já •escreveu . sôbre a Amazônia. . Talvez o maior livro sõbre a Amazônia ,- ãrea trans– nacion,al - escrito do ponto de vista brasi-. leiro. . . Há quem seja maior especialista que o sr. Gastão Cruts ' nQ estudo dêste ou -daquêle aspecto do con,ple'Xo am.azôhico ou desta ou daq11ela sub-área da área amazônica. Nin- •' guém, entretanto, mais ·capaz do que êle de nos dar, do ponto de v~sta brasileiro, uma introdução ao esfudq geral da · área ou' do · complexo amazônico. Sua palavra- às vezes vlgprosa e sempre exata - palavra de ho– mem de . ciência qu e ·viajou com o general Cân_dldo Mariano da Silva .Rondon pelo in– terior mais bravio da. Ama-zônia e ·pal~vra ta:mbém de homef!l de letras que antes de conhecer a terra amazônica já procw-ava adivinhar-lhe d~ longe o mis¼rio. n.ão por .tmples capricho de imaginação, mas por ter iler.da -do do pai cientista o amoi: àqueles , erro.os tropicais - é hoje, com o desapareci– menl,io de Alberto .Rangel, a palavra mais. autorizada de e9critor brasileiro para nos :falar do assunto. Dai, a, prilneira condição de grandeza do ;;eu livro: ter sido • escrito poc alguém que se acha não só .familiarizado oom a ·Amazônia a través de Iongo est udo ~ientífico da região i::omo-poeticamepte iden– tifica.do com ela. Pois sôbre · a Amazônia e.ão tão dif[ceis os bons· improvisos -quanto os - bons ensaios escritos com vagar, mas que ' result em apenas ·de namoro· li'geirõ com a paisagem; e, nã'o de v'ellio ou profundo amor do cientista ou do erudito pelo assunto. Bates envelheceu à sombra da mata amazô– lllÍca antes de se considerar capaz de escre– ver ·as páginas não só de cientista como de poéta qµe são as de The, Naiuralist oil tbe &ivêr Amazons. Wallace também: demorou ~go t~po pa f.mazônia antes de se senti\: com ân1cmo par,a escrever a seu resP.eito um· lfvro hoje considerado uma das melhores . . . produções do rival de Darwin. · , Como o livro de Bates, o l~vro do sr. Gastão Cruls sõbxe a Amazônia é um. livro !l• áQ1or, CptlceQido com amor. Esci:ito com amôi:. Realizado com ·a-mor. E nisto .es'tá ~ - de suas fôrça~: não ser livro de ·en– ~enda oi.t _ de..obrigaç,!i~, ~e. conveni~cia . . ..._, d~ interês&e, m.is livro simI,)~esme~te de , -10l'. · E quando ao amor ae reune o con.he- • .. ----------------------------------– -· O Màior Sôbre Livro Brasileiro A Am.azôriia Gilberto· Freyre . (Especial para a FOLHA DO NORTE no ~stado do Pará) • ft - 11 ."'__.. .___..,,_, ___ ,,_~ ci.n:iento sério e holl'esto· do assunto, o. escri– tor só não •tendo ·de escrit-0r senão o nome deixará de realizar obra duràdoura ou de valor Como estudo de ecologia. o livro do. sr. . . Gastão Cruls aparece no momento certo· de se toxi.nar um livro não ·só impórtante, como importantíssimó,' p·ai;a ,o B,rasil, pelo q~e 'infórma com segurança e honestidade sôbre as condições de vida ·human·a no meio ama– zônico. O que recprda sôbre a saúde e a ráter. meio nati.vo e nas cotidjções ances– t rais de vida de ·q ue às vézés o afastam br~ talmen t-e brancos .gapanciosos ou cristãos mal orientados em s.eus métodós de cate-· qué~. Brancos e crist.ãos que concluem diante da figu~a· do indígena desintegrado melancolicamente em cabôclo sem tríbu: "raça incapaz t" ou "raça pel'dida·!-", oú. '·'i·aça degenerada !" . ·Recorda o sr.. Gastão Cruls a a_dmiração · que manifes.taiam pelo f ísico ·ou pela plás– tica dos indígena~ da Amazônia europeus e até 'nórdicos, como o pt'íncipe Adalberto, dá Prússia. ·"Artistas deviam. visttar estas re~ giões", escréveu quase eloquente, o pr-incipé Adalberto. Acrescentando: "A vista de tão belas fórmas e atitudes traz a- recordáção de . beleza ;fisica do indígena 4.a região não póde deix.ar de nos fazer pensár no famoso "clima caluniado": da Amazônia. embora. o escritor brasileirp pouco se ocupe do assunto, do ponto · de vista prático da , colonização do pÇ>voamento daquela parte do Brasil, assun– to ferido recent<P.mente por Earl Park-er. Hanson· no seu "The Ama:ton : a New Fr.pn- - tier" (N. Y., 1944) . :ff:sse geógi·afo e enge– nhei'ro norte-americano não acredita no m ito de que a Ain.azônia possa tornar-se vasto "celeiro do mundo"; ·mas sustenta qµ~ europetis e norte-americ.anos bra·n.cos ·pode~ .rão ali viver.. vida saudáve1 se se dispuse– rem a adaptar seus hábitos de trabalho, de recreio e de alimentação, às condições e às possibilidades do meio. Mas. .êste é apenas um aspec.to útH ou prático dos modernos estudos, amazôni~os : o de rehabili tação ·do seu · clima,. obra ini– ciada bá largos anos. por Bates e, ez:itre nós, por Luiz Cr(!ls e -Euclides. O amazóriismq do . sr. Gastão Cruls vale principalmente pelo que tem d.e poético em sua ci~nci.a e_ de desinteressado de fins imediatos. E sob êsse pontq de vista é que o seu lugar é en: tre · os melhores est udos que possuimos ,de conhecimento- do Brasil por áreas ou r,egiões. Ao lado de "Roncí.onia", por•exemplo: outri, gr;lnde livro de nossa literat_ura ec9lógica. Out~o grande livro de ciência concebido "e – escri'to com amor. . . .. · Como · o áutor de "Rondonia",. o · sr. µas– ·,tão Çruls ·pÕe e.m d:estaque a !ig_ura ~o. i~– dígená da _área que estuda. Não o .idealfza; mas,.,z:lâo deixa ·que . contra . êlé.· . prevaleçam as· g~era-lizações no- s~Udo oposto,. isro é, no sentido do .amesqu.lnhàménto dG iieú ca- - estátuas· d~. antiguidade, pois entre êste' poyo · o livre. desén'><olvimento (ia ·fôrça •e dà fó):'– ma do ·corpo •n.ão é prej~ic.ado pelas ,roµpas e pela efeminação é desconhec_ida, ta_.nto nas atitudes como nos movimentos'', Opinião tàm-' · bémedo naturalista inglês ·A1fred Wallace: · "Suas :tiguras são soberbas e diante das mais , pe~itas est.ãtuas eu nunca sentia prazer igual ao que encontrava admirando· êsses• modelos vivos da beleza a qne podem· atingir as ·fór- • mas humanas''.. E mais recentemente ·assim falou sôbre o tls.ico .•dós indígenas da ;\m,a– zônja, ,!Çoch-Ç»rµnb.érg: "encontriavam~se . índias. na bacia do rio Negro q_ue "se. 'pod·e, · riam colocar· entre ás mulhéi;es mais formo- •sas do muhdQ'" (p. 201). •. · O mesmo. quanto ao. ·caráter. O mêsmo quanto à inteligência. O ~que · é preciso, é vêr os indígenas, âa Amazôn.~a· in!égrados .na sua. cultura , ou no seu sistema de· relaçõe.s sociais - pont-0· que, com relação aos indí– genas QO litoral do ~rasil, q.~foi;maqos. pel~ confactos com os primeiros exploradores . eurqpeus d.o- seu ttabal)'lo e com · educadores j_esuíticos mal oríentados quai\to à · m~neíra de tratar , CO!}l.. ameríndios, já proêurei sa– lientar em ensaio generosamente citado I1el1' autqr de Hil,Ja A,ma~nlca. Como .dii o·.si;. Gastão Cculs, .depois de. trazer a favor . dos _ in.dfgen.as. ~ Amazônia muito depoimen.t<> idôn_e-0.: " . .. .é na. sµa malócà. qua,ndo. aui.da no seu . rnei<> e- fa?:endo a »ua vida,. qué &e insiste que é "na sua .malóca que se há de encontrar um tipo bem díverso daqu~le que trazido b ruscamente ao contacto do branco, perde tod'os os s.eus es,tilos d-e v1da . e será forçosamente um ooioso, pronto a agarrar todos os vícios da nossa civilizaçãq" (p. 204) . São interessantíssimas as informaçõea qt.ie o sr. Gastão Cruls -reune sôbre a cultura material dos indígenas da Amazônia. Pá– ginas e1,critas por qµem não conhece o as– sunto, só através de, livro.s ou de péças d9 museu. são páginas que · têm al:gt1cma·s coisas: de matinal: Pelo que · os vários capítuloit sôbre a etnografia da região parecem ver– dadeira continuacâo dO!t capítulos sôbre a, flóra e a fáuna. ·E nes-te, a cíênêia se torna, lírica. como a aritmética de que falava Eu– clides da Cunha. Matinalmente lírica. Creio que o sr. Gastão Cruls é o primei– ro a revelar a-0 público brasileiro a desco– berta ·feitá há alguns anos por um grupo d4' botânicos da Universidade de Oxf().rd, . de que !'a vegetação na floresta hileana se dis- . _põe numa estratificação horizontal, em quatr<> camadas per~itamente distinta~" (1). 22) . Descoberta de enor-me· interêsse para o es– . tudo ireológico da região, à qua]. acrescenta também um encanto poético de !palácio en– cantad·o. Pena é que ·"a infiníta variedade · ·. das -espécies" q1.1e caracteriza. a :floresta ama- · zônica - variedade fantás.tica, -se toma,:,mo$ em consideração o fato de que ela se desen– volve· por camadas ou andares - "não deixe de ser uma pobreta, qua-ndo enc,lrado . $<> fato) econon,icamente. uma •vez gue para conseguir algumas bôas to·ras· de uma · deter;- . rnin'ada madeira será quase sempre··precis<> . realizar perigosas bu~s e fatigantes cami– p,hadas" (p. 22) . Deixa o sr. Gast ão Cruls bem nítida: a conf raternização ma~ do. que ' franciscana en tre homens, -animais, plantai;, terra e· água pií região · ama~ônicá: Confraternização qu& · às. vezes · se apresenta sob aspectos .pitores– cos e até é~micos. É assim que · o. indígena d'a Am~zônia, "pÓr mais. que co~ie nó tir<> de sua flecha, e po olfato do seu cauhorro". antes de sair pai:a a caça, faz muitas vezea ''picar, e também a'6s cães. 'por certas for– roig~ que aum:e.i.tariam em ambos a acui– dade visual". E mais: "Visando ainda um · maior apÚramehto dos sentidos, o selvícola. anie,i de caçar, usa, às vezes, tomar um clis~ t.er · de pari~, de que também não se l ivra, a cainçalha que o auxilia''. (p. 77). Um ·uvro verdadeiramente ·notável, o m sr. Gastão Cruls. As ilustrações do., sr. Ar– mando Paehêco: e da · sra. Hilda Veloso a11:. · mentam-ltié o interêsse cientifico - poii, constituem excelente e exata dóoumen~ãé - e, a.o m~rtJ.O temp.o, ? it:i~!ie, artí.1,ti~ ótjmo o t~balho de comppsição e 1mv.re$ ill$ ll.{t$, ()fici~8'i·. da Impr~à ,N.apt0:nal.. . . ' -

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