Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

Poemas Do-s Tempos De Guerra De Jules Supervielle E xclusivo p ar-a a FOLHA DO NORTE Por ROGER BASTIDE ~ Paginas De Um Diário MARQUES REBELO • Escre v e r é venc•r dillculd ade s. A m ã o é fraca, pa:ra a cada linha a.DgUst.iosamenie. A çín za do ci– garro eatlmutan•e .tomba sõbr e o papel. Um ,,en ti&bo ,tépldo ~ga d a n oite aUa. B ara.taa a puecem por .trás dos dlclonárlos . • • • • • • • JúJJa apu eceu ...ni.rantlulma com u.m cogumelo verde na ca– beça. - Santa l!ilàe , que t:roqo estra– nho! • ~ o- n_ o_ q_ n_ o_ n•1 e_ s _ , ■ • - • • • -• 1 OLapso De Xavier Novais ~~._..,____ ~-Q-ft-"-·-~ MARIO CASASANTA rificarâ que entre os passos indicativos da seguranca de Machado de Assis inseri êste,, ben1 par~ido com o "dev!>is seguiu-se" : As "Editlons Calllm.ard• aca- está repleto de F~ança. que não Hã aonhos que duram oito dias, - Esü aí p a ra dar o téco ? Quem acreditar.4 que Júlia tc,m cheiro d e auilona 1 Contestando. num pequeno trabalho para a "Folha da Ma– nhã", de São Paulo, a a!irma– ção de Lúcia Miguel Pereira de que ?,'[achado de Assis hou– vesse aprendido a colocar os pronome,s com a esposa. arrolei vários testemunhos de que os colocava bem ante~ do casa– mento. e <>P a '""ns "l'TCIS ro– meteu antes dêle. não menos os cometeu depois "D e 1â espalhou-se pel o mundo ... ", que está no pri– meiro tomo de f'rõnicM, pâ– !{lna 34. bam de reunir em volume, sob o abandona,. vil>:ra em a ,111 carne mouendo da sua própria mten ütuJo : "1939-1945" • os poemas es.. dolorosa e nem mesmo ., destr:ul- - ,idadt. dora noite póde aboli-la; nola Euríd1ce mora- nc Crajau. • • • oriios por ;Jules Super vielle. em com toda a doçura da â9ua ~ o- Um 1antmbo aloprad11. Monievidéu. durante a guerra. turna de suu p álpeb r"" cerra- Que ficará pua os meus netos de tudo que me cbca ? Um qua– cho de l'lllUgO, um eapllho xe– dondo e um retrato do imper a– dor , eis o legado do m eu avô. Veja-se. escr~, 1 eu. se Isto é de quem não esflidara a preceito o problema. Quem jâ não leu. com um 111- .bot: amargo a la.grim.a.a. os ''Poé- alh .... JJu,s de la F rance m eureuse • o poél a que soln:•rivêr a à c~ trofe , busca avid amel\Je a pá- ~ ia_, eonctama . em seu socor ro, t õda1 as tm-agens do pa,;n_do, xnu se.rã necessâ.río is:to ? tia das. Deua manel%a,. Super vielle, pela magia do amóx, crla u mnr– geru do Bio d a Prata , uma F rmi– c;a d e que o qul1eram arrebatar. Perambul a d es e s perado a o l o.Dgo doa práias acariciad a s pelo .,,e n – to, c om a cabeça vo lJada p u a o -mu ndo o.nde s e morre : • • • M anuel linha as aw,,s falhas. Esquecia-"" de e llCova:r os d en – tes, la""va o ro■to como gaJo, o re lblnhas sempr.. l<USpeilas. Jfjo a diant ava mamãe r alhar, falar em micróbios , c i t a r e xemplos tristes dt! émulos . como tio C,u– t ão. • • • R eira.to n . 109 : Ser i a capa,; de vendex a alma pox uma posição, mas a.Inda não foJ necessário bn:6-lo t olalme.D– te. Se u "slm" tem mll maihes, seu Hn ão" é .rlspido e linlco , e •ó para os d e1pro tegld01. Se u 1o r– rilo não é alegre. Uaa óculos e.– curo1 como se temea11e a denün– cia de um olhar. Mais aiflda . querendo pro– var compridamente 'o meu dii o. fui aventar em Faustino Xavier de Novais, irmão de Carolina., mulher de Machado. poéta distinto, o letrado da família. o amigo de Camilo. um esco1-regão na matér1a. Se filstm pensa. como produ• zl o texto de Novais. com a assacadilba de escorregão? dir– n1e-â l nd ex. E "'.le o PSI urlio~n não teu, com a devida caut.éla. todo o período, pois o êrro se acha. lo,w adiar.te , n,a segunda "Ta• ção. e C'onsi~te na collX':içiír do pronome depois do verbo, sem émbargo da presen"ll do pro– nome relativo "que'' On'e&t-ce qui peuJ encara te retenlr sur terNl Aprês no.tre detaUe e.t l a France en ~ e ? • J'fas a p a i s a g e m Ul'Uguala ! h'i,ns.mlle a o poéta doçura e tar– riul:'a. Em rio, o escrilox tra.ns – porfa. a guerxa, o massacre e a &l )oc.li pse pai:a o u aiver50 que o c ircunda. Um soluço d ê criança assa ulnada cona o e..,aç o para ae anlnbu em seu coração e nu árvores a que o co nd\l%1.ram fell.l pa s.so • tristes : FW"manl lcur cax:r 6 milita.ile, BatlMli de l'omb:re et r oulent du m~tere Tanibours iroués de■ J a.Dc es de l'bJver. H:â como que uma luta entre as fô-rç as da -rida, a s erminaçio de.s plantas, o sagl'ado fr•mlr das folhagens, a avidés d'11.■ ra1zes que se inffltram voluptil011amen– te pela terra e o poéta que não que r abdicar de sua dôr. Asaim finalmente, envoito pela sombra d as árvor es, aprofundando-N 1!D,• ne os pinheiral&, deixal'ldo -se ~netrai- de céu, ele núyen11, de mona.tros, Supernelle r•toi-na à poesia ■imples e pxofu:nda qual 1eja • d.11 comunhi.o cósmica. manlfes.tando-,.. Rmp.re a sua dõr em surdina ; • dór da Fl'1lDÇJl búellz acompanha o mi■lério das "'Çe.tarnorfoMYJ. P r lsion.iro d e li 'la {e.rida s am IimUes, encerra– i.o sob mn céu que não conhece fronteiras, c ondenado à lmobW,. dade vegetal. se mei-gulba tam– bém 1uaa rabe-.1 na lena u.ru– gut\ia , terra de seu na1eimen.to , a seiva que dela lira. quando brota de sob a caaca, torna a f.órma de lágrimu. Assim a poesia cósmica de Su– pervlelle, que lhe cil ta. a]!J1U11 da ..-u1 ma:b belos poernu "Mrien bestialre". " L• 1 ard i n de la Morr. asaume. ~•la no•-a cole- 1'ànea, uma amargura que a.ão apr~••n.t•va a.n!ea. Qui s o a.crl- 1~ agarrar-se à án-ore que, pl antada no sólo, nu.txe-se ape– nas de mortos; delxou lnaJnuu– ae entre a font• pendld.a e a pá– gina em que passei• a , pena, a doçura de rostos femini,no, : ■ão apen.u aonboa que lhe aonlam, láii!"" fuga2ea e mentlr,,_; a doan'ia a o Al1Jo da Morte va– gue la1n na proximidade• com os c ã es er.ran.tea e o vôo dos plisu.– ro1 : espreita-o ou!.ra espécle de imobilldad.e, mais :te.rrl,raJ que a da viãgam lmpoufvel : Les 1>ierres de la mort se fonnt1nt et m ' 4,Pu.1....,1 E! me aerrenf d e pres de Jeur s lourdes banqullff , •U;i aeua Olhos e sonba com ta das metamorfoses canta fl <it - • ~poca e m que "°mente n eles tbnu me,.tamo:rfoaes, .. da b e– vlv10rá. esquece:a.do que -nver, l'lltlc;à. M u h ã muitas ou .tra a me– lambtlm de fórma bastante dl- tamo rfoses e já a Frllllça in1ellz veria "º" SO'Dbas doidos de um 6 a Franç a que r,e t oma o clulm adolescen.te , no■ segrttdoa de um a d a alegria para fari-la sou aos joven1. e em todos aqu&lH '!'lle quatro ven.tos e o a6pro de Su– lh& re-p&tlrâo cs versos, de pai■ pervú,ll.,, que 6 para nós tnc,,a. a filhos, enqua,úo pe.ralstlr no santemente uma ,nüslca non e. mundo a língua francesa. O ~ n ão o esquec;&IDOtl o Un 50uffle d homme gu1 !ou j oan •• recommence, Expire. e.t cbaq\le fols l 'unfv<1n se d6chhe M ais pour .te re- e nl.r, eM>lave quJ re s p ire. - Hoje o ambiên1e de minha $Ilia de estudos me as!ixiava. As paredes pareciam despencar-se sôbre o cbâo. as estantes entulhadas de livros. enervavam-me, e eu fiquei fóra de mjm. Nl.'m as janelas abertas, com a io1ensa claridade que por elas entrava, nem o ar puro que em ondas invadia meu retinto sagrado. nada disso destruia meu desesp êro. Abandonei aquela si:rJa. 1neu ninho predilélo. meu cotúôrto de tôdas .is horas e fugi para muito longe, até onde pude descortinar o ,ál .. t.odl' o seu esplendor. sentir a lerra foTill.o&a sob bs • :w ~ s e a natureza toda em sua esplêndida festa do estio. ~ .wmenie qu.;indo me fartei das natura.iB maravilh:is do Se– nhor é gue regre$Sei ao meu lar, com o ooracão ~re e a alma e.-.:1111.«ntlo de Amõr ! · ••• Como.é admirável o coração do homem! Hoje estou triste e n1e prei3isponho a falar sôbre a alegria. Ouvi Beet hoven, naquela parte do côro da Nona, etn que êle apa.reoe .reve)ando o idr;al excelso - a alegria - jt1ntamente com o seu irmão Schiler. Ambos 11lí não são hom!ns comwis, mas somente heróic;, heróis tão fortes que deixam escapar a máscula ener– gia que Ihe-s sobra e Jazem vibrar minha alma fatigada. Como não. podere i estar acabrunhado ~ durante o dia ouvi tantos Jnme-nlos. tantas (Jueü,as dolorosas de h1lmens e mulhe1'8S e nada pude razer? Se ao menos ê1es sonhassem que Bee1.ho– ve~ existiu e deixou tanta luz sôbre a terra l Nada sabem, e rrem tristonhos. Onde a brevê espera11ça ? •• • Mad~lena. amanfe d e a l>Odoa : - O filósofo l ••• lletrato n . 7 : Baixo, retacado, oJhoa ligelra– mente mongólicos• .de cabelos li– - e castanhos, ba.r'ba lrrepreen– llhebnente escuihoad a. Antenor tem a bóca de c ó r t e pro fundo e aensuaL sempre p redlaposta a um 11erriao mal5 ou menos b6nJ– co. Se tem trinta e. ctnco a'l1011. podem lhe 11er dados trinta. Mãos wnldas. Voz úmjda. Limpo e bem cbelr"o10. C.rava.tu de duvi– cl09o bom-g6a.to . •• Depois de dote pJôeJI pret09 a u:n, cay.aJo ~ . Laurhl.da co– meu o cofr•zfnb'> d• madeir• e o 'l'eterlnúio foi obrigado a com– parecer. Tjpo slmpJório e con– •ersador, ficou aJi alta noite en– d..,.nd.o doenças e diéta& caninas. lfa •- Abalizada opinião, a úni– co animal lncurltvel era o ml– nls.tro da Agrl.c,ullura. • • • Laurinda obatina..ae em re<:u– oar a cllé la canlna (clentlflca). Enco.Dtr.. t-a masügaMo UJ11 alfi– nête. • • • H á d laa de haql>eza. Hkolau me visita e dou-lhe a Ur a!gu– maa pâglnu, •int• talvex, d êate dlúio- - Que tal 1 - M uito conlu s o, opiaa o ve- lho companheiro, q u e a m a a :franqueza, m a s cuj a c apacidade de leitura só u Jlimamente au– mflliou com a inve.n ção d as hia– t6rias em quadzinhoe. • • • Do gua rda-roup a d e ;Júlia : - Sosaega, leão ! - Comig o n ão, riolão ! - Parei comigo. (Ou : - Val .ainda de flnhtho 1. - Jà vai tarda..• - Nem te ligo. ( lato e'ftCllDta- dorRmente slncrouuado com 11Jb franzir de mam ou com um ••– cudu da omb.ro .}. Pensa ndo bem, c.;a01ida ara an– t lpálú:a. A vo,;, prlncipahnent• aguda, 1DJ1tíillca. arrebatada. Jlo &nfanto..• • • • Não guardar curas de nln• gu6m. EYUu a, 1e.Dt&ç ão de qUCt .elas poaaam J1e converte:r em u – mas. • • • Tu ubes que lbo ctntenárlo. 11:lgo. aou uiet•. e,ip. Apeaar do m.,.. • • • Quuo h em a Joü N'lcicio, que só quer uma c oua - y ancet 1 Isso me hrUa um pouco., • • • E-va vi a a-ve Vo-v ó v 6 a ►•• O quadro negro e o quadro azul com o dia 1' f ór11. • • • • Se Faustino, que era o 1etra– C!o, coxeara na colocação dos pronomes, como atribuir tão grande :;egl.lr.lnça a Carolina, a têrmos de instruir o no~o mais no1:ãve1 escri1or 7 Ela, que teria provavelmen– te as suas lêtras, não as teve tão vastas nem tão sólidas. quanto se lhe atribuJ. ou. pelo menos, não deixou dessa ciên• da docllftlento algum. Ousada pareceu-me, por so, a conjectura. is- Vamos, porém , ao lugar de Faustino Xavier de Novais. qoo vem a páginas 31 de C::ar- tas d e um roceiro (Rio de Jll– neiro, Tipografia Perseveran– ça. 1867): "Depois seguiu -se wna á.r!a, que segund o ouvl dizer, cha– ma-se Cascata. viva, ou vutra coisa assim". Sai em defesa do cunha1o de Machado de Assis um ílcs– tre Judex, que, numa .Jota entdita. na FOLHA DO NOR– T E, do • P ará, p rocur a -provar-me gue, se á certo que o xdvérbio atrai n ormalmente a variação pronominal. não é m:enos certo q'l,le há ex,('t'çÕefl. Desl!la I6rma, tanto p<Y!erla eS(!I'e~r-se "depois ~iu se" quanto ''depois se seguiu". p orque ambas as tórmas silo certas. A observação de Jadex e procedente: realmente na o houve ,deslize do escrito-•. nes– sa construção. R ~prodtizamos o texto, dan– do-lhe uma 'pontuação mals convincent.e: "Depois seguju-'Se uma ária que. segundo ouvi dil.er , cha– ma-se Cascata viva ou outra coisa assim". Primeira oraeão : "depois set,'Uív-~e uma ária", aceitável; segunda oracão : "qUt! . . . cha– ma-se Cascata viva ... ", errada. Explica-se o lapso que se, nos depara nos mais seg11roo .clássicos. mas nem por isso d ebca de ser lapso, porque tem a condenação de n-OliS08 melhores gramáticos. Não é o que também pensa o critico? P ode.rã.o arguir-me &! 1>01100 claro, visto q ue. concorrendo no per i o d o d uas variações pronominais, deixei de preci– sar qual delas ~ achava mal situada. O trabalho, JX>rém, destina– va-se a certa espécie de leito– res e,m quem se presume co– nhecime,,to da matéria. O que não deixa ma1-gem a duvidas é que. tal argumento não ficará bem = bôca de .Judex. porque, versado em estudos linguisticos, como de sobejo o demonsu-a, 1ácil lhe 1.eria dL"Cl'iminàr o trigo do jôio. se houvesse alentado no resto do período. Cucia : Sempre pemei assim. - o mu.ndo • bélo apuu do■ Releia Jw:lex o irab;Jh-.. ~e Ê o que decerlo fa~ com ..)1. hab.ltB.Dtff. é que merece releilura, e ve- objetividade e com justiça. - -- -------- -------- - · - -- r ..... _-·1••-· - •~--••--11 --• ..--, ... --••-•·•"'--• ...--••--•--'''"1--• ... --••-••-•"'""'"••"'••--•.... - 1 pletas de ll'\>TOS. !olhetos jntromelidos pelos lnf..eFsilcios, e lá t !.6ra as ãrvores e o ar puro correndo. Por que partir'? . . . Por 1 R e SSU rre ·, C a~ O E y ·1 d a i que deixar essa serena quietude e ir por terríveis caminhos desconhecidos e Ingratos. procurar outra vida? Amarga re- cordação me devorava, por não ter fôrças para, por mf.m mes- , i mo, ficar, re'vo1tar-me, não ceder ao destino. Mas era em vão. as palavras dos outros, dos que m.andava1n. chegavam aos meus CtCIL MEIR>. •- •- •- •- •- · • •- ouvidos. Perguntavam por mim e eu ficava ealado. Admi- -- .. _ .. _ __ __ ,. . -- rava-me de alguém imporiar-se com a minha existência. preo- ••• ct,tpar-se oom a minha pessôa, saber por onde eu and.iva• "Aguêle moléqu.e está na rua". "Deve andar pelo porão, pro- Como são corajosos os homens, como lutam todos por seu curando petéca". E eu me encolhia, calmo e silencioso, e fi– destioo. mesmo sabendo ciue um dia terão de morrer ! De cava ali em meu cantinho, saboreando minha presenca. en– onde vêm êsses eflúvios l"al'OS e enganador.es , que nos pertur- quanto discutiam para saber por onde eu me encontrruin. Era bam, que n06 cobrem com um espêsso véu, e 006 mandam vi- incrível O seo.Umenio de felicidade, íelicídade J;)(1I' ~r só, ver a lutar ia<iessantemente? Todos os dias as gerações se longe de todÇ)6, entregue apenas aos me1:1s doces e inJznüs d_e– acabam, tõdas as hora.s os homens se finam , em todos os mi- vaneios. Como é pura a nossa mlânc1a. como n06 lneb_r1~, nutos .as esperanças se dilúem, e nad,a mais rei;ta no coraçã,o como l;l(asta 06 maus p(."USamentos e faz redoirai; sonhos mag1. do homem. Mas, por que luto também, eu ? Por que não me cos. singélas esperauças 'e glórias de um minuto apenas l Sim. recuso agir, fazer, gritar, andar. perseguir. mover-me como a infância sem manchas, radiosa. estrêla de amôr e de sonho. os outros? Não encontrei por acaso o segredo da vida? Não "Aqu.i está êle. Que você está íazenrlo a! menino.,., Que sei que terei de morrer, aquietar-me um dla, à semelhança das estava eu faJGendo, não sabia. Queria estaJ.• sozinho, vendo o gerações de almas que já se tôram e estão perdidas na eterni- barulho da e.asa, os passos ligeiros, as vozes tumult.uãríes, _o dad'e passa-da ? Sei disso tudo, mas os perturbadores e dôees borbo-r;lnho incessante, '!n6,•eis abrlndo-se e fechando, o estré• eflúvio!:. as misteriosas vo:rei;. que perseguem os outros, tam- pito doméstico tão meu conhecido. "Vá se vestir, vamos via• bém vêm ao meu encal,::,o, f:tlam ao meu lado e me prometem jar vamos pa.râ O vapor". Era precl:so partir. Tomava banho, mundos dist.antes, prazeret inefáveis, mQmE!Iltos que jamais punham-me perf1JDJP no cabelo, penteavam-me. "Você já de– viví. E eu caJo no lõgro, no desengano dos desenganos, e en- via saber pentear-se, já est.ã um ltomem". Eu ficava calado. tro no tu.multo, na luta, na desabrida correria, em busca do esfregava O nariz. Abotoavam-me, metiam-me a toalha mo– Tempo e da Vida. Se ao menos eu pudesse matar minhas l,ba.cla pelos ouvidos e eu sentia o contacto da água !.ria. Apa• ambições desmedidas, eu me consolaria. Nada posso. ravam-.me as unhas até ficarem doloridas. Tudo aquilo me • • • causava uma sensação de estupor. E aquda,s coisas, ª? meu Se Deus baixasse do céu e pudesse chegar atê mini. eu l he fa111ria coisas interessantes e fari:i muitas queixas amar– ~as. Mostraria que todos os seus lilhos, que moram na minha rua. todos os seus filhos, vivem no meu bairro, na cidade, to– dos os meus patrícios, e os outros homens. brancos e pre-tos que habitam continentes distaut.e$ 1 todos estão descont.e-ntes. A lei não é - amai-vos uns aos outros ! Mas êste irmão odeia a qu~le outro. esta mµlher despreza o esposo. o vizinho não s uporta seus \'izinhos, e há uma constante indiferença no co– racão e nos lábios dos homens. Deus poderia acabar com isso 1 t udo. poderia .facilmente fazer com que a veooade que dele se emana passasse a 'hal:>itar em nossa alma. Por que tantos <'Tllbaraços. quais as razões para que a Discórdia corrompa a vontade de Deu.~. que qu-er que nos amemos uns aos outros? Hoje encontrei um infeliz sem pés, sem pernas, arrastand<H;e sõb:re o próprio corpo. Que se pretenderia fa~r com tal cria– tura nluülada. de olhos ba~ e fisionomia dura ? E ao lado dêle tanta genle i'nteliz com pernas e pés! Não sei onde está a in!eliei<ladc. 1!:sie outro ao meu lado, moço. rjco, com edu– cação Aprin1orada, lamenta e chora a traição que lhe :f~z sua muJlter Quer s,eparar-se dela, por ~U:S princípios. por sua honra , e vacila também porque ainda a ama! Qual o maior aleijooo. m.eu Deus, se 1imbos se vergam a fôrças superiores que os empurram aos abi<imos ? O único sentimento verda– deiro é a piedade. Somente êle abra•nda meu coração e atm– v~s dêsse tenuíssimo véu descubro o perdão para a vida. Quem póde conhecer os lntimos desí~llios da rortuna ? lado. ficariam? Eu cometava a ter saudades dos minlmos São tantos os caminhos que aleançan1 a vida e vemo-n~ de detalhes, e meu sêr se revoltava contra aquêle deslocamento u~ momento para outro, colocados em logal"eS nunca rma- ia.esperado. o carregador chegava, mostrando a cbRpa d a g1nad<;>s, .. . . ., • , pçillcia. o caTrinho de Ierro fie.ava na rua, aguardando as ~~raJ!l-me um dia: _Ansebno, V'ais v1a3ar , T ao P<>U- malas. Fechavam tudo e ao a.fan dos últimos momentos es– C?, via}ar, tão pouco para 1n!m, que até aq~ hora desconhe- quecíam-se de mim e deixavam-me em paz. Eu observava os eia _o estranho mun<:lo de cou;as que eu teria d~ defrontar em ,grarides cari-egadores, de braços muscul~sos e retezado~. levan– razao daquela p~uena. pal{lyra viajar. . ~ se!'Vlça1 lavando as tando as malas. Por que certas coisas 1 am e outras ti.cavam 1 lo~ças, eom aquele r~ldo tão earacter1st~co, Clepl1eava-me de Conio distinguir aquelas manobras, que meu cérebro não ex- 1no1~e. sob a luz mortiça, o que era seguir pel? muntlo ~óra. plicava? A penteadeira, com seu grande espêlho. restava a Via1ar em busca de outras terr<!.s· Então, era JBSo_? Ter~ eu um canto. Eu mirava-me, tirava o apilo de marinheiro, e me de locolll<)"'.l:r-me. aband~nar mmha casa, ~eu qrunt;i, .minha olhavia no espêlho luzidio. Não compreen,dia bem o porquê n1a, o amb18:lt.e todo fe~z g~,e me cercava .. Era _Pe. 9 ~o de daquêles movimentDs. d.o vozerio, dos pés arrastando. "Va- 192... e_ o _mes a '?~mór3:.a nao guardou. Mtuto cr1ança am?a, mos viajar, 0 navio sál às 10 horas da noite. Oito' bo:as a ngu.ela idéia_de v1aJar apossou.-se_ ~e meu espirJto, e meu m- bordo, as crianças precisam dormir". Lã la eu, no me10 ,de deciso coraç_ao ~ndav11 os murmur10s, as V07,1.'S, ~ltas e vcela- um bantlo para O pôrto. o cá.is repleto de gente, os annazens das, as cxpl1~çoes, os gestos, para neles pressentir o segrl!do negros no meio da noite assombraram-me. O navio também àe toda aquela pequena tragédia de mudar ~eu 1:or~ do 1';1,- devia ~er assim, grande 'e escuro. O carregador explieava a ga'JI. onde est-:va l?ara_ bem longe. E a loura 1mag1naçao _tecia meu pai que O navio era dos menores, não et'8 .muito bom. sonhos, anse101S, ilt1soes, e um quebranto ~ !!ntorpee1a os l\finha impressão era a peor possível, e rrão justifleava aquêle membr os. Por que mover-~e? Para q~ sau dali. 01;1de abandono do lar. tão amigo e ri.9onho, para metermo-nos em tudo era bom,. onde eu. era tão f eliz, aleg~ de todos os dias, u.m barco d~nbecido, qu,e iria pelo mar. Ao e.pegar~ fren– º· sol prazenteiro e festivo banhando o c:bao em q ue meus pés t.e do navio, f iquei maravilhado. Pequeno, aquêle vapor? J,)Jsav~? Sentava-me a um canto d~. parede, e_ alí pensa~ Achei-o enorme, a ehaminé fumegando sem cessar. Mujta em doJ<'los devanei os. olhando o aml;nenie de m111ha mor~da. gent.e n o cáis duas escadas p ara subir. "Segura o An$elmo, • •• Qu~ndo o homem renuncia, êle consegue ludo. J esú s Cristo ni:i13 quís ser como nós, animaia da terra. e a tudo re– n unciou. '!'ornou-se filho de Deus. isolou-se dos h omens, e 111oonçou a divindade, & &]órla da imcrtalidad,e Cele$Le • Os quadros, pendu rados por longos 1100, as 1â1np adas el~tr1cas - • com seus fios de aranha, os móveis com polimento antigo, -----------------:~-"".'"-:---"."'. :'-- - çhei:os de lou~, _pratarias, cáliCE::!I multicore,;. As estantes r ~ (~Cc,odn úa na z.• 1r.ir .). •

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