Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

• • ~#,,;#,##,/~....,....,.,..,.., ~~~~ ., . I opressõra sociedade de senhores: Eu falo aqui como ' criJstão. os ·monópolios, os prwlle~1os. e Cristão e catôlico. Sou f ilho de I os trustes escan<J.1losos, a irnp,e- 11m país cristãe gue ã. son,bra dosa exploração servil .. a febre da efvHização ew-opéia e cristã fratricida do arn1amentisn10 e as • tae fo)'mou . A lgtej_a Cató\ica fo.i ideologias cinicas e crueis, e c~m -.:empre a ex1ire.ssão espiritual isso: o pauperismo, a t>xpohaçao, '!)ais J'orte desse·pais em que nas- a degradação, a fraude, a J0n1 e, ei •e foi nos seus pr_il'lcipios divi- a guerra e a morte. E, nu.rna SO· nos qtle m.e eduquei. Sou cristão cieda ile desse modo organ 17.l,lda; ~ c;;1tôlico, p,ri~e:iramente pela fé só poderi;;1 haver um ato log 1 c<?· qi,e me vtvffica e. depois, pelo O desespero . E o desespero, mtu- riasctrnénle e pela educação num tas vezés, annou os homen;, e Of B1·t ~il cristão e católico. • jogou ferozes uns contra of Sou crist.ão e cató1i..co. Mas sin- outros. , . to o· quant',o é perigoso.- 'no mo- E, apesar de tudo. ,essa soc1e• ínento, ser .cristão e· ·ser católico. dade ainda se acreditava e se Perigoso. não ante os não cris- dizia cristã, tendo atr:uc;oado tãos. l>' os não•católicos, perigo- Doming.o, 19 de maio de 1946 _____ _:_D:i::r:_e::to:r:_::_P:,:A:,::U:L=O:....:MAR::::::A;::N:,:H=Ã:.:0:· ---------------:-:-:-:::::::NU:::M=·= 2::: Cristo na pessôa do homem! Que sp, s im, ante ' os 1nãus c1i.stãos e ------------------- N------- voz se ex·gueria, cheia de íu1:or o s máus católicos. ante uma tur- ~..,.,,..,,.~.,..,####-##~~~~.,..,.~ .,.. bendito, con10 outrora. no pnn.- b ' ' a '!'.arisáica que enche de ódio esipio do Cristianismo, se ergue- ~~: ,!ss~~ª1n~:~d;i~;~si~t:~~ª;~ DA CAR.IDADE E DA LIBERDADE ~!m!ti~~: :sº~o~~;;';os:~f rf~~~: sl(al. a sua ipterp,r.etação roali- · os senhores da 1erra9 Quen~ rl!- cio$·a, ui:n. roo.mento propicio -á . ~ ,' pet iria aquelas palavras terrive1s ,gei,1nln_ação do vet'ffadeír.o espt- da Epistola de São Tiago_: " fde ritó cristã_o que é o espitito elo NO 1\v1u· N'DO CRISTA- o DE.- APO' s G u· ERRA' agora vós os riéos, chora, e Ja- a·tnor. Numa bora de reco1istru- . . !°'. , , . . ·, . ..,._ . mental-vos sôbre às misérias que ção e ôe ,renovação, num.i hora _ ."1 cairão sobre vós ... Acu1nulastes el'll que um 1nundo que atrai- contra vós a ira até os dias í.í- çoou o seu cr.i,~tialiismo e a . stra nais. Eis que o salário dos lavra- ' 1. 'dd b,. ~ ~##'•~~ •~ · caJo !'ci a e se es oroa, nos. os , dores que celfa~an1 os vossos cristãos e católicos, somos os F. PAULO MENDES campos retido fraudulentamente , . únicos que têm a sªlvar desse oor vós, brada os céus e êsse mundo vélho que ·morre uma perior que _os unia. e os discipli- 1 ~ na do.utr!!).a econ~m.ica _d'? meJ:~ brado...ehegou aos ouvidos cto Se• hei;ança .luminosa e sobrenat.u- 1:av~. A lei dos hoinens. sucedeu S'ão, nas hei•oic'as figuras de broo- e.a ao colocar a legitiln,ação do cant1hS!_J)O e na s~1~..!_e1M1~0saá n'hoi de Sabaoth. Banqueteaste:. ral, .fecunc;la e !Jlilagrosa que de- a lei de_ Deus. ,Mas a le1 ,.dos t1-o- .~e de Ddnatêllb, Veroél;lio e Mi- dogma na interior,idaçle teligio.~.- Pur1tantsmo Ingles, . adgu1r~ ~ vos na tel'ra, alimentastes _os verµos ~'e1,guar,dar pa,i,á q1ie ve- niens n.ao os pôd~.1:nanter Ul)Ítlos guel Ange1o, no pulso febríl das so-n.,dral e ein seu gans 'cur.so seu. pleno desenvolvimento .~deo vossos corações na depravaçao, n nl.eJ.a~e f 0 rtu,tti 1 f 0 tcamru 1 led·s.P. 0 lel)qdltiedª~a~_emn 0 te 5 e frate~'l!os, e desenci!d,earam-se, ações e ·dos herói.s, dramáticos ·ehegará a \i:npi..ant-ar como basê /6g1co nos stSte1nas dos fíl9sofos para O dia do massacre". l\1as. na • ço~tránas ao l:!ern e 1 a _Paz, as· de K,rt Marlo\ve, Shakespeá,·e, da vida espiritual a auton@mia ingleses e franceses dos .seculos verdade, varias vozes Jndignactas criar,e que $erá, p_or u1n favor J:or.ças d9_mal, e toda a _v,da mo- Mãss~ger, com.o, tamliém, no·s inoral .e religiosa da pe.ssôa". "O XVII e XVII,!, n<?s moyrmen~o~ se ergueram contra a iniquid_ade da graça divina, cristão e cató- ral 1nsp11ada e sustentada pela_ conceltos ~uçdamentais d;i. dln;i- numarlismo fi'zera valer a equi- rel!g1.osos rac~onalista~ dos d.etS e a injustiça, nem todas. poren,. lico. Mas, logo n-a manhã desse J'greJa desapa1·eceu. dev~rada po.r mica de Ga1ileo. Con, 0 l;l:enascl- valência da cultura antiga com tas e nas idéias econotn1cas _do~ de cristãos. E duas deht re elas, itutro mundo. ctue s.ó do an1or po- uma ;1ova orde1n que. ~_esprezav.a mento renasce,n os épicuristas, a cristã. Neste momento a Re- t1s1ocratas e d~ A!lam Smtth 3 , pela repercussão que adquiriram i;lerA nascer, do amor 'e do· saéri- os n1andamentos d1,v1nos e _se os estoicos, os pantecistas..embr1a" forma CQJriqve desde dentro a 1mplanU!,r-se-_á, vitoriosa, com ._ e pela influE•cia que exercem fi(:}'- que ainda ~, a forn:,.a roais ácomodava aos des,e30s e aos 1n- gados de natw·eza, · os céticos e autorfdade da fé c,itólica". Revoluçao Flance~a, que e}a.an1 nos dias de hoje, tornaram-se as ~l,:,•ad<! e ma1s pura do amõr, teresses dos homens llbertos mará; e alcançara suas ultunas mais fortes vozes das reivindica- <'S ho!Tlens turbam-se nos ódiós dé Deus. Ró1npidas a ordem cris- i · consequências, fortificada estra- ções sociais e as suas palavras -e· o cristão que vat modelar éste ~ã que governava · o mundo e. a · ' ordinariamente, na sociedade. o.s credos recteutores ào redor dos mundo nasc.ente. deixa-se an:s1s- catolicid;idé. que o ullifJc~v.a. de- ..· p o \ E. N\ A J - burguesa, no libe1:a)is1no ecoJ'.!Ô· quais se vão reunir os hornens ta1· péla ira e pela vingança. Sa- correu u1na Idade hlstpr-lca. da mico e no agnosticismo rel1g10- usurpados e desesperados. Duas bemos, no entretanto'. mti[to. bem, q.u<!l as~stim,os, a'l'igustiado's, áo / so do século pàssado, para fi - vozes diferentes: uma, produto pela lição de Cristo, que, se qu,i>- 'd/isenroJ.ar .clrarilátii;,o do seu ,iim. naUzar-se e co1npletar-se. com mesmo dessa tirânica soC'iedade zermos fazer a~guma cóúsa d'.e Porque- ést,:, müijdo material'ls- todos os seus êrros e os seus re-· capitalista e da sua anti-cristã e tei:110, façamo-la c,om an1ór. Não ta. capitalista e burguês, em que RAINÉR ,.., ,. "IA RILKE suitados fataJs, na época não so- filosofia de vida; a outra, a de deyJambs nos esquece,; nunca da víveinos, sentítnos ter chegado n..u,,.n, mente descrit!anizada de todo, um ,I:epresentante daQUE>Jes prit!- ~bi.a senten.ça <!e Santo Agostt 0 ao seu fim. Diante d,o ·que se mas desh1.IDU1Qizada, desde que, ciptos cristãos que toram aban- nh.o: " A.ma, e faze ó que quize,- passa, i;lo q_ue ve1nos e ,do que Q1J.e !arãs tu.• meu Deus, se eu ·perecer? para nós, de,scristlanízar equivale donados. e esquecidos. Eran1 .?s ;res" Mas é preciso principiar compreen·d~I).1os, essa é um~ v,er- Eu 11.ou O teu vaso - ·e 5 'r 1ne- <JU.ebro? a deshumanizar, de um triste e vozes de Karl Marx e de ,Leao p ó r amar. d.adi!! ·que_nao .P. odem,.os elidir: as- Eu sou ·tua água - e se apodreço?, desesperador a.teísmo, do indus- ·xn1. E com elas, duas dol1tri- De propósito · ti t d d $.ou tua roupa e teu trabalho • 1- , quero começar SJS mos a n,or e e um mun o . . trialismo avassalante da m<l'ns- oas ofereceran1-se para inc 1car por essa p;of issão .de fé, pols. vós, .que /l'goniza, t:estimunbamos õ cortngo p,e rd es tu O ·teu sentido. truosa tfr~ da mágttina, .do o caminho aos homens revoltados pertamei:ite;-Jl:a nraioria, senão na fim de uma Idade _e nc;>s_prepara- \ capitalisi,,o escravagiJsta, dos hn- e dispostos _ a reivindicarem o totalldade, .spis"·cnfstii'os e c'atóli- 1nos .,.,.ai/'.; o nascimento de um DepoJs de mitn não terás um lugar ,,. • 1 - d d que lhes tinha sido arrancado e · , . "· · ª obde as. palavras a. •·dent= te s·au· d·e..., per1a ismos semea ores as guer- cos., c_omo e,1, e e ne~essario que outro mundo e para o começo • • .., ,,... , .~ d - t Iss t d · negado: o matetialisino tt.istórico b · ,. , · · '· Dos te"~ p.e·s cansad·os" ca1·»a- 0 -ras e e mor e. o u o que, s,n a, 1.s que a vossa p~lmeira vir - de uma nóva era lu 0 t6r•·o~ = • d h' • • sé 1 do~"Das K~·p<t,al", de "' 1 arx, e o '-· l 1 · y · ' '' • ao sánda'lias· que sou. e a quas, cinco cu os para ~ ,. """ • .,( e e qual dade, na reeonstru,,ão H ,. · ~ h h catolicismo social da "Rerwn No- d · d á " oje conhecemos co1no se pro- Perder.ás tua ~· 1 np la túnica. ca, ,.ormou o que se c ama o- o rnun o, ser um amõr sére- 1 ~ j d d b ê l'b I varum", de Leão XIII. n ·o ru· t t - , cessou 1is1;ori,can1ente aquela ru- Teu olha~ que em minhas pãlpebrae, e e o mun o urgu s e I era . , e co , ian e. que se en regara t d • · • E d tud • • os homens terão que decidir a t d f • b • . ura . a ordem cr.istã da ,hw11a- como num t ravesse·1·~0 , e o isso, criou-se uma no- u O O que oi: om e Justo e · ·d ' f' l fi d 'd l entre os doi~. Agora, nós sabe• , .. ti á d n1 ade que partiu a harmonia ardentemente •·e·cebo, va 1 oso a e v1 a e com e a , q ue 1·es1s 1· eante do mal e • • t - d d stl mos que o mundo de an1anhã se- se · ct· 'ã · t organica da- sociedade medieval virá me proc·ur·ar' por largo ten•po uma ou 1·a concepçao o e no . :n 11:;nal:'. per11..ll1 e o que for i . · · • d 1 d t rá de um deles dois, ou do her- e -a lll'I dat!'e interior do homem e se deitará, na hóra do c1·epusculo, o 1omem, geran o novas ca e- me9'tiroso e hipócrita e , do que ·ocJdental. Essâ ,rutura ven1 de no duro chão de pedra. gorias morais e nóvo~ princípios delro revol tado da filosofia ma- atras de lnna fa\sa piedade e de muito longe. Ela, nos últim.os ·Que fllrás 'tu, meu E>. cus? O mêdo me d·omina. sociais e econômicos. terialista do século XIX, 0 ge- u1n escrupule exagerado e per- .. uJ d. Id 'd á nial filosofo do Comunismo. ou ver-$0 dis'ar" · ·t - sec os a ade. Me ia, j se Mas o entresonhado paraiso d ' b ' h f d I · ' ,. ,.,a as in ensoes ,mes• anunciáva, porém, s6 "foi mani- (Poema III do ".Livro das Horas" esse s.. 'º e e e a gre; a, que Q.\Jinhas da ·<lonservaçâo de um .restar-sé, concreta e positiva, no ,de Rainer Muià JUlke, trad. di- que os filósofos racionalistas e revalidou e atualizou maglstral- ~stado · de cousas' que, se l;)ené- ,n,c10 dos tempo· s ino· dernos· . . naturalistas pro!etisavam e que mente a doutrina social do C1'is- ~1·n1·a ~1guns ac ·•~ · · = v retamen•e do alemão ,por Pa··•o as ~o t · d fi · t 1· t' · i' . .."' • arre .... consigo o através do humanisnio e da ci- • .., u u nnas os s1ocra as e 1- i anismo. p te ;u izo de muitos. • , • d Pllnio Abre~) berais apregoavam sob uma or- Nesse jôgo em que se aposta o ' ó encia da natureza O Renascf- '-##4"'4_...,.--,.,.,.,,..,,.---....,__,.,~.,.,,..,,.....,NI'<-------~--..,.; dem e·cono·m1·ca m· d1·v1·dua11·sta, f t d d " d i , s. católicos, sabemos que o monto e da quebra da unidade -- u uro o 1nun o, a sor,e a c - mundo de hoje não é o nosso yeligiosa. P.e.la_ ·Re.forma. uma fé .os ate·us". E aci·escenta, re' fei•J"n.- E tu d d , resultou, apenas, numa sociedade villzação e o destino do homen1, d "' · · 1 t d 1 I essa ru .ra ª oi· em crtS- de senhores e de· escravos, de e á m d Jes do's E' por· 1·s mun o,"" que o estanda o maior ev d à R' & , L - v ncer u e 1 . - t ,. ~ d . ,:, rao1· tQar\a uo 101nem e no o-se · e..orma: · en(a, tenazs ta, provoi::ada pelo Renascímen.. potentados e de rru·seravei·s. de ó t·i· 5 se · ,..esse ,uun o e ter começado por poder do ho t · b I d - e1 · so que, para n s ca o 1co , afastar-se de , CTisto e acabado mem carac e1·1;,:a; essa ,mente, {l · a an ·º as l)a.çoes em to, e P a Re,forma, continuará, poderosos e de enfraquecidos, de apresenta de um modo tão pa- ~ ,. á 1 . época. Um grande pensador con- seus últimos suportes, ap;resenta- pelo decurso do tempo, acentu- dominadores e de domi·nados, téti t- b t · · • n~.· r uesprez. - o, repudia' -lo, ·e , por tempo"âneo "' ill · :O'lt" ... d ""· co e ao a sorven e a ex1s- .- . • . u:u 1erme , ,,1ey, se, no 1101 ,e a ,:,uropa:, entre os ando-se e · ág1:avando-se. Pouco a d od · d · , firn, _J1egá-lo, Houve na ordem assim, se .éxpressára. : "'C:J. :m.a Í.rr.é- ""· vos gennânicos, 0 mov;,.;ento - 'st' . . . . on- e, e um ro o patetico e o- tência do comunismo. E e por «rl'•Sta que governava os povos 'f 'j f · ,,_ -·• ª· pouco, 0 cn ,aiusmo eµropeu loroso, poucos são os .senhores e í.<;So, ta1nbém, que o Comunisn10 reave. .or9a 111div\d.·ua1 ,irr./\dili!Tl da Reforma! que cria as condi- àepaupera-se nos cisrn~s e nos inu!to·s ·os esci·avos, poucos os t d l s 1,11na rutura que se. foi acentuan- os descob d t d - t d ,. se aprese.ti a como .um aque e o ca a vez mais. terminando ,., M ·f t -t '-é • , ,. pro emas cap1 ais o nosso em- d d , r1 ores e inven 01:es a çoes ex er.n s e um ni.ovimen- movimentos ~elig1·os. 'os raciona- potentados e mut·tos os rru'sera- bl ·t · d t / por s1ià$tàr em definitivo da vi- e,-oca. . ~n, ·es a-se am,., m l)a J to c1êntifi'co .independente medi- listas e naturalistas atê diluir-se veis, poucos os fortes e muitos os po em face dos guais teremos 1/ d a pública ·e da ·vida pi::ivada ~dos nova po_htlc~ dos ·soberanos e no ante a emancipação do domínio no "indiferentismo" ou no agnos- .fracos, poucos os dominadores e nós católicos de põr em prova o t . noinens a sanção religiosa e su- orgul.lro dos ·bu.rgu.eses -.da cldàde, 1 clerical de Roma, faz possível a ticismo contemporâneos. multos os dominados. ,E, então, f ;;;:;:;;:;:;:;:;:;;;:;;:;;;:;;:;:;:;:;:;;;:;;;:;;:;;;;e;m:;:;~c~a~d~a;;:e~s;fo;•;-ç;o;:;c~o~n~tr~a;;:.a;;:o;p;r;~:s~-:;;{~o~r~m~a~ç;ã;o:•~d~e:_,:u:m::.::a;...:te=;o~Jo:;.g~i~aic~r~iti;._i;;;:;A~~n~o~v~à~o~r~d~e~i:n;;:;f;o;rt;a;l~e~ce;r~-~s~e~-â;;:~p;a;r~a~m;;a~n~t~e~r;:;,e;;;d;e~f;e;~~d~e~r;;;e;s~t~a~;;~~~;~c~- o~n;c;l~ú~e~n;a~~2~.ª~p;ã~gi~n;a . f - ._ - ~.;.,,,.~.,.,...,.~~:,.,..,.~. . ~~,,.,,..,...~ ,• N O cu.r ,so de minha. longa vida, que pou– co,s cUas serenos. tem conhecido, o n(l– méro de sepulturas dos ser~s a q.uém amei, -exceo;e. m.ats que muito. o de anos ·('! , < • , ida-de e.m que ' estou. Umas, jã ocultas pelo musgo do tempe.; outtas:- com a letra 1·ecvol – y.ida de fi•esco. Entre as primei.r ~s. ;,i d e> meu · saudoso camarada Emílio Martil)s, o a.i~ãvel, bonacheirão•e prestativo velho Emi- ' !iç. entre as últimas, as d e Barro~o F."h(•k 1 e Antônio Per.eira Leal, que Emílio chama– va, don1esticamente, "seu" Antonico. Eram pa,rentes, que se estimavam dalma. Todes os velhos têm, dentro de s~. um fos, sãrio espiritual, A de'Usa mitológica povoadora dos cemi– térios; póde ser comparada ao patrão deshu– mano,· que despede o aux1liar sem preocupar– se éom as diiiculdades em que o desemprêgo deixa a fanülia · da sua vítima. Da mór, e , lícito dizer-se a mesma coisa. Não sendo parciária das dores que semeia, é -índiférenté ap desamparo daqµeles. a quem enluta, A muitos, os bens materiais não põe,m em co.n– tingêí1cia o pão de . cada dia. Qualquer, po– rém, qué se apresente a situação dôs sobrevi– vos, o chef.e da f;miília constitui .a sua defesa nat:ur!cll, e necéssál'ia. Onde êle falta, a vida não segue o rnesmo 11ítmo. Antônio Leal era hom·em dé par.cos re– cúrsos. Tinha a jatân.cia da sua pobreza e .a satisfação de atenuá-la pelo trabalho. Pos– sufr~ alguns haveres, _herdados dós pais, mas pér'deu-os· nas alteruattvas· do tráfico. Conheci-o dono de um bazar de modas, na rua de Sarito António, e a sua esl?eciaJi– dade era vender r.neias fin.is a f~eguesas calc·– .gantes, de fácil abôrdo; ferrageiro; na rua 15 de .~ove~bro, a·gora bulevar de Castilhos :E:'ranç<l, e, por fitn. gu_arda-livros. $eu 011cio de origem, no Banco Comercial, quando morreu. ,Os recu)·,sos qµe , daí lhe provinham n.ão cliegavam para as suas despesas c;lseitas. Conjurava ó "dêf-icft" por meio de esévitura;,-. çõ·es, avulsas, o que lhe• permitia ser frectü~n- MORTOS DO MEU CAMINHO ' À ~emória da mulher de quem nasci, que há 60 anos es• pera' pelo filho refardatárib, no insondá'\'el mistério da ou– ira vida. _ . Pouco falt,a, mãe querida, para que a mo;rte ie Yá dizer: ' ei-lo aqui. - • < . • ~~~~ J. ALVAREZ StNIOR te, com a esposa e as filhas, .em dias pragmá– ticos, como os domingos, nos lugares onde o mundo se diver~e. Uma de S'lia•s d istra_ções :favoritas ei;a a dansa. Na mocidade, levara as lampas ap ptofessol' Marcos- Nunes e ao çoronel João Alves Dias, ·consumados e infatigávets dan– sa:rin;6s ecléticos, _qµe .engatavam à noite ao dia, bailàndo implacavE\11nente, como na len– da quaresmal do J?àdre Manuel Bernardes. O seu fraco inclinava-o pa.ra os· char.ivaris de· Carnaval, onde, . todavia, mantinha, polida– mente, o respeito à coreografia asseada, em h~men.agein às d~mas 'pudicas, que não" q,1,1E:– r1am,· O.ü niio sabiam, serp·entea:r nas ''cob:i:1- nhas", ou nelas não se incorpor.avani por de– côro. À maneira de Winston Churchill, inwr– rom:pia~se, momentaneamente, na via públlca, sem embargo da hora ou da pl'eSSa, e do ri– tualismo de' suas aparências sociais, par.a açl– mirar as mulheres bonitas, ·obra do Criador· anteposta pelo seu ,instinto :femeeito a toda1:1 as outras, e nas quais embebia os olhos com del'éite. volúpia é avidez de ~ibarita. .J,VIéu. amigo Angione Costa, jovnalista e etnólogo, n.âó era, tão cõnfmente quando de-, wirava, '·em qualquer sítio; Eva que se não • mostrasse esquiva ao acêno visual incipiente do namoro clássico. Se~ía-lhe, destemida– mente, na peugada, c.omó cachorro segue a ca~a, e. onaê de,saparecj,a, êle tr_anspurihà a mei;cea;ia da esquina p,r6.xima: para co1lier infonnes sôBre a desconhecida. As tabeyp,as sempre fôram bôas fontes das noticias dêsse gênero. Com bem pouca get1te vetsei tão s ensível como Antônio Leal. Abriu-lhe a cova dps tradicfr>nais sete ·palmos -uma decepção cruél. Já doente, sem o saber~ porque n ·ão consul– tava nem mc!dicos nem matasanos. pre4~i:iJ1clt ,mezinhar-se a chás caseiros:; cpm pr,e$s,ão ar– terial superior às de má;ior melímeti;agein :qos anais . da Pawlogia; sob a eonstai:ite imcinên– cia de um fim súbito, sofreu o rude àbaio qµe lhe agravou, mortalniente, o mal r.ecõ'ndito. E ass1in disse adeus à vida q):tem tanto -amôr lhe tinba e nela podia fazer lnais prolongada e gostosa estação. Leal dispunha de um ar.quívo copioso de facécias, brejeirices e anedotas pica,ntes. ·coloria-as pela elocuqão precisa e o aci.ona– qo bizarro dos braços e da :fisionomia. Con– cortiart1 com êle, na ·especiaUaade, o<;; a,..1,;rp, gado Aldebaro KJaut.au e Ãl,.,aro. F9nseca, o buroci;ata· Alexandre Trindade e o tabe- Iião ~dgar Chermont. !-5te era ,seu P.p 1nvar1~vel, ~oqas _as ~anhas, de céu ésciunpo, nas d1gresso.es SJtadinas e arrabaldeiras 1 de curso •e .destino incertos, ao acaso dos recon– tros ag;radávéis, e nairador e\:únio de rode- 1:'as chlstosas, - Foi uma das Cjualidadés que herdou do pai, o ta Qelião Teodósio Ch.ermont, conhecido ,Pela estattv:a de avejão, excedente da cra– ve.ira fraterna, e a pança incrível. Criara fama, e incutia temor, pelo desassombro da lin~a. Na !(}.ade .Médi~, nos tor..t;1eios d 'atma~ os arautos ~t1tavam aos cavaleiros para es estimul13r: ''Lembrai -yos.de vossos pais, ,e .não degenereis". Ed~~ não r~ceia~a·a heral),çá dos atrib_u– tos mota1s do procriador, mas Q atavisrpo dos untos e da proeminência ventral. P11e– ocupava~o, também, a sucessão 1>laus1vel da barbela paterna, cuja :maté1·i.a adiposa lhe pendia>espess ;µuen.te, do qu,eixq, como papa– da' irr.eq1,.1ieta de ~ouro. .Acudia-lhe à mente, com as,siduidade, uma. das liç.õe.s do fabulário de Florian: à in– continência abre a porta a m ales irremediá- veis. · ' • O mêdo tornou-o alucina:Ji}temente an– dejo e sóbrio, A pé, sempre a pê ! Incen~ diax:ia, com aprazimento, to:dos os veículos de transporte humano. 'A, l c i n d o Cacela, nomeado,, ain<;ia nas verduras do .regíme abstêmio, .prefeito de Belém, resolveu, por troça, oferecer~lhe um passe pe bonde, e foi enfr.egar-lho pessoàXm.ente. Edga,r, !ligind<> à tentação, pôs o ,.bilhete que l1Jé assegúrava o trânsito de éarona, nà gaveta de um móvel imprestável, e atirou a cbav:e a.o :fa1noso iga– rapé SãQ Joaquim, de. onde lha devolv.eu , ama;velmente, uma sereia sem rabo de peixe... Segui11do, imJ?er.territamente, uma série de ·rigoró~os pre<:.eifos ~#êtiicos~ diminuiu a in~estão ô,os Ííquidos pot-ã:veis, recor<landç-se, ·que o pàf absorvia, d1,1ra'nte às hor.as solares, ~ CON'l'II'fÔ'~ NA 2,a 7i"AG~À ., j

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