Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

] -Póde Santayana dizerque temos vivido muito bem sem a "coisa em si" mas é u m a inquietação tortul"'.lnte saber que exist.e n1as que é inatingível. isto é, escapa à nossa percepção. Todo nomem luta consigo n1esmo e, na ânsia de inter– pretar o universo, sentimos a existência de un10 fôrça secre- 1a que fórça em vão a porta dos sentidos. voz de Diderot encontra éco em nosso espírito e o sorriso de Voltaire ainda não se apa– gou? --xx-- 4 - Para onde vai o homem, o dono do tempo, o dono do espaço? --xx-- Tocata E Fuga Em Ré Me n o·r Sõbre o plono, rosas, sõbre as rosas, o azul, e o azul não era azuJ, era vermelho. Tocavam Bach e era como lu2 que transitasse no Todos estavam süenc1osos. mistério. § § § E no fulgor das pupilas envenenadas pelo n1êdo havia um estranho que de morte prematura. S M.lnha mãe Chegou-se a mlm e disse : fiêa. S Meu avõ me segurava do retrato S meus 11 ~t.os me acenavam do fut-uro. 8 Poré""'• eu estava slllado entre a F\lga e a Tocata. ~ A nuvelb carregou-l'ne adormecido, r--~~~~=~~~ 1 CARTA A ISABEL if{ DA INGLATERI.iA itk-:::::·=c.==:-:::;.;;-::;, ~---==~--:;:.-.,E; Paulo Eleutério Filho Nas noites esireladas com• preendemos mefhor a lin1ita– ção de no$SO entendimento, mns hã -uma .revolta em nfu, un1 impulso que procura elP– var-se e compreender. 5 - O homêm não descansará até mesmo enquanto uão compreender o mistério do primeiro raio de s61 ! X X -- M varPI a creação, transpuz o limbo, i quando acorde! depois. 1áR: c:~ BARATA 1 ~..r..r..r.#"°..,cr..,....,....,....,..,,..~..,...,..,....,..u~-.r~.-0-.,...0::,,001' Graruosa MaJestade . Animei-me a escrever esta ~rta a Vossa Majestade, ende– reçando-a ao Outro Mundo, de– pois que tive noticia. por inter– médio de nosso respellavél arn.1- go Mr. B.endrlk Van Loon, um l\olandês 1.. e não é irumlgo da lnglate,rra, de que a encantado– ta rainha Inglesa era um espl– rlto acessrveJ, gostava áe dan– çar a valer, niio tinha nada pa– recldo com o que depois se cha– oiou purltonlsm_o, e aceltava eonviles par.i jantar com cava– lhelros estranhos. Se que n grac.tosa rainha nãc está gostando multo dessas d'O., vid;is que progridem no espi• rito po_pular. Mas o que se bâ df fazer ? Ainda tenho de lbe per. guntar si Vossa Majestade er, Virgem de fato ou Isso era boa• to._. Náo se escandalize, peü amor de Deus I Ma& Isso vem rm Importunando desde pequen~ essa maldita cu.riOSidade pelt sua vida l.btima. Não ~o mt conformar com 11s curvas cert, monlosas da Rlstórla, "que dh que é mu não é". Comigo a coisa tem de se eaclarecer duma vez por todas. ÊsSe impulso é vontade e todn a vontade produz. desPn– volvimcnto Penderão os sentidos a .iper– :feiroar-se à medida de nossos esforços ? Obedecerão à vJn– tadc do sábio e do filósof;,, projetando mais luz no mun- 6 0 exterior ? xx-- z- Brec:kel escreve a história do mundo co1no cientista. A sua perspectiva cosmológica não salis!az a um illósolo. Aqm se faz oportuna U.T,a observação : sempre que tt.,ia -nova descoberta revoluci.;>na toda uma ciência. é apontada corno e,cplicação de uma re– rie de fenômenos ainda niio esclarecidos. e, às vezes, tud.o · se resolve na nova descobetta. Ora, eis o , que fez Hreckel com o éter chegando até mes– mo a dar-lhe graus divinos. X X- 3 - ÊSses enciclopedistas não envelhecem. Por que a NOTA BIOGRAFICA : ' 6 - Para mím s6 há uma tra– gédia: a do collhecime:nto. xx- 7 - Umo figura quase que in– teiramente esquecida ~ a de Farias Brito. Quem hoje 1é a_s suas óbras que, por sinal, nã-0 passarail] da primeira edição ? Entretanto Fari~ Brito. lon– ge de ser medloqe é dot,ido de espírito penettante; dá vi– veza à filosofia sen, deixar óe ser profundo. É claro até me!!mO quando explica a Estética ou 01Jtro q_uah'!tier livro da Crítica. Negam Lhe originalidade isto é, há os que o consideram méro expositor de doutrinas filosóficas. Nào li toda a obra de .ia– rias Brito nada podendo nfir– mar ou negar por enquanto, nesse sentido: mas, o terceiro volume da "Finalidade d.o mundo", revela um esp1r11o quf' não r- provinc-inno -ttt••·••*tt-lrlr**************fl****...***1t**j* } POETAS DA AMÉRICA • . , ! -NOTURNO- ij . ~ : ! ~a~e. * « uma nolle toda cheia de murmúrios, de perfumes e de mú- t « t sicas aligerns, * ! uma noue _ _ * « l'Jl\ Q\te ardiam na sombra nupclal e umlda os .1,Uflarol)OS ! -te I fantástic01,. ··* ! a meu lado leni.a,ncnte, contra mlm jungída toda, -te muda e pálida 1 con10 s, u,n pressentimento de amarguras lnfirutas :; até o mais secrét-o fundo das flbrns te ag!tóra, 1' pela sendo florida que atrave$Sa A planura • cammhava~. -ft e a lua cheia : pelos cé.us azulados, jn!initos e pro!undos espargia sua 1nz * « (branca; i* e Lun sombra tina e lânguida, e minha so1nbr:a pelos 1-ruo, da lua pro:lctadas, l siibre as nreiAS lrístes * do cam,nho se Juntavam, : i( e eram um;i única. ? +: e eram u'nlA úniCtl, - -: e ernn1 uma só son1br1l larga, * +: e eram umn .só ~ombrn lar_gn, ~ • e eram u1na só i;ombra larga.. . * • t t . . . * « :F.sta noite * « soU!nr,o; a alma * « ceheia de 1r'll.inltas n,narguras e :.g_onl_as de tua morte; * ; separado de ti mesrno pelo tempu pela tumba e a disli;incla, ~ ..- pelo lntlni1o negro : ,t onde nos!m V07 rliio alt'Snça, ,._ ruudo e só ,. pela s;,nda camulhav:i ... E se ouvlan1 os Jntld<is dos cães à lua, a lu::i pâhda, e o coaxar das rãs Senti 1rlo_ 'Era o frio que 1lnh'1m em i lU1 all.'ova tuas faces, e tuos fo111cs. e tuas milos adorndns * entre as brancuras niveas I ; Er~ 0 dos ruorturu·ios lençócs. da mor·te, ,.. Q fno do sepulcro. era a nlgldê.~ 1 era o frlo do nada. * ;j: E a mlnha sombra, : ; pelos ralos da lu:i projetada, l ..- la só, * 1n só. * ia s6 pela estepe solitária. • ~ ~* E lua sombra ellbelta e ágil, *i * ftna e Jânguída, como nesst1 noite lda da morta primavera, } como nessa noite cheia de murmúrios, de pcr!umes e ae u,u- * i r sicns nll geras. * se acercou e marchou co,n ela, * se acercou e ntarcliou com ela, : se acercou e marchou ('on1 ela ... Oh 1 :is sombras enlaçadas! : t Oh r as sombras dos corpos que se jw1ta111 com ns sombras * ~ Oh 1 ·as [das almas 1 * ~ sombras que se buscrun na" noites de tristezas e t ( de Ulgr.lmas 1 ,.. 14- T:radl.lçâo de Flávio Guy Mor.,Iza ~******** ******* **tt"k****H*H*lt •1otr1t ***** 11 Ora, minha arloraveJ soberana, o sr. Van Lq(lll é um sujeilo de– cente e não anda a propalar pa– taratas ou vnntagens assim à-~a. Tenho-o em bôa conta e, aqui entre nós, considero-o à altura de usar a Jarretelra embora náo seja de sangue eZUl. Mas isso 1150 tem hoje multa lmportan– cia. Pois o bravo sr. Van Loon contou-me que p.issou uma noi– te divertidlsslma com Vossa Ma– jestade, fendo-a como hóspede em sua casa, numa aldela fla– menga. Ouvi-a, essa h.lstórla, In– vejando quem pa-rtlclpár11 da reunião, porque teria tido o pra– zer de dançar com a llustre tJ– lha de Henrlqµe vm - que Deus o Lenha em bom lugar 1 - e de lhe fazer umas pergunti– nllt.1s que a História, por uma questão de ética proflsaionaJ. não QtJls eS<'larecer razoavel– mente. Desculpe-me a lnclisereção e a Ir11nqueza : mas por que Vosiia Majestade não se casou ? Temos Informações, eu e outros curio– sos. de que Tsabel da Inglaterra. a Rainha Virgem, não desejou nunca se casar, porém t-razla os seus admiradores rrwlto próxi– mos do leito, como os des'Ventu– ra<IQS sir Walter Raleigb e o Conde de E.s:,ex, o belo Robm Devcreux. que pagaram bem caro a pllh~rla do seu amor Di– zem por al que a Rainha faz.ia ns vezes dn escorpião-fêmea ou da "louva-Deus•·: r.omin O.tJ ma– rl ns li.pós o minuto do prazer ..• O seu eolcga de França. Hen– rique n, no diA em que se ca– !>611 com a florentina Cattirlna de Médlcf, no entrar na cllmara nupcial e>ecl:rmou · "Senhora 1 Vós tresAnd11is ;1 c:-ndáver 1~. lernbrru1do ã mulher que ele bem sabia a sut1 fama de perl– ~o.,;a f'nvenenadora Contam que el;:i nno J.hP perdoou o ftlsuJto, ro,eodo com que mni" uirde, o "'ClU amante, Inglês Montegomery o atravessasse com uma lança, acldentalnien1e. num torneio ca– ,•albclresco. Mona Lncrez.la Bo~gia. post– t h•amente, chel:rava n cadáver a '-"inte léguas de clistãnc,.-,. Lady l\lfncbeth perfumava-se do mes– rno modo. IsaIX-au dtl Bavfera tam~m ntlo usavn outro che:lro. Outras distintas damas da alta ~ledade, em todos os tempos. sobretudo equeJas que dispõem de grande poder, sempre rizru-nm suas comprns em perfumrlrtas su~peüo,; desse odõr. Seril mes– mo que Vossa l\fajt-stade u.~ava d:tsso? Não quero crllr, Os desaraça– doa lords foram exeeutados por motfvos purrunente po!llicos. As s:u:is pnssagens pelt.1 alcõvo real rúío <lclx.aram nenhum rastro, n5o ro.·a1n mais do que sombras aflor;indo nâgua. Ou -Será que a coisa tem íundan,ento. real– n,ente? Tudo Isso jâ passou e alguns séculO!' pesam sõbre a -ua biografia qttada. Não há mais Mary Stuart pare lhe dar dõr~ de cabeça e aquele lamJgerado católico Felipe n já levou o dl_a– bo há muito tempo. com a sua I'nvenclble Armada. A bõa ra– paziada daqueles anos. aventu– reiros. piratas e negociantes. es– tá transformada em cmzas frias. Das }adies espevitadas p~1ve1• mente não resta nem Isso•.• Por que mlstéclos, portanto ? Vos~ Majestade, oo que conste, não deixou filhos e muito menM ne– tos ("et por cause•• •. ). Não há, portsso, ninguém que se dõa com a verdade. Já que chegamos a este ponto, Vossa Majestade a ouv-lr e eu a /alar. dou-lhe sem rodeios n mi– nha opl11Jão: Depois de mostrar n todo o mundo que os homena não lhe Interessavam, porque a ~inha e o Estado eram uma peça só e seru sexo, natural• mente, a Senhol'a tí!'Z. o seu car– ta:i de mocinha sén11 e de bõa fâmllln, q_ue poc!Ja ir a qualquer porte sôzlnha porque nJnguêm a comeria: depois do cartaz allSe– gurado, e quando ninguém ti– niu). coragem de falar mal da Vlrgvn, a Senhot:a entrou corn seu lOgo.. . TrabaihJnho limpo e bem feito, é claro..• Nlio posso ouvir a sua n>s))05- ta !mediatamente, pois não tre– l'JUPnto n sua roda, o que ~ pena. Vou, portanto, espenr as 1n1u estimadas IJnhoA noutra ocai.i5o. S6 lamento, entretanto, qul' niío tenba Ido ao janlàr de mr Van Loon, conversnr com Vossa :-.ia– je,;t:ide, quando poria Pste ne– gócio todo em prntos limpos_ Vou saber do velllo lllll(U.Qrudo holandês parque ele nfio teve o eXJ)edlente de entre\'1stá-1A a es- 61' respelto... De VoS!!a Majestade. servo e súdito fiel. ALGUMAS NOTAS RJO, vla aérea - (A. U.) - Os prêmios literário e cien– tifico pa1·a o corrente ano, concedido pela Fundacão No– bel: fortun estipulados no v a– lor total de 121 mil cm-óas suécas - 600 mil cruzeiros em n1oéda brasileira. -A escritora inglésa Joan Bennelt e s c r e v eu recente– mente um livro sôbr~ a vida e ·e obra da rorr1anC1Sta Vir– gjnia Woolf, que se suicidou durante a guerra. Referindo– se ao trabalho ("V l r g í n ia Woolt: her art is a novelist>. disse Rosamond L e h m a n: " ... é dificil imaginar urna inb;odução maJs admirável às novelas de Virgínia Woolt" • Acaba de aparecer o primei- eterna, que praticâvamos, c1r rb grande li'vro brasileiro sô- mo todos os povos do novo bre a história de UJT)a conver- mµndo, vemos que surede são, O pensa1nento católico urna compreensão ürrne e lú– nêste país encontrou a sua e-x- cida do nosso destino como pressão universal nêsse livro ho1neos e como filhos de Deu;;;. admirável que recebeu o ti- Imaginai as idéi:llj de que lulo estranho e excitante de trata o autor. presentes nun,a uma novéla: "A descoberta prosa que atinge a mesn,a !J}e– do outro" Gustavo Corção. o nitude da de Machado de As– aulor, é um mineiro, que, S(:- sis, e vereis que vos deixa du– gundo se depreende da vbra. plamente fascinados, pela tór– tem a idade de quarenta aPos ma e pelo fundo. ------- --- -------- e a -profissão de engenheiro. Como São Francisco de B~r- 0 movimento Uderado por ja, êle descobriu o caminho Gilberto Freire. no sentido de da verdade através de um t--n– criar o pensamento poll•ico contro com a mor te. na sua nacional, assentar e:rn critério casa. Sentlu, entã-0, com o ei1·1ni!ico e como atitude p'lr- pensamento na sua mulher manente os estudos sociológi- desenganada, "que tudo :igui– cos de noS1la formação, v<!io lo, as <tlscussões, os si$temas. encontrar agora a correspJ)n- tinha sido uma ga!~. e a dência nêssé out.ro esfôrço, "uUi()ade de sua vida se res– não menos fecundo e bélo, no · t.ibeleceria a um preço alto". pla110 do pensarnento rellzio- Toda a história dessa con– so. gt1e é o livro do sr. Gus- versão não é apenas uma hii:,– tavo Corção. O S\ prcendente tõria, nem é uma tése ou u;na escri tor mineiro a$Sentou em apologia, num sentido unllor– bases exatas e duradouras n.:io me e intransigente. Ai <>ncon– somente o tema que debateu, !ramos sobriedade e colorido. mas o próprio movimento de leveza e densidade, equillbcio que faz parle- Acreditamos e criação. É humano e realis– que está marcada umo nova tico, como é lógico e dogmáti– fase no progresso espiritual co. Aí temos fUosof:ia, sátira, do Brasil, de que é documen- poesia. história, teorias socia:S, tArio @sse livro, pois àquela o amôr e a morte, a tragé,Jia CllJ'actetb..-Uca de~,.,r~ocupd~ão hwnana d!.! viu com o cônüco eom os ,Problemas da vlda cotidiano. a cruz. ~se momento é deci– ADescoberta- Do Outro • sivo e e$Sa p1·ova é !!em pre du1'a; a glória da eruz, -.ista, pela :fé, é uma prova que o bomem novo tem que carxe– ga.· todos os dias, entrando em lula com o homem velho que se tinha instalado no mundo com suas convieções, seus ti- - - R. DE SOUSA MOURA - - ~#~.,....,....,,...,..,,.,,. Todo o debate tem, enJ rc– tan lo, uma linha domú1ante, que é, em suma, o retõrno a Cristo. Um dos aspectos tratados é o do ressentimento da ciência, ou, antes. do cien~lcismo, que é a deformação do esl)i– rito daquela. Essa é, ~liás, a conduta de milhões de vessoas na atualidade. que tiveram a herança do primeiro sinal de tôgo no exemplo de J?io IX, há cêrca de um século. qu_an– do, no at,ogeu d-0 espir)to ag– nóstico, proclamou os dogmas da Imaculada Conceicão e da Infl}billdade do Papa, abrin– do uma nova etapa para a IgTeja militanle, e constituin– do tais declarações, segundo a interpretação do jovem e fa– moso historiador Emmet John Hughes 1 "um Ultimatw:n ao mundo' {bem entendido i à llociedade liberal). Com essas ques intelectuais e sobretudo seu critério de vitória". (oág. declarações. diz ainda êle, a 180). E nouh·a parte : "Qual Igreja relterou e sublinhou a · de nós poderia realmente ilU– s~ atitude insistindo sôbce a portar a dm-a prova da cruz 7 realidade do scb 1 ·enatural e a Qual de nós poderia aguentar val!dez dos mistérios. e a.sstm a glória da cruz. a insuportá– agi u depois que vira os ho- vel visão do opróbrio, deixan– mens, tendo alterado a natu- do seu velho critério de vitó– reza de Deus, passarem a dP.i- ria, saducaico ou farlsalco, ficar a natureza. baseado no prest.igio ou :10 sucesso ? Qual de nós poderia vêr alrás daquêle rosto ensan– gu(!cntado e CU$pido a Face cte um Rei ?" (pág. 182). E ainrla êste lrecbo: ''Realmente, cada vez que nós desejamos a gló– ria mundana ou polltlca de sermos católicoo, ou nos es– pantamos diante dos insut."?.S· sos do Vaticano na politica internacional, cada vez que nos envergonhamos de ou,1ir um sermão medJocre ou i do– tàmos uma atitude de irrita– ção diante da vida escandalo– sa de algum sacerdote, estamos lnQ~tamenle oom..i o~ judeus diante da· cruz, e de nada nos No caso pessoal do sr. tJus– tavo Coz:çâo, o seu exemplo assume extraordinária signlti– cação, porque êle se evadiu depois "de mais · de quinze éU]OS amarr-ado à técnica: cin– co entre teodolitos e outrvs dez, os últimos, Iitando p,.>n• tei:ros de galvanometros". Essas pãginas palpitantes de vida e beleza atingem ao su– blbne quando discorrem sóbre o problema da cru_z, a gl6ria da cruz. "O caro inho parece !acll e largo, mas de re'pe1;le êle (o novo cristão) encontra adiantou saber de c6r o en1·e– do da paixão. O cristão e.stá em pé diante da paixão do Esplrlto Santo e somente na fé póde suportar êsse terrível espetáculo". (pãg. 183). A expressão verbal. a fôrça poétlca, o puro critério CT[s.. tão, que a( temos transbordan– tes, tran..c,portam-nos à grm– deza do Livro de Job. E não menos transcendente do que os problemas da justiça. da orJgem do mal, do compo!'f-a,. mento de Deus diante do h o. mem, na terra, que se agitam naquêle capítulo d-a Bfblia, é , o da sensibilidade do cristão diante do mistério do Calv~ rio. da glória da cruz. Deixo esta noticia sôbre " ~ J descoberta do outro". ,.:ebaL"<<í' da emoção e do orgulho com' que o li, pelo crédito de praes. tígio que veio acrescentar . rante o mundo à nossa cult 1 ra e à nossa lingua. ~- Sob o ponto de vista relI• gioso, é o livro do home~ novo, inspirado por um cà~~ tico novo, que doutrina co alegria e espontaneidade, sem ra11côr nem despotismo. 'É e, livro de quem f ala do al1o cume dêste século vinte, com uma palavra re_dimida da S<>– lidão e do d~êro pelo re,, descobrlmento de Cristo.

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