Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

. - Domingo, -30 de junho de . J,946 ·· FOLHA DO NORTE 3.ª PágJna "R.µ.munel,o cte Menezes ê µrr, eur±oso da p~quen;,i líis– 'tórla lite1·ária, um pesquisa– dol' 4ncansavel de d~d.o,:' de :fatos, dê anedotas Felat}VúS à vida d;os éscritpl'es do passa– .9--0. N~ssa faina meritorià, que .~em un'lª-.,documentaçã_o· copio- '.EMILIO DE MENEZES ' s~ e inteligente não se chega -~~ais, ~ gr·anâe hisJ:ória h te. rár1a, -a história inter.pretativa .dé. fundo filosófi<:o õü soeioló– i gico, escreveu "A vida b.,oêmía .de Paula Ney" e agoi:a nos dá í.. Em'ilio de Meneze.s, o último b<YêmloP (Liv . Mar tins, <'Cl.. São Paulo, 1946) . lla,veria :qi.uito que crtt.icar nessã. biografia, sobretudo no que concerne ao estilo do bio– ~1·àfo, a]'gQ retórieo quando fl:PiQ· si.inplesment~ -jornal}stico, n las t.à'is restriç'Õe& não 'dimi– ntiiriáín em nada o fnteré.sse cfe rica coletanea de anedotàs· 1 ~.. • ' e de ,fatos que o sr. Raimun- ·g:o de Menezes teve o cµi– dadó e o c a r i n h o de ·i:e• unir em v'olume. . Tal co– mo se apresenta, sem preten• ~ões, como simples cont't·ibui• (Continua,Ç~o aa 1." pág.) eapitulos de "O etl;lpalnad?r de \.p:assarin,ho" é a fuga do livro que está examina,ndo para. al– gum assunto gue ~eja do seu especlal interesse ou co~itação Não eram as o):>ras alheias que ' in1punharn os tema& do seu ar– tigo, nem ,se preçc1lpàva 1nuit.o ~I:i1 defini•l~s no cpnj ,1»to ou interp~etá-.las ·no ~eµtido ge– ral, :rrta,s ~!e próprio é , que es– .eollüa d·elas um ou outro .as– pectq, q':le n'l!nieros_a$ ve~es nem era caracterizador pu i.m• Pi>rtante, · para a respeito dele exprirrúr livremel)te os seus ])ensamentos e impress<:ies . '- A c:i:ítica em si mesma ·ficava sacri);icada, . como t1nnbém a obra criticada e o ~eú autor; roas o artigo do critic.o gaQha.– v -a ' e:m o.r;i~hálidade e brilho como peça · independente. E' que · ele "fez ,pr-incipahnent,e o qtte: -se costuma chama1· lima ·•~critica ·cre artista". Não colo– cando ·a critica CO'llO o gêne– to funda1nental da sua obra, n _ãp tendo a eia se ligado co– mo ..ejuem vai nos seu11 quadros d efip.lr e re.ali~ar 31 próp:cía existência !iterá.ria, Mar.io de Andrade demonstrava u n1 a ce r t-;, Í.ndif.et' ença qu~·nto ·áos julgainentos e si~temas, preo– c~a do J?:rincJpaltn:ente con, o ~õgp das idéias e a <.Uscussão de· prob}.em<1s de e,stilo, de té'ç– nica é de composíçãó. .::?ó · era rig,)ro~o. an-aliticó, des.éxilnina– dor ern face de lfvros ou auto– res dos étllais gostava real1nen– _1ie e aos quais atribuià verda– defl,a import~ncia. Aos ;ncdío– .c;res lançava alguns .adjet~vos amáveis. . às vezes v;1gos e ,con– {')'encionai:s, apanhaVil; em :Se-– g;uf~a um trec,iho qualqiJ~r •do ·Ji','i.'o e sôbre · ele <:),sci;ev1a ro– lt\O . monólogo, esqueclc'.lo do autor em íóco na, ,!riticá, tão di~tante dele 9.u~ s6 vólta:va a a.v1stá-l_o no fim para d'irigi.r– lhe rpa1s alguma gen~ileza ,·er– baL Sente-se <1ssim que á .sua cr.1- tlca faltava um sensC) m;;is i,egu.rQ de hierarquia e de p:ro– ~1>rtão no emJ?r.e_go• <'los aq.je - 1:~vos. E!e..dedtca:va, _p.ór exem– P.1º, rodapés il\te:tfos., 'gra'ades l!!Stud.os, .a tlvr.os ou autoi'es se– cwid~rios, ela~ificava ig1ial- 1t1'ênte CP.mo notável -notável era .muit o do seu-uso - a·•obras que o eram realmente e a ou– tras que só er.am incontesta– ilr'=1meJ1te insi,ílnificanteS'. Isto n.ao quer dizer, pórém. que éle S\! mostrasse alheio à fun!;âO ;i-.,µgadora dâ crJtica. Ao t'On- • i;rár:i.o: dí,fic! l -seria r.,witi:r 110 mes.mo nl)mero. de ~Ttígos um;a -tão .gvande quantidade de jul– g amentos . Na sua últi}pa J:ilse, qt'.tando se J)ronuhcíqu. contra o ·l!llgap\enfo em cr-itica, Marlo de ·Andrcade me disse uma ve.z: •~15tou imaginando um;a·peque– fl~ vingança ;.c1Qp.ttta você: c.on – t~r as. ocasi&es que você ·em– f:1:i°~'ª 'ºtalvez", ºao meu ver'', pb'sslveJmenté" como se esti– 'ire!;lié flmldo ou hesitante em :fi,ce de alguns dos · seu,s jtJJ- ' gamentos;- ao• gµe lhe' respon– di : ".E' muito· Iácil~ e~abo1·ái: ~rítra. você unia . vinganç;Í sé- 1}'.lelh'llnte, eontanélo 1!5 vezes · em Ql.Je' na slra crítica apár-e- . - ção para esiuaos ulteriore,;;, o Fvro de· Raimundo de Mene– zes· é util,. 'indíspensavel ;nes– mo ~. quem que~· se. de~\g\1e" à critica ou à · h:1stor-1a liter.a– ·ri:a . Esse pertodo brilhante e · n,uito vasio de nossas letras tem interessado. sobiemodo os nossos cronistas, inspirando, até, certo . S?.Udosis,no que e:;– tou longé de sentir. A bóe– mia literária, '.último vesti.~io de um 'tj.po . ~elizmente d;esapa– recido de i;o,mantj$mo, marcà o fim de u,ma .ci:viiização que s-e ··esborc;iou ·-dêfinitivamente coro as duas g-rand;es guerras de. :o.osso século. O estudo· e a pesquisa, o desejo de pene– trar o sentido profundo da~ coisas, d.e· reconstruir também' sobre. alicerces novos e s6Jí– dos tnudsiraw. J>Or cón.'lplet.o · ir atitude dos intel-ectuais diante tlà vida. E os i:aró,s so})i:e-vi_. ventes d.a velha ment~lidade, que ainda fazem da piad.,a, da in:í'próvisação e da retórica seus instrumentos de ·expres- ;;ão, arr a stan1-se pelos •pasquins t;nàts ou .i ;nen.os d 'esmoraliza• dos. Há quem lamente a ~e– tiedade das gerações atuais e Íhes censure a carenc1à de li– rismo, CO!p.O Sê lirismo fosse sinôpimo de boê1nia e se. me.– disse pela quantidade de ál– cool ingurgitado. Màs a ge,– ração p arQasiana assi-m pen– sava. O de}>~lô ' imperioso de pureza fç,ri;nal . 1• tal.vez impe– disse a 1;!,çpa11são do liri:smo verdadeiro na obra de arte e . forçasie éfs poetas de· ·ent ão às evasões de ordem menos · literáriai . Entr.etànto no.ssó paí·nasiasnJsm.<1 nã.o foi dos máis órtodôios. Quase todos os grande~ do np.sso P<1,rnaso fôratn, no fundo, uns 'român– ticos .muito pouco disfarçados. O verso er,a de ·wá.r:mõre mas eles tinhain o coxação mole. Já obser,vei, e outros o fi– zei:am igualment~, que a -gar– ti'.Í: dç, romaRtis'mo âs- es~olás se confundem em nossa :lite– ratura. Nossos parnasianos, poderiam cnama,r-se os. ' últi- ___________ _;;; ______________ -, ... --- \ ....... (Continuagã.o da lª pagina) ' E para terininar, nos digam se não é 'muito d\z quando nos :fala àssim: poetico 11· que ela "Ah, eu quizelia ser aquela arvoi:e . coqei,.ta pelÂs garças !'francas de vôo inc.erto~ Ai,vore plantada -pelq acaso à • mát•gem do rio enorme! A-rvore de frondes anantes, desejo,sa, .quasi huinâna, ·que se arrepia,' ao coi1 ~c.to das penas· dos papagaios ·Arvore que tem. o grande amõr do v~nto e . quê dá _.sombr:a para· o gad_b ' descàhsar. que passam! A:rvorés estetil, ar,v\'.)re ·bela, arvore 'fresca, , arvore am:!lnte de todos os. c):é_pu.scul9s que passam. !lrvore do pens;,.,,menty das outras arvor.es! J;>or. amôi;- de Deu~! ~e tsto nã9 é poesia-, não é poes)a também a onda marulb-anqo contra a praia e o 111ar :escorrendo pelo tro'noo das arvores, .. Á CRlTICA DE JtA.RIO DE ANDRA·DE cem "este livro magnifico", ·'"obra notave1• . ~ até o "genial'\ co1no se o seu' aparente dile- - -tanti~mo fosse apenas uma, roupagem elegante para •.o S!;!U ' gósto de avaliar e julgar". Is– to, a.Hás, rião tem grande iin– po11tanci.,I, pois importante ern Jiteratúra não· é o que dize– inds .que vamos fâzer, mas o que faze1nós realmente; e o certo é ·9.ue :Mário de Andrade rcálízoit uma · q•itica ao més– ·me, t.empô de interpretação ·e julgamento, mán·tfesta.ndo umà preferência especial pelo ver– bo "ser" pa ter<;eira pessôa do s1ngular do 1nd1cativo tires~n– "te,, o que b.em lhe reV!;!la o ãn1mo opin.ati:vo ~ ju)gador. Esta é ',ll);)a constataçiio, aliá:,'; Ql!Er se pode .fazer na obra de qualquer -critico que riega a fut).ção ju_Jgadora da critic•a: ele julga conciente ou inconcien– temente como todos os O"Jtros. qompreende-se, poj.ém , que Ma– rio de Andrade nao ap.rcclasse m µ ito essa faculdade ele •jul– $adót, J,vi,; nesse, ter,·,?no :,ão se s,.:r.tla nem mul'to forte nem O)l,litO Seguro, 1:>a~tante pi;rd'11• larlo e s~m economia n.o. nso d:,is · pa_,.,v,as de louvor: ele 1aí t1·-,nsfg1a de vez em quando ertlbora nunca por.~ inter.,-,sse' cálculo ou qualquer 111ott,Ó menos decente, mas . po:- ami– zade, .Pº1: generos_idadc., pór .displicenc1a, . por aversão· às brigas- pressoais-.. Contudo, pará os ~ue ·sab_em ler nas eptr~i– nha~ a opinião ele Maria ,ele Andrade ·acaba se manifest:tr.l– do p1.ena,tnerj:Íe . .Ele poc((a di– zer objetivameilt!!' de um au– tor secund'ário que se tratava )'~,~~~ de uu.m . grande escrito.e" ou de· um l_ivto i:nediocre que es– távamos diante de "uma obra tiotável", mas no tratan1ento g_ue lhes dava, na situapào e)n - qt,te ?S colocava; _nos jui2;os que 1a lanç~ndo no . decorrer do artig'o, deixava uma lar«a ' .b margem para que se p.e;rcebes- se, por baixo dos abjetfvos amáveil; e. afl,nal inócüos, a mediocridade d.aquela ,obra QU a· pequenez da9.uele autor. Que se lêlam agora . novamente, a ~te resp~ito e cômo .ex~mplo, os seus rodapé_s sôl;>re 9.s !i~~: Tasso da Sllt>êrra, Menotti qel Pjcchia e Ribelro Couto·. Mas "o jJ,tlgamento ciit.Ico" - como escreveu ~nry Ja– mes ao lançar ~s, ~"ldám~n-· tos d,. ct'litic·a norte 0 am·erlca– na - "sendo, em última aná– lise, µma avaUáçã·o de gualiâa– de espfrltuál do artista; é ao me$mo tempo moral e estéti– co". Nos melhores capitulós de "O empalhador ile passarinho", Jl'a9.ueles qiie •.fôrarn escçitos sô. - bre H\rt:o!i óti' autores realmen– te stgnjflcátivos, .vemos, q u .a Mat·i~ de Andrade proc.utava est,µiJ?r simultaneamente lt· per– sor.:i,.1dade ~qo artist,r, o con– ,t,;,11do humano ou so~.1a1 d.a obri, e a técnica forntlll ela consó:ução. Não se detinha aponas no exam·e do processo técnico. ·mas também,- não lhe <pai-e'cta que •.•-ma obra' pud,,sse ex.Jr.t!r som.ent,; pelo seu a ssun– to. Tomava como. insµp.orta• lrel a tola (;loutrinação de qu~– a literatura pode s~,r u1na có• pia, uma si~ples obs.erva-ção da realidade sem, a · dei!ída trans– figuraç~o pela arte. Condenou CONVITE- GASTÃ:0 VIEIRA Ve1n dar-me um peijo. Quero a tua bôca col~da à minha., bem Únid~, assim. . ·• I;Iec1 de te ver entontecida, Ieuca de olhos fechados toêla entregue' a mim. ;, U~ ~ra :ri.de ·bei_jo, ai::dent~ ,sem ' ter fim. car1c1a:idoce e rar-a, mas ~ao poq.ca; . qlte seJa éomo um grito de--élarim anunciando à volúpia da tua bôca , •• Descerra os olh-os, Ó· meu sonho de ouro - êsses teus olhos langues de pi·azer que torharã() meu pelto ém fe1,vedotb:o. : • Vem! pali):o~ira do ~e.µ 'l;l~m-querer. tesouro em q:ue encéttei, fneigo tesouro, tanta ventuta e tan~o p~deeer! .. . 1 ' . ' ' A ATIVIDADE DE ANDRÉ GIDE ' RIO - Vja Aérea - (A. U.) DepOi,~ .dos transes espü1hógos p_elos quaes ,1>assou dul'.ante a ~erra, M.dré Ç}1de, nã' lielã ~d~de _de '75 a~os; continQ.a a pfodu-z1r e ·a .,figurar no caí:,taz literã.rlo\ Noticia-se· ter êle p,is– sado o Jnverno •no Egito e ' estar em vias de. pub.1icar mais dois novos livros: um, denominado "T),:les'e!{s'!, sôbi'e. cujo gênero nada .podemos adiantar, e o ou• tro :U!l\ novo volun;i.e do seu. ex- traord,nario ''J:ourna1" · · · . . ' . ~ co~c.,ie~(emente a ínctí,ltura, o puma,nsmo,• a let<iând:ide.. o mau .go$to. se1i11?.r.e denJ.tncian– do nõs seus artigos ~ os ên;os ou as deficiênci'a.s dé "têcnlca, de fo:rn,a, de estilo· O que Marlo de Andrade proonra•;a eH1 tni– meiro l11gar nµm l)OetM ou num romance não era o seu conteúdo, a ,s-ua ideoic,gl.\ ou a tendência espiritíial •19 autor. mas .o caráter artistiao, a sua b_eleza, a .suá realização esté·– t1c,a. .Nunca lhe ocorria afir– mar que un:ia oora sUQ$iste ou sobrevive _pelo ect)t-etí<i.o e Jl.io pela forma. jlOis estavt, ce1't-O 9.ue ~içatameJ".te a situa.,.oo contr.ána, a nã.o w:- en1 ,·a~os exce!?&ionals de f.{e11ialidade criad61·a, é que l'~!>!·esentava a· vei:dade.. E isto n1~1110 <ele es~1·eveu seth q 1,rt,)q11er besi~ t~,~5o •numa destas págil,:\s · "Em arte,. à forp:1a bá de j)re~ ,;,a·Jecer sempre estettc,Jt',e-nte sôpr~ ,o assunto··, ,,cre~c-~•l t.-)Ji.- (lc,. eil) o.utro ca)'lft,.1!0: · J;; se hoJe veneran;tos' ur.;1 Bocage, um Gonçalves Dias e ,,,:•nos tantos· nomes, v-lvo~ '.!O >.en,Fç;, i\g-0ra sossobraeos em nossa 1n– diferénça, nós sabP .tn.os que os que -fic<1rani, :ficai a,il 1ne~os pela sua mensager11 elo que por lbes ter dado form.l cornpe.– te)'l te·. l',1ensagens qu~ se eter– nizam porq4e belas i;nensa– gc-r_s·'. - A Escritores portuguêses con temporaneos: Fernando Pessô.o "Tµdo o que em mim ~n,e está pensando•. . ; E fôi, também esse. excessivo intelectu~,no q1,1e cr eou ·o seu ín.- ..l~~nio . . 'A_ sú'a tragédía _'foi ~ de _tõdô cerebral. FoJ a, d!? q\!C ~e fehtlu• venpldo por mna ~fe11gené1a que l'\13tava o c.9raçi\O. Uma ;n té\1gene1a. vasta e luminosa. mas co1no um s91 í1,,o. Sentiu-se perd!l:lo 1\a:s paragens gélidas do pe:11.sainento abst:rato; af>\stado da vida. lon11,e: do càl~r vivificante dos sêres e; das cousas deste mwi• do. Dai •C) seu ' desejo_romântico i<le ev:asão: "Ah, seja 'Como fôr, BGja par.a onde fôr. partir!'" Pártlr, livrar-se dessa -tortnrante. vida do pensamento que o condenava à tristeza e à esterilidade, quando êlé sentia que "Estoit'.am &1)1 espumas as minhas ansias ~ a m-inh~ c.arne é uma onda dando de e'ncontro ,a rochedo,a!w ' . . Ah. se pudesse eva,,iir-se dessa fr-ia prisão da iútelige.ncia méta: física que .º ence1Tava! Nunca .o pôde: O setl destino fõ~ ou:tro. · E êle o sabi.a: , "Serei sempre o que esperou que lhe abrisBl!m uma porta a.o pé do [uma parJd!! sem portal" . ' E essa foi à tragédia de µm hometn quec os vados · homens que eram Ferna'tldo Pessõa contaram. - F, p. M. • • • A N IV E R S AR 10 Alvaro de Campos No tempo em que festejavam o dia dos meus .anos, Eu. era feliz e ninguém estava morto . Na casa a~~iga. até eu fa;z,er ânos era ~a tradição de há séc;Ulos, E a alegria de todos, e a minna, estava certa com uma religião (qualqUei:. No lem.po em que festejavam o 'dia dos meus anoa Eu tinh~ a _grande "aúde 'd.e não Pt11'ceber coisà n~nhu'ni!l De li<'•. in!ellgente, 'par~ en.tre a familiá, . ' E ,cl,e · nao ter as esperanças que os outros tinham por• mim. Cluandp v!in a . ter esperanças. _Já não ·sapia t.er ésperanç;as, Guando :vim a. o)bar para a vida, perdera o sentido da viila, Sim, o que fui de suposto a mim mesmo O que fuJ de cpração e piu:entesco, ' O que fui de serões· de meia-província O que fui de amarem-me e eu ser menino O que fui - ai, meu Deus!, o que só' hoJ·e' sei q ' "'l "'d'ân U&J.1.1. ,. .,. gue lst eia , .. (Nem o acho.,.) O tempo eni que festejavam o dia dos meus anos! O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do Pon.ão grelado nas pal'edes... fhn da casa, ' O que eu soU: hoje( e a casa dos que me . amaram treme attavés d -:..! · (minhas lágl'imas) O que eu -sou hoje é tei:.e,n vendldó a casa, E' terem morr.ido. todos. E' elítar eu. sob;'!lvivente . a rnim-me1m10 CO'mO um fósforo frio .•• .-Pt'edomlnantement e' estético, 9,u,_así ' direi: absorventémenfe estético, foi assim o oa1:áte1" da c.rític·a litel'áfia de ivr ario de Andrade, que agora. i;e encon, tl'a. em ,"O empalhà<.lor d.e pas– sa-ru1ho . Ele pcóp'- to con~~s– sou mais tarde, no ·ensalo "Hle– gia de. Abril", q,úe naqueles dois anos de . rod·;ipés SP.!11ànai.s jt~era da técnica o ~eú. ''(•,1:válo de. batalha' '. Foi 11or Jsso 1>1ui– to hostilizado e muito éon,ba– tído por todos os; v.::fmárlos, por todo.s aquel<>s qu,;, anil.a• vam muit1> anéhos e sa(1~(,,;tos ccn~ a vitória qtie Jhú~ dava , , sucesso de obras sem estH:, e Se•n ·beleza t)Um 1neio J:Jt:t·o e_duc.~<!º em n1a,téria de a"tté hterarra .. No artigo "A .r-apo-sa e o tQ.$tão'', defini~dQ con1 Ta- No tempo e.rp_ !iue festejav._all\ o dia dos !t\"-\!S ~no11 :. • ra tl'~de;a e Q.ig (tt;.:l:n!e a ~\i'a Que meu, amor, como u~a pessõa, êsse tempof pos1!:.ao de crij:100, de11-lh'.es· ,_,.Desejo -flslco da alma -de se encontrar a).í outra .vez, 11(.-ric .de ,Andrade i·1•na te:(p >s- -- "Por uma -v'iage'in me-tafísí,;a e carnal, ta .m.a.gistt;,.l, cottd111..~a '10 iif! Com uma aualida4e de eu pa,ra mim... ~4as p:vçl).c;,siç9e,;f à ~h1 desafio : Comer o passado como :Bâo de fome, sem temp9 ,%é manteig'J nos ~ ·as ~u desafio g_ui>·n \{ttt}r . l•VE< [dentes! S! J}' a me lno.~_tr,n lL'U só pc-- . . ti<Xlo construtivo. ele ;1rte e,m Vejo tudo outra vez com urna nitiqez que me cega para o que há q!ie a preocupaçao da í?r,ma . _ . . . (iqut-.. , n.a_o. íos.se elemerito. p.rlllc1po1'. A mesa poala com mills lqga.res, com mulhores desenhoi, ~a loiça, J.;: ~stl} pvedpll}I!lanc1a d.~ carac-. . [co~ mais copoG, tE.'!1Zjlçao ~stetica é qU:e c!-1..~á O aparador com muitas coisas - doces. ~u~a.s, o "re.sto, ·na , som– afinal t:rma J?.e:rra~neroe _a,t11a- . , . b;a debaixo do a_lçado -, 1,qsd,e à cr11:'i!)a d~ 1\-ljl'J:>• e,ve ~• .tiaa _ .velJl'!,,S, ~ts pr!mo.s, dtfe.rentes, e tudo eta por minha "~""ª· Atldrade .. 1'/Ia~s tar:l~., s ,, ,;ô- No tempo e~ que - fe,s{ejavam o "aia dos fueui; , ano.a ... . · rf'rr, retifu:adas qu •1ltr'ap.:'&,,a- · 'éa~ as s u a s 1r1~erpn\ ta,cóes, P'ára, :ip11u col'açâo! cc;\):inuarão int.oca-l-:is e , ~~o- Não penses?- Déix,a o p-ensar ha. cà:lieçat 1·1~:•dos ~ tão finas: e sêg,.,,i,,, 6 meu'"Deus, n1eu Deus; DJeli BéúlíJ obs.,,rva.çoes de_ ~ie:l<'la' 1rt.,~:\:. H~ji• já não, faço anos ~i~ que ~!e l;l_OS de\x ia 110~ f~us Duro. 1•,;1~;c1pa1S art!~-0s· sl)b~e a a:1:e Somam-110-,nu1 dias . pO'é.t'ca e a tecnlca da Pfr~3 . s ·erei v'élho quando o fôr, M~is .Jiada,. _ .. . . , . Blnva d~ 11ao ter traz1~0 o passado roubado n,a lll!Jil;li!ira! .. , (1) Obras cQmftletas de l\1·r-- o letnP,o em .-que fes.teJ.avam o dia dos meus anosi : .. rlg _de Andrade ~X -- •-o , ' empalhador· ·de passní:.inh'o" _ ._-, ., Livrar.ia:' JVJ'artins - :E.,dito,·a - São. Pau}o.-- )1116. '"'.!>ira rem.1ssa dG livro~: Rua Duvlilier 1 18, ap. 502, · · \

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