Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946
• . - ~~~~· As idéias, os sentimentos e ClS juizos de Mario de An• cb'ade se modificaram diver– ii!I.S vezes no decorrer dos 1Seus quasl trinta anos de presençá na vida literári;1, Cl'iando verdadeiras :fases na • • r I ' "- história do seu pensamento. me não· tin.ha . .na verdade, o Jpais tolo dos medos que é este de pareéer mais ,tarde contraditório. Não sendo além disso ~ que ~ pode chamar um artil;ta puro - fsto ê: um artista somente da própria obra, murado den~ tro de uma ver~de politiça, :moral e estética, conquistada e hlcorl?()rada definitivamente como direção ~clusiva - Mãr~o de Andi'ade · tlnha a-pai– xão dos movimentos culturais, e por efeito da sua apostóli• ca vocação de participante es• tava ·sempre se sentindo cha• ma(lo a confrontar as suas po– f!ições é opiniões com 03 acon• ,técimentos do dta·. Porque es– tes se apresentassem com a mobW.dade e _ o ésptrito de ~ansformáção das cousas que se renovam com muità rapidez para. znelhor ou para pior, ó escr itor igúahnenw· ampliava ou retificava as suas tendên• ______________. •-----»· -,.-e-to--~:.-P-A_UL_·_O_MA _BAN ___ HÃ"'.''."'O___ ----..-----------:NVM.=:":"_-:6 I Domingo, 30 de junho de 1948 - • -:=========================::=======-=•=•=· •=•=-=•=-=•=•=-=•=•••0•1~d..,·-•-"'-~..,•••'"0•111-,o-"•"'-•~'-' •:P-- ele um rodap~ de critica sema~ nal, do qual veta a se afasta~, , aliás, com en.fá40, desencanto e decepJ;ãQ, P9rque ·a sua St:tn• sll>ilidade não lhe permltla érJar um estado de desdenho-~ IJÍI ind.lferençá contra as lnJ;ri• gas, as per:fldias, as ·moleca• gens e todas as misél'ias da vi• da literãria que sempre pro• voca a ação de i.µn critico conclente. De qÚalquer mollo, nesses dois anos· de c),-ftica :re– gular e semanal. Marlo .de An• d rade oontruiu uma das suas obras mais fmportantes. a m:iJs bnp,ortante, pelo menoJ;, com~ simples das idéf!ls que expll• cam a sua posição moral, li• terárfà, estética. Nos outros ensaios, ..nos da critica avulsa,. a meditação, o cuidado da com– posição e o -tem_po às suas or. dens cortavam-lhe de cert.i ma• neira a espontaneidade. lmpu– rihaJD.•lbe. com as hesitaçôell e as ret,ificações, uma disciplina cautelosa para as opiniões; na crJtica profissional, a obrig/1- ,;ão de escrever e publicar 110 i:Ua certo detern;l!nava logo . uma .~0_,0...,0~~o.-1111r •-0:-o-u ■•tt•o1 ■ 0-o-a ~-- ..."\. JORNAL DE .CR1TICA • 1 A Crítica 1 (Especial }farà a FOLHA D O NORTE no Estado do Pará): ~~-c:f!!!í~-,"0i~:•~- --- .,, -- ~ .... -. - ,_......__-~ - ALVARO LINS -- , c:ias naturais, misturado és-– nettamente com os probfe1na11 éios seus companheiros, in.flu• enciando e sE1ndo influencla– llo em proporções que Dão são comuns a qualquer outro contemporãn,eo. Isto decorria do seu ea.rate.r de escritor de· ~ão no plano literârlo, uma -espéc~e de politico no mundo· das letras, atuando tanto-com ~ sua doutrinação epistoJ·ar co- 1 .mo com as suaSc óbras publi– cadas, e neste sentido ' é que gostava de se comparar com Valentim Magalhães, como ·me pressoes e conceitos, e mais as impressões ão que os con– ceitos, como um testimunho <!e que estava semp.re reagindo em face dos acontecimentos e ten~ dênclas numa posição de inal• terada juvent\lde .de espírito. E' possivel, por exemplo, que o leitor atento fique ,per;plexo, ao veffltbar que nas vésperas da môr.te tfnha e.scrito: "A fun– ção da arte é• se.rvir", sem completar séquer a frai;e nl!, exigência do verboi quando em 1939, dfllJlte de uma enxurrada de romances e poemas. de fins do que propriamei;ite por va– ria~ões naqueles conceitos es– senciais que àeri.vavam de sua posição estética. Muito li ~d.ot por deliberação voluntária, ao critério de utilidade e neces– s ·i d a d e, comportando-se .dé acôrdo tom o papel de 'lllll cr1-· tico em estado de permanen– te vlgilAni:}a. .Mario de. An• cbade. inclinava:-se mais para um lado. oµ para, outro, eon– forme a filíionomia do ambi• ,. ente: quando havia na vtda.M– térárla -sintomas de amoleci– mento e fraqueza, indfclôs de uma petda de contacto com a · vidá natural e com as fontes de in!;I>iração vital, cOlíl os eS;– .cxitores pouco sensiveis aos ,problemas ou dramas dos 00\!8 ,s_emellí~tes. ele tomava J)OSI• ção contra o estetismo .:our.e; valor~ndo predominan:telnen– te o eonteudo humano e soeiál ela llteratura; quando· se- vert,, . ~ . . ficava, ;i.o contrã1,10,. uma ln– vasã:e de ll~atol! primários, mtóxicados ~e · u m v a g o hu:r.óanital'ismO e d e s ti t u ·1.., dos · d.e / qualquer sentido da arte literária. com a os.tenta• çlío de obral$o.Jnformes . P. des• manteladas: como modê-los de senil-analfabetismo, ele se co• locà;va eoi,,ajosamente .contra essa falsa lit.erafura social, va,. lú1iztindo superiort1J,ente o t!ll– ,:taier ~ético, o est.Uo, a. c 1 o~• po.~lção, a f,erma.. . _ ~ Iáto -expuca q.ue M,r..rlo _de Andrade, desde os prillcipxos do mowmeut'n moder,nlBta alé t as véSPeras da ,morte, te•lba exercido uma grànde atividade critica, com ar,tigo.s- e(ll re'l!iS• tas qu jornai8, numa f">ra1a de -éntlca a\!UJSa, .feita sôbre te– mas .ou. livros de sua e11e0Uia exclushia, oeupando-!!e ap.enaíl do ,ide lhe Cri\ P!l!t1cut,n:men• -te agr.adavel o~ desag;ada:11cel, sem a ffll)o'nsabilid.ade e o· senso de direç!lo dos, critieos profissionais •. No ~ntanto, dú– rante. dois. anos, dos melados de 1938 a:OII de 1940, oeuppu-se \ <forpi~ l)~a as. pr_!meiras e mal:i sinceraa; ,mp~essoes, força:1,ra– lhe o ânimo C(lnt,ra a tnibj\µio élu 'a timidez; tevando-o a ex• ptimil: jub:os ou PQµtos de vis• ta como não o faria em outra~ oportunidades. E não delxa de ser sígnffi.cativo que. ao orga– nizar as :ruas obras compJet'as, Marlo, de Andrade tenha cole– inonado esses artigos de critica par,a aparecerem como o filti– mo dos vinte voltmles . Acre• dito que ele tatnb~sonside• rava o seu "O empamadot tl·e. passarinhb" coll),o uma espécie c;le ébàve- -para a compre;en.sãb da ada atitude de artista <i), ·disse nu~ d~s suas cartas, ro– go se; explicando pará evitar a óuração do espanto: "Ele 'era 'Uin méQiocre, bem. sei. _mas . tiill)a sjdo de uma atividade. ·e · :útltrdade estupenda que o vàlo– :rf2ava_ Assim, ao lado de cer– tas idéias, :fundamen:tals · que fó11mavim como que a base da sua estrutura cultural, Matio de Andrade modificou bastan– te, em várias fases, as suas t,a~ ..., __ _,,. __ ., __ utllitartamente poliucos, mas'--- , em geral de péssima, qualidade literãrla, escrevera resoluta- • mente num. artigo de critica: TRANSFORMAÇÃO : "Neste sentJdo é gi,_te _mui~ li~ teratu.ra , social de ho1e me iF- • :tita". M/lS, nas duf!S épooas, a ~ .. ~s::::~:::•.i:~;::::;-:'!_:::::S-5::::;;-'.5::s:- :s::::>J presençà de fatores •. externos explica as <luaa atitúdes, co– mo outras diversas que se po– deriam colqcar assim defron– tes. com ÚIJU!. contradição, aliás, m_a.Js determinada _pela- apa~ rênc•a ou pela oportunidade l, M~ peito é l:lm roseiral em subita eclosão. Está des ~btocl:tan.do . em mil rosas v.erme,lnas. Como a fogüeira em brasa a romper-se em clarão i A& corolas se abrindo espalilanam centelhas · Côr de- rosa fulgurq. em flôr meu coração. . . Percebe-se, aliás, com mut1:a clareza, ,que Mário ·de Andta• de tra,zta um programa perfei• tamente d.efinido para e;i.:ecu• tal' no exercfcio dá critica :ior• nâ.Ustica. que ha:via un1c grupo de. problemas e opiniões . que·, êle desejava laliçal' exat.amen• te, naquele momen,o e por aquele meio. Do p'óilto de \'.iS• ta dó gênérQ ctitico eín Ul:l~ a sua irlteg:cldaáe, 1Jma. mubla– çã;o constante em :nuitos do.s (Continúa na 3:& pág.) , A luz é nova, mundo, a luz em que te espelhas E te faz reflorir e sorrir-me à visão Como meu pr&p.l.'io' àinôr; a Uin r-0seiral semelhas , •H*****-klc***********~**************** 1 ' ~ _ Poesi.a De Verdade ... • . - ....... .....,.,,,. ... ____ .._.,,., . CÉCILMEIRA 6 pudesses manter, mµndo que me surgiste Nessa'·transfol!J);;a4j;ão assim .ir,iraculos.a A luz que te mudou a velha face triste! . - Manter pudesses mesmo evanescente e vago No fundo do meu Ser teu resto côr de rosa 1 fffc>fY. v-~•.,,,.,,. "I ltIBAMAR DE MOURA Tive ocasião de ler, em um jornal do Rio de Janeiro, interes- 1ante n9ticia· literãria, ·assinada ~lo .sr. Fulgêncio Campos, a .res– peito de um possivelJilágto do cQJlhecido soneto "Odor <li FemiI!a'', ,s:l-a al)toria de Gonçalves Crespo. O trab'lllbo intitula-se "Noticia isôbre um plágio desconhecido" e 11ara conhe- C@lpO a sombra d-0 Sol se mantem sôbre a lago, ; ldnda não 11 o livro do sr. Povina Cava1ea~tl: "Ausern:ia de . J)Oesia", mas pelo que .tenho ltdo no$ çomentar~os a- t~peito, esse 'i)ubllclsta- aeha que a poes,ia anda ausente dos versQ!I modexnj_s• tas .•. Ota, eu gosto de certos versos model'nlstas e se às vez.es - nao chnenfu geral l,loJ; intelectuaJs paraetll!es, trans– i:revó as observações do sr_ Fúlgenc.io ·eampos, e tomo a liberdade de por mim dar o meu pal– pite a respeito do assunto.. Sempre tive admira• i;ão; qu.asl veneraçã!), por Gonçalves -Crespo. Sempre o achei u.m. p_oeta nobre, de -sentfn!_ento~ elevados, de inspiraçao :franca e. viril, e nao fot sem um sêntimento de pesar que o vi, em dados comparativos com outro escritor, indicado como um possível plagiador. O plãgio, ein última ana• lise, é um Jato literário grosseiro. Não resta dú· vida que, em alguns dasos, o méro desejo do cr.t– tlco de ser original é que descobre "plàgioit". on– de apenas exlstem,, nuances, similltudes, ldéfas convergentes, einflm uma certa afúl'idade e-~p~– l'itual, mul~o explicâvel entre os escritores. ~. no caso presente. trata-se de um plâglo grosse1:ro, tal a repetição que. exíste entre os dois trab__;l- 3hos comparados. Mas, entremos na apreciaçao (lo sr. Fulgencio Camp9s, que diz assim: ''Em um artigo publicado na. revista chilena "'Atenea", em que. o escritor Hugo Lindo divulga a liter atura de São Salva-dor, encontra-se wna refe– rência a Ramon' ]([ayorga Ri-vàs, ilustrada por um lloneto deste poeta ., Ac9ntece. porém, que o mes-. ro soneto se encontra nas ''.Obr às Coropletasu de Gonçalves Crespo, sób o mesmo tftulo, inclulddo entre os trabalhos do livro "Noturnos", cuja e • f– _ção original apareceu em 1882". Não foi possivel determinar o autor do·plãgio. Sôbre o poeta de São Salvador, ap~nas inlor~ o articulista que pertenceu à geraçao romântica ele 1880, não tendo sido possivel deste es.tabe– l e-cer a prioridade por comparação cronológica_ Para que ,se possa avaliar até que ponto os dois · sonetos eonsti~em u,m único soneto, vamos trànscr evê-los: • (De Ramon Mayorga) ODOR DI FEMINA EÍ'â, austero y sesudo: no existia :fraile mãs ejemplar en el convento. en su escualido rosto macilento lllm poema de llanto se leia. Una vez que en la e~tensa llbrer1a bojeaba triste un ' libro amarillento, càyó convulso y torvo dé · su à,shinto, sin vida en la marmórea losa :fria. ' 1:>e que el f.raile moli'Jrja2 --, No hay historia eri el claustro, que de eüo haga n1emoria, ':$ velan la verdade misterios líondos; '.Mas cuentan que un bibliofilo comprara e1 libro e'strano y que, ai abrírlo a:llara unos cabelos de mujer muy blondos, ,. • • • . ' (De Gonç_alva ~eapo) ' ODOR DI FEMINA ' _A AU,erlo Pimentel Era auster'6 e sisudo, não havia Frade mais exem_plar nesse conven1o; No seu cavado rosto :macilento Um poema de llignmas ~e lia. Um.a · v.ez que na extensa livrar.ta J'~lheav~ o triste uín · livro pard~centl), Vµall).-nO desmaiar, cair do assento, ~vulso e ''t<iivo, sôbi;e, a lãgea fria. (c-tinúa m i_a pagúta) GILBERTO AMADO Ocios De Um Espirita Sonolento J. ALVAREZ SENIOR Nº espirito do• Jlomens da mh,bn Idade .o pasrado b:lerusta, par11 sempr•, •• suq melho– re• lerob:tanças. l:rúre aquela)! .que ainda hoje me- enternecem,, oiço a voz :t.mlnb:la que mal<!I! ~leíte me cau11a\ra há 40 Bll08. -Erâ de wn timbre lúnpido como á:gua ele '!! &rte.at 'e, -doce como alguma coisa do céu e ,fascinante tal ff f6ra "B\ll'Um )JOlabll.... . . • ENVEL!IECER é 11' morrendo • - velho • ter morrido. CONHEÇO livros que &ão como o bolo álfmen– l{clo: quanto mal.s a gente os lê mais . sabor lhes descobre. SE Decus quei- ver e não lhos .tire_ a mulher · feli:r, d6-lhe filho11 AS mulheres que en:velllecem aolteiraa precisam, como os frutos IU!ZOnados. na ;uvore, que ·• alg:u.Sm aa colha e laboreie, an.te1 que. a múu- ·raçâo as tl»ne indeaejávela. · A fórmula de Tbieta - o rei :reina maa não go– verna, não é somente l,JOl'ítlca. Também no lar a mulher irelna, mas não govel'JUl. • A Natureà :11.8911 ao-velho que ·se c~ o dom da posse. Conced.:lhe a esposa, mas recu~ &a-lhe a mulher. E' o casiil{O da sua imprudin– cia. E o amlgo ímimo - "voiJà l'enneml". A luz solar é · impied.osa para os y,elhos, ~ que lhes acentua as rumas. A viuva :z,.ova é uma fornalha abafada. Puxem ofego .e verão. SEI. d• '!lomes cujo •a&lo não se, tem com q,;ie p%eencher. O germen do homem. fum"o má no 1~. o mun- do ruamente lhe !Jra an,illo que o J:ler,;o Jhe dá 1 E' no l;u- que a criança 11e fCll!ma, e 6 dentro dêle que recebe os Influxo• mais p110- fund011 que not'l!!!U'ão, pela vtaa fóra, a sua nah>re:sa 11\0ral. - Í N,A -.ida ~ re~o eJltl'e oa sexos, a função do homem usu~-M em pedir a a ·da mulher em dar. A s múlhe"u de't'em vma l>a P.U*• do H\I 6,ciío aos homellS', C'\1.t• f♦l!Ufhicta para 'exaltá-las ~- tol'pa ,mais ~ . do 1 CJD_:• na l'ea_H~~~: ~o. (V Jeologos consideram pec11do o contacto du mãos do homem e da mulher. E tlim ra– zão: foi· a n(!l&a mão, colhendo o &uto ,proibi• do na ,r.vore do mal, que lntrodu:du o pec~o no mundo. O mala perigoso dos orgãoa. hwn·a– noil é, com efeUo, a mão. Quantas desgtaçu e quanto• aofrlmentoa não tem semeados. , , SE a mulhei- p:rodu:tlsse, como a obsc\ll'a e, hu– milde mhlhoca, o ovulo e o aemen, ela se bastaria a ai própria. CºM faéllidade noa caaa.moa, dade aabemoa ser casadoa. mas com diticul,,. ()S filhos pertencem aoa pais e1, a adolescên– cia. A partl.r daf, é a rua que os gciverna. SE desejas que a mulhe% a quem cobiças vo- Dha, depressa, a teus maços, procura inl!Pf• rar•lhe piedado. Ela será tua com as Ulgrlmu nos olhoa. J:' a g.-ande t .ragéclia da sua vida e a. comédia da t11a. . O homem cQDal não da velhice. • é o da mocidade, ma1 o A Natureza é credora implacável. Quem lhe deve paga, CEMITÉRlO: - Lugu onde as viuvas bonitas · encontr~m o prlmel.ro ou ·o lle!JUJldo amante, A v!da tem os ruipectos qúe a ,ioss.a Idade lhe . empresta. O moço não 1l pode ver nem con• s,deral' dá mesma forma que o velho. A beleza, a graça da mulher dependem dil hora • em q;ue se mosüa. 1 Nº coipo da menina qua ainda não atingiu a pu- l berdade, o lnsiinto amoroso 'dormita como o , Babo% nallvo no •fruto po:r amaâurece,. ' A múlher que se ofe:rêce a.oi nossos olhos, na so- ,cledade, sã'o duas numa s6. A que ,vemos e nos 9'1du:1 , plntàda cl>mo pano de cenãrio o deb!l1xo desta efliá oculta a verd«delra.- o ho– mem delia-se com 11ma e Ievank... com oul:ra, entre Slllpr~so e dece_pciona·do . E' a 1Úa primf!l– ra desilusão no matrimônio e durá por leda a vida. O trabalho ~• barbear-nos, todos o.a dias, fu– . · nos lnvefu os clihtues, cu.Ja falta de pl)loa llO roato lhes permite de11eonliecer a tlranfa do 'IUO da n&cvalha. Bem ~é:aâo tlnhlmt °' nossós an– fl!Panàdoe, débcando ei.oaéer a. barlla• tori-encil– alment~. ____,: .. ~:.{·. , ........ .., --;;;;;;--- .. -:;;;;;,, suporto as incriveis tltadas metricas de Fagun– des Varera: Pomba! - varou-te a flecha do destino Etc., etc., etc. e tal, e outtos quejandos pavorosos ljl"ismos de ~tanno muita v,ez me. surpreendi comovido diante de mui• Jos versos inodern,os que ,;ne revelam uma poe• sia onde hã não s·ó muita ten) .u.ra húmana, co1no um sentido pro:rundo que ob1'.iga Q • ·p~men• to a tómár parte em n.ol ;llla emo.ção.• • .Por eax:emplo, es~ livro de versQS. da Ad:i\l• cinda, uma das nossas poetisas da planicie' ama– zônica, que ela intitulo.u com :felicidade de "'Vi- d l .. . enc a-._ Quando ela nos :tala daquelas "vozes qt\ e vêm sofrendo -na meditação dos séculos, que vsêm sonhando no ascétisl'no do tém,J?O e das 'hor as, que vêm brincando na co-rda de lu,z dos clias". isi;o me com.ove, me :taz pensar e me enche .a ahna de ritmos novos, _. Não compreendo porgue alguma$ pessõas saudosistas da velha maneir,11 de verséjar, (a me• trica, a rima, o soneto, étc.), abanam as vezes a cáb.eça com ar incredulo e esboçam um s.orr1sõ com,plac'ente para. essa. fo11ma. nova, flel.. "tto.sa, plas– tlca, cheia de musicalidade, -dos versos do$ nossos poetas novos, forma que deixa vàsar, çom rnuito mais ritmo, qtianto a mim a rica poesia de seu,s assuntos, .. Por amôr de Deus! Ouçam an-en&& isto e di• gam se aqUi não há poesia no fundo, e rnus:léa na fo:rma, se isto que parece ter a força mãscu– la da prosa niio encerra também a gx:aça I'it.utic.a do verso: ' Da irdgraç_ão uml93 e mansa do crepusculo, ;fJcou um olor de mar.ezia brava lambendo o limo lodoso das raizesl Isto até parec,e um quadro feito com irn.islc~. E cotno é épico e sóbrio o triptiéo d·estes simples vetsos: o ruido rouco das grandes idéas. e ~ito abafado dos pensamentos que o ideal violento da humanidade! se prodtt• [zem, Que em.ooão se ~tura nessas ;fx,ases felizes que a poetisa atranca como .notas incisivas, vi– brantes, d~ SU/1 imaginàção. e que se 'éngastam nos seµa versos coµi,ó cJngeladuras de um pen– sam.enJ.o sutil e pro~dol A maneira de sentir a poesia das cousa,s em Adafcinda se revéla: aliás, nesse ;poder de criar essas expressões sutis e pro– :fundas Vejam só muit&& delas salt.eadas e es~ colhidas a esmo; • , •••em todo o meu pensamento eXiste uma lagri, [ma sem de$tino! • ..a ·Jn<;>cencia selvagem d.os meu~ pés pequenfnQS que j;Hsam devagar a· tomtl'8 d'as ·noras vasias ..• ...a grande nQite dos ne,r:vos sem mngue.rri! • ••.'Um pensamento cho~ando dentro da noite [erm'},,, , . A voz de ternura que baila no arvoreMãe– pois _que a eh.uva pa~••• • • .nos meus cabelos o silencio (lts raizes q_ue a [maré cobr:e e desco.bre.•• •..no meu desejo a ansia dos b arcos jogando na [rnare:na .•• Em tod~ o seu liv,:o poder-se-ia catar um bando desses Tersos que em si encel/l'am um mundo de -poésui ·en. !!!U., sugestão- de U"1 pensa.• me:nto alto, e ex:quisit(l, bu.rUado em :fo.l'ma Iàpi• dar e simples, . ; (Corúinúa na aa pagina) 1 • l (
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