Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946
- t ~ ·U - r:I - 8 - O-O- ~.-.u,.. ,4)-•6-•~-o--', NAO EXISTE llNGUA - -------·-., .,.------.i' ____ Cli--ru:O~IDADES BlOGRAFICAS: Haroldo Maranhão ------ . ---1 .. ~ .. "!;~,.,,.. "··-· .... u,.... • ~··· -· • ... 1 CA RVA L HO 1 FALA O POÉTA ,MANUEL BANDEIRA - NE-NHUM "Pensei que nevava i 1 IDIOMA É AUTONO'MO - EM SÃO PAULO SE,.VDEI~ lu-ios . . . .::J::h" branc~ ,, i . , "ANTóNI0" - NA VENEZUELA NÃO SE FALA O amada v.1 apaxecen o .. · •-~•-•-.. ... _,,_,......,_ ,_,_, NEZUELANO", MAS SIM O ESP,.ANHOL \ RIO - q1a aérea (A. :U .) - que .o poi-iuguês dlz.. E:vidente– :Acêrca de uma sugestão' en- mente, trata-se de um exageí-o, viada à Câmara; · por um gr.upo mas mesmo assim qtiei:o cl'iamàr de intelectuais. no senttao de a atenção para um.a coisa: mu,i– ~r o nosso idio:t\la passado a to carioca ou paulista não enten– cbamar "língua brasileira". ao de dir.eito o que diz um cearen– invés de língua portuguesa, ou- se ou um pa,raense. Isso não vimos o poeta Manuel B andei- impede que todos nós bnasilei- ra: . ros nos entendamos muito 't>em... lniciando sua entrevista, dis- Portanto, considero pueril a se-nos o poeta de ''Libertina- tese da existência de um pro– gero": · sódia diferente. Há apenas pe- -Em primeiro lugar basta pos- culiar!.dades, q u e enriquecem su:i;r-se u1n pouc!l de sé.nso .co- uma língua com1,11n a dois pa!sés. m;u.m.., para se chegar à conclu- Creio que ninguém' nunca se são de g.ue n,jio existe "idioma lemb.rou de chan;,.ar o ei;parlhól brasileiro.''. O que nós falamos e que se fala na Venezuela de ''.ve– és<..Tevemos, é llngua portugue- nezuelano" nem o, idioma :falado sa• . e ninguém pode dizer o na Argentlna de "argentinó". conttâtio. As alegações que se Ent1etanto, o castelhano se enri• fazem quasi sempre carecem de queceu admiravelmente, em todos razão. Alega~se qu.e em Portu- os paises hispano-americanos. , gal se diz "António" e rio Bra- Nos Estados Unidos. fala-se um sil "AntõnJo". Ora, em São ·pau- jnglês um p.ou.co di!e1•ente do que ro, a -pouco~ passos daq1.1i, se diz é falado na Inglatei:ra. São, po– "Antónío", tanto as$tin que o es- rém. o mesmo idion1a . critor Antônio de Alcântara Ma- -A uni'ficação ortóg-ráfica dos éhado assinava ":Ant'ónio''. Pelõ idiomas era necessana, pa:ca um que você está vendo. QS que ge- n1elhor. entendimento. Aíimna -se hera:llzâm esquecem os det11'lbes que os portugueses apr..oveitarão que às vez:es tudo explicam. a "deixa" espalhando livros . di.. dáticos no comércio brasiléi.ró . Acho que ·nada te1nos a . op.or, desde que sejan1 livros b.ons·. OM. ABSURDO E OS CLAMORES Contu1uando suas declarações, disse: - -Para con:llirmar a existência de uma língua ))rasileira - o que seria um absur.do - apregoam seus d~tensores que o l)OL1:uguês falado no :Brasil se desenvolveu muito, adq_uirirrdo outras pro– porções, e eririquécend.o-se com o tupi. Ora, o portí.iguês faiado em Port ugal é bem diferente da lingua falada n.o mesmo país n9 século Xl'll ou XIV. Isso nos h\- ► dica apenas que a língua JS.e de– senvolveu. Nenh1.1.1,n .português tqnsegul;á en.tencier os cláS;Sicos d,i.qu.eles tempo,s. Outros d!2é'm que o brai;i.1~iro não entende o .,/ . Concluindo, di,;;se o açadêmico Manue.l :Bandeira: -'Desafio um .ti1ólogo a dár-me uma prova C .ientif:i.ca da existên– cia de uma língua atitônomar Não .há idiomas independentes. ll:les crescen;i, enriquecen'hse. transJormam-se, J'(lãs ,eonttn:uam sempre os mesmos. Estou con– versando com você em portu– guês. ou em bra,;ileiro? · -E1n português, cJar.o1 respon– deu o repórter, <:Lesp~dindo-se de um poeta que aos sessenta anos ainda ;possui cabelos int-eiramen– te P.ret ps e um sorriso saudável de jovem... fMoVIMENrO L I TER nro, via aerea (,$.. U.) NOVIDADES PORTUGUESAS A "Portugalia Edftoi:a' ' publi- co~ .a segunda série . ij.as "Lidcas Po11:uguesas", or>ganizada por J'oão Cabral po 'Nascimento, co1n r:,,;roduções dos poetas mais re• presentat.tvos dos últilnos ll1'!os. desde Antonio Feij'ó até Adol;fo eas,ais ll([orl.teiro .. A escolha foi feita sem preocupações de esco– i<1s ou corren,tes literarias, resul– tando daí' uma antólo,g!a ,ecléti• ca e hqnesta. Em ediç.ão da "Re– tista de Pox;tugal'' _saiu um pe– qua10 volum"e com o "Sennã·o da Primeira Dom!ngà da Qua– -res,na. na cidade de São Luiz ao Maranhão, no ano de 1663", e "Uma carta a D . João F\Í", do pa'dre AnJonio Viéria, eo)Jl prê– i(acio e notas do prote·sor Seb'as. tião Mourão Correia. Trata-se q'e págiras admiraveis do i,:\Sijl'– rie ~oi:a)ísta e orador, a respei– to dos índios brasileitos e da :(orma como devia,n ser trata– dos. A RIO ~~~ - '· A .B.D.E. não é . uma Acade'• m_ia, nen1 um· clube ,mundano, nem uma sociedade recreativa; - é uma coisa prátléa, um 01·gão - repito - ~·e defeS'a de .lntei:.es• ses prof.issionais. Pretende ser como um sindicato dos escrito– xes. Nela cabem todos os escri– tores. Ela precisa d.e colabora– ção de todos ·os escritores" . CASSIANO RICARDO VAI PU- BLICAR UM NOVO l.lYRO Segllnd.o se divulga, Cassiauo Ricardo vai publicar um novo li– vro de lústória. Ele, que segun– do Afonso Al•inos de Melo Fran– co, plantou um marco -de!initi,, vo nos estudos dos fatos histó– ricos de ,nossa expan.são geogtá; fica, contribuirá mais uma vez para situar, com exatidão, acon– tecimentos que _flutuam ao sa– bõr de 4rtpressões ·o,postas.. Como não podi.a deixar de acontecer, o proxhno livro de Cassiano Ricardo está. s e n d o aguardado com vivo interesse. APELO AOS ESCRITORES PBóXlMOS LANÇAMENTOS Os · japonese" têm conse~idQ, aJravés da .bistó:ria de sua litera– tura, uma .experwncia q_ue º,/!'"coloca, sem d.úv.ida, .num plano de vanguarda na poesia essencial e sintética. . Aliás os orlen1ais, em geral. _par\l nao . esquecer um 11'.hal(yám ·ou um Rabindranah Tagore, em cuja poesia não existe o derra– mamento la.tino de palavras e idéias. A.os japonêses; porém, cabe o privilégio' de possuirem em sua poética uma fórma rudimeniaz de poesia, que não e:nc1>ntra símile em nenhuma outra !iler.atura. A nossa quadra populaz, que para muitos repri>Senta o máximo de concentração lírica, nada significa em face do haikai, breve terceto de s, 7 e S .silabas, por onde. na vel'dade, os jap<,nêses se fizeram conhecidos como poet!IS, O tanka, jôgo inteligente de palavras, também, e oulfas construções métricas, não conseguiram o J)res- tígi<> e a significação do- 11áikaj, . . Q'asp.ecessár-io será dizer que . essa não é uma fó:ema poéJ,ca nova< j~ no século XV•l havia ffUS culio,es, nenhum. porém, com a fõr.ça expressi"a e o poder de sugestão de Matsuo Ba~ho._ que viveu no Sli°culo XVI!, e ialv,ez o maior construtor de )la1ka1s da literatw,a i-aP'onesa. J?iz êle : ",Pajaro amigo, np devores a la aheja mliz sõb,:.e las flôres !" E quem nos dirá não foi o haikal um roieir.o pua as hum.oradas de Campoamor.? Não na fórma, é cluo, n·em no conteúdo lirico: maa na intensão da simes&, da rapidez de conceito, ""· . "'"" . "? Por. que i;ahen las genies que has pecado? Lo saben porque rezas demasiado". "La nina es le mujer que respatamos Y la mujer la nina que enganamos". ' Nota•se,. por~. a ausência da leveza que sentimos no ,ha\l<al. Clrcwutância que não dep"ec'Ía o poeta espanhoL dado o ..sen– tido de le:vez:a, aquí ~ poesia. Há mais poesia, mais c::lima poético, n'I> oriental. No .B:rasil têm apa....,.cido ienctativu di&pel'su. Eu mesmo, assi~. naland.o êssé' 'fenômeno, chioguei uma ve,: -a acentuar que não se verifica propriamente a tenia'.Uva de :realizar, digamos, um hai-kaJ brasileiro, ·nos moldes o:dginai'!, ~as o ,,.intoma, que não é difícil ·pel!cebel', de que. a poesia se dirige p81\'i' -a s.íntese. Agol'a mesmo leio em Edmundo L_ys ena cousa deliciosa,: "A:s cerejeiras .e Não sei, . ia ao teu lado". • cobr,i1'11Jll de flôres ? Em alguns dos seus "Poemetos à feição do oriente", Amar.o cqn~guiu. alguma•• vezes experiências fe1i~es. t:ste não é haikai, mas ê s!ntese : Austen "Culto" -..S6 exisie uma couse I mais bela qu_e o •~ kin>ono ! É o teu corpo v estido de. teu klmono 1 II E a.ô u.ma co~sa e~iste mais -bej.a gue o teu l<imono • E mais bela qtle ó tau corpa •e!ltido de teu kimono 1 ~ -o tu ç.011p.a despido de teu kimono ! .Eu j.li citei., certa ve:t, o "D.tálogo" de J. G. d11 Araújo Jorge, mas não eU.sta fazê-lo de :OO'.VO., aguí, para car.acteri.zar maia fe11le– mente o fenômeno : "'- Pelo an'lôr de I>e-us, senhor. um pouco de comida ! -Vai trabalhar, vagabundo! ·····•• .•· · ······· · · ···· ····························· -- ········ Para que dizer tnais ? F-alou a V.ida e respondeu · o Mun.do"'. Em Manuel Bandeira, do mesmo modo, não é difícil enconfrar exemplos de poesia concentr;ida. Aquêie seu ''.Poema do bêco" é uma admirável síntese : de MQue unporta a pa~agem, a Glorie, - O que eu vejo é o bêco" a baía, a linha do Ihorh:onte ? Ou aquêle seu "Haikai :tirado de uma falsa lua de Gonzaga", nome tão comprido, mas de tão sugestiva poesia : ' "'Quis gravar "Amôr" No trono de um ·velho .,MarjMa'• escre.ví 1 1 • freixo: E em Carlos E>r,ummond de Andrade 1 ,.. "Stop. COTA ZERO 'osorio Bor;ba, que acaba de ser Dos novos. para êste ,ario: "M substituido na presidenéia da A. Alianças", romance de Lêdo B. D. E,, 'fez o seguinte ápêlo Ivo; "Ep!sodio", novela de Fer.– aos esc1:itores: "Quero deixa.r nando S;ibino;; "Ensa.ios", de Pau– ::.~ut 1.1-r:~:ª :P_!llavra ~e apêlo e de · lo Mendes Camp.os; ''As coisas", exqrta!i~º• um éonv1te e um_a ad- c.ontos de Oto L ara Rezende, e vertênc,a a todos os escritores "Dunas", romance de Breno Ac– b"l'asileiros. para que atentem no ctoly. E' e)(pressiva a . r.ela:ção mu1to que têm a esperar d.o seu dos Jivr.os de · poes.ia : "CoJeg.io ox~o de class_e, .cuja tarefa até Trieste", de \V.ilson Figueiredo; agora desenepra:rarat'n e invali- "Q Fantasma e. a Vitima", âe Be– daram com !! sua ausência ou nedito Coutinho; "O Véu .da Ma– C?m a precarredade do seu ln- nhã". de Elcío Xavier; "O Li– teres:se. -Om apêio para que ve- vro da .Noite", de José G.erardo riha~ todos dar à A.B.D.E. os Barreto Borg)?s, e "Espad<l,S e • seus nomes,._ a ~ua qUof:1 de tra- Flamulas", de Domingos Carva– P<!~<?_, a sua CO\ilboraçao, sem o lho da Silva. A vida parou ou foi~o autOmovel ?... Ou naquela inrruperável definlção de "Nova Friburgo• t ''Encontrei um ramo de flôres no sobretudoM. Todos sabem que Nova Friburgo é a cidade das flôres : há flôres por ·Joda a ,parte, em tôda.s u ruas, em tôdas ·as casas. E o poeta assinalou a ·sua impressão V'isual com aquêle vereo àolitárlo que é 11flla poderosa d6se de sugestão: "Encontrei um rllJllo de -flôres no sobretudo". Não existe haikai no Brasil. ~ . Nem devemos querer que isso"Juceda, porque às multas intluên– ciu que temos lido . não de:vemos juntar .a longinqua e desneces– sária influência japonesa. . . O título do meu trabalho foi preéipi– l!!,do, por ill,o, e .não.... sintetisou o que ficou expl'esso no texto, Na vel"dade, quis dizer que existe uma tendência manifesta que no$ conduzirá a uma poesia ligeira e apenas esboçada: 'mais Idéias e que oi; sacrlficiqs, de alguns pou– COII p:ionel~os restarão inuteis. A Ch~gou-,ne ás mãos uin .e_,;.em– plar do l~V.1'0 de Cécil Méira - "Ímage1n das Horas" - q_ue- li cQm sofreguiçlão sob o impulso de ttma .grande curi9sidade, que a n.ossa fraternal am!zad_e expli– ca sobejamente. Li e reli o livro, detendo-me com mais demora ém 'vári,as passagens onde aflora, com sutqeza algumas. vezes. to– da sua pe;rsona,Jiçlade vibrante, clteia de vigor mas, tan1bém ple– na de itrdeéisão, de recuos e · de recei os. · Essas duas faceta's da inteli– g.enéia de Oécj! Meira tomam di– ficil, de certo modo, u~a anali– .se p:enetrante do liv-ro qq.e pu– bl,icou e vem enriquecer nossa bibliografia. Q:ual sua linha m:a!s vigorosa? Qual o movel central- dessa p, o~ sa poetica, pal_pitante e .viva? Dé on.de ven1 o poet.a reve1.ido: ca– minha ao amanhecer com lw:es ·e :;on1bras, nas fornias inde:fini– das e qúasi irreais c:fas çois:,i.s, ou vem soturnamente, cã1ís ,1.do da V.ida , ant~ de a ter vi,vldo plenamente, pel;l noite em fóra, guiado pelas estrelas vacilantes que sã,o .o próprio simbolo do ideal í,mpo_ssfvel? . , Foi justa.mente o que 'procurei a{S{l~i.r ,da leitui;a de "Imagem das .Hoxa,s". So.u forçado, P-Oi:-ém, a con'!essar minha imposs1bi:lida– de de conclu.ir, porque o li:vro ~ nosso ami:g& uíjo te,m ·conclu– ~o. ou ·melh.or : ela está efn si -mo, na in'tetpretação da vi- - ~ ConMnúa na z,a pág, da e dos animam. senti.Jn.entos que nos Muitos pode~ão pensar qu:é' "Imagem das Horas" saiu antes elo tempo, que melhor sei-ia guatdá-Jo como material de pr.i- 1»eira qualidade : p.ar, a uma, revi– são prolongada, na sucessão dos anos, que tl'az c.onsigo a reil.exão de,norada, a autó-o~itica qqe benefici.a .o traball}o', à sem<!.· lha.nça do que fazia Goethê, ob• secado Rela ânsia da perfe~çáo ai)soiuta:. Encar o a função so.:ial áo pensador sob outro prisma, sen1 1nenoscabàr a parte artística e Jitera1Jia, divetgindo dacn1eles que ' julgam que só ' poderemos descobrir a alma hu.mana nos chám.ados "hon1ell$ representa" ti,vos", ma~cos solltaribs ria in– finita vastidã.9· .do_ tempo, - por– que a reconstrut40 de um pé– riodo, de ?Ilia é~oca. í:1e. uma sociedade so p,oelerâ ser fe1ta por crlatgrás com·o A:n:úel, que hu– mildemente cónf~S'.sava ser "Utn exemplo auten'tic.o da natureza huinana e, portanto, um "speci 0 meJJ.'' de valor gera1". Os prin– cl pes, os heróis e os gênios, diz com acerto G1·egorio I Maranon, "sã9 v<1,Iores ~xcelsos, P~ré~ ·nã9 axqu..et!J)ico.s da nu~n.1da:de obscl.i·ra \ que .silenciosan.1ente :taz march;ar. o ·mundo. Em S6:erates, em Leonardo, em César., efll Goethe, só ,en;ontra.:remos aqui• 10 que não poderíamos encon- menos palavrai;. . Mas Isso paxece que não virá: tão cêdo as!llm. r ~t~.._.,.~,~-jl-,-11_,_,_ ,__ U _ 1;1 - U~~ ' - ~·~ ----------- ALOYSIO DA COSTA CHAVES trar no espil'ito dos seus conter- 1'.áneos; e temos de flgutar es– tes invertendo com -:a lm.agina– ç.ão o valor da$ Unhas e das so1nbras, ·como se fossemos con– templar w:na negativa de foto– grafia. E ríão 'fazê-1<:i· a.<;sim - o julgar uma época pl".etérlta _por seus .hj>mens rep.reséntãtivos - é upia das causas de nosso des– çonl)ecin1ento f ündamen'tal da Ristórfa". ,Na minha op.inlão, o JJvi:o de Cécil Meira e um depoitrrento valioso dos nossos anseios, das .nossas dúvidas e da vida de uma época. :tle será amanhã, de c~r– to modo, um excelente docu– m_en.t o par11 a analise e re.coni,– tru~ão deste pey,i9do a:tl'Jbulado, qua-ndo tal .missão e$tiver "-en– tre,$e ao~ :l'U,tu»os estudioS06 de ·nossa sociedade. --'-'--- No livro ein ap:reço vale <listin- guir dois aspectos gerais gu_e presidiram o seu preparo: um;;1 p arte llriéa, profundamente sen– timental. na. qu;u o aml'>.t é o assunto predileto, "le mot j ,us– te", cheia de pensamentos· pro– J'undos, expostos em forma har– monio,sa e bela, muJto embo1·a possamos encontrar algumas ve– tes ideais simples, diri:a'mos mes– mo prosaicas, que na.qa ·. trad·u– z.em, salvo se o autor qwzer re– conhceer q_ue "pour les deux, 1ei, mot j.uste, ce n 'est pas le mê- ' rne mot..."; outra, inegav elnien– t .e uma auto-biogi·afia da infâl:1- cla de Cécil Melra, vivida !)esta cidade de Santa 'Maria de Be– lém, ~gual; tg,u.-lzinha em todos Of; d·et11lhes à que vivemos, ;Sen– timos e guardamos na r~cordaçâo co1no uma época -feliz e inesque– cível. Os nossos reparos giram ·em tô'rno llo modo pelo qual o :iO· S. PAlll}O, via aé.rea (A. U,) seria o diretor de "A li'rov1ncia. - Artigo ,de Raiinu.nçio de 1\-fe- de Sã.o )?aulo'', hoje "O Estal;io de 1iezes .no "Estado de São Paulo": São Paulo" . "Numa cali:da tarde de donún- Vicente ae Carvalho en<,in'.1.0• go, a v'iu,ia e as filhas de \Ti- rou-se de sua filha,. à. Enne– cente de <ltar>1aJ.qo, o terno poe- linda Ferreira de lvfesquita, ta lir.ico que cantou as belezas con1 quem se ma:trí.moníou a 7 das nossa!. praias e do nosso de março de 1888. n1ar, txani;formando em poemas Ainda noivo, em princíp io do imortais as pai'sagens de:;;lu1n- ano, pubU,cara mais um tivro: brantes do litoral, relembraram, _ "Relicario'-, que dédicou à noi• nu1na compvida saudade. episó- va. dios expFessi-vos e pitorescos da Seus amigos .cesc;,1veran1 /l()me- sua vida.. nageá-lo c.om uma festa, e pela O po.eta, que a gentfi> ctiicora prilneira vez em Santos se re1.L– sem quei:er, na frase de Rpque- niràm intelectuai$ em tõrno de te Pinto, n:asce.u à beir,;1-111ar, em un 1 a mesa pa.ra comemorar a Santo~, no dia 5 de abrJl, o "ela- •publicaç.ão . de um livrso. Tendo ro mês que sor.rf e1'I) !\}oves pelos à cabeceira Inglês de SouS'a. illi outel.ros". no auo de 1866. se viam Silva J'ardim, 4\ssis J?a- F'oi o terceiro fiU10 do major .checo Neto, Carlos Afo11Seca, .l'iigino J osé .Botelho de Carva- Eduardo Salamonde, João ·Perei• lho, na ép·oea vereador nunüci- ra. J . de Menezes. Gastão Bous- . pai, e que gostava ta1nbén1 de quet e Adolfo Msis. versejar, e de sua 1n11.lher, dona Ao :final Martim Francisco Fi• Augusta 1Caa:<?~na Bueno de Car- lho élisserá os se!illlin1es versos: valho. V,u,a a \uz do dia .pa casa colonial, planta!ia na esquina çtas velhas ruas li>ireita e da Prata. 11:Qje Fespectiva1nente Qu.tnz.e de Novembro e Frei G.aspa,::. O seu i ilho Ai:nald.o Vicente de Carva– lho, em ligeira biografia, ê quen1 nos o'ferece estes a.i,tec.edentes· paternos. O av.ô de Vlcente i.óra capitã·o de nülicias na então vila de Santos. O a,vô de s ua mãe, também capitão-,nór. Era des– cen<,lente em lin:ha réta de Ama– dor Bueno e neto de éontratad·o– ves de sal. 'Ilendo nas v,eias o san– gu,e dos Mor.ais d·e Antas, dos Lemes, Pires, Cubas e '.Caques, era Vicente de Carvalho, com ro– das as qualidades, a .figur:a legí– tima do paulista c~ p.or cento. t Com o i-to an'Os produzia os pr.i– meiros verseis. Com onze, p:cin– cipia'lla il trabalhai; no éomérc.to . Logo mais, m,:1triculava-se no Se• mi11àl'io Episcopal de São Paulo. Um incidente, .iiue bem ·demons– tra o seu espírito de lil>erdade. fê•lo . deixar o estabeleei1nento. lJ'm .,escra:vo , fitgira e, esct>ndido 110 mat o, recebia ,dos alunos os alimentos .. q~ lhe levavam às escondidas. •Reeapturado, recebeu cruéis açoitei1, A:qui,lo herrodzou o jovem Vicente, que resolveu fugir do úrter.nato. Ingressou, mais _tar.de,. ,na nossa Faculd_ade de D1re1to, e. com v inte anos e Sê~ mêsês êiã bãêhatel .Forma– do, entregou-se à campanha da abolíção. Contribuía com a sua aijuda para a :tu_ga dos pretos, encan1inhando,os ao quilombo de Jabaquara. perto da capital. Trâ– balhava no escritório de advo– cacia de Màrfilm Francisco Fi– lho e Silva Xardlm. Publicou p·ouc.o depois o seu pri1neiro livro de p·oesias - .. Ar– dentías·• - nome · gue se dá à fosforescência das ·ondas. Tt·inta anos mais tarde, conta Arna .J.do Viee11te de Carvialho, êle o con,1;ideraria ..quase tud.> bo1;rões - aspecto e substância"; e acontelhava "aos poetas jo– vens que deixassem ama1lhece~ sua pbesla antes de à fixaro;m num livro~. para confessar logo adiante o caminho que lhe me– recian1 '.'1lil$umas conceQções, al– gumas imagens, algumas estro– fes" daC(uêle Uvro de estréia. Era "unt pecado de. que me arri;!pen– do", e pedia: "Não os desen:ter– re nunca do p6 em que ja2e111 sepult,idos (os Ver$os) a:)gum im– placavel -pesquisador de coisas esquecidas'' ... Tin.ha 19 an:os . de idade, quan– do escN:vera o livro de estréia e "êsse quasi me.nino cuja fiSÍO– nom:ia exterior não trái o ' poe– ta", "de compleição debil, mas sanguíneo, vivo, agil, pr'ático e posittVo"; que "trabalha e me– dita, n ã.o é pi,eguiçoso e bóê- tnío". . • • * Mudara-$e para Santos o abas– t .ado negoclante portugttês Fran• cisco Ferrei•ra de ,Mes.quita. Era ·gerente da fi¾'ma comissãria de café o seu filho e sócio Jullo de Mesquita, ligado pelo casamento a famílias de r.epubl.icanos hísto– ricos.: Cerqµeiva Cesar e Cam– pos Sales e que tempos depóls vem e talentQso• escritor enca– ra o P.t:Obl.ema do amor, sam dú– vida alguma, ' tómado no amplo e vigoro'sO' sentido que essa ex– pressão encetra, a razão de ·ser e o J.de; ;tl daqµe1es que não .fa– ze1n da v,lda uma dura. o'bstusa e mesquinha Juta pela exclusiva obtenção de interêsses m.ate– rtais . Pol' libelo acusatório diz Martim •Francisco Filho que decfar.a-se em ç.odilho .na divisão do trabalho com Vic1>D ' I de Carvalho- - seu coléga. de escritó.r.io - e que por ·.esta ou melhor forma de Ldii,.e, i.io por libelo que espera se-ja [aceíto E. S. N. 1.0 Prov.ar,á que Vicente Com emprego de m.etr·o ,:,íco [,e vario em da.ta bem re.cente praticou a delito - "llelica- [ . ~ rio • • No fim era o homenageado condenado como téu a aceital' um abr,aço de cada amigo ali p1•esente... . A 26 de .fe:verei-ro de 1892, er,i Vicente de Carvalho nomea<lo se– c1•etário do lntecior, no go~r– no do vice-,pv.e~jdente 'Cerqueira Cesar. Grassava. então, a febre arnarela, di:r.tmando ví.t:hna.s. O jovem secretário impressionou– se e procUI'ou . enfrentar o sério pro.b.l~a. I11stalou o primeiro Hospital de Isolamento. Entrou em nego.cil1ções e c.omproµ para. ...... • - -1 • ~ .. ..... o Estado pre.d:10 adequado. Co• n1eçar:un a rumoreíar em tôrno do negóojo bo,atos' que feri•am a sua honra. Procurou, ern cor»3e• quência. o vi.:e-preside11te e pe• diu demissão. 'Foi-lha negada. Sollcttou uma licença até que assunliss.e o novo presidente Be1·nard.ino de Campos. Este. oor sua " ez, ao pedido de éxonera– ç.ão elo secretário do Intel'ior. r es– pondeti-lb.e : - •<)l;• você o 1'.tníco paulista no govêrno cm São Paulo". Vicente de Carvall;lo reeolv.eu continuar. Nun1a. troca de ofi• cios c.om um coléga de govêl'no, t<em "uma referência aos rumoves que haviam corrido sôbre os ne• gócios do terreno pa,ra o HO$Pi• tal de lsola,nento·•. Procurou ob– ter, em vão. satisfaçól!S do oile'n– sor, o que não conseguiu. Nar.ra Arnaldo Vicente ele Carválho o final <iêsse curio,;o episódio: ".Convidado a aeop~pa– nnar o p10eslden'te na -visita à Câma:ra Municipal para assistl:r il sua instalação. Vicente de Car– valho se desculpa alegando mo• J(•stia. Não irá. Mas quando Ber• nardino de Campos chega ao re• ferido local, saúdado ,pelos c}a– ríns da Força Policial, post ado em frente da edilidade, vê ' à sua porta o secretái-io do Interior. Desce da carruágem e dirige-se a êle: - "Se você resolveu vir, po?' que não v-eio conósco ?" - "Por issp''. re!<po:ndeu Vi• cente. e a seguir, atira-se sôl,n'e quem o agredira moralmente, no sentido de tirai: o s.eu desforço pessoal. 30 de setembro de 1892 é a data q_ue marca ·o seu afastamento definitivo da polftica. Nunca ' ~ Oontfnúa na 2.ª pâg. estudo sôbre Henct-Frede.i·íc Amiel. Cécll Mei.ra reune t!)dos os a,:– gwnentos, bens e Ingenuos, para no ;fundo negar o a,nôr, isto é, para o afastar como el'va da•, ninha que pode, à semelhança do ap).lizeiro, rnatar á árvor.e que ll1e déu seiva e vida. O meu anligo -dileto parece acreditar que o amôr surge, cres• A sensal.«:o de quero lê "lma- ce e eterniza-se como os cristais. / ge1.n das Horas", néase partl.cular, c't.lja associação é obr.a e.xclt1$lva– é de àesarilm.Q, de desalento, se da natur-eza, sem qualquer inter– não de doent io Jl)s!SSl.mismo, po.r- fei:encia do homem. Não creia q,ue Cécil Melrá, nà- rea'lidade. tanto assim na força céga e im– lJrocura nos ensinar, inocular em ponderavél do désUno.. Acve1:lite· cada leitor, o proposlto ferrenho e ensine aos outros a ac.redi!al." de fugir ao amor, d_e destrui-lo, 1 que o ho,nern é o Det1s de sua quasl de ev•itá-lo. Essa atitude vida, podendo por SÍ mesmo rea• resulta, certamente, do seu mê- lillar na terra a sua feli,c:.idade do do amôr, d~ sua incapacida- ou desgraça. Poderia lembrar– de P,ara ac1,edttar na permanen- • lhe o hemistiqulo celebre de La ela e na .beleza dêsse sentilnen- Font;áine, que ilt1stre pensado!." -to. Sua ·posição é antes de _de- patrício invocou para confirmar fé~a instil\tiva, de defesa pre- a •S].la .op,inião de q,ue dentro de meâitada e l)i: 'etln.az, como se nós e 11,to nas estrelas está a ~tiv~e cc;,nvlcto _de. q.ue o amôr fonte da fortuna ou da d_~gi:a– e ,um sentimento lll).possivel, pe- .ça. O rnelhox:, talv~. -seJa .rei. r\ goso ou nefasfo. Paulo Mendes -produzir ·aqtti o bilhete do seu foi exti:e1name,rite felit quando amigo, que f.oi incluido na "Ima– o comparou, em conversa ami- gem das Hm;as": "Não te desílu• ga, com Amiel, que foge·do amôr das a .respeito do Am.ôr, com o pela reinu:icia, pela mutll~Jio. i!rt6 e implacável Stendhill. O · Amôr é inumerável e um sabido Passagens hâ, porémJ em que ·analist;i e sutil p,sic6logo, por o autor pareée reve:J.ar j~1stamen- mais que <! e.xplor~, al:)e'las fic_a te o co;ntrário de tudo isso. Afi~ em algumas ca:tnll_dés su,P.!!_rli.– {lal, donii.n,a-qos a duvida se não ctais. Espero que. não mates o guia daguelas "categorias da bi- .('.roôr com o vil instrumento da nrtdez'', de que nos · fala Grego- '.F!.M,ão. Loucui;,i, meu -caro, sein– iio iMàranon no seu magistr.al pre loucura". • •
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