Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

Catulo: E O O Homem 1 Símbolo Julio Cola,res , N ÃO há túmulos para os predestinados: y_ara os predestina– d~ o ,'[Ue existe são as ;estátuas, cuja maqueUe" é a pró– pna vida -singular que eles viveram. Catulo. aln<!a. vivo, era já um símbolo - e ,foi porisso, tal– ~ez, que ..a n~hc1a d? seu traspasse, por roim recebida suave• mente, nao me sugeriu ne :nhu.ma idéia fúnebre. . O que eu '17i-, des,;le lo.go, Jnlgu.rand"o em 1.orno ·do ·seu nome. foi . a tést a da . .G~ória - a gloriflca~o daquêle que Joi amacio porque fôra SlDlJelo e se fizera entender: cantando, falando e escrevendo na llngu.a do~ simples... A obra de Ca~ulo eslava realizada e consa~ada. Trovador. tivemos nêl'e a mais ressoante e enternecida vóz -a época en:i, que snrghl e cresceu. -· e ,foi o melhor intér– prete ~o meio o~de a sua musa, ~omo ~ ilun_iinada de iniui~o profé~"'.ª• traduziu par~ todos nos os complexos, as angustias dramaiicas, a melancoha sem desalentos, o estoicismo a indole imaginosa e <>. gênio repentista da terra-már-lli - des;a jeruSll-• lém onde a alma se-rtaneja têm o Gólgota do seu destino. Desaparecido objetivamente, não foi uma :vida que se inter:– rom.peu: loi Unia v'itla cp.ta se consumára, porque- estaV'a encer- rada a sua missão. . .Nem essa .morte rotineira e andêja, 4'1e vi.ve a ceifar os homens :lodos os dtas, é a mesma qüe maia o pred1>stinado - porque o predestinado j~ nasce com a marca da imortalidade: o q1,1e a mor:le faz é transformá-lo de homem en;i símbolo! . , E a _mortalidade _dêsse grande e. singeJ;ssimo Catulo, que Ja em vida nos parecia um nome .perpetuado e pó,.tumo, deve :l':_r o _sentido de u~a edific_ante H_ção: a edifican-te liçâo , de que nao sa-o as Academ>as ttue 1.m.orta.liz an:i os home,ns . . Sôbre ''Os Corumbas'', D·eAmando Fontes ~ · RIO - Via aérea (A.U.J No seu rodapé de cr>ftica do "O Correio da Manhã". o sr. Alva,:o t,li,s escreveu o s'eguin:le sôbre a li edição de "Os Corumbàs-, de li.mando Fontes, qt>e a Edjtora José Olimpió vem de lançar: No movimento do moderno ro– mnn'ce brasHeh;o, 'que se. proces- 1,9u na década de i9SO., p.rincipal– aiente do romance i,9rdestino, aàqu.iriu u1na pos.iç !o cte grande 1>restigio "Os J;ortun.bas'', ilo sr . l'!.tn;,ntlo F oútf;S-. Ele obteve su– cesso ao mesmo tempo na crítica ~ n;/ls livrarias, 1;nu ito elogiado pelÇ>s intélectllais e muito lído pelo público . .E agora aq_ui e_stà nttma s~a ediçãó '(1). I sto se– rá o $Uflicente, ém face das con– ~ições qa. no.ssa vida literária, .oa– ra que se te,;lha unra idéia' da ~}talldadt;t e do poder de resis– l~JJcía ile.sle· livr9, porque ele não constit\1iu oJ:>jetc;, de u:m êx1 • fo momentâneo de "b~st-seller ', nas tepresent.t· ,o casó de um romance que vem pr olongando, ná mais de dez anos. a su,1 pre• • ie11!;a e àtualldade em suce·ssivns ~dições. E em que· aspecto lite– ·ál(iO d e v e m os localizar uma ~,q;>lio;\lção '])ara essa tão evi– :hfnt<! . capa e ida d e vital de 'Os ·corun,bas''? l':!o .esttlo, no \en,ttdo artist'ico do escritor, na ~~tura âa com)ilo~içij'o, _na · pero teJç.ao de tod_o o conjunto? Pare– J:e-m.e que, sob êstes ;ispe<:t'os, o. rornapce ou ~ d.tficl~nte, .ou se toJoca e.m geral í()rá de un1 ni– vel s,itisfatório. O que valori– t.a "Os Corumbas", o que faz d~e li-vro um romance de ca– tegoria S\tperior, com umt deci– ltvo poder d-e cgmoção e acel– ~ãó liter.árja. é o .seu dram;/1, , ••~ç.ã_o· pui,a e S!mPles da ,Jl ' l hstona", ú,to i;: o 1,1dmj– :.W:,l eSJ?iríto de romancista .do '-_ Amando Fontes, que se co– .~a pór cima de tõdás as suas ~c~ências de e$tllo. de con:i– po'SiÇ'i!O, de gõsto e de senso es- 1éttco. • :Para de{in1r a fisionomia in– telectual de um personagem, o romancista escreve este trecho gue pr ovocará arrepios no leitor ~,ti.gente em matéria de gosto: ~~~~ yolver impJaca.veimente 9 enre– do qo sentido íle imprimir uma co1npleta drarnaticidade ao con– jÚnto, era ne·cessária, sem dávi– da, a sensível passagem q:o tem– PP sôbi:e os acontecimentos e as álmas dos rersonagens, princi – palmente guandõ se verifica que o centro do r omance está fixa– do numa fôrça de fatalidade - mas dl? que meio se utiliza o sr. Amanq.o, Fontes pari!, tr.ansmit,ir essa se.nsa9ão do tempo.? O do registo direto como um aviso ao. \éltor. Aslsin1 come·ça. por exe.m~ i:i10, o capitulo s·: ''Todo -um âno decorrido ", e o cai, i – tulo 15: ''Os dias se escoa– vam lentamente . As noites. quase .semp·re, era111 d'e uma tri~ teza imensa : por tooa a i,arte. a orquestração· monótona dos sa– p_os, dos grílQS, das corujas. . . •· A de.speito WSSQ, no entanto, sentimos realmente; e de !'nodo convinéente e verossímil, por -in– 'tel'médio de ou,tras circw1stân– cias iudiretâs, o efeito do teíu– po, ,i sua colaboração no desen– volv.ímen·to do romance, sendo e$ta. umà evidente c.aracteristica de ·' 'Os Corurn,bas". Estamos mais uma vez diante do que se pode– .ria· cJ.assillcar e.orno a vitória do -espírito do roma11clsta contra as suas deficiências de estilo e com– posição. :&' quase certo que a densi,;la– <;le âe "Os Corumb;is" t.e (ia aro. plla'êlo as suas p~opq1·ções se ' o Hvro ·não houves!le sido dividido e1n tan'tos capitulos, com o efei– to de interrupções na escala as– censional do drama, quando a sua estru,ura psicológica esta– va a exigir o mãxi:mo possível de artic:u.lação e · convergência J?ara um centro, ao contrário, por exen;)i>lo, dos romances de ~tachado de Assis, que se carac– teriiani pela construção numa espécie de mosaico. Muitos ca– J?ítulos poderiam ser iundicios com maior ren'dimento para o efeito de conjunto. Um deles, o capltu).o 11, poderia desaparecer de tôdo, óu ser reduzido ·a algu– mas linhas de · caráter cotnple– men,tar no melo da narração ge– l'al: é a crônica Q'e um casa1nen– t o. e ' nem êsse epiSódio nem os seus personage.ns vão ter infll:t– ência decisiva na história dos Corumbas. ·0utro 'trecho que po– de.ria desaparecer igual1tiente é a segúnda'parte do capitulo 21. em ~ Conclúe na 3,ª página. ,- ~ • i Haroldo Maranhão f •· 1 I AG ·j pA~ECE que José Ve_ris- de Q~e~roz, um d.os tra.ços · suno and.a esquecido. essenciais a destac.;lr seria a i Não se lê, nem se criação de típos, exuberante f E só agor;/1. verás.ó homem t r iste do Arcanjo Gabriel a espada em fogo. ' ~ ouve, . qualquer referência em Eça, e lastimavelmente I E só agora verá:; que a t ua nudez é maior que õ teu egoismo. t d al , • Só agora sentirãs à face retratadá • evoca 1va, que, e gum _p~eca:r1a em 1\fachad(I'. Já se nesta negl'a ôande)ra que desfralda 1 modo, o reponha em nossa d isse · qup se os personagens ó sinistro tulgor do, teu exílio. • época, aproximando ••<!-- sua <lo romancista brasileiro pu- i · · Quem erguerá nas .mãos, desconhecidas. que nos servem f obra das -gerações qlie suee- dessem transportar-se·da fie- i o último espl~dot /lêste olhar que fenece • deram à sua morte Na rea çs:.n nara a vi'da s r· • ! entre ós grilp:ijes, d<1s moxtes perpetradas ? º' lidad.e, ne. nhun; m'ovimeni; r ~ " · 0 . • ' • e •~ se- Qnein ousârá ti~ns;Ifõr o linúar desta porta fechada • es an rm:us, que na me- t quG? projeta o silêncio de todas as ausências é orientado no sentido <le lhor das hipóteses teriam i e a soinbra on,potente dos. despojos ? 1 atuali~í.-Io, digambs, através existência real nos m.anicô- Ah t Pudesse e.u estranguíar o grito desta in:fãncia atraiçoada J d.. biografia ou de uma. in- mios. _!)onde se vê o caráter -. pudes.5e eu extinguir o olhar que bem percebo em mim l ,terpretação crítica refletida de NAO HUMANO que O • - o pranto que hão. verga a muralha imp1acá:vel, · f e desapaixonada. cria-dor de RuJ>jáo impunha 1 - o nunca mais das, horas que avolumam e segredam E t Sil - .R · · a maldição da espéqie no punhal da memória. j nquan o ·v10 omero, às s~ criações. E;ça, ele, seu Pudesse eu não. mais expôr a tirania com que me desmascaro, que em na<l,i. lhe foi sup e- lado, re,rela.-se ficcioni:sta _ - a ·solídão hostil oµde esbraveja, sangrá e ruge amordaçada i rior no exe1·cício da crítica mais observador de ·tempe- i esta bôca impedida por todos os rerhorso5' !- literária, tem pôsado um rameJ1.tos, criando almas e· 1 - 1 1 sem número de ve.zes no estrutu ran «lo índoles, sempre _ RUY GUILHERME BARATA " ate!ie_r" da consagraçií,o, fieis e exatas. A sua. galeria i Ver1ss1mo permanece em de sêres se estende quotidia- - 1 f odiosa semi-obscuridade, namente llOS 0U1os de todos i ,d~l.embrado quasi totalmen- nós, d ando-nos a impressão i .• . te dos contemporâneos dé visual . dos seus homens e • i ~oje. Os· seus livros ainda das suas 1nulheres. O que 1 " , LITTRE E O _PADRE - I ·, ficaram nas velhas edíções n,'i,o se d'á com Mac~ado, toi:- i,· da Garnier, mumificados nando.-se impossív.el , qW\si, - i ~.s àntigas _!>ibl_i.oté.cas par- enco~ti;ar na viela um Quh1- ( · •, t1cutare,s e publ icas, sem que · cas Bórõa - ou lUn impre- -, _ ?, ne.nhum editor i n teligente ciso e t,afadoxal Bra:t Cubas, • SENA FREITAS i '()corresse r ·eeditá- los, Mais * * • 1 • afottuna<lo• foi Inglês de . -j l Sousa.: " O missionário" há NA PO:s13;.. de Raul d~ • " ,pouco se reedit.ou no Rio, sob . Leo!ll n~ se encontra i os auspíci os do sr. Aurelio _ . a ~1Scos1dade dos ro- 1 ., t ''.Buarque de Holanda, apôs manlicos, ne?IL as col unas ~ um h iato de• quasi cinquenta aus~eras e dign~s d?S par: Í ! anos et;ttte,..a ,edição atual e nas,ano~; tp:!lo e ct1$tal, e n a anterior. claro, _ e diáfano. Se~t4;:se., 1 Se estranhável é essa in- atraves dalJ pala:vras e 1deias, i justiça que se verifica no .º seu espu:_1to_ temperamen- ! l}aís, en1 iaee da memória do· talmente clássico. J • ·a.utor elos "EstudOS' Bras.ilei-- l!'m apontamento criti~? a j i .,ros", .mais estranhável deve assmalar, nas suas -poesJas, - ,se,: o sil~cio gtie se fez em seria o. sl!rpreen/lcente jogo i i ,sua terra n.atal, onde a11enas dos. ad.1etn;os, ne~vosos e i i um modesto grup_o escolar áge1~~ ~uirei:m~o mwto o E.çà ! i .lhe conser ~•a o nome. '1a tun1da Janela" e da j ·, · _F:' verdade que existe, per- "~o~a ,!nde_C!Sa de contem- • 1 • r .di1la por aí,. lima b,:oebura p,ativo . 0 .~agra, e!D que Se p,focurou Numa releitura que fiz rc- i t ,f1:µ.r a f1gw·a do gratide es- centemente d.e ''Luz 1\1edi- ~ i ,ctitor numa ." plaq½et_te" de terrâ.nea", não foi difícil re- f '!> cento e .tantas paginas. , . colher alguns exemplos que j 9 Donde se pode afirmar, sem me pareceram mais caracte- i 0 ê,:ro, que o mate-rial. José i:-ísticos: "sombra amavel e l Veríssimo ainda está por ser macia"·; ~•g:olfo pe11sa' ti.vo" ; tº j :t'Pf'.«veitid~. " pombaS branquíssim3:s. e. ~ - l;'or .que não sair daqui do castas"; "suaves poentes": f 1 r.Pafâ, e~tã.!l, , a biogra.fia ou "lronias puras"; "as li- ~1 o ens~io crítico do maio,r dos nhas amavei,; dai, colinas"; f filhos de Obid'os ? Não foi "an:iendoei:ras tranquilas" ; t um ba.ià' no, o sr. Luís. Viana ~•ruinas pensativas"; '!pu- , i Filho, qu:e recentemente es- nhais lascivos"; "a noite era f i tudou Ruy ? Não foi Castro afetuosa e ma:nsa"; "ar mei- i ~ Alves earfnhosamerite estu- go e s ilêncioso"; " ntecll'.o- ~, t dado por dois âos seus .con- sos rumores"; "contc·mpla- º _ie.rl'â.n~Ôs, Xi_avier Marqu'i:s e çã9 impondera'lte~"; "eu era i l A.frãwo Peixoto •r E a.gora tuna .ai~ facll e ma- • i mesmil, não é um minejro, o eia"; "mão ing~ua e m a n - 1 _ sr. ~ão Dornas Filho, .que sa"; " paisagens resignadas"; i i se propôs a reconstituir a- "paisagens meigas"; " lua1·es o 1 v.ida de Julio Ribeiro ? sedativ os"; "pinhcil'OS con- f ! " • * tempJativos"; "fabulas m à n- • j ·N· Ul\4 estudo de literatu- sas"_; "meigo vento lírico"; ! • · ra comparada que se "felicidade ingênua e cal,- f t vier a Jazer, entre Má- ma";. "pur.eza melancólica i ! 'e h a d o de Assis e Eça dos lírios" - . , j ~-o-•~~-~-,~--,-'---~"~-....· UM LIVRO DE OTÁVIO MANGABEIRA Sô- · BRE MACHADO DE ASSIS RIO. 9la aéx.ea - Enquanto esteve exilado, o sr. Otávio Man– gabeira escreveu um ensaio sôbre Machado de )Usi,i, que Será p:rôvavelmen:le o seguinte Utulo - "Itinerário de Machado de Assis". "ANGUSTIA", EM INGLÊ:,S RIO, via aérea - Está circulando em edição Ynopf, t,raduzldo para o inglês, u.in dos melhores romances con.temporâneos - "Angustia", do ar. Graciliano .Ramos. ...... ~ Pouca gente tem "ótícia de uns alexandrinqs de Guerra Junqueiro, a ,propósito do. p, ad.re Sena. Freitas. Aqui no Bra– , il êles tive.ram primeira. divulgação por ocasião da celebre polêmica enb·c o belicoso saéerdo'te e Julio Ribeiro. o dis• .cutido romancista: da "A Carn e", que foi qlJem os inserilt num <le seus artigos,. · Transcrev~m.o-•os .hoje, dando ensejo aos noss,Qs leitores de saborea.i: a a,gressividade navalhante do grande poeta português: · "O' malandro sagrado, 0 •Ó padrJ Sena Freitas, as tonsu,:as que tens deviam ser-te f'éUas não sób~e a nuca, mfl.-s, ó "' padre, n~ssa cr.in ,a 1.e'17Ua de albar dão, jumento de baiina. Sena, que sena és? Tu és sena de paus ou de ou.ros? Eú, ao ver-te, 6 Sen.,i. os balandraus. não· sei se .ris sena preta, ou se és sena encarnada: mas o qu:e sei, ó Sena, é que és sena marcada. O' padre-ca.scavel, Judas Iscariote, eu .farei des1<a esfola um ótimo chicote, é se a estola ,;ião basta, hei-de arrancar- te o couro -~ para poder fazer como da pel' d 'um touro um látego cruel, aspérrimo, com f<>bre, um tagante, úm vergalho em suma qu.e te zebre essa espinha ~orsal. Hipócrita,. sandeu, se .te ou"Vsse Je$uS, J'esus seria. ateu! .A tua língua hénrada é víbora.daninha.. , que atrái a bôa fé como um sapo à doninha, e ~ôbre o coração mais cândido, impoluto, lança a baba do m,ormo, ó ch<>iro do escorbuto, tudo que há de maii, vil. tudo que há de mais pôdre, Canónico pa,tife! O ' sacro!isanto odre, a tu.a vo7 não chega. a .o Céu imaculado. por.que o proibe Deus, ó h!e;na . .. é u.m ditado• •• Não coiceies demais,. não ergas mais a anca; quando não, sevandija, aperto-te a retranca. cravo-te nos ilhais a férrea espora antiga ate te espadanar o sangue da barriga. Af6 que túi enfim, em ásperos coreovos tú sejas obrig.ido, ó Sena, a por 0$ ovos dessa eloquência vil e baixa que é costume no estábulo apanhar - a eloqliêncfa-estrume. O' levita do Jr,ferno, 6 padre do diabo, eu quero atar-:te ainpa uma panela ao rabo e apupar--!&•aiz;avés das ruas. buliçosas. entre os risos joviais e as pedradas v:í.rtuosas da santa garotada.. Eu quero, ó padre-esgôto, ver-te ainda danado, escalavx.ado, rô:to. na negra 'sordidez da tua imunda capa, bebendo na taberna alguns vinte~ do papa, com cobre dos .sermões, comprando colareja•, e qual mõcho, sugando azeite nas igrejas, alé.m do vinho maµ com que manda·a justiça que se envenene o povo e que se diga a.. missa. Além de laza:rista, 6 pad,:e, és lazarento: tú .dizes que Vplfaire lançava um êxcremenio pela bôca, ao morrer; vê ao <pte estão sujeit,.. as bôcas: a lançar os padres Sena - Freitas, a vomitar o escarro, a expectorar o pus, a expelir, triturado, o cura Santa Cruz, Rademak&r, ,Beirão, Ma:rnoco. Zé Mal'ia, toda a cáfila '17il, toda a palifuia, todo êsse iremedal, nojento, negro, impuro, que começa uÍJ! Monteiro e acaba no monturo! o • tonsurado pulha, ó último canalha, invés de iin!JU.,\ tens na bôca uma navalha! Meu fadista de cr'oâ, apóstolo de Alfama, d.eviam pô,--:le ao peiio UD1a gran-cruz' de l_arna. Cristo já. te. expulsou do -templo; e é n.eceesário que a sociedáclé inande erguer outro calvai,lo aonde sejas fú, ó Sena. o mau ladzão, Locusta a Madalei:la, e o justo - o .João Brandão! .. .•. • • "Não era uma grande intelíg'en– ~a. l',fas estud;ára 1;11.\Íito. Corise– gll.i,ra, me.smo, iorrnar tima< cul– türa · sólida e vai-iáda. 'Tinha a px:o,lfa ;fluente e- colo;lda". Este ~ 'do meStno feitio: "El'e era uni )<>vém de vinté e poucos arios. que nlio faíia muito deixara os banecos .acadêmicoo. Trabalha– dor lnteli,ge~te, tinha-se feito por Si mf!'smo. A sua facilidade v,cr– ba1 lhe_ ,ftayfa granireado, desde r;,s tempos d.e ~udante, renome tle/:o,;;idor':. Nãe sã9 .trechos íso- 1.à~os ® P·roc()J:ados propositada– mente. l'i!'O deco.rrer de todo o li– v:r.-0, eles, se encontram, osten~i– vos e ,nutneroses, com alguns gritantes luga,res comuns e atgu– n'lllS frases que são tipicamen– te de antigo noticiário j,ornalís– t!co. '.!,'ambén1 ás imagens pouco ou nada se destacam pela orJgi– n,1lidade. como se pode ver nes– te casô: "O verde f oi,te dos ar– bustos p1,1nha manc)ias -~esta~adas no vermelho esotanqi:ucento da terra , ·o céu, recamado de nu– vens brancas, aê(r.upadas, em fló– e.es, lembrava um lmenso algo– d:Pál que tivesse desabrOC}}aélo per inle4-o". ·····••"!"••································-·················........................... . . . PRóXIMOS LANCAMENTOS Por ouj;ro lado. o pr ocesso de l!om:posiçáo de "0$ Cor11mbas". · a. . sua construção pro:i>riatn:ente técnica como romance: não apre• Benta fôrn1ulas revolucionárias ou audaciosamente inovadoras. A narração·, o desenvolvimento· tlo enredt>, o j'ôgo de cenas e a c;iracteri.zaçãq dps pe1·s·onagens l,<e op,era,n dentro da ordem b-a– dtctonal do romance naturalista, adaptado às condições do· nosso, tempo. A verdade, póré)n, é que o .romance do sr. 4mando Fon• tes revelá a ·estrutura, eom li.· J!has muito simples, de uma obra Ci?nstruida c;om firme,za e segurança, embora com alguns defeitos fundamentai5. Um deles está no r~urso . e,çtrem,a;1:nente fácil, e que _por isso i;e 'tlest.ica cpmo um vazio ou uma emenda, ~e que ·lança ,mão o autor para fazer cair o efeito ilõ -tempo ~– bre: a ação do romance. Para àh'nglr o desfecho, para desen- JRíPTICO DO AMÔR FAMILIAL f ":oA- Sou •:::•* t ANÇA t ·Oh '17ÓS . que me déstes a vida -te 11,uma noit.e de amp,:! Conio vós * -k quero e amo e quanto vos agi;a- * -+e deço e abençôo com ioda a fôrça * iC de meu cor~ção de ·fíJho! Não me :* -+e dêixe~s sozinho e neni me abiin- +: donel" nê!lses Gólgotas do mundo t "em o vosso conselho! Sin;to-me * i< Jraco, nú e miséravel afastado ** de vossos olhos álentos e ami- * { gos. ·Tremo 'de frio nas iniermi- +: ná'l7eis noite~ de inverno, si nãó J -+e me acôll!;o .à m61:na caricia elo ,.. -+e vosso agazalho. Quandó me o!Srl- * • iC gam 1 ·fa lutar pelo .111eu lugar 'ap 1* · -J( so , aço-rne de, bárbaro & herói; ,.. •+: :\Das o mêdo se enfurna em ·mi- +: nh.'al:qla d,e criança. Ainda sou lt ! infante, sou débil.e .minbaJI aeas * .,. não p6dem voar para 1011-ge de i' v6s. Di:r:eis-me qua sois velhos t e, J>C>:rll!lliO, frágeis, mas. <>u vos iC deyo Santo, ianto, que não pósso iC aczeditÚ que a idadir vos redu- t :sl.u a fôrça e o tamanho, . , ~-lrlrtt***-lrlr********ttlrlf*- ~ -.\ril.-****-.I * irlt****~ ~****** II t +:: ~****~'if * 1 * i CANÇÃO DO AMOR; i QUE, ENVELHECE I t ~o: NA t M.INHA f I I VIDA t * ; . .Estou me sentindo velho, Há cansaço em maus . geslça e meu coração a~.s&ia pelo repouso in- tinilo. Caminho de -vagar -pela es– ~rada da. vida, mudando os passeis com cuidado para não perturb'ar o sossê'gÓ da poeira.. Permaneço compridas horas a mirar um in– seto de asas nervosas ou uma graciosa flór que se debruça 11?· bre sua haste. Meus olhos estão ve~do muito mais do 4\le anli– gan:iente. E sentem a beleza que i»dste na contemplação. Todav,ia, alegro-m.e em sabe,: que não es– tou sozinno nê~ lon:go passeio q..e serâ o ú:Ubno. Alguem ae ampara em meu braço, nos diás bóns ou máus, ricos ou póbres," ,t co:in saúde ou doença, amando- * me sempre at6 a mol'Se- nos se- f f i(. i( t t : ~ parar na terra, .. "'******·***********-lrlr**•*" SE· EXTINGUIRA : Não temo que a i;norte ',venha ; me desttuµ-, em tempo !dgum. * Sou imperkivel e tenho cerleza * de que sobrevivezei às ma,iores * catásh:ofes da terra. Flameja em * mim a chamjl aagrada da ~or- ·i tálldade que o mllag-re da pro– criação acendeu na,; éras ,primi– tivas. Orgulho-Me c1,e sentir late- jar no péito, dia e noiie, o san• * gue fo:tt& e vermelho de me11a * avos. Algum di!l tu.<!,o isso ,cessa- ~– rá dentro de miJn. Maa a luz que ;:::: recebi acÉ\sa não se apagará quando meu corpo esfriar com a ~ chegada da grande escuri<!io ge- * f ie lada. Ela coniinua,rá brilhando . * 11011 olhos cintilantes de meus fi• * lhos, que se.rio com.o estrêlas no- * i vas· a m<> iluminar os pas110s nas ; uevas em que me~~arel. 'lll**********Hlt.****~H***· 1 - PAULO ELEUTERIOFD.HO- • • DE LIVROS RIO, vla aérea (A. U.J - Os próximos lançamentos: Na coleção "Fõgos Cruzados: "Os Jrmãos Karamazoff"· (em 3 volumes), de DostQiewsky. Uma tradução de .Rachel de Qu.elro:i:. --tlma nova coletanea de 'poemas de 4lphonst1s de Gúima• rães Filho: "Santa Solidão". --Na Coleção Documentos B..- asileir.os : ' 'Casa Grande e Sen• zala" (5ª edição), de Gilbect~ Freyre: "Geografia dos Mitos Bràsileiros", de Luiz da Cama- 11à' Cascudo; "O Negro na Baia", de Luiz Viana Filho, e "Tempo dos Fla1nengos", de .Antonio Gpn~ çalves de Melo ,Neto. .-N~ Coleção Tucano, onde são i,nel uid os esCJ:"itores nacionais e estrangeiros; serão edita.dos "Histór ias 1ncompleú:ls", de Gra• ciliano Ramos; "Poemas Tradu• zidos", de ?.1:anuel Bandeira' ',. e ''Um rosto 1<otu,mo•~ _de Rel.rialdo Moura, e de au'tores estr.ingei– ros.: "Apasí.ohata". de J'a,;nes Hil• ton, e "O Barbeiro de Se,;,ilhà", de Beauma,cnaiS, -Na Coleção l3iblioté.ca dos Séculos: "As Relações Peri~osas", de Choderlos de Laclos, tradu– zido por Carlos :Prumond de AndraQe; "A vida âo Dr. John– son", de James Bos\vell, e ''Tom Jones". de Fielding. D.epols de M'anuel Band~ira e Carlos Dnunmond de An<!rade tex:einos agora as "Poesias Esco– . lhidas'~, dé ,Augusto Fl'ed!!rlco $cbmldt, Ainda do p-oeta de ".Canto dá Noite" · e "Navio Per• dido". será editado o HGaló Bran– co", páginas · dê memórias, • 1

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