Folha do Norte: Suplemento, Arte, Literatura - 1946

• ~~-##~ ,.......~···.,.~~ • ' ' ' 1 i l , l • • 1 ,....,....,,..----~--0,#~-~~~-J ~"'11' -----'-------'------..---------- Dn,,.,fr,go, •5 de maio de 1946 - - - --- -- • SESSENTA ANOS DE VII POETA . - - . ----- ...,._ 1 1 l ·,-'#õ•::-a:•c-:r::•::::::•:::::::::i:•::•::::::•;:::::;•::••« . ahru u,timo, foi m oUvo para uma verd&deira consa– graçã;;, líter ár.iil, a . maior, talvez, das que o poeta já teve em sua vi,p&,:-~.-3,,::,:. · O aco.ntecime nl';!i,- leve repercussão em lodo o pais e os jornais do •Rio pu blica-r11m entrevistas e a r tigos sôb re o grande p oeta,. n uma co ,isagra,;.ão unânime ao- autor de "Li- bel'Hnâ.gem". : , ~\ ~. Inse,::indo. nêsle prime iro'° J\Úmero do s uplemen1o lit e,á- rio da FOLHA DO NORTE_ o •!'1ac 0 símlle" da poesia "'I'es1a– m4? ,n.to '\ queremos d.ê sS& modo traduzir a nossa admiração pelo escritor que é u:m dos. momentos mais earacte•rísticos da !;"Oesia brasileira. 1 ······-- - ·-·-- ·--- -·--- - -·---· · · - -- - -·---- - - ---····· ·--· ·-· ··~ { 'IM~~c. ,. (:) ,...., f/ V'--" ~ T~ ~~~ L:::~ ~~ >w-, : i,u.. ,-{ - ~ }'¼e,.. ll{ Ltl.: --.- Uv-t--. - o-. _ )t1.IC. .. - n, ~ a.. li., . ~'"-\ µ vo ..... ' ~Ff- 1 v· " t (..)\)(,a., ~ 'k.....~ .vt.._... . t..,-.A.~ fn- ~k f &;V, a..., (A;,,..,,,L.., . - ~ .... o . V--- f . L-.rl, '1,,..,.. &--\· c:.ç. ~ o--(;(..,._. ll-J • ~ ~- ~ .. -i'-""'~ -/.e., - J i ~ ,(_'\,<'l.,,-é.,~ r vvv - -- .-4, • 'f,' 1,. • ~ f'"-1..J~;~· (L.:,, · t '2'. f . .. • [ 1 · [ < 1 ' 1 1 l 1 1 ~ 1 j l . 1 ' 1 O DESTINO DAS ACADEMIAS CÉCIL" MEIRA • I . O mais alto destino do bome,;• deve s<1r a pro- cura de uma ~ôi:ça espiritual. adquirida atra– vés do estudo e do conhecimento literário. Não é um v:ã,o sonho de glôl'.ia quando éle repousa no deSéjo de aperféiçoamento moral e intelectual. A vontade inala no homem de bus– c:ar sempfe novos caminhos, trilhas outras, ma;. nifesia-se de mâneira imperioS:a no Ca~po.. das letras. C:>s 9.estos bruscos, os atos dç violência, o pessi~i__smo. isso tudo há de desaparecer na vida do hont'fJm que , por etforçO próprio, conquistou um nível intelectual que o eguiUhtca e põe sua razão -governando súa vida. O sonho das 1.e1r"as tem · â.to >men'tado in'Qmeros e scri,t oreS:1 e muitos ilban--– donani interêsses mais práticos, n1ais o~je:Uvos, pua lançai,em-~e numa senda que, às vezes nada produz materialmente, Daí · ne explica haveren> os intele~ctuais procul'ado r.eunir-se em Aca-de– míai;. centro onde pudessem cooperar, lraba)har e .lulu por um fbn ünl.c,o e de inier.êsse recípro– co. Visavam o progresso próprío e o progresso da sociedade. Deveroos, entretanto, dist~guir as: "Acàde– mias... Umas há de ordem puramente -parl!cular, e essas têm por o b jetiyo o congraç.amento d<i um grupo de escritores, guiados pelos mesmo ideal, a convergência de ação, para qu_e os es– forços se multipliqµem e frutifiquem. Mali, nô me-io das Academias, surge um~. de caráfer uni– lateral, e que por sua própr,ia, formação tem um "caráter o~icial'', não no senli90 político, é !ógic9, mas ''oficialismo cultural e ínt.elec.1ual". A exem– plo delas, t11,mos a "Acad,emia '.BrasUeir a de Letras", que congraça os valo,Tes da literatura nacional, e ao lado des)a, as p.eqllenas ·Academias Esta– duais, entr.., nós, a "Academia Paraense 'de Le- tras". • .Fala-se. agora, no pr.,enc!;,imtn!'o de ,,agD.$. uma Academia, que é representante do o:fkiali11mo cu·uural e intelectual, deve - ier • autela na es– Colhà de seus membros. e muito mafs cuidado devem ;ter os que a ela se candidata.i,i. Qu8rem0$ ~izer a"S.Sim que <l;S academi~s regionais, repre– se,naH ~ai. do saber do Esiado. pi:eoi,;am cliamar . para seu seio .valores coi:npletos. e que' atraves 1 · ~~ m.uifo~ ~o.s lenham prod11ddo, e manlfesielt' S l!U valor inti>leem.n. A:,::;',;,r.,- ....,.......- .. 4'ca: t'i!i-~– Oio que nessa Acaden'Ua de Lehlas nãO há lu9a,– rs-s.. para nós, Jl'\Oçes, que ainda. estam.os : m :ax.te – lando. preparendo-n·os paza no f uiuro entrar em confao-to canr Of> ,:?')ais Velhos. os "hnorinis'' chaJna– dos. Mocidade -que tem pressa é ,nocida!le fracas– sada. O íovem somente deve ler -uma pX"essa. e éssa é li- de eJtudar e preparar-se serlantente. Uma .,l\.cademia de Lerias é um coroamento. e não se deve pleitear um lugar de tão grande responsabilidade sem p•hneiro produ:<ir, produ– :iir mui1o, e apresentar uma bagagem literária I a. allura do pedido. Não falamo• em nomes, pois n\l.nca particularizamos os noss.os sen,.time,ntos. Fa- 1 !amos em tése. pua sermos justo. Coxpo poderá um jovem. iniciando sua carreira, ter.Jando abrir uma clare, í.ra na mata !lensa através de ingen1es esforços, sentar-se aõ lado de .h.omens que pos– s-uem · um nome consagrado pelo• estudo. pelas obrai,, pela medi1ação, pela experiência, ,Pela 'idade ? Se o deseío é de cooP,eraç1(o, de congra– çamenlo, de uma sociedade de homens de letras, então a mocidade funde sua pequena Academia, que v1verá ,à sombra da maior, até que seus merp– btba mais aptos .pos,;atn alcançar úm lugar na A-cademili máxima. Para os jovens a Academia Paraense de l:.etras deve s"r um sonho inefável, qualquer coisa di.iícil de conquistar. De outra fo).-ma teremo• o "ideal alevantado" desfeilo em coi.sa facilmente co.,nquistável, e perderémos o "elan" para pros– seguir pa arranca.da . E' cheg_ar à; meta sem •cor– rer o páreo. . . como diria o Clovis Martins. A Academia de L e tra• existe pa,:a coroar. e a corôa é feita p a~a aer c_olo.cada na éabeça do& reis. Vamos estudar, mocidade, esfuda-r mul– Ío, e no futuro Indaguemos com o vizinho o en– dereço da Academia de Letras. 3-Maio, 9.f6. _,, .. E' sabid-o que as religiões, não vendo a possibilidade d.a felicidade nêste mundo, tran.s– ferirán1 a Slla completa realização para -;u1n além metafísico, ·transcer1dente, e só alcan- • çado _por meio de uma cei:ta disciplina moral -------·------ ------·--------------- - ~~--· -póis con10 foi fácil para a teol<,>gia católict;t t perder-se ,na célebre que;stão da saívaçãQ ];Jeta ; O PROBLEMA DAf.ELICIDADE HUMANA graça • u pelas obras, que,stão de caiátet r,iu- '; . • .· · · · ramente metafísico ou e1n1?frico, h1(ttil se dE)s- e certa crença determinada. , Foi feita assim a condenó;\ção ao nomen1, como um ser culpado de uma faltá metafi– sica misteriosa denon1inada "o pecado orig.i- ~ . -__,,. ~~d~º~~ ;~~a~º;~;~~~i~º que o homen1 só Da mesma fót·n1a à única· maneira do ho– mem se líb.ertar da maya ou ilusão, se · qui– z~L·mos e111pregar a fúia dos budisfas, é a clarividência do Am:õ1•. RIBAMAR DE MOURA • dadeiro Amôt êsse do rne<iievalisrn.o. cristão, ra. opostos, se equivalen1. nal" e a concomitante co n d enaç.ão do mu nd o- que para resolver o problêma da felici'dade Mais tal'.de a so 1 u~ão do' rac;onalJ'smo a-,· como lugar de expiação dessa fálta. isso oor- h , 1 • " ~ g :responde nas religiões orientais ao conceito u:11-ana, ~uma sint:5e re i,g~osa que aihc;la '.Revolução france~íl com· o <lel!i-1 0 (ia guilho- Essa maya ou ilµsão 1 :1.ão ·é mais do . que hindu de "Maya ou ilusão" que prende, o ser hbJe entusiasm~ l?uitos ~spifitos ª pontq de . ti,na traria para o problêma da f~l.ic.idacle hu- a contingência da limitação· se1,suàli~}.a c,iue' à .roda das viclas e das mortes . sucessivas. S;r ª 1d ª?e Me~ 1 .ª C?nsidera~ u11; dos pe- mana O n 1 esmo espírito de anti-An1ôr. E boje reté111 o ,homem : n.os critérios de sepaxat ivi- 0 Crtstiariismo e ·o Budismo são a~sim em riodo~. mais significativos da_ H;S t ória, levava a ' loucura socialista dá$ d:i(aâ.u1:as íntól~ran° d<Jde e que irntede a·ssim u11Ja verdadeira seus sistemas de creuças organizados a nega- tod3:via os . ~ei•eges à fogueJ~a, ta~ como os tes fuzija o adversário em no1ne da teui)idà- so1icitude p,elos i\ossos se1nelhánte~ sejam êltis ção religios.a da felicidade· nêste mtu1do, e gregos sacrJ!icavam por cE>nSid_eraçoes d.e or- de cóletiv~. ' intocáveis, párias Õú TÉ!pl 'ob.os . o-póel)'l-se com o seu espiritualismo dé triste- de~:diferente, mas igualmente lógicos, os seus Parece ser · assim -uma fatalidade- .cíclica Mas acontece. que rro Budism.o, orga_ni- :za e de 1:en.úncia; ao (!laro e , iluminado senti• al~i)jdo.s. . . . . . . ei,sa sucessão de critérios opostos, más 1odo!i zado em sisteJna reüg'ioso como o Cristia• ào de alegtia nurnana q;ue foi a ' glória pagã i!:sse desvirtu..amer1:to do C.ris~ianism<:> orga_rn- jungidos a uma comum solução do próblêmã nisn1.o, houve a mes1na subestimação meta– dos gregos quahdo -i;e H11mi:nou a vida dos zado num~ te3craci~ deshumana f: 01 devid~ da felic~dadé hun1aRa,.pela eliminação de uma física do homem. homens com a cultura amável do helenls- à si~tem_atizaçao Jógica da _e~coláStica Q')e e certa parte da humanidade con•siçler,ada inde- E ass.lm (J(np.o os cristão;; referep. 1 tudo a_o . mo. Ma·s os g:,;egos conheceram a mise1·ia do a piópri~ _negaçao do espir1to do Amor e seJ·á ..vel "or um.a classific=a-o mer·ame»•A em- • >< • _,, ~ ··•~ pecado original como explicação ao sofri- home·m e.scravo do ·homem e a- toleraram na que, considerand!) o ho_mem um SJr decai~o, pífica e egoi::;ta. s.ua insuficiência ·de Amor e solidariedade sepai-ado de D.~us, t-r1-0u a n:oçao estreita Jl;1 que O v.el 'dadeil·o peeado ori.ginaJ da: mento humano e à ulterior coinp'énsação no humana, resolvendo por isso mes1no, pela e1i- do pecado. humanidade, dir-se"ia ser essa c. a1·ên.cia d Além para os salvos subestimando a pro- • - e f).lllda significação •;J-o preseh.te , e · negando minação, o p;roblêma dos doentes e dos fra- E assim eomo o,s gregos tinham lógica- :Amor gue criou urna noçao de pe.cado ou de a po,ssibilidade da felioi dad'e n.ês te mundo, os cos. m.e1)te deduzido de sua concepção pagã da viqói\. ê1To, rnal.s estreíta ainda, para juitifícar ó. ~- . · · ~ pudistas exp_lica.m: o sofrimento' pela noção- Coutra essa solução simplista e pagã c;lo a elimi,nação do inválido aos cristãos foi lí:. p1r-1to de excomúnhaó de tod9s os sistemas do Karnla, isto é -a ht;tlidade da expiação das problêma- da felicida<:le humana le.vantou-se cito aceitar· de suá concepçã·o de Ufl'l Deus que teclrados·. c?l_pas J?él~s. vidas sucessivas, e aceiJ;ám í1 i11.i'.. o espírito do Cristianjsn10 em no1ne do con• castigava os réprobos com o fogo âo Inferno Pretendendo o C.risti.:aiaisn1.o- libel'tar o ho- se 1, 1 a da vnla terrena como ul)la necessi.dade ceit? do amõr cristão. Mas tendo se afasta- a pu~ififação da bere~ià, pela foguei,ra dos tri- me1n (iêsse. peca.d1ft. original 9.?e o afasta de que só cessará na uJ ter..ior 1ibertaWio· do Nir– do d o ver daéleiro senti:do do espfl!.11:9 de Cristo, bunai_s. , , t _ . . De~. que e .A.'1{1/p!~ 1;~: s.ou. todavia . d! P_!;Ocessos ":ana, que é_ wn e4tü~al_en~e Qriental da bea– êsse amõr li:niitou-se a uma ~olução opó$ta I Eh~ª: com~ Hele_!liS-!U-0 pagao.e Medreva~'IS- con.~apl'od~cent:es '{'e forá~_Jt ntpaç~o d~s~e Ll,tude celestial do Crist~anismo ..• ao paganismo, mas também sjmplista· e ex- mo CI.'1stao pela car'encia de amor verdt:!leiro mesmo amor e lPS~fato uma · ~~pTe.ssao diie-., · 1lusivista. Isto é, não .foi um crJtét·io. de ver- que :eva a sub•es~ . . ção do homem, embo- rent~ daquê1e pró'~to pecado. -CoJllpreebd~~se ~Capít,ulo d,e um livro.) ,,, ,.1 \ • • • J _.,__~ _L .. \ • •

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