A Provincia do Pará 21 de Setembro de 1947

P!glna 10 A liallo em cau de Arlindo. Ao' leftntar o pano eoU.o em cbla : ArllDdo, 1 janela, Qhando para a rua. Edite, 1ua ap8a, abandon~ na· ma poltrona como ·ee ND– U- um prolllDdo •-· mente ,. ~. aem ....,,c1e lnt~> Compreendo. ARLINDO _ (Puendo uma negativa com a cabeça) lt lm· poulvel. :su devia ter previsto que la perder mfU temoo ten• tando oonvencer-te a rafar com Helena. 6el multo bem que Ja– mais tom.arü qualquer aUtude em deteu dela. Helen&, para dtl, é apena& uma conhecida. m a mais do que uma conhecida. !::'i~~- ::=º~~:: i=: Nunca. Mas des\a vez, Ed!te, é necessirio, devemoa deavii-la, duvlá-la de qualquer maneira. F..Ja com ela... Um Trecho de atlnglrlt.m de qualquer maneira e que tu sofrerias também. 1EntTa Helena. Há qua.lquer cou.a de nobre nos gestos dessa mOÇ& -de vinte e três anos). ARLINDO - (Voltando · ae) De,emos tomar uma provtden- 'EDITE - Para qu~ ? ARLINDO - (Levantando-.., percebendo a Inutilidade de auu :1!-~i!~ut~ q~~,, "N uvens N // egras EDITE - E tenho sofrido m1úto, alm. (Como se ftzesa,,, de ,üblto, uma descoberta) Mas agora vou reagir, vou fazer o cl~ITE - (Pouco depois, le– ftlltando o olhar, calmamente) Que dl.saeste? EDITE _ (Longe) Que dlua ? ARLINDO _ Digo que devias defender llta filha. EU mesmo falarei com ela. Pen– so que, apesar de tudo, Helena te atenderia mais !àcllmente. Tenho certeza de que, com ha· · bllldade, poderias convencé-la. (Abanando a cabeça) Mas, ra– larei com ela. E se meua con– aelh06 nada algnl!lcarem, entlo nlo hesitarei em acusar·te. Toda a culpa do que vier a acontecer recair& aóbre ti. (Peça de Mário COUTO) qu~=J~· (Olhando para Helena ràpldamente, voltando– .. depois para Edite. ~m t:uito a.ssustadol Que pretendes ra- ARLINDO - <Com um pouco de energia) Que devemos tomar uma providencia, uma provl– dtncla enúsfca. (Edite contlnll& como Ee estivesse lon,e do a.a.. ,unto ou como ae não 10ube.Me a que o marido ae reteria.- Ar· lindo aproxima·••· fita-a de frente, com certa rudeza) Sei que não toleras &te aaounto. Nln te lntere.sa . Nunca te ln· •teruscu. <Enúsfco) Mas rtca certa' de uma coisa : urás a cu!· pada, a llnlca culpada. E não utou dl!posto a escond!-lo de nJr,gu!m. EDITE - (Depois de curto all!nclo, erguendo os ómbros, numa Interrogação que era mala uma queln> Por que nlo talas tu meamo com Helena ? ARLINDO - :r...o te compete. Deves aconaelhá·la. Compreen– des ? Fazl-la vu o erro que esU, cometendo. EDITE - (Demora um pouco a responder, solta um suspiro) Atinai eu nem ael quem é éle. Nunca o vi. (Oontlnóa, como ae flze55e um grande esfórço para fa!ar) Penso que estás dando tmportlncla demais àa lntrl• , ..... ARLINDO - (R(gpidol Im– portlncla a lntrlgaa ? O que ael é de . ronte sea,,ra. Entendes ? ou Julgas que 50\1 homem para aett,lr apenas o que me contam? Procurei aaber a verdade. In– vestiguei, procurei lntormaçõea. Pois bem : tudo o, que dizem a respeito déle nlo é nada. Ab· solutamente nada Junto da ver· dade. Compreendes ?, · EDITE - (Erguendo novt.· mm: - Por que nlo !t.laa 'de couau mais 1ntenuantes ? ARLINDO _ <Vai 110vt.mente ;. Janela> Couaaa tnteressaotes 1 Queres que rale de couau lnte– res,antea. <Voltando-ae, ripldo) Desejas certamente que te conte h!,tõrlazinh.. de tuas amigas que vivem por ai lazendo lntrl– gaa, falando baixo em ouvido•, metendo-ae com a vida de to– do.,, lnclll!lvê com a tua. <Vira· .., para a Janela, olha mala uma vez a rua, rtn o olhar, toma ~!'::toª!\'t~e~ t;1::. moradoa. Mica dadas. (Irónico) Romantlcamente de ml.o6 en• trelaçadu. Uma dna comoven– te, não restam d11vldaa. <Voltan· do-se para & espõoa) Sabes quem é? EDITE - (Bem lnteé&sel Não... ARLINDO - Helent. e Artur. (Apontando para a rua> Ali está tua rt!ha preparando-ae para a perdição. Ali esti Helena con– qui!tando .um trt.te futuro. E tu ai, Lntitll, alheia, quando po· d!u perfeitamente salvi·la. Bas– taria um teu guto. EDITE - Ela que .. defen– da. ARLINDO - (Aprozimando– ae, mudando completamente> Mu, Edite, ·v6 ae compreend... Sei que Helena é uma moça., sei ~~~~:!i!:.= sJát~::;, aabes o que algnlrtca andar-ae de olhos vendados ? (Sentando) Conheço Helena, conheço-a mui· to bem. sempre ro1 ·ass1m. Quan– do ambiciona uma couaa, modl· 1 LETRAS E ARTE(; 1 U m romance famoso Em tradução de Rachel de Queiroz, vem de aparecer, na co– teçlo "Pogos Cruzados", da Livraria José OJympto, o ,!amooo romance de Emlly Bronte - "O Morro do Vento Uivante . Cem anos vaJ razer em dezembro próximo, qui, tAo belo Uvro apare– ceu. E, Incompreendido na época, hoJe consagra ele a sua t.utora como um& romanclat& verd,idelrt.mente genta!. Dia a dia, a critica reconhece em tala piglnaa as verdadeiras .:l!retrlzes do Romance, que nlo aerlo, aegundo os moldes realistas • natura– listas aa de reproduzir t. ret.lldade, mas de exprlmJ-Ja com o concurso da •fantasia e da Imaginação. Heathcll!r e Catht.rlne pareceram, aem dúvida, dois penonagena lnverosalmrls, qU&Ddo no.s meados do aé<:ulo paaudo, Já haviam aurctdo Stendhal e Balzac, e JII. ae começava a falar em realismo . Oostolevalú mos– trou-nos, entretanto, oa novos caminhos, pelos quais deyla ,er aurpreendlda a realldllde, e <llt.nte de suaa grandes crl.lçõea, também aparentemente lnver06Slmela e t.bsurdas, os penonagen duconcert.antea de Emlly Broi,te encontrt.ram ,. mala cabal Jua– tUloatlva. Nlo tnrdarla o !hro a aer devidamente compreend!do e Julsado por outro prisma. Hoje, não sõmente creace a ond~ tle admiração que por t.oda l)lll'te o envolve, como pr0&5"guem os debatea e a< pegqulau fJD torno da persont.lldt.do de Emlly Bronte, crlt.tura uaenclalmente romlntlca, multo semelhante aoo •eu• heróis, mareada pela !•talidade, cuja exlatencla tlo breve ae exauriu Ioda num romance not.ivel. Seri um praur para o publico braaUalro apreciar agort. "0 Morro do Vento Ulnnte • na traduçlo de uma e5erl~ri• como Rachtl de Queiroz". El!ICRITOREB EM VlAOEM - Sem ralar em Octt.vlo de Parla, que hi mesea ae encontTa na Europa, outro• escritores bra– alltlros vtt.Jart.m t.ambém p31a Portugal e França. Carolina Na· ~~~~~~ -:~c~.;.:u~rt~.: dol• romances de grande aucu– ao, aoabt. do viajar para Roma, onde pretende demorar·se de dela ,. tr&. meaea. Também Pe– dro Calmon, o Uuatre autor de BIJlorla de Cutro Alv.. e A llt.lt . de Ouro, embarcou a 6 de Julho para Llsbóa, de onde 1r, : ~=~do:'° .;1ª~~~e f.~':),~ Lul.z da C&mara Cucudo tam· ~~e s:ar:~~ ~!~~;~~~ sr••so de Folclore. CAPITÃO DE OASTELA - Oapltlo de Cutela, o belo romance de Samuel Bhallt.bar– a••· tradualdo por Lia Caval– cantl e edltt.do pela Livraria José Qlymplo. vem batendo n Estadoo Unidos t.odoa oo recor– dec de llvrt.rta. Em pouco nwLa de um ano Já •• vendert.m cer· ca de l.ll00 .000 exemplares do romance, avultada cl!ra mesmo para os !:st,ados Unidos . No Bra– sil est& claro, ..... mlmeros t.tlnaem pror.rçóea lncompara· ~lm~r::.:: 5 d:i~:~d~pe~ c~~i,:cºcio "M~~ !nt~. ~ belo tecnicolor ,xtrt.ldo do ro– monce de ShellabarJe•. e cujo papel prtnolpal será Interpreta· ~oal:;ç&~:• 1e17o;:• b~~~~ ro, pelas t.Venturt.a de Pedro de Varga•. o romanclto soldt.do do edrclto de Certa na época da conqulata do MWco . EDITE - (Arrastando •• pa– lavras, vagarosamente) Helena n!o atend• a ninguém Trouxe lodos os defeitos de tua fami– lia. ARLINDO - <Forçando a calma) Queres mais uma vez !a– ur uso dos motivos de antigas dl,;cu55ÕU. Será Inútil. t...e u– aunto está ata.tado, distanciou– ••• caruel·me d~le. Jé. te dlsae Lsto vtrlu vous. EDITE - Entlo deves com– preender por que não ralo & He~ - Apenas te pedi que tenta,- evitar um posolvel dugõato para nós. EDITE - (Levantand~. er· guendo a voz, um tanto alucina– da) De!gósto para nóo ? Estou habituada a deagõatos. <P= a mã.o na testa e no rosto como ,e estlvesae procurando ld&s) E tu ? Falaa apenas em Helena, Helena, Helena.. Palas apenas nos namcros de tua filha como •e la50 rõase alguma cousa d.e tmportãncla, de extraordlnArlo. (Aproxlma-ae, toma um vidro q,1e está !Obre a tm2Í!Últ.. olha o rótulo. Deln-<> no mesmo lu– gar) Eu não te Lntere550. Pro· curaste áo menca alguma vez oaber de minha aaúde? Babe• que estou doente, multo doen• te ? (Senta, com um gemido, mostrando-se abatida). ARLINDO - <Encolhendo oo ómbros) Nervoso . . . EDITE - Nervoso... :r...o d1- u.m oa mbiicoa. Iuo repetes tu~ lt a melhor maneira de te afaa· tar.., é a mator prova de teu deslnterésse. (Fitando-o, mu– dando a expresslo, cheia de ln· tençõu> Sim.. . Já advlnhel teu verdt.delro deséJo .. . ARLINDO - (Inquieto) it. uma tóla~Edite. NAo pemes to• llc~ITE _ <Baixo) Tolices 1 ToUce é a tua preocupação t. respeito de Helent.. ARLINDO - Plz augestõea para vtr se te ccnvencla. O caso é sério. EDITE - (Repetindo) ~o, multo sério (Fitando-o nova– mente com rtrmeza> Allis. aou cai,az de Juru que bses t~u, cuidados com Helena não slo mcito sinceros. ARLINDO - (Reprovand- • !ldlte ! EDITE - Como nt.da que parte de tl 6 sincero. Conheço• te. Conheci tua famO!a. ARLINDO - Vejo que tua Qnlca vontade é recomeçar. EDITE - Vés ? Sabes que te– nho ruio. TU mesmo lnlclt.a as dLsWaa()es. :t.te assunto le ap,– vora. Tens medo pelo que existe de verdadeiro néle. ARLINDO - TUdo que 6 mui· t., repetido cança. M&s aempre tenho permitido que ft.les. Se pensas que me ofende& com essa hlat6rla de !t.mllla, enaana••te. Se aempre evitei bte assunto, rol por tua própria causa. (Fir– me\ Minha ramf!la é a tua. ~mbra·te que somos primos. EDITI!: - Ah I Bbtlo 6 - a tUt. defesa. (Rll Prlmoe.. . Nlo, nlo chegamoa a aer pri– mos. Quando ralo em famfila nfo me refiro a membrc1 ata.a• tados. Nlo. Palo noo que slo mala próximos. .. ARLINDO - Podes continuar. Dize 1010 que meu pai er& um bétedo. Vt.mos, dize. Adoras a ~~~ ~; :=~·~; fiente que meu pai vivia em· brtaaado ou quo minha mle era uma prcatltuta. Darias a vida pudesaes aflrmar uma couaa desta&. EDITE - Tenl obrigação de ccmhecer os te111 melhor do que ntncuém. ARLINDO - (ContlnuandoJ Seria um assunto esplénd.ldo para ag cooversas com tuas amigas. Assunto que 5aberlas explorar magnificamente. Mas nlo podu. TU.. Imaginação ain– da 111!.0 te levcu tlo longe. <Mu– dando de assunto) Mas o que me tTouxe 1 tua presença não foi Isto. Jã te pedi - não é ver– daóe? - o que desejava. Ne· gaste. Acho que o motivo é forte mas nlo queres atender-me. Eu raurel colII' Helena. Nlo hi de faltar ocasião. (SálJ. (Logo em seguida. entra Ftan– clsca a empregadal– FRANCISCA - (Serviçal) Prfcl!a de alguma cousa, minha ~enbora? EDITE - Sim. Prepara meu remédlo. (Francisca vai à mezl· nht., p6e num copo algumas gó– tas do vidro que antes Edite ti– vera na mão). FRANCISCA - (Enquanto prepara o remédio) Nlo entTel antes porque o pai.Tão estava . aqui. (Cem Intenções! Imaginei que estlvease novamente apo• quentando a aenhora, dlscutln· doÊDITE - (Num gemido) J!: verdade. ~e esteve aqui. - FRANCISCA - <Sórdida) E.s- ~~- q 1 e ~J.!ate~~ ~u~ preocupada. Sua 51 üde não per– mite lsso. EDITE - Atormentou-me, sim. Nlo se !nteresM por mim. NAG oabe que eu estou doente, qu~~I~l":.:: <Pasaando o copo às mtcs de Editei OU finge nãc oaber. EDITE - (Agradecida) Tens razio. Finge nlo perceber. Dá mais trnportàncla aos amores de Helena. A filha o Interessa mais. (Revoltada) Mu .. Isto conti– nuar urel obrigada a agir. A verdade é que nunca se Impor· tou comigo. (Francl5Ca move a cabeça confirmando) Nada olg· nfrtco para êle. Se eu estivesse b6a não me Importaria. Que m• Interessa que éle se Incomode ou nlo por minha causa ? (Ge· me muda de tom) Mas estou doente, Francisca. TU' sabes que eu estou doente. FRANCISCA - 6el sim. Mui• to doente. (Toma uma almofa– da, arruma-a na poltrona em que !ldlte esti sentada, mostra exngerados cuidados com a pa· tr6ft) Mas flcari bóa. EDITE - (Depois de uma paU5a) Tenho certeza absoluta de que vou morrer. J!: Lsso mes– mo o que vai acontecer. E éle se sentirá reJtz. Todos, toc:10& •e aentlrlo fellua. . FRANCISCA - <Dando l voz uma ternura que & torna rldl– cula sentindo Jt. o pr"2:er da resposta reria> Todos ? EDITE - Eu ael que tu r.o– rreré.s um pouco. (Pausa rápida) Lembru·t~ da morte de minha mle ? TU a aMlstl.ste até ao úl– timo momento. Nlo a abando– nam um a6 in5tante. Nolt.. e noites passaste acordada l aua cabecelr&, aggistlndo·a deaapa.· recer, aentlndo o fim aproxl· mar-ae. (Francisca confirma com a cabeça) E quando eu. ai>-· ztnht., deixei-me vencer pelo de· ~ diante do lrremedW.ve1- tu lhe fechaste os olhos, rezaate u llltlmaa oraçõe,,, acendeste !'• vela que auu mãos nlio chega– ram a apertar. FRANCISCA - (Verdadeira– mente emocionada, aentlndo um prazer estranho cem eM&s re• cotdaçóes) E a vesti depois. Fui euJ,~,..!ri"!~~;a',ulJ::;ente a1<>rt., eu a aegulrel. !!:lei éle pouco se lmportari. J!:le, He ena. N•lson . .. Plcari aatl.sfelto, n– cari 1 ontade. (Toma o resto do remédio, olht. o rótulo, muda de tom> Quem me receitou Isto. Franclaca? FRANCISCA - (Tomando o copo daa mloo de Edite) Pol A RONDA DOS LIVROS doha E1.za que lhe aconselhou. ze.r Ei>ITE _ Vou-me embora. ag,,~ t~;º8i::!ts f~~ HELENA - (Aproxlmat.1o- Vou para meu .quarto. Nào aal• se) Que dlzea ? Va!.s emb~ra ? rei mais. Lá, eu ficarei espe- p~~ 1 _ Por que, porqut . .. rando. Todo• tnterr<.gam por que ~ to- FRAFCISCA - (Como se d06 conhecem perfeitamente o pr•tendesse ajudá·la) Mas a se- motivo. Mu tém medo de 0 dPl- nhora de,·e reagir. xar transparecer. A culpa ~pa- co~r.fF' - Reagir? Reagir, vera a t:>dos ,'OCés. !Res-Jlra FRANCISCA - (Baixo) Mos- profundamente) . Ire qué tem fórças. Não se deixe N~A - Mas, que houve. "~m _ Agpra Já não NELSON - (Sempre nervuso, adlanta~ · N~~lo_ 00 =~~~. ma~ FRANCISCA - Adianta, olm. inle. Conta o que houv• Espe- EDITE - (Descantiada, !e- ro que não t~ reriras à.5 d!acu,,- ,·antando-se.. apertando os bra- !6':s que de vei. em quando tens ços de Francisca l Francisca : rnm papal. cun ste Arlindo dizer alguma NELSON - Dl.z que està coesa a meu respeit:o ? • doe.nte. FR~CISCA - (Dando à voz EDITE _ Que Importa a vo- uma intenção de m.lstérlo) Nlo. e~ meu sofrimento ? Aproxlma- Nlio. ml!lha &enhora. ram-se alguma vez de mim ? EDITE - (Exaltada) TU es- Procuraram-me ? Nunca. Por· tás encoJ,rindo algum segrldo. Isso mesmo não oentláo ntlnha Vamos. conta.me. . au_~cia.. FRANCISCA - (Fingindo-se NELSON - Não ~eves dizer Inocente) Mas. . . eu nlo se! de Isso. nada. EDITE - Estio ansiando .>ela EDITE - <Nervosa) Sabes minha partida, •ent•ndo anro- ollh. :t:stou vendo em teus olhos. xfmar-se 0 momento da l'ber· Conta-me. Que ouviste dlur? dade. Liberdade Integral. Aliás, FRANCISCA - Nada. (Fl· ,·ocês 5 empre roram 11,,, es. l!:11 tando- Edite) Mas a senhora estava perto mas era como fe deve desconfiar. Eu desconfio. e5tivesae dlatante. Nlo er& a EDITE - (Sem compreender\ mãe, nAo era a espósa Era W,ll\ Descontlu. . . h ó s p e d e rudemente .tra~oda. FRANCISCA - Sim, d.ucon· cr,1zavam c=mlgo nos corrodo· fiar. Desconfiando eu me de· re.s como quem passa por mn rendo. ~ deolnterésse de •eu estrt.nho na rua. Pensam q-.1e espóso deve ser for.ado por ai- eu não sofria ? gum motivo... HELENA - Estts sendo ln· lEntra Nelson. Francisca d!!· Justa contigo e conosso. ruça e sái. Nelson é um rapaz EDITE - Injusta ! Que tens de dezoito anos. Està nervoso. feito ? Para eu saber de teus Alguma couaa a preocupa). an:ores e de tua vida ~ necesoá- NELSON - P;eclao ra1u con- rio que outros me falem Mies. tig~. mamle. E ainda exigem que tom~ pro- EDITE - Nlio. agora, meu vldénclt.a pcrque tst<l.s set,Ul:ltio rtll:o. . Deixa-me. Estou multo um rumo lnrerlo Querem que cansada. te detenda. NELSON .,.. Mas precisa fa- HELENA - Quem te · , si.se lar-te. Quero te contar tudo. lsSC'? Assim evitarei as cenas deaagra• EDITE - Quem Imaginas que dávels que as surpré.a• trazem tenha sido ? •empre. HELENA - Papal. EDITE - (Gemendo) Pala EDITE - Sim, teu pai. Po· com teu oal Contt. a éle. rém. não te alegres ;,ens,ndo NELSo'N - Não, não 6 pos- que 0 rez por amór a ti, porque slvel <Angustiado) Alguma cou· tu lhe despertes culdadOII, por• sa ultimamente_ o preocupa que .., preocupa com tua ftt!cl- também. Nlio quero magoã·Jo. dade. Faz f550 porque os negó- EDITE - Ah I Nlio queres cio,- lhe utAo ccrrendo b•tn • m=N - E tenho mMo. ~~".,!,":~~ ifr~:aac11".:'t':'aç\':.e e":- . EDITE - Nlo queres magoá- me, outra qualquer. Jo. A mim-pouco te lmportt. que HELENA - Que te disse ~le? mngóes ou nlo. EDITE - Percunta-lhe. . NELSON - Mas. . . NELSON - Entlo era e.... o EDITE - ·Procuras-me quan- motivo de ,eu t.borreclmento. do sentes necessidade, quando <Deixa transparecer mais ainda precisas de mim. Precisei de ti seu nervoso. vai l Janela, numa m,:lta~ veze• e tu estavas longe. vlslvel lnqulett.çlo). • (Depois de .ligeiro aUênclo, com HELENA - (Superior) :SU aou um gemido para reto~ar suas responsável por t.odos os me111 palavras) S•bes que estou gestos. Nlio sou.nenhuma crlan- doente ? ça nem admito ser tratada como . NELSON - <A d m Ir a d o) a uma criança. Se tu também Doente J . pr.tendu Intrometer-te nêste EDITE -· ,Sim, multo doen• a..-unto, peço-te, desde Jl, que te. afastes e.sa ld~a. Por que entAo NELSON - (Atordo:,do) Nlo, seri multo pior. nlo .abla. Nào roste ao medi- EDITE - Ameaçu·m• ? Pica co ? despr 6 zo) tr..nquUa. Continua com teuA M:â~..- (C~m n•~t~el~ et?~ 15 ..S estio NELSON - Mas o que tens ? bem ouvindo intrigas, abmente .Que •=ot.. ? · • .~ • : - · . - ... , . .. gentem . hllze• quando ai- ..EDI!l'E. ·- (F'lt'nndo..o, rude) cuem, em sussurros, conta ai· -~=~ vou morrer. cum escãndt.lo. Isao 6 multo · • N N.:... Tollco. mnmíle, baixo, é Imund o, maa lhes di . ITE- - A -mesmn p:ilavra. praur. . T udo que digo <'li -faço oão aem- EDITI!: - lt o sangue. TU tena · pre tolice,. Sei o que vocês to- o sangue da familia de t~u pai. doo pensam de mim. Abandono· Noda tens de meu. ,~m-mc- Não mere~ nada, na- HELENA - E o que repetes a da. éle a t.odo m ·mento. NELSON - Nlio ccmpreendo. EDITE - Pensas uslrn ? nãó ael a que te rereres. NELSON - <Nlo tendo uutrt. !!DITE - NAo compreend.. cousa parA dizer> Acho que tudo poroue nlo queres. · póde ser resolvido de outTa ma· NELSON - (Mais nervoso) nclra. Mas, mamãe... parece que me EDITE - <Com t. voz arru- culpu.. Strlo : nunca pensei . .. todB. agora) Vou para meu M inai . t.odos os meus atos ou quarto. Estou doente e vocéa me melhor ~dos 05 meus êrros eu c11nsara.m. Entendt.m-se . com ~~~qº~~/ t~r 0 ~!~::. :'t,l~~d~. ~~n~s\q~~ r:r~ Queixei-me alguma vez? Nun· qu• vocõs correm? Entlo, nAo ca. !: ouf! eu a.abta oue cla1 te procurem cama.r•me. Dão...me DESDE o Inicio da sua obra. o mundo !Laico Importou bem pouco ao or. Oraclllano Ramos; o homem - ei., rart. ele. o que contava. Aqui, onde o 1101 aempre dominou pelo deslumbramen– to, ousou delxA-lo para um canto, pequeno e Inerte. pilldo e •o· tunio como oe Uvesse em grande d..prezo o sol; redllllu-o a um detalhe, que 6 l)OMlvel esquecer Impunemente. E .nos que cos– tumamo, ufan1r.n0& da n<>l.V. nctyrua como se • nouvfflemoa feito oom u, próprias mloa. vimo-la t.ratada com o ducuo de uma fria apostasia; era hontvel. Com efeito, E.Me verb&llsmo ext.erlorlata, tanitJco do verde e do a=relo, vagamente coro- 1rU1co e pornogri!ico, brotou por ci nu entrellnlu.s da carta de Camlnh•. E bem cedo rol arrumado sob a eop6elo do culto : um culto naclont.1 . O velho Pltta e o conde Celso. dependuran– do-lhe os choca!h0& que podiam. ruiam-no, senão mwclal. ao menos d!~tldo; com e t«ntca do barulho. con1anm oerla– mente fascinar o Indigna, E aquele Intrépido caçador de prono– me.,, que se cht.mou no úculo o.órlo Duque Estrad~. com ele entuPlu de tal modo o hino, o hino nacional. que essn heróica cacafonla patrlótJca multo cedo perdeu a osttrna do bom goato e o reapelto do bom aenso. - O sr. OracUlano R&mo, \'Citou ao homem; \'Citou l linha de Lima Barreto. GRAC ILI ANO RAMOS Não, 6 flcll •~•lo, por um propó&to de LmJta~A~; por um caso pengt,do de concordlncla. Nlo ; nada dtsto. Mas. por umt. cqjnc:ldenclt. de pontoa de vlata. E um, como o outro. alh!lo l tt.rfalhante barb&rie do nooso tropicalIsmo bu,cava n~ homem o que no homem havli de ..oenclal : a 'luta consigo mesmo, como Individuo; com 05 demab. como cl....; com o destino, como espécie. Es.se lnteesae, que cresceu sem ""sar, desde os C"'ú até as Vidas ,eco., desvlar-lhe·la a atenç&., da palsagem como do costume; era, fora dai. não é possível o regt~nalt.smo, l!I foi por ls5o que esse musculoso criador nos pou<t~ dar, •obse o í\lndo local da vida da provtncla dramas que md•l)e'ldem, para serem onde slo, da arcaica esl.retteza das f!'ontetra• . Nlo hi ddvllla que era necessirl.a a e.sa gente como n. es.a ação uma locallmção no espaço e na 6poca; uma base geotem– pra!. Seria lrnposaivtl, sem lsso, que aconteces5o uma; que eu.bst.st.l.soe a outru. · A hlstórta começa na geosn.tlo. : mesmo na geografia maravllh05a de Lllllput ou de Erewho:1. Nlo lm– port,, : o que Importa, apenas, é que haja um lugar que durl: um luaar onde caiba o movimento e a form& . E qué ~ a !lcçlo. aen6o uma história que nlo chegou prop11amente à cond!çio de ra_to? O ar. Gnlc1ltano Ramoa escolheu rol compelido a ucolher ~ra cenirlo da sua crlaçlo,um recanto do Nord..to; o ce.ru\ rlo era ai &ecundirl.o. Compellao porque, sendo esoc o que melh:>r conbeclt., esse era também o que sentia com maior Lnte.nsldade. Mas, nlo aobrepóa Jamais o t.mblente 1 narrativa ; apwas en– quadrou a narrativa no ambiente - . transmltJntlo-nos asstm, n&o aó & lrnpresoto de verdade, no sentido human, ds palavra, que el& noo transmlte, como o.Inda, e ,obretudo. de liberdade, dea..,a relativa e definida liberdade humant. em rac& do melo, como a postula e comprova o matertal!smo dlaléllco. Reàlmente. Se examinarmos a encenação rio .romance do sr. OracU!ano Ram0$ 1 luz da perspectiva, que 6 t. cléccla da repre– aentação dos objetos segundo as lntluénclas da ~'<>•lçio e da distancia, verlflcarem05 que ele se atem de prefetncla à sua colocaçto especial; o colorido tem. ai, uma trnpOrt&ncla de ter- -~~r~::.ta~r~.e t~~ ;°.~~~ ~ru:~•i;;pl~n;~~ do Pernambuco-Novo, um automóvel parado atravancava a pas· aagem. Uma ca.rroç& de lixo. vagarosa, rodava. Nl iC'lngt, o arra- J:~:. ~~ta"~~t. ~o~~• ~~a:~~°;o d~e~b~ eóbrla e precisa : quando olha a rua. a personagem v6 no prl· melro plano um automóvel parado; depois, cm movimento. uma ~~. ci:J:~,W"! ~•:~':~~. ~.ca~af~tagi a:~ móvel; nlo. A cor nlo lhe tntere550u por co~ulnte. de ma– neira profund& ou s~. E lato revela a aua trnagtnavel lndl· Z",~~ç~ma:e:~ e i::;•t:;,U~ :it~r'fi J;;'.;:~ff;.1:~r~ eorpog ,. UU5lo vltt.l do relevo. Por outzt. parte, como o que vl&a D artlata ~ fazer viver a,.cu& gente, e para fazer viver a rua. gen– ta 1i de mlater altui-la no mundo, ai ••ti • perapectlvt. cónica : a.qul, grand~ como um morro porque próximo, o ;mtomó'vel que At1'11114rlC4 a pauagem; aJL lndecba e Intermédia. a carroça que rmtd1oe: ru":,":l~ t~~~o-.r. ~:..~:~i:!::s:.i~.l:iº~~ m'1111ati,ra graçaa 1 maclt. tztvlal da dl,atancla, o casario do t.rrt.- 1, Monte BRITO II balde . AMlm é que o t.utor rqula, pela &lmples ~!•posição du ~~ e ::ep!i"=:ieª :!''to~ e~;:~~o~rcorr:~ no~:ªr. Adrlão Teixeira. Vemos pot:; que. preocupado com a vida Interior, n?flexo da vld• social. na sua crtaçlo. o sr. Orac:llhlllo R&mos :ecOn.,tftue o t.mblente com trnplacavel parclmonb : obtida a rormo. linear. função da perspecUva cónica. apre,sa-se por desembaraçar-se do c:laroe,curo e do colorido, runçto da p.rspectl\.l a6reo. . E' destt.rte, antes de tudo. um pintor de homens . O detalhe. na sus de,c.-fção, tem oempre uma finalidade cm relação à narra– tiva ; nlo é nunca ornamenta.!. Aparece ai, tnvarlavelrnente. pa.ra c: mpor o palco onde se desenrola a cena. contribuindo para a credibilidade da etabulaçlo quando nlo ~ para mostrar. pela lnterrelaç6o com a exlstencla quotlduna da sua humanidade. um estado de con!cl~ncla que. sem o recu~ da. ená.llse, deve ser posto todavia ao n0550 alcanse. Quando Jolo Valério. verbl gratta., entre os canteiros que rode.iam a garça de bronze. no Jardim da casa de Adrllo Teixeira. de as,oclaçlo em ossoclação atinge a lembrança óe urna convena com Lut.za, frisa : "Entlo coll).O age){&, a luz vaga.bundcav& li em cima. o vento agtu.va a rolhagem dos tlnhorões•. E ' por acaso ou por adorno que entram nc~e momento o v!nto e a lua de antanho? Nlo ; nem de leve . Esses detalh!S ccmpletam. ma.is que o quad.r:, materlal em que João Valúlo ,e move. o quadro p,tco!óglco tm que JoAo Valério se revé: ,Ao compcnentes lndlspensavets a ;uultante. s~ a lua e S!m o ,~ento. falta.riam as notas n.stcas ceces.sirtas à reccnsUtulção do ambiente: mas. e o que ser~ ma!.s grave. ts.ltnrtam igualmente as notas intim.D.s nece.s!.á.rta; à recoru:ti• t'.1lçio da reccrdaçio . Mutilar-se-la a Lvocação. O que leva, por– i.:uito, o sr. Gracll.1ano Ramo.s & tra.z.er para ali f.!5.....""5 detalhes - o vento a lua - é primeiro, a •ua fidelidade !>. observação; depois. a éxlgencia, certamente Insuspeita. daque!.l lei de redln– tegmçào. formulada per Hamilton. Por ela. t.odo ,!emento p,1- qulco que retorna à coructéncla tende à restaurnção do estado de conjunto a que pertenceu. Se w lua e esse vento vem compor o palco. para ai ae t.brlr em plena verosslmllhança a alm& de João Valério. aque– la ut.rela sem n~me que de repente tremel42 sobre çle, ao des– cobrir o amor de Lutz.a. está do mesmo modo lonu;e de ser um enfeite gratuito e casual : "- Eswelu do c6u. L11lz1 me ama 1• e.xcl:ima: e anota : .. Uma dela.s tremeluziu ma.ls que u outras. r~ pondeu•me de li, vermelha e grande . Desejei ~aber o nome daquele rol complac,nte. Bdatrtz? Altair? AJ<lcbarã ?" E5ti claro o papel d...,. extr&nha, que surge precisamente como um melo de fazer vir à tona, e resplandecer. o estado de e.splrlto de um mortal que nlo pode guardar II!4!.s consigo a oua cau– delosa felicidade. Ora, nlo é ,empre a55lm na !lcçlo do sr. OracUlano Ramos ? E' exata que Paulo Honorio di por esaa 1 tobri.?d:1àe e. acre– d!tando-1> melo caminho andado para a secura. ter.ta descul– pi-Ja de envolta com um& exnllcaçlo : "Uma colsn que emlU e que produz!rta bom efeito foi a paisagem. Andei mal. Efeti– vamente a mlnht. narral.lva dt. ld~& de urna palestra realizada fora da 'terra. Et: me explico : ali, c.om a. pOrtlr.hola fechada, apenas vlt. de relance. pelas outra& Janelu pedaço, d• estações, ped3ÇOS de mata, uslnu e canaviais• . Nlo há dúvida que dada & unidade de compoalçlo de SdD BerMrdD, a Ob>•rvaçlo com que sublinha ..... 1rn um episódio pod~riA &plicar-se à obra Inteira: ~~1ta~t~"!~=· r~:;oeli;i:~a~~Jo~~~I~ç~~o te"~ razio; t. !lcçlo que parec.,... /r,ra da terra estarll\. ~ó por taso, fora da vida . E naacena mortt. . Na verde.de, ai o que há n&o ~ a pobreza da pa.lsagem : é o primado do humano. Na encena– ção d novellsUca, onde existe mais o que rm~ltar do que o que divertir, ,. runçto da pe.rspectJva. revela, não o criador que nlo a.abe ver e fazer ver o mundo; m&S, o criador que ao mundo, objeto de contemplação. antepóe o destino da. espécie, objeto de refl•xlo e debate. Els porque. além de dl.scordarmo, dele. olnlh refutamos decididamente Paulo Honório : 110 aeu Ju!ZO &e con– trapõe o testemunho obJeUvo dos fatos . Não era, ••sim, a exi– guidade dos retangulos por onde olhava que mlnguo.va a pais~ gem: ert. a Intensidade da aua vida anlmlca - aonde ta rever– berar. cA de fora, em todo o ardor da •ua Imensidade. a vida. anlmlca coletJva. E que o nlo era demon.rtra-o OS'e aenso de per•pectlva li– near : as relaçóes de poslçlo e de dJ.stlncta, observadas e repro– duzldas com uma mlnucloaldade lampejante, nlo penultem Ja.– mata que se enuble ou u deforme a. realtd&de . Nlo negaremos que, ,.. vezes. o sr. Oraclllano Ramos reduz o mundo rlatco a o!S3tura de uma enumeração ordenada : - ~lm é que, por uma das quatro setelraa da torre da Igreja, Paulo Honório "via er . baixo um pedaço de eactlftórlo. uma banca e. untada 1 bauca", absorta lá. consigo, a lnulher escrevendo. ,,com um lJ– gelro desvio de olhos", prossegue, •afastava a c.,na !amlllu e corriqueira divisava· o oltlo da. c&La, portu, Janelas, a cama de dona oforto." um canto da sala de Jantar. Levantan a cabe· ça - e o horizonte compunha-se de telhaa, argt.m.....», Jam. brequlns. M.ais para cima, campos. aerraa, nuvem". E' ficil no· tarmos como, a medJda que se sucedem aa indicações. sucedem– .. os planos escalonados na fuga gradual das dl•tanclaa : aos pés, que ele 'se acha na torre, a mesa, a mulher, a uta; !>. sua ~ltura. telhados, cimentos. larnbrequlnl; afinal. ao alto, na linha dos longes em rumo para os céUJ, ~ a.quJ : campos, serra.s e nuvens. E' amplo e perfeito; maa, nu. Falta-lhe ,. cor e a me– ul!ora : por qµe ? Porque o que preocupa o sr. Oracl!Jano Ra– mos nto é o mundo : é a alma de Paulo Honório ._ '.jlle o mund~. num Intenso processo de subJetJvaçã<>, vem ter e remoinhar. E' J homem o •eu tema; o aeu tema e e, homem - e oãc, o mun– do, mera base fWca do drama que ele espreita e oopiA 1 Ser-nos-la licito t.ftrmar : 6 desenho; nlo é pir.tura. Dá– nos um orbe sumi.rio de !lnhu e m.,..as - a que falta o cul– da:lo do branco e negro; o cuidado do sombreado e do colorido. Negou-nos as tlntaa que Integram o quadro. 'MU, ln!Lstfremos : por uma ralha de ,ua capacidade de observa.ção e de reprodução ? o ra temo• agora um exemplo em.que, mediante o Jogci das proporçõu e a degradação das tonalidades, o or. GracUlano Ramos nos t.ransmlte uma Imagem dessa realidade !lalca l(fsLs das altura& ao entardecer : •o capim gordura tinha virado gr:,.. ma e 01 boll, que putavt.m nele, eram como brinquedo• tú cd!dolde. o algodoal galgava coltnaa, defcla tornava • mostrar– .. mais longe de3bota4D. Numa clareira da mata , ..ura, quase negra, desma'4114m na sombra figurinha.a tü lenlla1cr.••", Assim, treduzlndo a ação .da distancia e da llurnint.çlo ,c.brL os cor– pos pela aparente alteração do volume e da nuança, o caplru, altô, alhana-.se em grama. : 05 boJa se contraent à.s dimen56es de brinquedos e brinquedos de ce!u!Olde; os Jenha<lores emenl– necem. ~ : lnhumantzam-se no aeu decreaclmento t.té o ta– lhe da flirúrinha · qulçi de r.era ou de louça, fugidas de algum conto de rái:las .;. pre&tes t. apagarem-se sob t. mar6 montante da nolt,e. E', na falta de Unhas e c<>_res dertnldu, puslvela de repreoentaçio, segundo regras rtxu. grt.ças ao cr•pü.,culo e "" afa:stamento um triunfo da perspectiva de aentlmontc - maa um triunfo que descobre de Improviso a senslbf!ldade e a maea– trla do pintor cap3z de desvendar-nos num rela11<:e a lntlnli.. varlaçlo trnpré.s.a àa coisas por efeito tanto da ;,ua expo.slçi,O Domingo, 21 de setembro de 1947 dõr de ~•beça. .:-llio queren, •3· ber ae eu paaso noites de dór sen, um só minuto de SOMégo. (Num gemido, . afaatando-ae> Peimltt.m-me apenas um Ptdi· do : deixem-me em paz, de1xem que eu morra 10SSegada.. (Sill. (Nelson e Helena tlct.m ator– doados. Mas, imedJatamente, Helena volta ao natural). HELENA - I!: o mal comum. Mamãe também ama as compll· caçóes e vive representando pa• ra si própria. Sómente ela pró· prla acredJta na realidade de SU1'.< atitudes. NELSON - Mas ela nlo dei– xa de ter razio. Nós mesmos criamos as suas atitudes. HELENA - Nós 1 NELSON - Nós. TU por exem– plo vlv.. uma vida completa– mente à parte da nossa. HELENA - Nlo sou nenhu– ma prisioneira. NELSON - Não ê Lsao que quero dizer. HELENA - (Rindo) Oonl– preendo. No fundo é tudo um• vulgaridade multo grande e multo estüplda. NELSON - o teu oll!nclo... HELENA - Estüplda por Lsao mesmo. <:Muda de toml Papal gostaria que eu o chamasse par– ticularmente e lhe pedisse li· cença para namcrar Artur. Ale. por sua ,·u, indagaria &e era um rapaz dlstJnto, se tlnht. fu- A AMERICA ... IOonUnuaçlo da ta. paJ.) te que se tem a Impressão de que existe um mecanismo auton;iátlco pois, nem bem termina, logo recom~ o til! lamento brasileiro, sem de.r sequer tempo ao cantor para resplra.r !... Isso durante ho• ras seguidas - e o amerlcit– no já sabe a blstórl:l de cór mesmo se, para "1e, seja qualquer coisa como ''l heard the slng, como to the Mardls Grass" ... O. K.! .. . Slo as "exqutslt!ces" de uma cidade grande . E, ah– nal, há outras mais loucas do que tocar a mesma músl • ca o dia Inteiro. durante sP.– manas . Por exemplo, o caso de haver sempre uma aglo– meração diante da vltrlne de um restaurante, na Broa– dway, onde se vê simples– mente um cozinheiro traba– lhando diante de <\ois gran– des fogões a gaz. A ldé!n, não resta dúvida, foi lntell– gentlsslma, pois nlo poderia haver propaganda mais eft• ciente: e ali ficam, durante minutos, vendo fritar ovos com presunto, como se fosse a maior obra de arte 1 E, por falar em arte, é vtr• dade, tambem, que nlo falta a.sslstencla aos desenhlst'I-, que. pelas ruu ou numa sala, fa.zem um retrato em 15 ou 20 minutos... Não sabemo& se podemos classificar de "exqulsltlce" aquele grande cemitério àe cachorros, onde os anlm9.ls têm suas pequenas sepultu– ras, multo à moda das q1·e se usam para pessoas, por– que, atinai, serppre nos en– sinaram que o cão ~ o me– lhor amigo do homem ..,. o que é verdade - e o qu~ têm uma verdadeira. d~– dlcaçlo pelos anun&la. ·eeJa qual fór o taman'ho da ot– dade, é mµlto comum ver-se um "hospital pa-ra clea e ga- tos" . ' ,.IM, falando em hábitos, deverlamoa, antes, dizer de como é tratada a criança. Pelo upecto geral, nlo se vê a criança. deprimida. maltrn– tada; na. verdade, tem-se a Impressão de que, l'.qul na América, cada e rlan,a. é um pequeno reli Há colsaa que nos apareceram como novi– dade; por exemplo: u mieb trem a uma confeitaria, 011 a. uma loja deixando o baby det1.ado no aeu carrinho, fóra, à porta da. casa onde ,e turo, quem era 1111& familia. NELSON - Maa IMO 6 .... ral e compreenalvel. • HELENA - Natural e ,_.. cll. Quando lhe t.f~ • nlo conhecia sua · famlllL 4f!i1 nlo me dera ao lncõmodo ·• Interrogá-lo &óbre IMO, .... M>;tt.rla. um "ah J" de tllpalitlt, teria um geato trqlco ~ - sej:Ufda. fuer puaar dláDte de mim um c:mplelo desfile de conse!hoa. <Mudando de tom> E tu ? Que ae paaaa conU,O , (Sorri> Penaaa que não venbo notando tua esquisitice 1""81 ultlmos d!aa ? Parece que andu ap~vorado e perseguido. NELSON - (Sentando, CCllll um ar· de vencido! JuatalnellCe. Ando c<m medo. MELENA - M6do de que f NELSON - Das co11M'Q11811- clas. HELENA - !Rll Multo bOe I QUP ffzegte ? (Jrónfca) Matute alguém? l\'ltLSON - <Ji um pouco • nhor de sll Nlo 6 assunto para ser dl9cutld~ coptlgp. HELENA - Pois entio 9911a •• consequenc1... Nlo J)fflaate nelas antes ? Bóas ou màs alo sempre fatt.ls . NELSON - Nlo pudemca -- capar, HELENA - Ab I Pensaate - llvrt.r-te... Mas que • ? Conta• me tudo. · encontram . Se a mamadl!J'& sae da. posição adequaOa ou se o pequenino cboraJÍWllll, sempre há um pasante quo ae detém para aJelti•la • dar-lhe uns emball.nbol, at.4 que a mamle venha Tam· bem estranhamos a corre1,– Zlnha apropriada, que 19 p6e ao redor do peito da crlanç,a, multo prática, aliás, porque a deixa. à vontade para ar.– dar, porém sem o pertso :Se esca.'pullr, repentinamente, tentando atravessar uma rua, pois a mamle tem a ponta da correia na■ mãos! ... Mas, foi Igualmente ~ – dade para nós a lnf1Dldsdl de avisos, nas ruas e nu ea– tradas, chamando a atenção dos automobilistas, como por exemplo: "Se uma bola cor• rer, páre: uma criança VelD atraz", ou: "Cuidado! Nóe amamos nossas cri.D"'!" E não há "chaurteut", por mais apressndo, que não • detenha, quando há garotOI brincando na. rua, .pois Dln• guem Ignora o que lhe suce– derá, neste pais, ae Rtropelar uma criança! · Entretanto, r prlncl,al• mente quanto à lnatruflo, que a criança rec-ebe relmda asslstencta do governo·. AI escolu públicas fomecetn oa livros gratuitamente e;;. , na cidade ou no campo. há ont– bus especiais para tra1111por• tá-la de sua casa à escola, • vice,versa. E assim, pobre ou rlca,:e1a sempre tem regalias. .. Ainda agora, com este ca– lor tremendo, a garotad não se atrapnlhct . Cc.1 balrrca afastados, à ma~m, m~smo de uma rua, vtc ,1-ae pli<'I• nas construidas e, clusl.va– mcntc li!IU'll ela .C <>'ilf O• 105, a.fogueados, deu.; ae all ficar, olhar,do,' . àtwk das grades, oa pcquenoa"'féll• . zardoa que, despreocupadi>a, , mergulham e ae peraellUem. fresqulnhos, satlsfeltotf~. mesmo sem chegar até esaee lugares, há a. cena comum t.e um grupinho de garotos ba• nhando-se e brlncanc!Q em plena rua, diante de uma bõca de lncendlo - ~xtetnu, aqui na América - e q1i., lhea eão abertas para que, de qualquer mantlra, tenb4m um alivio noa dias ma!I quentes . E' dessa forma, tratando de seus pequerunos, que eet. pais ae engrandece. , . l luz como da aut. poaição retatJvt. no eapaço. · Ai esti a pt,llqem em repo\110; é exata. Pela de,ra.dlçlo dos planoo, t.cabadt., u colau representadaa 1U&rdam lnte,ral· ' mente aa auaa proprteda.des proJetJvas. E tem o relcv<> que .-m– pre anda unido à peropeotlvt. aérea ; nlo preclSRmoa contem– plar nem refletir multo para verttlcarmo1 que, nel:1, hA em .,.,. dade umt. vlaio blnocult.r da natureza. POr outroa termoa, pa. é &Omente crivei; é crivei e fiel. 1: que algnlflca ltt.o? Delxem0& de pt.rte, ccntudO, e&III esplentlltlo cromo .ia– tlco e busquemo•. para contrapor-lhe, o flagrante de uma fllma em movimento : oblervaremoa, enUDI que o sr. OraclUallO · Bao mos lhe dart. o meamo trt.tamento p útlco e aeguro. Com ates– to assim como ucue ria dncrlçlo daquilo gue Jaz, a t.rt.m!ar• r::Ú,çto passiva. d05 objeto& aubmetJdOI 1 ação tia !ui. e da dia– tancla, a..lm também, na descr!çio daquUo qua nu,. aerue a ativa tzansfcrmaçlo dos objeto& que ae dulocam, alterando u ,uas atitudes, por ai me.uno•. Ela t,qul, pois, um bocado de rea– lidade que se modifica, atravéa daa mudançt.a de pCI çlo, suca– •lvu e continuas, de uma mulher que vai o aeu cantinho : "Rola de Marciano atraveut.vt. o rtt.cho. Erguia 111 aolal uU a clnturA. Depois que paast.vt . o Juaar mt.11 mundo, la bol:tando aa fGU, Alcançava a. margem, ficava. um tnat:inte de pé, urorrendo clgllll, e sala torcendo-se". Aítsur&-se-noa tAo DIUda e precta&' - decompostçllo da translação, t, panht.da pelt. obJ~Uva do l'01IIMI■ clsta que mal OU5UllOS comenti-la : a. d...rlçlo t,:,m ai 'CNill• quer'coisa de uma camara JenlA. Era deatgual o le,ito do riacho : como, l medida que avançt.va, a Agua subta, a mulher ..,.,_. a, aalaa; erguta-u até a clntar11. E,tava então no :uaar mala baixo do alveo palmllht.do u.'1m de trave,. O ta1veaue, P3Nm. se pasaava nesui ponto, nezso ponto também flnda1a : dlf....-.1& o fundo alongo.do o err4.1lo tio um vinco neaae rtacbo, por ma vez o fundo err3dlo o alongado ele um vinco que parti& o vale em dois planos 1nclln3dos, paralelos t: llmltrórea. Mata um 'IIÚIO e a mulher começart. " subir; começari a emer,lr. Ac11vtnlla– mos n"""' lnterlm & a:;cençlío da penelente •ubmeraa na cor– reflieza anonlma q,:e, lucllou um nada com uma raz4o 1k -• na ficção a que não voltara Jamais. /1 mulher deu aquele i--: deu e dari outzos pa..oo. E de nevo, como a iaua :g01'a 4ea– cla à medida que avançava, ela l11vera:1mente la bolzondo u IOÚU. Baixava-as até c.Jcançar a rllxl, plena terra n.-. Mas, a 6cU& não a deixou de todo ainda. e essa etemera tenacldlde elematltar flcari reglat.rada : um inatante de pé ncorrendo água, a6 a P011· co e pouco poderi reatar n caminbada a trl.lllfunt•. B por 1sso é que R:>sa de Marciano ,ata torcendo·••• para percler•N ~ sumir-se na curva. da varec!n ou no auenclo da na.nativa - quando a atenção da personagem ae oolve para oubos top!col .:~ hortzonte ou para •outzos problemas da 'e,(llter.t!a : a es)IOla que lhe perturba o pensamento, o outetro l'JU• ao ool lhe par- uma.N~~di~tobem necar a mt.aLatlr•lldade dwa ema: um pormenor sequer em aemd)>t.Dt.e movimento é ~ ou falaeado. TUdo aí é, nlo llc)mente veroMlrnll, como alllll6 apropriado no aeu comedimento : concorre para um fim lecft&– mo concorre para a verdade da repreaentt.çlo e. poll, para dar:nos aecundarlamente, a conylcÇAo da veraclda~e do narn– dor >,l, mesmas formas -bali. em que surgem as conJl1P9DII peritrãsttcaa _ 1noot,tJva aqui. ali frequentatJva - •nKII•~ aegundo 0 gen!o do Idioma. a - ação que começa e que llela a essa a.ç4o que vai vai e. ao dobrar a esquina da pAalll& nlo !lcamoa oabendÓ ,e acabOU ou ae prosseguiu pelo tmDIIO pela=te •Ali:"'~ autorlzadoa a uma ooncJlllla. Sim. eat&mOÍ, nlo bi dQvlda. E 6 bem 11J1U11ee. clara 'ru&o -,ora. porque na obra. do or. oncillano desd ª inlclÓ o IIUIDdo flllco ocupou lnvarlavelmm&e 51m e~ uflUO· Não foi porque nf.o aoubelle ele no– •entar ~t,e u leis da perspectiva, à comempla tlca • nto • 9Yldente. l"o1 porque, intúperte de uma mucÍança' - que o drama da esp6cle noa - de por lntelrO, a IIDSlbllldade e & lnt.ellgenol& - 11a verdade 116 o bomelll hoje deveria Importar IO la.do a uma c1UN que aorre, luta e aobe. ., noaaa na1ld&de - aoclal e, JIOl' ren- -~~,... ~m rug1ar.- no ,mDl1'llalamo 111111lro da ~ batente· Dlo • um cenótPSfo. Deaiart.e. podemoa replUr : ~ ._ · homem. No tiomem. portanlO, 11A OI da sua arte dl flcclDnllta. 8d perto - enquanto nlo caem _,.. aa lura u crffU NI...-, do UIIIIIINro •

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