A Provincia do Pará 12 de outubro de 1947
• • • 1 SEGUNDA SECÇAO IO ITO l'AGINI• 1 AR.TE E I,J'ff.RATURA BELF.M-PARA' - fiUMI'.'IGO, 12 DE OUTUBRO DE 1947 O Poeta escritor publico Claude ROY Aragon, Eluard, Louys !lfa.s– son, estes n~m•s ba.starlam para nos to.zcr lembrar, ago– ra, se acaso sentlssemos q, tentação de esquecer Não. a poesle. não é o frnto arbitra– rio e enlgmHlco de n:io sei que efusão, ,1e uma Ilumina - ção fulguran!e que desce so– bre o poeta e o nlmba de graça !netavel, sêm deixar outro traço além do poema, ds. obra completa em sl. em si mesmo acabada. O poema, nós o sabemos com toda a cerwza, boje, é a obra de um poeta. E o poeta não é ess• sonhador vago. esse persona– gem de elma da lareira, ln– ventado por um homem aliás ativo, lnoulcto. espiri– tuoso, grande viajante, ~san– de amoroso, grande vivedor e vlvedcr em excesso, pois que o vll)ho, as paL~ões do amor e os desmandos fizeram-no deixar a vida multo prema– turamente. Não rol o Poeta de Musset que escreveu os versos de Musset, mas o pró– prio Musset, Isto é, o que h~ de mais op\lsto a um berol linfático, lunar, desvairado - um homem perfeitamente lúcido, perfe!tamenle curioso de viver e viver totalmente, tão absolutamente que asatm consumiu sua vida como uma tocha por demais breve. 1940-1944, a éra clandes– tina nos oferece 11 primeira das chaves do poema, que é o próprio poeta. Esta não ó uma verdade em moda Há quem se preocupe pouco, de– pois de ter-se preocupado de– mais, em explicar as obraa pelos 11utorf3, os rrutoa pelas árvores, o pensamento pelo destino. Existe todavia uma constante da literatura fran– cesa em que seria preciso atentar: sempte os nossos poetas toram grandes ho– mens, terrivelmente, magni– ficamente vivos . comércio de poeta, mas são po•tas vivos escritores ,·Ivo., homens, enfim Certo, não h·.-i regra sem exceç-ão, há ,1.ven– turas espirituais que •1omi– nam e sobrepujam toda.. as aventuras d,, vida há con– qut.,tadores ca !ntellgenc!a e descobr!dore. da vida pro– fllílda. cujo destino apare11tc é dest!tuldo de brilho e de fulgurações. Certo, há \"alé– ry, sua lampad~ matinai, sua xícara de caré, a regulari– dade banal de uma das vi– das Intelectual, mais !)rodl– glocaa de to<!os os tempos, e há a 11.ula de tnglés, de Mal– la1·mé. Mas, há sobretudo pa– ra nós, leitores de boje, Pé– guy, poeta, soldado e berol, Claudel, que nos abre as por– tas do Oriente e do vasto mundo, Apolllna!re, suas ba– talhas llterárla.s e seu• com– bates guerreiros, os fog~s de artttlcfo do surrea.11.m!o e o resplendor dos !ncendlru en– tre o quais a poesia da Fran– ça em guerra desabrocha mi– raculosamente . Falo de ln– cendlos e não é uma Ima– gem de retórica, pois penso neste momento em unu;. al– deiazlnha da Drõme, onde se havia refugiado por um Ins– tante Louis Aragon, acossa– do pela Gestapo e pela poli– cia de Vichy, e da qual os alemães se apoderaram para Incendiar todas as casas. Aragon logo retomava a luta pela liberdade, luta pela poe– sia, travada na ação; e 9.tráa de si, continuando a guerra dos maquls, ele deixava as c!nzaa calcinadas daquilo que foi um lnstante a morada de um dos malores poetas da França. Tão grande quanto ele, saúdo Paul Eluard, per– seguido pelos policiais ale– mães e colaboracionistas, ln– cansavel animador da luta subterrànea, compart!lbando os perigos e a participação total dos sol<iados clandesti– nos de Parla, e que se bateu durante quatro anos. Reve– jo ainda, meus amigos, uma maleta na mão, procurando cada noite um novo asilo pa– ra escapar i prisão, Louys Masson, Pierre Beghers, tan– tos outros, todos atirando-se sem hesitar à mais dura, à mais tensa daa açõea huma– nas. Nem todos os homens ·,tvoe são grandes poetas, sim. Mu quando um escritor é ao mea- (Contlnúa na JOa. ))ai',) Ribeiro Couto traduzido para o francês CA FE' DU PORT (Café d o Porto) A dona do café do pôrto Se é moça ou velha ninguém [sabe. Com ela ainda ninguém [dormiu Quem vai Já beber só sai Bêbedo de cair morto, Mas nem a cara lhe viu. Bebida bôa ela dá, Faz servir o copo ao meio, Dormir é que não promete. Beber, bebam embedem-se; Podem rebentar de cheios, Dançar de roda, cantar na sala. Não queiram é tocar-lhe os [seios, Que a dona do café do pôrto. Ninguém poderá tocá-la. Ninguém - capitão ou [grumete– Poderá dizer que a ouviu Falar com um homem na mes– [ma cama. Ninguém a ouviu, ninguém a [viu. Só se sabe que está na sala E aue com nine:uém passa a [noite. Já no cais o navio chama. Bêbedos vão capitães, gru- [metes .. . Era o último pôrto de escala. La patronne du café du port Personne ne sait si elle est [jeune ou vieille Personne encere n'a couché [avec elle. Celui qui va boire chez elle n 'en [revient. Qu'ivre-mort, Sans même avoir rontemolé [son visage. Bonne boisson elle en dorme, Et fait large mesure, Mais coucher ellle ne promet [pas. Boire, buvez : soulez-vous; Vous pouvez crever tant boire, Faire la ronde. chanter dans la [salle. N'essayez pas de caresser ses [seins, Car la patronne du café du port Personne - ni mousse ni capi- Persone - ni mousse ni capi [taine - Ne pourra dire qu'l1 l'entenclit Parler à un homme dans !e [même lit. Personne ne l'a entendue~per– [sone ne l'a vue, A peine sait-on qu'elle est dans [la salle Et ne couche avec personne. A quai, déjà le bateau appelle. Ils s'en vont ivres morts, mous- (ses et capitaines. C'était le de:·:lier port d'escale. (PubUcacla na revlst& tranc- AMERICA, nflmero de JDlho de 1945) O romance é a arte da vi– da, mas o romance nos apre– senta uma galeria de escrito– res bem comportados, senta– dos à sua escrlvavlnba, cotr.o funcionários do real. Na ga– leria dos grandes pintores da vida através do romance há o grande Zola, com seus pe– quenos óculoo e a sua peque– no, barbicha. o grande Mau– P=nt, com suas pequenas viagens e •nos pequenas aventuras mundanas. o g1an– de Jules Veme, vlslonarlo burocrata, o imenso Proust, ca,afetade, no seu quarto, Jn•• les Romalm, com suas fi– chas, seus arquivo,. sua do-– cumentl\Ção ,.1as. em compensação, Td\ galer!A doa grandes poetas franceses há Vlllon, auaa pri– sões, seus malfeitos, suas evasões, há Pierre Gr\ngolre, arauto de arma.a da cõrte de Lorena, saqueador na Italla e rerido de guerra por um tiro de arcabuz há Joachln du Bellay, dlpÍom11ta. cor– tezlio, Intrigante, amoroso, du Bartaa, valent~ capitão, d'Aublit!é, '}U8 loge de ca– ffil!ll para Ir ao combate frc– nt;Jco. n:i querra como na poesia. Há Etlenne Durand, grande Ignorado, conspira– dor, d11nçar\no, cantor, 11m11nte provavel de uma rai– nha de França e queimado na praça da Greve por crime de lesa-majestade, há o ad– mlravel TéopbUe. buguenote e libertino, vagabundo claa estradas holllodesaa, exilado dos cabarés londrlnoa, con– denado por contumacla a fo– ~uetra. cativo nas maamorr"" de Rassllac e morto em con– sequencta de suas Prl&ões. Há Saint Amant, lnseparavel do duque de Retz e depois do CO:"de de Ha.rcourt, em suN; campanb!ls. rndo da Hobnda à Inglaterra. d11 Inglaterra à Polonla. Hà Trlstan l'Hermt– te, que aos treze anos fére um homem com uma estoca– da, aos treze anos e melo quase mata outro, roee para a Inglaterra, rapta uma mo– cinho, togo para a Escocta, p11ra a Norueea, volta a Pa– ris. tenta raptar outra moci– nha, roge para a Espanha, é gravemente rerido no cerco de La RocbeUe e morre de– pois de uma vida lncnvel– menle rertll em obras • a,·enturaa . Será preciso fa– lar de Nerval, de suas via– gens e de suas delicadas lou– curas, de L:lm11rtlne, tribu– no. pollUco, vlnbate!ro, de l!ago deput11do, polemtstu Jornallata, exll11do, de Bllude– io.lre, de Rlmbaud, de Apolll– nalre - serão precisos tan– tos nomes para demonstrar que a poesl11 não é a expres– são de uma categoria de so– nhadores acordados e de es– crevlnbadores sentimentais, mas sempre foi entre nós o apanAgJo das personalidades mais ferventes, mala lúci– das, mais ricas. o livre exer– ctc!o e o br\lbante privilégio não dos bomens de letra.s e literatos, dos reitores e dos bons meninos, mas daqueles que merecem mais osten.,tv11 e evidentemente o belo nome de homem e o belo eplteto de vivos? UMA ESTRANHA LEMBRANÇA · Conto de Joaquim GUTIERREZ Se limitarmos nosso exame aos poetaa contemporaneos, talvC/ll nos aperceberemos do mcsmc, fenomeno . Baverà, ua arte do teatro, do romance, do ensaio, mestres que são apenas artesãos comp?ten– les - m11s, nem Frederico Garota Lorca, na Espanha. •em Malakovsk!, na RU88la, •em Lansat<m Huahel ou ,-achei Llndsay, na América. nem os grandes poetas viVCA na França, e~ ao n06S0 co– ração, são redutlvela à fun– ção de poeta, ao oficio de poeta, ao estado de poeta, ao O Pequeno barrll rodava de manelra 1ncr1vet entre. seus de– doo magros, com um& habllldt· do tmpreviata, quue que mala– barl1mo, enquanto ele pondera· va : - Olhe a.a cu_polaa em for– ma de cebolaa... Penuva cada silaba, ualna– tando-11 com o quelxo aaudo • !mper1inente, repetindo: - Olhe •• cupolaa; todas co· lortdas em tons prtmJtlvos, co– mo somente oa povos primltl– VOI llbem !Uer. lato ae perde com a clvllll&ç&o .... tAo de- ~~~t•~o c~'f!"':.{1º·ta~j~~ ~ ~e ~;o ~eue ~zg1r:, at~'. pleemente uma obra. de arte, ma1 tambem de admlranl arte– sanato. Tcmou do meu braço pci\ at.raveuar a rua, enquanto pr01- serula: - E, alem do ma.li , que &ln dezessete pesoa e trin ta cento.– vos? Nlo quero dlze.r que o ae• ~~~Ja v~e:~~Jgr~r~ry~~i tanc.1& com uraencla. NAo ae.r1a Justo acusA-lo a prlorll Mas. dl· aa-me, francamente, que aio de– ieuete pesos e trinta nestes tem pos?... (O que? Como o obll ,,,1 Ah I i.to 6 toda uma hlltorl• - um a ton aa hbtorta 1, Por una tnatantN t1xou em mim 01 olhlnh01 cansadoe, de palptbraa arrebitada& e verme– lhas. Depcb ,uaertu: - Se quer po.., acompanl\A– lo. E aem e,perar minha. reapoata, voltou ao osaunto, camlnbando ao meu lado: - Cluo que ao comprar um.1 obra de ane a aente Hmprc quer ter uma Idéia de aua pro cedencla, porque nem tod01 po• dcm apreciar rr. arte em at mes– ma . . . prcciu.m redei-la de onedotarlo. <Nlol nio o dlio pe· lo senhor.). Apenu comprttnd., perfeitamente que ~ prtfertvel contar·lhe como ele velo PA• rar naa mlnhat mãoa. cmbo ra: ce~c~~~cfuª~ª e q~!n~~ug~~e· - . . . embora ec.tu c:ba.a doam na aente. Sl rn. do em na rala doa aerv01. A aente sempre quer MQ.uece.-laa. deixar que el!ll 1e aedlmcntem. Maa hã momeo• toa em que ~ necesarlo - Pl)r ma.t, mortlflcanu que sela - revolver bem no fundo e e.x· PÕ•laa â luz . • Ainda que tuo Impliqu e na re vlveru:La de c:helroa putretat.oa , e miumu, e todu ea && col&u tlUdas que ,e Vio aepUltand o no fundo, bem no fundo, no ma.ls fundo. csei!?fJ~ •~ ::~: :ae -l°~e~: mouao: - Mu vamoa ao cerne d.l. :~~t~ rJ~,~~ aborrece•lo Eu o obtive. atm - suspendeu o pequeno barril de madeira t olhou-o com ternura. - Sim, tu o obtive e.m Nov& York. So- fr.e':,~= t=~ ~~~~ que lhe vou contar. Aqui neata Amúlca barbara, "CN• ainda reza e acredit.a em mJJacre.s·• ~~~~~a~~~du~ ~ ~:J1°~.t ~t, m,.efl~~ ~ homem qomo o senh or. p0r exemplo, pode 111pertar i.to . Traduçlo de OSVAI.00 ALV&8 (Para OI "'Dl4rlos A11od&401") Notou que o elogio n1o den resuJtado e acrescentou: - Mas alm, eu lhe dlzta que o obtive em Nova York. quan– do chegue!. have râ una vinte e sete a.nos, na.da menoa: Vinte e aet.e a.nos! Mo.tr lculel-me num ~~~•- de(~~U!!:ratordJ;'~~!fo: aqulloll Eram01 28 aluno, de 25 naçõe, diferentes. Havia dob gregos: Venbel01 (nunca esqu~ cerel Nte nome) e Melllzcs. Os dois tinham barbas negras tão negras e espesgu_ que pareciam atues. Etam Uv1dos como a cer3. Ao v!-Jog qualquer um dirta ~ue ::~~ 1 t1!r~ºaa'!~~foª~ª pat pelo men':ltl Ficou pe_nsattvo um acaundo, olhou-me serl, e triste e ajun– tou 1010: - Ali eu a conheci. Nós, os alunos. nos entendla.mcs à.s mU maravH.hu. Mas lotro que a pro– te.sor11 abria a boca (uma velha marra e reia> ftcavamos como no mundo da lua, aem entender patavlna. Clard'I Entre nós fa lavamos um 1na1e1 nouo, cspe– <111 e rudimentar lngl!s de lml• 1.ranu,, aW ton!tlco. E noa e.n– tendJamoa como ae tala.ase.moa nouoe proprl01 ld1omas. Olhe para que tenha uma ld~la apro• xlmada, .,ou um exempl, : lma '-~:e: ~~~do?~ºe ~~:lz:~~ ma s o que era . maa a velha d1- z.la : ..Open the wlndow" - e nós c&1amo n.a 1araalhadal Mais uma ,·ez. ele fint'la ea– p:rnto por futtr a, auunto aba nava a cabeça d.1.zcndo: - Mas lato nA, vem a.o u.v,. Eu dizia que a11 foi que a. co· nhecl Tocou-noa 11 metma car– te.tra. Por lJto 1empre acrcdl'o no da lno. na prede.sttnac;Ao do Jndlviduo. Aconteceram-me tan • tu coisas 1cmelha.nt.c1. O aenh.1r me dlrà que luo fica pam QU'! um poeta. à.rabe f:lp uma. le.nd1, mi.s eu lhe direi que ee:M ~ um verdade. Uma grande verdade f EU o escuta,·:i ttm muua a•en• cio. enquanto ele conunua·,a a ~alar cem ,·olubUJdac!e se.m ae deter: - Ela er11 graclOM e nad 1 tela. Tambem deve-se levar em conta a Idade aos de-~lto an~s qualquer pequena que Wba ca– mlnha.r erauld:a, que a.alba r•r e que ac deixe abordar não é rela. Não p~e e:: A aue.rra eu– ropeia lançara-a com auo. n141• r~ pelo mund:,, mas ela nã, ,e queixava.. As vc.:.u lembrava-se dos pala mortoa, o unhar co m• preende. Mu eram peque.nu la• erlm8.5 de pouca m onta - e lo· go depob estava rindo de nov .>. Ademais, o. quem poderb quet• xa.Ne uma vu que nlo conh.!• ela o Idioma nem tinha •migas? Só contla va a . magou ao tru ,·euelro. E .o.li c.. ~ava agora, se f, ultad11 no me lo daquela cidade merua. com um Jeito de anima: IC0'5:ldo e 01 01h03 ~panta.d0a. entre. as maquinas papa.•nlquel.:, ~u~~deosn\:rrl.~::~~~~~; algam que é o povo que poa.aul ..o mal5 alto nivel de vtd.s. ". f Aqui ele ae exaltou, de repen– te). Basta dizer-lhe que no Por– que Central n~ prtmavera, :is velhu que nAo ttm mala nada a taur aenlo esperar a morte vlo dar a.mtndolm ac-1 cut,or~ E quando 03 ca1torea ae lncharr. de fartai, deupa.recem e vAn abrir um buraco no qual e,– condem o amendoim para o ln · vemo. Eu tlve oportWlldade de ver 1.ato,, 1enhor I e com o tndlca· dor tocava repetida& vezes a palpebra lntertor>. E aemp.." havia algum moleque que oJ \l!a escondendo o amendoim e, ~~1· q~J'~~:12'1=º.:~ tamente lJU&l - e tlran os e:rão& e 01 cernia. Um& manelr~. de brlnou me dtr, o senhor. Nãol FomeJ Em Nova York $\ tome 6 uma cold. multo reapei• tavel, muttó respettavel, mes- ~o ·lhe ~!~tâVa~ue é mesmo que m:-~r~efoª b~a~:r:e ;~:v~: 1armo1 a rua, poli o home.rr -. an<1a-va cotup1etamente abaorto . ~ co~rt~t~~:~.~~~~rr Cif~ tez una gestos de quem procura refletir: - Ah I claro: Olga. Cbamt.· va•se Olga, alm. Desde oa dlu da escola, à qual um dia ela nAo regres sou, p a.uel um pedaço de. temp0 a.em nada- aaber dela. E 6 precla o dize r que eu era aeu dni– co amtao. Uma noite levara-a. a. ua.r - e em 1e1u1da pauea– mo.s pelti Quinta Avenl4a olh&-n do as ,1tr1nes. Eue ~ o mod.., mat, barato de &e dlvertlr com uma pequena em No va Yor;;.. l"&.ra uo 16 6 precl.ao um DOU• f1~a~: s:~l:~/ ªt.!:~ ~U:cl~~b!: çõe.a dlanu. de um v c, Ido de du- 1entos e uma pe.le de cinco mil. Tornei a enco ntra -la no 1ubter raneo. Eu vinha.. . aaora nl, me lembro de onde. Eram cerc,1 de tres da manhã, quando vll– lumbret o leU vulto muito cn· ctlhJdo num c&nto. Bati-lhe no ombro para aau– da-la efu.alvamente, ma.a 1ua ca• beça caiu pesadamente em me-J bro.ç0. exata.mente, como ae el"'• ~~v::C,~e'::~~~- ~u ~ ~~ ~ f:c: de usar o .subterraneo ma.li de uma vez para dormir, porqu e ~ econ~mlco. aobretudo no Inver• ~~Po~ f e:~t:K~e o_;;:~~,~ se ao traquet.ear que Jamal1 aca · ba c:om ns luzes e com o at.ro · pelo fazendo o percurso de ter– mln3l em terminal Indo e vtndJ tndt !lnldamcnte. Ma• de qu&l• quer ma .nelra p ode·ae dormi: e.reta. E' ape.nu que&tlo de ha bito. c: m o tudo na vide,. PILTOU por Wll momentos. me.to canudo oa canto& doa 16.bt oa e~• f~1~:on!ºPr~atu aec~i:vot_amº~ - Todo, oo <10mlna01 Olga ti– nha de domlr no aubeternneo porque ela atu1ava um pequeno quarto com uma cor11ta e du– ra.nte a aema.na alte.mavam a. carru1.: um~ de n ott.e e outra ~e dlo. Ma.a aos dcmin1 os a outr.i. era Uvre e utilizava a ca.ma pa.r.1 a eu I negocios p a.rttcul a.re.a Bem. . . desde cntlo encontra· vamoa-noa trequenumente.. En– Lcndia.mo-nos la maravilhas, em bola 00610 tnelb toue dettcien• te, e apeu.r de eu nada ubtr de TUNO, alem de • 1 paplroaka ••. "akra" e outru palAvrLnh..u. Um.a noite levet-a a JanLar - e depotJ; tomei ao cinema. Lem· bro-mc perfeltament.e de tudo. No final h ouv e um numero do \.artedadea t.lo obac:eno, que era r:z:~~ooa ~~~ -~ oaco~1~~~.: ~:1.:iJf~~ :O.ci : ~:6â=e~ :abl01 com fOTça, enquanto o pe!– to ae lhe Inflava com ta.ntõ a.r que era como "- oa pulmõe.a tos– aem rebent.ar . E,lat.ameote como ae estivesse aprendendo a respi– rar. n::u:i'iin;:mt!1J~fzi~~~~f eati cotau umpre tmpreulonam, porque, alnda que a gente nlo queira o aenttmental.l!mo acabl. em prtmelro plano. De no.-o tomou tu!evo, pa.ra continuar Lmedlatamente, sem me dar tempo de Indagar na· da: , - Naquela época Olga esll– va acabando de gastar uns po\J.– cos dotares que ha.v1a &anho no barco que n trouxera dan· ~~~ ae vfa':::1~taE~• ~~~ Unido s, o, p auagelro, da pri– meira elas.se (por de&taatlo}, to• ram o lhar e ue: canto da& ruaa, à pcpa, onde viajam os emtgran· tea. Vlram-na dançando e can- ~d~t;-ar:.J06~~ ;:1:d~~! chuva de moedas. Mero acuo. Maa por mala que econom.tzaa– H, Ji nio tlnba nem roupa p~· ra empenhar. De 10rte que, ao aalrm01 do teatro, quando eh me deu o b raço, eu dlae para mJm me.mo: "lMo 6 queltlo de temp o". E a 111m tot. Um menino obsorvldo na tau • ta de rodar aeu aro, como uni pa.aa.a.rtnho cego, velo enredar• :Tn~~• d~~~~; &:t~~oeme~i;- va.ndo a voa para &tosar o cho– ro, conr.tnuou: Nlo obat.ante, nunca tuJ 1ua• ~fh~~mte~o m~:~'i:intep~i';t: ~a~ ~u'!1~::r ~~ cf~~v~t vtdo o lnat1oto da matem.Jdade, do aacrttlclo, da bondade e êa • ae senso da enlreaa que a ta: correr por qualquer c.r.tranho que ela ocredlta. eatu deaa.mpa • ra.do e só, do meamo modo que =~ ~~: f~:~:· :~~~~'~ t-nt.60 não devemoe dar-lhe na– d11. pa.r11. nlo 11.eabar por e.nv1le cê-la de todo. Olaa nu nca me prdtu nado, Olhava-me ape.nu. Olhava.-me multo no fun do, com Ftus pequenos olhos glauooa. E me dtlxav(l. fazer. COnt1nuamoa 1,, ver•n~a no aubt.crraneo, em– bora cu chegaue a toma.r ver– dadeiro ódio a rubterraneoa. ~h~ /'~~~Jg' n~ 1 ~l':.r~!: ra-ae à estaçio, detem•ae o Lrem. r a a:ent..e 6 arraat.ada em turbl- 1010. atogando-ae. Depol.l cer• ram•ae a, porta.a de ferro e fl· co-ae t.eso co mo cs-pada , &em mover•se um centlmet.ro sequer. porque o ape rto ~ lmpos atvel. P! no verão a, mulheres wam 10· mente uma bata &t:b o veat.ido, e c1aa bat.a cola•ae com o 1uor Se ali\lem tem a aorte - mal– dita &arte, diria eu - de ficar cm frente de u ma real fême.R, entto, nlo t.em remod.Jo aenio remexer-te cont ra ela, harmo· nlzando•&e com o louco ritmo do trem. E Ul1m 01 dali tuem todo o percurso com u c.&l,,e,,– caa mult.a Juntu, cheirando-se, qubf:r~u!>'e~:· percebem tudo, mu nAo podem evitar nada e continua. o suplicio de t.anta lo para amboa. O pior 6 que em lrente - ae.mpre d1&.nte dos ~lh:a{ ~~ f:{;, ~ 1;;1:0:eaº~~ tru vermelhu que adverte de 1ue quem cometer qualquer aa.• ~!za m~~ ~~~u~t~t.oapa~ ICont.inl\a Da pl,&ina ~ .•) Foto-desenho ele PIERRE BOOCHER O poeta tinha um encontro Algumu peasoas queriam que a poesia marcasse ease estado de serena !ndepen– denc!a do escritor cercado dó muros por todos os lados, mas conserva a cabeça er gulda acima d.. vldl}. Quan– do, depola de 1940, !alamos de poesia armada, sorriram: aasoctavam mal a Idéia de poesia e a necessidade de servir à pátria. Encolhiam os ombros e respondiam: "Fór, do eterno ponto do salvação, vocês estão fazen– do naufragar a Arte..." E a voz deles dlZla ainda~ "Esta poesia de c!rcunstlnc!a está \'OI.ada au desaparecimento; amanhã ou depola, nlnguem mais a ouvirá; e, sobre as rulnaa, a verdadeira Poesia Irá reflorir ;a que diz o ln– dlzlvel, a que é excepcional, a que é a marca de Deus so– bre a palavra". Doa poetas Impuros, para me servir du– ma expressão que lhes é ca– ra, Aragon é o mala Impuro. Em reallclade, Aragon é o bicho papão de todos eles .. . Proclamanclo como regra o angellamo, ou pelo menos a recuaa ela encarnação, acha– ram-se multo naturalmente em oposição com uma poesia que era. ao mcano tempo ale– gria, dõr e arma de uma ho– mem querendo viver entre os homens. Aragon contlnúa a ser um Insulto à. bandeira branca dos seus !ntmleos. Enquanto eles precisam es– culpir em mármore de Paros a sua poesia, Aragon fae poe– sia do mais humilde seixo d• França, com essa. esperanço. que é de todos. Aragon-poe– ta mantem-se ao lado Je Aragon-homem, desafiando a.a forçaa do Mal numa lln– gua que é propriedade de um povo !ntell:o. E Isso, oa ou– tros nunca lhe perdoarão. Estão tentados a desprezá– lo; desprezá-lo, apena., dar– lhes-la mala segurança de ai mesmos! Desprezar, els a boa chave para abrir o pequeno corre das vaidades . Só de•– prezamos quem é me noa cio que nós, aqueles que est.ão abalxu de nós, ))<'lo m enos à altura de uma cabeça. Os lmpaaslvela - os poetas– poetas, como foram chama– dos - teriam gostado de desprezar Aragon . Mas por multo altas que sejam ac sua.e ambições. por multo que se desejem elevar, A.ragon conserva a cabeça acima d!; deles, e mesmo oa ombros e o co,açlo, esse coração que eles não tém e que tez de Aragon, poeta de França. um herói francês . Que os Inimigos talem quanto quiserem, não podem Impedir que ''Crêve-Coeur", "Les Yeux d'I.laa", "Broce– llande" e agora a "Dlane Françalse" fa~am parte da hlatór!a literária da Fran– ça. Poderlamo• esquecer !a– so? Foi só o que nos tlcou do allenclo de 1940 - antes da.e palavraa subterràneas . Foi esta a noua !nv!slvel Infan– taria IL nossa coragtm . o, pregadores da Poesia pura perdem o seu laUm ( a sua llngua morta, quero eu di– zer>. Qual o homem capa,: de ler "Les Amanta Bépares • ou "Absent de Parla" sem es– se frêmito que todoa senti– moa diante da \'erdade!ra be– leza? E quando abro a "Dla– ne Françalse" e leio: Pralrle adleu mon etpérancc Adleu belle herbe, adleu les [biés Et les ralaln• que j'al toulb A4Jeu mta caux-Tives, mn [France L:iuys MASSON (Para OI '"Dli.rlOI AaaOC1adOI") Ad' ,u le ele! ~t la ma.lson T~e satrnant. ardolse fria• Je vous lalssc ot.,eaux 101 [cerlsea Les IU!es,' l'ombre et l'horlzou. J 'emmene avl"C mol pour [ba1a1e Cent ...utarea sana llen 1lnon L'ancle.nne anUenne de Jeurs [noms L'odorante neur du lanrare o "ColllCrlt dea Cent Vllla- [rea", Adieu Forléaru; larlmbeault Vollore-Vllle Volmeranre Avlze A.,.lne Vllleranre Alnval-Septoulre Mon(lbaud qual o homem que, por cima dos meus ombros, lerà estes versos com oi olhos lndlte– rentes? Perdeu-se a afe!çio às colsaa ver~.de!ras - con– cretas - a pedra de toque da grandeza literária. Uma afirmação aurgtu: o poeta era um Vlstoné.rlo, um ser que conversava com os an• Jos, um errante talvez. Prince d'Aqullalne 1 la tour [abolle. O poeta não podia se ex– primir como os outros ho– mens . Os sentimentos 'VUi– gares lhe estavam v.dacloa. Precisava não sei de que máscara, ou couraça, não aet 'tle que fronte enteltlçacla. Aragon e uma bofetada em todos e88es fabricantes de moeda falsa . No "gu!chet'' ~~i:~:;~,si~:~: 1 i~i:t:~ ela adulterada, A.ra11on paga com moeda de homem. Crêm ainda que passarão à frente dele? Como? E que fraude lhes daria esse dlrelt.o? Ouviu-se a "Dlane Fran– çalse". Não re8800u em se– gredo . Todo o mundo sabia, era Ara11on que a c11ntava ~ a voz não poala ser ele ne– nhum outro. El a eco11va nas noasaa triatei.as e, de repen– te, se acendia u m farol Ir– radiando esperança,,. Escu– távamoa os seus veraoa em pé, de punhos fechados, que se abriam de ternura, e se tomavam a fechar ele novo - a primeira vez tlnhamos cerrado os punhos com sen– timento de recusa à escrav!. dão, depois com o aentlmen– to de libertação. Os nOS101 mortos levantam-se por de• trá5 da fileira dos aeua car– ruco.s. Pérl e d 'Estlenne d'Orves, Guy Mocquet e 011- bert Dru estão reunidos n~A• ta múalca que exprimia a ln• dispensavel união : - Cdul que cro:,-alt au elel - Celul qul n':r croyalt pu - Toua deux adora!ent la r~u. - Prlaonnlere 4es aol dau - Qu'lmport.e ,omme.nt . 1 1 &»- (peU. - Cette clarU aur lcun pu - Que lun fül de la cbapella - Que l'autre 1'7 déroãt - Celul qul cro:,-all au clel - Celul que n':r cro:,-alt pu - Toua les deu ,talne n- [4êlea - D01 lhes du coeur dea [bnu. Era Gabriel Pérl que a m<,. •lca chamava para esta últl– m& marcb& - não na mor– te, mas à beira da morte, quase na vida Dana le clmltlêre d'lffJ' Dont on a bon tenner I• [porte■ Quelqu'un chaque nult 101 [apporle Et neurll Gabriel Pérl Un peu de ele! dans le allenoe Le Solell est beau quaud 11 [plaul Le aounnlr a les 1eux bl– A qul mourul par la 'Vlolence. · Aallm nula " "Dlane Fran• ç11lse". um poeta ae tinha recusado a ser Indiferente. Enquanto outrua subiam com cltrlculdade oa cumes do Bi– meto - onde os cleuaea, co– mo elea acreditavam, 01 cba• me.vam - cate poeta cl6acta. Tinha oa noS101 aapatoa e u nossa. roupas . Andava com um passo simples e longo. Tinha um encontro mar• cado. Os outro, dlr!• 111am-se para ,, absolun, ele tinha encontro marcado com os homens . Não la de• cifrar blerogutos e bater n& testa, dizendo. "Ela-me en• tão aqui, eu bem sabia que Deus me chamava". Não, ele lia os cartaze,i ar1.xac1os nu paredes, em alemão, e ouvia (Conlln6a na JOa. ))ai',) A ~ •1rtca p.i:o·n,e iHtdw com a m.ort• de Joio W nlz Br,ottJ um .!. a:.!,, m,11 1mot.l•01 cu.ltorll. Plrttllct.n• do • 1•n,ç30 de j ' ·r u11r BattOI. CIO'flJ de Otamlo, RaJ.mu 1C Pt::f:\. De Cl.mpu, ft.be :.ro. Orlando Mora11, Btnedl\o k, '– " .:,uttO"I )(,unia B~rreo QU• M tlrmou n&o et pela 1up1rlo1 dtU::.1u. do "L;r. ermo ptla tnea.Dtadora IODOr1dade .. ,,. • ::ni°i:•:Plt:;.:~~ ;,:i:;s:b~-:n~ !i"o'~':r!. ~w,. ·- nar ai. pro.·• ao falu d.- •u "Boneca Parado.ui de ca.rS\r • nen-o" llcll:ou 4,:. 1•,Jõt que alo precioM» eecrtniOI 4a -: ,. d.adtl.,. ~: ~.-1u1,· • "At no1t• dt 8ch~ruada"' J'!• c..ordand? " m...1,11) ~eta, pubhcam01. hoje, e.m bom-11• aem '\ , dia do 01•1:,, ... ,,,m dt Nu.ar,", um dot H\U mw form <act , onetos J. f Vl~l,'.EM DE NAZARE' Quand''"' eu r, ,.?nhe,c1 era menino, :ião tlnhR ahda a •alia i:cn.:tda. de um ml,eu. da B.:nla mal.o querida de minha terra: - Eu tia pequenino... >!ossa &onhora fol-D'c nr.&reclda cm ,:onhos. .. l.', o ~eu vulto - balo divino, rol crescendo comli,:o pela vida, de en.~a cnchando todo o meu oestlno. R, se n u pra:ito °" olh~• humedeço, rba.no por t.lal E EI~. o rr,eu ser acalma: - Out ra lei:., melhor cJ nao conheço/ - Vlrtem de ~azar:1 r, r serta linda, ter.a ur.-. altar de sonho na mlnh'alma e no rr,eu co••~lo - ·.ur. Berlinda! MONIZ BARRETO
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