A Provincia do Pará 12 de outubro de 1947
• Página 10 • A PRO'\'INCIA DO PARA' Domlngn, 12 de outubro de tMt __________________ ., _________ "N– ªº há contradição entre a arte e os ~ins do progresso . 111 SOCld A FACE DE MARTA MWta controveral& tem ha!1f. do com referencia às caraoterls· tica.s do genero cont<>. não che · eando, os Q.Ue se preocupam com a questão a um acordo defl– nfttvo 50bre o aS6Wlto. E' ber::i verdade que pouca importa.n– ela têm, para. o mérito de um trabalho, essa., qu- de llmltes, de mtematlca llte– rarta. Entretanto. uma vez q ue existem nomea pa– ra destanal' ,.. pros:tuções que ae enquadram nene ou naque– le genero llterarto, - nomes ._.... que fixam llmltes teorl· coa, atualmente bastante ela.t i· cos, para cada um deles o que não deixa de ser, at-é certo ponto, ra.zoavel, pot, do contrario " conru.Ao seria multo grande, - somoa obrlgados a respeitar eSS3.S convenções de nomencla– tura e observar o quanto posal– vel as dlv!sõeo exlstentea na rlc– ~. conduzindo-nos dentro das bitolas para aa mesmas ..tabc· ~d~Ó. ~~:1ª~oa "'i~ -pawtdo, • e m pretenderm01 transformar a criaçl.o llter&rJa numa equação matemat1ca ou numa formula de composto qul· mico. Var!os escritores brullelros, ulllmamente, v!m desrespeltan· do ostenatva.mente essas anti– gas frontelru da ficção hoJe, tão ampliadas, tão ela.tlcaa, não ae contendo nem d.entro dos seus limites mOdernos- admbslvei.. :1t~:aJ1d~~n~~ r~:a~:~ receram quue que completa• mente, subsistindo apenas e de OPoeta escritor..• (ConUnuaçio da 9.a paa:tnA) mo tempo un, grande ~êr vivo e um grande artista do ver– bo, quando seu genlo se Jm. creve ao mesmo tempo em suas ações e suas obras, em seu destino de homem e em seu caminho de escritor, en– tão não corremos risco de nos enganarmos mult,J se dissermos: é um poeta. E a primeira das chaves que nos oferece o ternpo presente pa– ra reconhecõr e amar a boa poi,sla, a verdadeira poesia, a unlca poesia, é que ela é obra não de diletantes ou de sonhadores, de tn.spl– rad~s em crise ou de emprei– teiros honestos, mas ainda uma vez, e pela Ílltlma - d~ grandes vivos. Estes grandes vivos, de Ar11gon a Elnard, seu próprtb destino e a partilha que fi– zeram com o povo, de sofri– mentos e desesperanças, per– mitem-nos defini-los em duas palavras: são nossos es– critores púbUcos. Nem ,nan– darlna, nem poetas laurea– dos, pela que viveram a vida da França e podem falar em nome dela . Eles dizem alto o que pensamos balxJnho, di– zem melhor do que tudo aquilo que te pensava. Hi grandes poetas que a6 falam em seu próprio nome, que a6 exprimem seus sonhos. seus mitos ou sua fauna Interior. Mas hoJe nós saudamos aqueles cujus versos expri– mem por mandato a cólera ou a e.legrla de um povo In– teiro, os que escreveram com genlo essa longa carta a Deus e ao mundo, dltada por qua– renta milhões de franceses, seus irmãos. Almeida FISCHER (Pua OI "Dl&rlOI A11odad.01" ) forma buta.nte vaga, a carac– ierfatica diferencial fornecida pela. ex:ten5Ao. pelo numero de r~. ~om~t v~~i:3; do autor. Que5tlo mais referen– te ao ..corpo" do tipo de com• r.-'l~i-.!ao ~:º ~l ~ ! mo.,, ao desejo do autor de pa:i· u.r a ser tido e.orno romanctA ta ou como novelista . .• A3 diferença.s caracteristlcu que exi5t1am entre o conto e a cronica tambem qtlo desaparr· cendo, com a grande interpreta.· ~ do5 dob generoa, havida ul- d=n~ e:'~~~oc:itst~ pelas rua., llnhaa dlvl.sOrlu. O escritor potlguar Milton Pe • drosa, que publicou recentemen· te "A face de Marta" (Livra· ria Cultura Braallelra - Belo Horizonte) excelente volume de :n~ 0 e m~C ~:: ~d~ trontdraa convenciona.la do ge .. nero, mes m o as maia ampla5 ad– mltldaa mOdernamente. Publica como contos algun.! trechoa de multo bo& proaa - proaa dia· lopda, ma., aen1 u car&ctem– tlCllS fundamentai. do genero. Todavia, a Inclusão desses tra· balho., no seu volume de contos nlo lhe dhninueem nada o valor, apena, poderi ocaalonar alguma ~~~ ac°Íir~~tor~u!iitoi conuftua.çio referente ao gene– ro que tão bem cultua. Seja co– mo for, o que não se pode negar ~ que. "A face de Marta" .... Ja um otlmo llvro e Mllton Pe– drosa um dos bona escritor6 dessa fecundisslma e corajosa ~era~ moça que Ji começa a lncotnodar os "'medalhões" com : ~ ~:faa..C:~n~t&J'e~~= novação e a cuJ01 ombro, pesa· rA breve.mente a grande respon· :~~:: eru!~oii!eesentar a U· O melhor conto da coletanea do Jovem ficcionista do Rio Grande do Norte. em noasa opl.. n!Ao, ~ " O homem do trem", no qual, a.lem de exibir a'I suas ottma.s qua.Udadea de contUb, aeu autor deixa entrever tam.. =e~ ~t',;'l~d":ea'ifz..~º;, é nele melhor do que em qual– quer outro do volume, - em· bora os demata aejam, em au, matorla. multo bons, - que aa podem observar, com m.ator pre– ctslo, os aeua amploa recursos de flccioni.t& de talento. Em ne– nhum outro o eacrttpr mane• Jou tão bem use material de dUlcll trato, que ~ a alma hu- ~~ia.n~ ~::~::~~r~=::~ •~ humano e lixou tão be m as suas reações mata 1ntlmu: e ma.ls verdadetraa. E' verdade que, em outros trabalhos, como em '"O ultimo titulo" e em "' O homem G,ue não tinha certeza", demonae trou Milton Pedrosa o aeu poder de penetra~ noa 1t1bterraneoa da criatura humana. Mas, em ..O homem do trem". conseguiu fti~~ melhor o aeu "mcrcu· "'Quando vem o dia'", "A fa– ce de Marta" e ••A longa noltd de Serafim" alo outroa otlma. <..ontoa do volume, todos de mut- ~ d~~t:/f."t~!~t~c~~);~ ce de Marta" 6 uma historb comovente, meio fatalista, Rm lluvtda, como varlas outras do autor - um homem perdido en– tre dota caminhoa ou melhor, en– tre duaa mulheres; uma, a ea· ~ ~'a.f :uTia,e: .c:;::gite ta'::; Igualmente, ama e 6 ama~a. "A parte que pertence a Mar..:1- luta contra a parte de meu aer que pertence a Ana". "Se ao menos umo. delu f<>Me menu-s compreensiva, 6 provavel que eu encontruae motivos para pre– ferir a outra". O homem nlo enco ntra solução, angustla-ae, r.rc: ~e ~::i: ~;::1:edAn~~ Ool·l he o aolrlmento resignado de amba.s, sem uma queixa, &em uma palavra de censura, en· temece-se diante do filho de uma e do filho de outra. am'oo6 ceua filh06 e não distingue ma-5 e ca minho, nio consegue nor– te.ar au& vida. "'A face de Mar-– ta" ~ um das melhores contos do volume de Milton Pedrosa. Não gostamos de "'Sweet-Ho– rne", "Uma. historia simples'' ,. "Dealdérlo", principalmente do ultimo. Entretanto, não aão tt., maUs que cheguem a faur cair grandemente o nivel Uterario do livro. O volume traz; boas Umtra– ções de Hello Faria. Mllton Pedrosa, bastante jo· vem, com a.a qualidades de flc– cloniata, que revelou neste Hvro autoriza.enOI 8 muJto esperar aln4a de aua legltllna vocaçiô de escritor. O tempo e a maior experlencla llterarl& Iria ell· minando u pouca.a e pequenu ralhas de au& ficção_ lnclualvé u que se referem b caracte– ri.tlcu fundamen tai. d oa gene– roa. O desc&60 a e.MR& frontei– ra, da ficção, modernamente ti·, amplta.da.s tende a desaparecer. Ia 50 porque a.a llberdadea •conce· dldaa ao, escritores e poetu mode.rniataa: sempre acabam cri· ando rua proprta. alstematiz&– ~- Cafés Literários Em corre,pond!ncla para uma de na..oa re vl.taa eap eclallzadu, obserVa um croni.ta, a respeito dos cares Uterárlo s de Parts : • OS cal!& de Paris, a mala IOllda Instituição da França, como dia· .., um escritor lngles, aorreram a lnvuão das nova., moda.,, da modernização burguesa, e multo. deles transformaram-se em 11,.. 10... de chá. em estabeleclmen– to! com essa decoração moderna que afugenta o, tntelectuata e n&o ln.pira paradoxos nem alir– maçõu arbitrárias e brilhantes. No entanto. a.lnda restam ca– f6s llterirtoa em Parla. Até 191', o reduto dos caUs flc&Ta em Montpama.sse. Eram oa tempos glor10&0a · da "Rotonde• e da "'coupole.., que gozam de fama lntemaelonaJ. Agora aó penna. nece uma ilhota literária nu proxlmldades de Salnt-Germaln• ~••,;~ º~'!'gc'/..:c:r~ 1,:1ra; 4 de l"lore ". Esses tr!s e.stabelee cimento. utão situados no bair• ro du Uvrartu. cuas de antl• guldad.., loJ.. de gravura, e ob– jetos rellgtoacs, bairro tranquilo e clerical. por onde circulam nu– merosas sotainas. No MDeux Magot.a" reunemeae oa 1lltlmoe su.neallatas puros, que seguem a te:idencla de Andr6 Br!ton. A alguna metros de dlstlncta. fica o "Cal~ de Flore". quartel-ge– neral do ex.Lr.tenclallamo. e atu• almente o • cena.culo Utertrto mata fam060 de Paris Ottciam aU Jean-Paul. Sartre e Simone de- Beauvotr,·cuja adeslo incon• dlclonal àa ld!las do meatre lhe valeu na maledtcencla J)&r1&1en· ae o cognom~ de " Sartreuae de Parme". NJ " Caf6 L1pp"' vio llttratos mata velh01, como Fr .mela C erco e A ndr6 Amoux, bem como jove.na ainda aem ca• ráter defln1do•. Ma.s devemo, ?e-– conhecer que o caf6 Uterárto ea– U. em decadincta. seu melhor moment.o fol o da boemia de cabeleira ao vento: depola, con– servou ainda certa anlma.ção miis tol perdendo o pitoresco. 0a co.stumea llterártos evolulram e o trabalho do artlata e do ea• critor exige hoje uma disclpUna mnta evera..... COA' G U LO Alephonsus de Guimarães FILHO (P&t'& OI "D1J.rlo1 A.11odado1") De repente direi tudo. Ressoando do outro lado Mas com tanta veemencia E com tamanha asperza De expressão e sofrimen to Que terás minha demencia No coagulo sangrento Desabado sôbre a mesa. E estertorimdo direi Que vejo sangue pisado Nessas ervas, pés e mãos Nesses gestos, nesses risos Nesse ódio sopitado Que vejo sangue pisado Até na face do rei ! E sairei pelas ruas Sem saber em que cidade Estive, estou, estarei. Triste, alegre, puro, impuro Vejo a morte em cada muro A morte na. campainha De repente num t!"ansporte Direi tudo quanto existe. Não serei nem bom, nem triste. Serei apenas um grito Doloroso rebentado Na convulsão de um momento. LET RAS E ARTES UMA BIOGRAPIA DE VICTOR HUGO E' multo conhecida a pagina que Eça de Queiroz escreveU' a. . propósito da mo~ de Victor Hugo, ocorrida em 1885, oca– stio em que o romancista pe– ninsular, em G•rta. ao diretor da •n u.tra.çio". ~ntou estu • dar a. in!l uencln de Hugo na aeraçlo p:, rtugue.sa. a que per~ t,encla. I ntento d e que teve. por!n,. de desatlr, uma vez oue "'o fana.USmo do Mestre" lbe lmpedla toda ctltJca lu– clda e calma. E - como 6 1fM:U prever - ni.o apenas so- bre os escritores portugueses 1L1lulu o poetA da "Ugende des =~~ m~:~o:°~ria~ nos lllttmos anos do sécul.o pa.s– sado e prlnclplos deste se dei– xaram fascinar pelo genio de Buançon. E ainda hoje há, en· tre n65. f anatioos do velho ro• manei.ta e poeta . Foi, portan• to, exoe lente Iniciativa a da •companhia Editor& Nsclonal de São Paulo, de Ja.nçar, em troe dução do poeta Vinicius de Mo– ra,,, & oelebre biografia de Victor Hugo escrita por Mat· - Josophsoo e publicada originariamente em lngJes. Em cuaa páginas encontrará o lei-. tor nAo 6Ó o relato dessa pro– dtgt<>sa ex15tencla que atrav~- 15& qu... todo o s!culo XIX, ma.a também o qu,dro vivo 6 palpitante de uma das épocás mat, movimenta.d.. da histó– ria da l"rança. JCCPQ6IÇAO D!: TEATRO Na crande galeria do Mlnl<· • térlo da l!iducaç&o, Inaugurou– se em ..tembro \\!timo, a 3x· posiçAo Internacional de Tea– tr°" Rubem Navarro registando tal acontecimento em sua &eccAc .emanai no •otário da Nol~". eecrel'e o aegutnte : E' um doa maiores nconteci– ment.os do ano artáttco, mere· cendo , pala, uma vtalte. de todM a.s pe.ssou que MI prezem. N:\l'J creio 11e tenha reunido, alr.1· ma VeJi antea nt.ata cidade, um tão importante documento IOe bre as arte& tea.trals. Nossos olhos percorrem gravuras e 11· vroa que d&t&m da. aurora do teatro no mundo.... moderno. Na vasta feira, o visitante faz um raro passeio poético, e tem a oportunidade de contemplar, !ace a face, as mais preciosas ,: amadas evocaçõ~s. A expo– dção está admiravelmente bem montada, com lx>m·gosto e es– pirita de orientação cultural F.' uma. história do teatro por imagens. desde a. gravura re• mota do te~tro de corte a~ fi mais moderna. fotografia. de bailado contemporanea. E ' U!l\a história ilustrada do teatro, da gravura, d& tlpogra!l& e da .ie– coração. Custa a crer u tenhn conseguido reunir no Rio d! Janeiro exemplo.res tão raros e en1 tAo grande número. N:1· turalmente, a secçã o francea!\ da expocslção aba.ta, quaae, 3.6 outras. Devemo.s estar gratos à generosldad,e da Blbllot ecP. de Paris e sua Opera, por t.ee ~ii1:11rbfu~ 5 ~f~ci:1cfa~<:° : !~~ nós é uma- bo& lição. Ao lacio de~es Rotchllds da cultura teatral, não passamos de uns pobres diabos. A seeçio br""I· lelr& da exposição, helás, ~ uma drogo. Vamos estudar teatro primeiro... UM CURSO DE BALZAC A propósito da edição da " Co· media Humana ". de Balzac, em• ~:eg:ii~~ 1 l fe~e~~~bd~ ~;f: terlosa e esclarecida orientação de Paulo Ronat. escreve o "con– teur" o r:genes Lessa: "A prl· melra edição completa da Oo- . media Hwnana -em nossa llngua tem car::icte.rfsticas que a sln– gctarizam entre as melhores edi· ~~ad·~P: i~zncào Aa'l~!n~º d~: leitores d~ llllgua portuguesa to· do o levantamento da sociedade francesa na primeira metade do século XIX, reaUzado pelo sentai romancista através de dezenas de novel.u e de milhares de per.. sonagens que constituem um do! m1:ndos mal~ vivos Jamais ut• dos da pena de um escritor. em · qualquer literatura . Não t'.stá nesta edição apenas toda a e.s• r:~;fido~ud~ ª3i!~:~r/Wr~~der e~ do Pai Oorlot, mas tamb ém a mais perfeita balzaquiana, pa.ra facilltar u compreensão desse le– gitimista que aem o saber rea- ' . llzava uma cbra profunda.mente revolucionuia. Cada volume é precedido pela reprOdu~ de um arande livro sobre Balzac. Os ..tudoa de Talne, de Salnte Beuve, de Anat.ole France, de Prouat, de curtlus, de Croce e de muitos outros, quase todos de dl!lcillmo encontro em noaso me>lo, a;erão 5Ucesslvamente apre· aentadoa neste Balzac redivivo". E mai. adiante : "Esta edição br:isiletra da. Coméd.la Humana deixa de ser uma a;lmples reali– zação edltortal para aasumir o ca.ré.ter de um curso de Balzac, aob a orientação de um verda– deiro mestre. Os "bl~ ~• . A 24 de •Rõato, era a seguln· te a situação do mercado de ro- r,o:c~ct~ ~~O:~~~~,. _ino 1 - "''Ibe Moneyman•', de eo,taln . 3 - " Oentleman 1 1 Agre– ement ", de Hob50n . i - ''Klngablood Royal", de Slnclair Lewis. 5 - "The Vlxem ", de Yerby. O Poeta tinha.. (Cont.l.Da.aca.o da •·• pq.) oa oampos tranceaes falarem– lhe em rranch: Aragon teve o que bem p_oucos tiveram, e que foi o único, com Eluard, a obter a resposta de. um povo Inteiro. Esse povo sabia que falavam em seu nome, reconhecia-se nas palavras deles, a voz não vinha de estranhos . Eram as próprias pal&vras que t!– nham poder sobre o pesade– lo porque eram, modeladas por uma multidão. Inteira. Eram duros e doces, coléricos :sª6':r~~~d~:,g~~~º~o~:;"~ sal. Cantavam. Canta e cantarão. Eram, aproximadamente, 9 horas da ma.nhã, mas ti- < nha-se a Impressão de que começava a a11oltecer. Cada uma chuva m11lto forte, o céu estava lndevassavel, de um cinzento opaco - todo o es– paço ae condPnsava nurn:i cerração que impedia ver a · chuva a poucos metros acl– ma da cabeça. Ao longo da velha rua as casas se con~ servavam de portas e Janel-.. fechadas como se não existi•– •• viva alma em Morada No: va . Parecia uma cidade de– •erla, abandonada precipi– tadamente ante um perigo !mlnente. Em toda aquela rua, apenas a loja onde eu trabalhava estava aberta. melancoUa que se abatia •o– bre nós. - Aque)e ~ doido! Fiz um movimento de ca– beça, ele prosseguiu: - VeJa voe~ cllmo caml~ nha Indiferente à chuva. Nem 5equer procura desviar– se da enxurrada. Vem &1m– plesmento rua acima, como se estlveMe dando um paa– •elol o BOM LADRAO Meu patrão era um homem alnda moço, ,empre alegre, os lê.bica sen<uals abertos num aorrlso franco e cons– tante. Não mt cc>ru.lderan um empregado, pois éramoa velhos amigos. Agora nós doa olhávamu• para baixo sem nenhum pro– pósito, apenas para distrair– mos a vl.sta das cotsr.s habi– tuais: o velho e liso balcão, as prateletru chel:u de pe– ças de fazenda, uma balan– ça de braço a um canto e nl– gum:10 cadeira• desalinha– das. Não cQJlversávamos. Sentlamos-noa como que dis– tante•. alheios à& coi..a.s que noe cercavam, domlnadO.!i por uma trlateZll Infinita, quo dilatava as nossa.s almo..s, provocando uma lndellnld~ sensação de algo perdido. Ele se encolhla recostado ao portal, as mãos nos bol– •os de um grosso capote. os olhos fixos na rua vermelha, transformada em canal por onde a enxurrada de,s<,la rui– dosamente, com a lmpetuosl– d~de de um rio. Subitamen– te percebi que um vulto su– bia a rua em direção à loja. Andava lentamente, como z~ fizesse um passeio num dia de 601 . Fiz um movimento de curiosidade Involuntária, dobrei o corpo para a frente fixando ainda mal6 oa olhC'6 _ e senti que meu patrão tambem se concentrava, es– piando aquela estranha fl. ra de homem, cada vez I• perto. Meu patrão olhou-me e fe.i wm gesto de •urpresa, que 'revelava. ao mesmo tempo uma fugitiva alegria por aen– tlr que algo vinha quebrar aquela senaaçlío de pesada Não sel porc;,ue, mas a ver– dade é que tive o pressenti– mento dt que o homem es– tava doente . o passo era lento e parecia firme . De vez em quando, por~m. demora– ,·a a levantar a perua. dan– do a.ssim a lmpreMão de que o movimento lhe era peno– so. Observei mais Rtentamen– te; geu, pés pareciam du chumbo, chap!nhQndo pesa– damente na álJUa, enquanto o corpo parecia flutuar dos quadrl6 para cima. - Ele está doente. Motta 1 Motta rodou o dtdo em tomo da cabeça e pilheriou: - E' claro; está sofrendo da .bob! Só doido é que en– frenta um aguaceiro deste.• . A não ser para chamar mé– dico ou buscar remé<llo. nlt:– guem sál à rus num dia as • sim. Agora o homem estava a dois passos da loja A aha do chapeu cal~ sobre o rost.l lmpedlndo que •e pudeM• vê– lo. Trazia uma copa e~cura., lslv"z de gabardlne. mas vtn– se quu ela não o prol.egla da chuva, pois estava cdada :to corpo magro - e a água es– corria em bica. Ja na porte o home-m parou um segundo - talvez menos - e olhou– nos de frente. um olhar pro– fundo. que parecia devassar nossos sentimento&. Ao le– vantar a cabeça vi seu rosto pela primeira V8' - e sentl. que nunca mats poderia es– quecê-lo, ae bem que só me chamas.sem a ater.ção os olhos negros e profundos. Ao lnvéa de ae aproximar de nõa, como seria de espe– rar. o homem voltou-se pa– ra o pequeno portão de ferro que havta na varanda. entre a loja e a casu de morar . Abriu-o com dificuldade, co– mo se não encontra.ase forças para fazer rodar ~• dobradl– çao enferruJadu. Entrou para a varanda, mas não procurou nenhuma daa pol– tronaa que havia nu. Per- mnneceu parado, recostado ao grad.11, talvez para descano:u um poucu antes de dar qual– quer expllcaçãc. Só ai repa– rei no •eu rosto magro, de barba crescida. Era moreno, embora naqu ele Instante sua palidez fos.se enorme - e por baixo da aba molhada do ve– lho chapéu surgiam mechas de cabelo negro e liso. Seu.s ded0."1 brancos de frio, melo enrl.!gelados, crlsparam– se apertando aa bordaa do gradll . Eu compreendia qne ele fazia um esforço sobre– humano para manter-se de p~ . Havia qu-.lquer coisa na– quele estranhu que nos dava piedade. maa eu senti que t.o.mbem havia nele um sen– tlmento oculto, algo c:ue pro• vocava descon!lanç.n . Motta. camlnhou para o lado delt, fez um gesto de quem la aju– dá-lo ou faze. uma pergun . ta . Ma• antes de talar o ho– mem esiloçou nm sorrl$o - um sorriso que revelava ao ntesmo tempc zombari!l, gra– tidão e rllgnlóade. Depol• olhou-me fixamente e arti– culou com dlfiouIdade: - Bem ;ache que vou dec– malar . A vce era. clara. uma pro• núncia aberta. e segura, en.– bora falasse baixo. Fez um último esforço para mal"ter– se de pé, voltou os olhos par" o meu patrão - e começou o. escorregar devagarinho . Seu.s dedos se contraiam alnda mais na borda do gradll, mas foram cedendo lentament,,. enquanto as unha.J deixavam rtscos ás·peros e tncP.rtos na Unta vermelha e escura . Corri para o seu lado, mas antes que pµdeMe ampará– lo, todo o seu co:-po tremeu e ele rolou nos ladrilhos, pe– sadamente . Motta aproximou-se rapi– damente e gritou, tentando ~~~ar.car-me da perplexlda- - Pegue as pernao dele - • vamos levá-lo para a cozi– nha, Osvaldo. ALVES (Par~ os "Dtártoa A.Hocbdos "> Pegou a cabeça, suspen– deu-a, dlzend~: - E' precl&o tirar esta roupa molhada e depol6 dar– lhe alguma col•a quente . Estendemos o homem nn cozinha, bem perto do fogão - e arrancamos suas botie nas encharcadas, depcts a capa. Meu patrão fazia tuc!o rapidamente, afobad0. a res– piração opressa. Voltou-se para mim ordenando: - Vá à loja e traga um pouco de agu:udente. Ser\. bom para reaulmá-lo . j'oucos mlnutos depois de ter bebido a aguardente o homem voltav1 a st. Parecia confuso, vls1veJmente cansa– do, mas mantinha aquele mesmo &0rrtso nos lábios ar• roxeados de frio . Fez um gesto lento, como sê quisesse exprimir seu desccntent.a• mento por estar dando tra– balho. moveu de leve a cae beça e consertou o corpo Junto do fogão dizendo : - Sim, senhor I Sim, se– nhor! Repetiu esta Iras• várias vazes, como que zombando de sl mesmo e resmµngou de novo : - Ora esta, "seu·· Lucas! Como é que voct faz Isto? Onde está a sua força? Pela primeira vez dirigi– lhe a palavra - Nlnguem pode •xlgl: multo do corpo quando está doente. Encarou-me, sentl·lhe os olhos brllhand~ Intensamen– te como se bus~tl.!sem o fun– do do,; meus - e de novo ú sorrlso desconcertante me gelou . Por mais tncrlvel que pareça, era ele que demons• trava piedade por mim, en– quanto objetava com vivaci- dade e bom humor: · - Não, náo - eu náo es– tou doente . E!tou cansado, aabe? Multo cansado! ,. • Aquecido pe:a aguardente e pelo rogo, parecia agom daposto a ralar, mas Motta Interrompeu-o, dlzendó-m.: .... Armando, arranje um terno· seu, porque ele nA? pode ficar assim . Crelq que vocês teem o mesmo corpo . Mela hora depois o rapaz estava encolhido a um canto do fogão, vestindo uma rou– pa enxuta, esfregando a.s mãos Junto do fogo . Lá fora a chuva se tornava mais branda, e a água escorria nr. rua deixando , er a lama; era agora um fio Insignificante. que descia suavemente for– mando pôças em alguns lu– gares. Motta havia pre parado um chá bem quer.te e chegav:,, com uma xicc:. ra. Voltou-st: para mim: - Chame ~ dr. Agenor para examtná-lo. Lucas agitou-se vivamen– te e protestou : - Não! Por favor! Não chame médico, que não es– tou doente. Depois, um pouco Irritado, acrescentou: - Estou apenas cansado. já não disse? Motta, porém , não lhe deu ouvidos. olhou-me s!gnlJlca– ttvamente. daiido a c-ntendcr que fazia questão do médico. Dentro de pJucos mlnuto:-i eu estava de volta. trazendo o dr. Agenor Enquanto o médtco examinava, eu pen– :;ava na estranha aparição daquele homem de quem cu npenas sabia o nome, por t~r ouvido a sua auto-recrtm.1- nação - "Sim senhor! Orn esta, "seu" Lu~as - e tenta• va adivinhar o mistério da sua vida. Havc•ria mesmo um mistério? Após o exame médico olhou-me e disse baixinho: - Inantçãv. Parece que não come há vários cllas - e por este motivo está numa fraqueza de fa,:er pena . Fóra Isso não há nada. Mas é pre– ciso tratá-lo com cuidado. Hoje só poderá tomar sópa. Recolheu os objetos, guar– dou-os na maleta de couro e ta reUrar-se, mas parou co– mo se se lembraase de algo: - Quem é ele? Motta sorriu e respondeu num tom mlst~losc: - Sei lál Apareceu hoje aqui. Andava pela enxurra– da sem ae prtoeupar com a chuva e caiu na varanda . • Dr . Agenor resolveu recei– tar alguns remédios. mas frlzou bem que o mais Im– portante era boa alimenta– ção . Alguna dias mal6 tarde Lu– cas estava Inteiramente curado. Paasára uns quatro dias 'de cama - e no quinto dia surgira na varanda sem que nlnguem o esperasse. in– teiramente barbeado, a fisio– nomia rete1ta, causando uma verdadeira gurpresa. tanto mais porque não tinha nada do homem esfarrapado e ma– gro que aparecera algun, dias antes . Minha roupa fi– cara-lhe multo bem. Quan– do o olhamos. ••m oculte: um gesto de espanto. ele sor– riu (aquele mesmo 1iôrrl6o lndeflnlvel) s•m conseguir, entretanto, esconder seu de– sapontamento. Ficou uns Instantes sem saber o que dizer. atrapalhado e conru. so. Talvez se sentisse sur– preso pelo modo com que rora tratado, pois nlnguem lhe fizera uma únJ~a pergun– ta, a não ser para indagar do seu estado. Certamente eas~ desinteresse deixava-o de•– norteado . Depois de alguns mlnutu, de sllenclo, ele se aproximou de mim e balbuciou umas frases vagas. agradecendo ~ roupa . Depol• frlzou : - Quando a minha estiver limpa, devolverei a sua. Abanei a cabeça •lmplee– mente, embor• soubesse que Isso seria·lmposalvel, pois seu terno de caSfflll.ra azul esta– va todo esfarrapado. Nesta tarde contou algu– ma coisa da sua vida. ou me– lhor, tentou explicar como viera parar em Morada Nova. Entretanto, todos nóa •entla– mos que aquelll história não eatava bem contaaa - e qun ele parecia querer esconder -·-------- Responde à nossa enquête o dr. R. de Souza Moura "O conceito de, Arte é o conceito d., Liberdc,de" R . de Sou>1< Moura po-,•úe, na llteratara ,.,..._. moderna, uma •i:Lt,Jl!çio r!rflnáda, conquistada pela 111& e1llt tura. lnteU••nel• • sobretuao, por nm adm.lra\'111 leDIO od tlco. Autor dP v:írfos arll~os dtva!Jados nio IOtllente Jllll!, los Jornais de, t... e>.plt..•I r•1,,o lambem em out~ ~ do país, conferenct, ta qPe. aJnd& há pouco tempo, lllen!Nll elo~•• de quant1.1 cstlv•ro.m presentes à aubstaacloa ~ lestn que proftrl11 sob o pahoclnlo do Teatro do Elt1ulaa-, t.e, DA qu~: aborc;,,u dUtcillmo tema, "0 Teatro e a Socie– dade'· f"stando. l\tualmente, preparando um ntado soln'e a ob..;. e vlcb do outor C:e •·o Mbslonnrto", B de 8- Moura, atendtndo ao ron,tte de nossa pá(lna literária,: slntetl6ou com f1Utlidade •eu pensamento, dlanttc doe JIID• blentas que lhe l cum f~rmu.a dos. Dlv~I&',mos a!,alxo "' r•rrul".ta• que lhe dlrlclllloa • as re.'IJ)o!las d? cvnlerencl"1a de "O Teatro e a Sociedade". 1. No mundo atual, cou- vers des états de coinplelllU sidera lndlsperuável a parti • croissant.e.•• ctpação de nm obJetln ao- Nessa admlravel e orlllnll ela! nos trabalhos Uterá- Interpretação, eatá. todo o rios? Juatltlca-ae ama obra sentimento do nosso tempo. de arte ou de ficção unlca- marcado pro!undamonte pe. mente em funtão do belo! la tendencla polltlca. A ln- 2. Como encan a ln- fiuencla das tdeologlaa poU- fiuencta das tdeolopu p ott- t!caa na lltera~ura. e, em • ttcas na literatura, e, em e.se peclal, no romance, 6, &lllm, 'peclal, no romance? lógica e lrreprlmlvel, 3 . Exerce o romance, 80· clallmente orientado, lnflD• encla conslduá-.el na opl– nli.o pública? 4. Existe alrum movi– mento definido em prol de urna. Jlteratura social pro– cessandowse no Brasil? Caao afirmativ o, e sse mfflmento pode ~er fl.ll& do a alruma corrente estranrelra ou pos– sulmos ama e>cola orl~nat·/ 5. Quab a• caractertstt– caa do romance brut.leiro, a partir de 1930? 6. Está de acordo com a assertiva de R--iael de Quei– roz, considerando Gractllauo Ramos o "Pontlflce Máximo·• da literatura nacional? Caso contrá.rto, qual a maior u– preasi.o ela 91oderna llten– tura brasileira? I - O conceito da arte 6 o conceito da liberdade. A are.a traz ao homem um enrlquo– cimento que o torna mala li– vre no selo do universo. A experlencla da arte se pro– cessa no plano da beleza, o que a caracteriza como o mais penetrante doe meloa do conhecimento, o mata precioso doa valore, huma– nos . Nio vejo, portanto, ne– nhuma contrecllçlo entre a arte e oa fina do pro1reaso aoclal. II - c . D<-chaaeawr ex- põa recentemente num jor~ na! literário fral'ICb o pen– samento atual :;obte "-' ldéw da evolução de Darwin, • nessa página tscreveu o se– guinte : "Et cette 6volutlon d~ l'Homme se continue de no"i Jours; si e)le ne se manifes– te plus dana Je type "honi– me" conslder6 d'un polnt de vue archttecture, elle se tra · dult, selon M . P . Tellhard Chardln, par un• tendencc à la "collectlvlsatlon", à la "soclalbatlon" te prolonge peu têtre par Jà. meme le mouveme11t que sult. depul• toujours la matl~re vlvant~ algo do seu puaado, algo que o fazia sofrer, qualquer cot– .a que lhe era penoso recor– dar . Sem aludir à. famllJa, contou que era do norte de Minas e que pretendia che– gar a Abaeté. Evitava falar na aua cidade e n1o entrava em pormenores. De reato, ele Julgava que a aua chegada em Jamentavel eatado, e o desmaio provocado pt la fome expUcarlam multo bem a aua vida. Era um homem famin– to e desempre~ado, que pro– curava uma cidade onde la arranjar emprt go . Por outro lado, ele encon– trou no nosso sllenclo um absoluto respeito pois: aua peaaoa. Aceitamos suas ex– pUcações sem ?utru pergun– tas, tratando-o como a um Igual. Motta foi a {mica peMna que fez uma pergunta, e as– sim mesmo porque Já tinha uma Idéia em seu favor: - Que vai 1•oc~ fazer em Abaeté? Lucas respondeu da mes– ma forma vaga. Slmpatlaa– va com a cidade, ouvira dl• zer que era boa, e como não tinha nada a perder r~aol– vera experimentar viver lá. Para qualquer peaaoa 11• uma cl.dade do Interior, esta• expllcaçõea pareciam eaqul– t ltas e é quase certo que muitos desconfiariam delas. Ma., Lucas ttvn a a sorte de cair numa ca.aa onde davam pouca importanola ao pa!– sado de um homem. 11mn ca• sa em que confiavam multo nos homens. Um olhar, àa vezea. explica 11mu peaaoa . Motta slmpatlaara com o rap"" e achava que ele tinha todo o aspecto de um homem decente e trabalhador. "Tem todas as caracterlatlcas do sujeito lntellv,ente e honesto" - dizia ele • lguns mesea mais tarde, coutente por ter ajudado o rar,az. Isso era próprio do e,plrlto d~ Motta, que afirmava bempre. ºJt,.– mA.ls se ensanar sobre a con– duta de um hr.mem". Se bem que ele eatlvesae com a raeão. no caso de Lu• cas sua paleologia ralhou. Ou para dizer melhor, ele nllÓ soube llnait.sar-lhe a fi– sionomia, procurando des– cobrir no fu!1do da sua alma o mls~rlo doa seus sentimen– tos . A verdad• é que. para mim o homem não merecla a confiança que Motta ea- m - o romance recoDM– cldamente. exerce uma açlo catalltJca sobre o p6bllco. Imagem de uma 6poca ou dO um povo, ele pode tambell\ trazer uma mensagem, Pode encarnar um passo para O futuro ou ser"l"lr a um !aeal de preservação. Neste Mil• tido, considero "Marie Oba • pdelalne", de Loula H6moll, um romance tlplco e uma obra prima. F.' o teatemu• nho do povo da re81Ao de Quebec, do Canadá francM, perante o mundo e o futuro. de que esse povo, cercado. de. bárbaros que se apouarall\ de quast todo o dinheiro e de quasl todo o poder, nlo sabe morrer, e ali nada den morrer e nada deve mudar, como fal"'1 o autor pela 'fOC de Marie, a personagem cen• trai do roma1;ce . IV V e VI - E' uma e&• ractertstlca do n0810 \ellll! O.II v!sã.o poUtlca d• tod01 oa pro– blemas. Essa Idéia fa,ctnan• te não tem dono e nlo tem patrla. Trata-se de um pro– ceaao histórico do qual par• t!clpa. a humanidade lntelrt, Portanto, temu como a "frA· terntdade humana", a "JUI• t lça social" etc -. format.l hoje a aubstlncla da .obra M . multo• romanr.lstas . Os ro • mancea que se inve,t•m \lei· aa mtaaãr. estllo em ,lia com 0 pusen te, p transitório.~ mm , só ficarão como herani:• aprectavel para outns 1: o ções pcrman•ntemente V!•; voa ·si tiverem a dena!dad •: e a' rtqueia de uma autenti– ca obra de artt. o romance brullelro a partir de 1910 reflete •– atitude unlveraal . Tem ew:• piorado tambem oa dadoa da complexa alma humana. Dessa fecunda geraçlo da ro– mancistas, à frente da qual colocou a senhora Raquel de Queiroz, como pontlflce m•• xlmo ao sr . Oraclllano Ra– mos, quem ficará? Belém, 3 de outubro de 19i7. tava dl.5J)oato a del)Olltar nele. De qualquer manelr,-, no momento em que v1 meu pa• t rilo fazer uma oferta ao ra– paz, na tarde mesmo em que •e Jevantua da cama, senti como que um preuentlmell• to vago de que não devia f&• zê-lo. Chamei-o a um can• to, dl6se-lhe que era :.rrll• cado, mna ele riu e dlNe: "Ora, eu conhtÇo os homem. meu amigo I" Deixou-me e aproximou-se de Lucu dl· eendo: - Bem; Morada NoT& nlo 6 Abaeté, mas é um dlatrlto de Abaeté - e eu estou pre– claando de alguem para to• mar conta da loja. Se voc6 qulzer experimentar, p'Jderá. começar hoje mcamo. Eu viajo multo. e Armando pre– rlsa ficar excluslvam~ntr. por ronta do eacrltórlo. Assim. você cuJdará da loJn; qae tal? Lucas rez um gesto de aur, presa, como se não qulz– acredltar naquUo tudo. !!'ara ele era como s-. tiveste caldo num paraba. ums Ilha per– <llda onde s6 exlatlam ho– mens bona. Sua nJe1,rl• foi ,-norme. tentou explicar aeuJ sentimentos, ralou em gratl• dilo, etc.. ' E &Mim começou a traba– lhar na ioJa, rnrprecndendo ainda mala pelo seu zelo ~ pela racllldado com qu, ee tornou senhor da sltuaçlo. :~~ ~t;;: eaaJ~•f(~l~ quando brincava comigo: "Nào cll6ae a voe!? Eu rui.a me engano! Eu não me en– ganei"' Sua conltança no empregado se reforçava cadJ. vez mala - e Ji agora Mott.'\ deixava tudo a seu cargo. Mu ltas vezes. ele pr6p1 lo, r.ão sabia onde ge e11- con trava determinado o'>– Jeto, em outras ocaslõ.. mandava-o rnizer um negóci" lmport.nnte, romo aeu repre– sentante e com poderes ab– solutos. Assim decorreram cinco meses . Lucas nilo grangeara a simpatia do patrão apenas. Toda a cidade gostava dele, multas crlanta. vinham pro– curá-lo dlarlatnente para que lhes enslnaMe o problema do dia. Sempre b, m humorado. aempre com aqurle sorr\5" que não PP s~bla ro r~rto o que escorid!~ · .~'J , .. t.. ,•'\ z:>m- (Conttata na u.• ..,., ,,
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