A Provincia do Pará de 22 de junho de 1947

uente simples, que ,r nca e não odeia Um a.rtista qut> v1ve descuidado, ' Se;n malícia s.~:11 r~.J;('é,1 ts, Outros indiferentes, (lic~prend1doa Absorvidos em :futifü:!o.des, ' ltu~indo aos sofriment.os e a dores. o aue se :foi, lá foi. ~oram dt~ perdido E' bom olhar o Jnundo aem maldades. .• 6.. •••.••••. . . . . •. ••.. . ••••••••••••••• ••••••-.-....-........ O piano est,á filosofando, FilC'lsofia de piano, Movel que canta e vai peIW1ndo, Pem:ando, como se fosse um. ente hvmano. ......................................... , .......... ·.- .. -.•.·;,. Reflete .. por ventura e ponderado anota, E a vida sopesa. Revista a sociedade en. seus anseio. E extgencias ridiculas, :tingidas; Ruma certo os caminhos não enviesa, .Porque tem regulada a sua Rota. Fazendo os julgamentos sem rodeios. ............................................................. .... .... , ...... A vida. são as Fugas, um Alguem atormentado, 'F'ugas, visõe,. que pass.un, anstas perdidas, Amor que adormece ... O oiano está calado fatigado. Antes rugiu. :fremiu c-or,1 Listz arrebatado, E com Choupin, sonhando ele enlanguece, Foge à vida terrena Que lhe importa Que o artista, :feliz ou desgraçado, Seja um psicopata adc-\·mecido, Lucl-Jouco a penar, que à Idéia exhorta, Procurando-a nos dedo:<.:, incontido, E ouvi-la cantar nos dentes do teclado, •• • • t •• " e e•. ■ ••• e"•• • • •. • 9 ••e••• ti• • • • • • • • • e• e t t 1, 1 t 1 1 1 1 t e Lar.o canto da sala ele se quêda mudo. For Que tutiasou~se .,m L)ôbas harmonias, Tagarelou modinha/', sambas, tudo? Certo vibrou tambem, em coisas arrojadas, Cor.1 entusiasmo e et0q~•ências e agonias, Ex~cutadas e interpretadas Pelvs Te1nperament0s advlnhos ..• Que canceir11, que sina, a do piano! Ntmca ele sai. de casa, o bom prisioneiro. Mas, se calha sair, Já vai sem comitiva, Vai feliz e t~o 1hano \Tai por varios caminhos, Vai feliz e vai bem, em ação relativa; 4Jvado por um grupo companheiro, Tão pequeno, - são quatro, quatro apenas, Contados, recontados, bem contados, Quatro, que valem duas, três centenas, Qtiat.ro para em seus 01pbros carregá-lo, Em passos ::ertos e t'adenciados ... Vai i-ossegado al, naquela Condução. Muito melhor andar arslm no seu Gaminho, Qtle andar em fuzarca, em procissão, Em passeatas ~om tambores e bandeiras, Patriotada que cansa e que enjôa. Muito melhor andar assim, quasi sozinho. Eu ~osto de andar só e conversar comigo, Cr1mlgo mesmo, a pergm:1tar se :faço asneiras. Ou se ando certt ? Me•1 Eu é meu Amigo. T!Jle não me respondE, coisa à tôa ... O piano, Como vivo a invejá-lo! Que simples, que modesto o seu carreto! ... Quando eu morrer, quero virar piano Quero ser um piano aos ombros de um quartêto, Assim como se faz certa mudança, íntliferentemente, - ser piano ou .defunto, Nada de Carnaval, :fazendo a contradança, ·rudo simplicidade, iser1to de conjunto. Quatro me carregando, o m,inimo, repito, Quatro vivos e eu immimado, em último r.epouso ..• O' coisa extraordinária! 0' coisa Mal Eu digo, eu af:rmo, eu fodo ouso: Sern flores, num caíxãc e sem corôa, Solitário piano eu vou fora do velho Rito, Nessa jornada finda. ,mde nada se apraza, Qi,;ando. Tudo termina à Sombra do Detltino, quando Tudo é mudee:, dentro da cova rasa ... Pa".'á-Belém 5-947. vez haja algo de prolixo neste llvro, particularmente no que se 1•efere a estes ultimes anos tão agitados. A Inglaterra de Vitó– ria e Eduardo é tratada com gos– to, conhecimento e, inevitavel– mente, com uma certa nostalgia, pois o passado apesar de louco na época - é sempre melhor que o presente. Numerosas pe~qulsas devem ter antecedido a aparição do ul– timo livro de Mr. Maurice Hindu "The Cossacks", editado por Collins". O panorama historia desta raça vigorosa e intrepida torna o relato emocionante; sua guerra - "record" contra os a– lemães estava no sangue destes intrepidos cavaleiros. Mr. Hindu deixa-se dominar em parte pela idealização do assunto. Um livro sem objetivo, giran– do apenas em torno a uma oa– zinha, é "Cottage Tale", de Es– ther Meynell, editado per "c:t~a– pman & Hall", que tem um eh– cauto raro. E' a historia de uma cazinha, como Miss Meynell ad– quiri-a ,o que fez nela, como nela viveu, incluindo algo sobre sua historia passada. E' um livro repousante, delicioso, mas nada importante. "Instantaneos de minha men– te e não fotografias posadas" é como Lord. Wavell descreve a serie de mensagens e discurrns que fez enquanto Comandante em Chefe, em seu liyro "Spea– king Generally", aditado por "Macmi1!an". Instantaneos pro– fissionais de um brilhantismo serio e talvez melhores ainda por não terem sido "posados". Refletindo cada um o sentimen• to do momento, formam um ps.– norama interessante ele 4 anos de guerra vistos üa India e do Oriente-Médio, atravé:, d::> c~re– bro de um grande gen8ral e estadista. Afirmando que pela Dl'lm,$lra vez na historin humana ·· um mundo sem miséria e :;cm guer– ra é técnicnmente posslvel ", lVlr. Kenneth E. Boulding nos mos– tra como isso seria real!zav2l em S8U livro "The economics cr Peace ", edit8.do por "Michael cToscph ". A~:J.lisando os proble– mas da economia dl, paz, Mr. B0alding propõe a tecri:1 I{.ey– n2s com0 rcs::luç:-..o. 1,,,ci:;,::, e csmbat!vo, é um iivro que eleve f>~r c~.tudado. Qu nd.O Henriqueta d~sper• tou, abrindo os olhos no es– curo do quarto, não soube, se havia saido de um sonno ou de um pesadelo. Sonho, não. Faltava uma. certa lógica às coisas inquietas que se passa– ram no fundo impalpavel do seu r.-0no. -Dormi mal, apenas ... - Supunha ela, o que era raro. Respirou de leve e foi esten– dendo o braço à procura do marido. Encontrou vasio o seu espaço no leito. -Joca ! - chamou. Silencio. Henriqueta estreme• ceu, agora é que estava real– mente desperta, os sentidos em tenss.o, alertas. Chamou nova.– mente: -Joca ! ó Joca ! Já podia ver manchas de luz, em linhas retas, desenhando a janela cerrada, dar.do para o jÍtrdim. A escuridão dissociava. se ôs objetos ressurgiam aos olhos de Henriqueta, ~m sua pcsição antiga a fami:Jar. Lá estava o velho oratorio sobre a mesa atoalhada, os grandes castiçais abrindo como miios es– palmadas, as cadeiras, a comoda, o consolo, os quadros na pare– de. Também a cama se dese– nhava, ;nítida, na brancura dos lençois, e Henriqueta podia com– provar, a olho nú, a ausencia do marido. Caindo subitamente em si, jogou-se do leito para fora, procurando os chinelos no chão, enquanto enfiava os bra– ços pelas mangas da bata, que apanhàra às pressas da cadeira. - Joca ! Para onde foste, ho• mem? Ia se dirigir para a porta, quando o marido surgiu. Henri– queta, riscou um fósforo, a luz brilr..ou na campanulá. de vidro. Viu Joca preparado para sair, enve:·gaodo um traje de mon– tai·ia, aG botas de cano longo chegando-lhe aos joelhos. - Vou dar uma volta por ai. . . - Explicou. - :L'Ias. . . a estas horas ? - Quero aproveitar a madru- gada. Estou seguro de que eles estão fazendo das suas no cer– cado. Vou surpreende-los. IRsavieram-ce com o vizinho, os Cazuzas, por causf', de umas '!rhções que, certo dia lhe in- vadiram as pJ.amaç&s : ~ devâ's~ão ! Sem dar oµvtaos à ptudencia, meteu-lhes um t1- ro~1o de escraehar e o i:esul– taclo foi o que se viu, UlllJl ca– bra no chão, varias out1;as 1!1,– nhadas e capengas de volta aos currais respectivos. Só dei)()~ da. carnificina é que se verifi~u o desastre: oomeçava ai uma intriga aborrecida.. Comparado com e~ mai9r foi o seu desgosto qu~do,, di~s depoia, encontrou destruig_as cêm braças de cercado e a la• voura. do baixio, como se esti• vesse sido devastada por um exercito. Em seguida, as h1ju– rlàs reciprocas veiculadas à bôca. pequena, os actntes à so– câpa, de noite e de dh que oe disse-me-disse agravav:im e ~µ• vennenua.m. A pessoas pe,os can1pcs, - uma légua. pouco mais ou menos de terras de seu dominio - o velho Joca encon– trou, certa feita, nunt llr,lll.O inesperado, estendido e bem morto, ao Adernar, homem sJm– plorio, que lhe pastoreava as poucas cabeças de gado ~s nascentes do Riachão, morado,r seu, antigo, desde os tempos $1 que casara e Henriqueta lJj,e trouxera de dote aqueles cam– pos e aqm,les vacuns. Coll;a 40s Cazuzas, tinha cert~za 1 não ij(l!• via sombra de duviaa : riffi:s isso não ficaria assitn . O certo, porém, é que o no$• so Joca não era homem de v1pganças. Em Conceição, sa– biam-no. esquisitão. com uma. l:ioa tendl:ncta para a ava.reia, de um modo tal que em suas tl,lrras havia tão p,oucos ser• vit1ais que a mulher era quem feitorea,,a os trabalhadores na época das invernadas Brava mulher, a Henriqueta I Rija como um homem. Montava o cavalo manejava a espingard11, e sabiá ajuntar o gado disper– so com tanta destreza. tão pres– ta no oficio como um velho v11,– queiro do~ campos. Ht'I. multa.s mulheres dessa cepa mas como Henriqueta, a valente Henri– queta, poucas. Inimigo de gastos, nosso Joca fr.zla tud<', era pão para toda obra. Na fazenda dispensava qualquer demão; era duro no trabalho, sem esquecer mesmo as pequeninas CQ = "."""' $ m~io do mato : 'l>all;OO . e que precisassem, tlnha nele fe.- 1:)ricante pe.feito; cadeira que mancasse cu necessitasse de ;for– ro novo merecia os seu& cuida– dos e em breve estava restiluJ.· dfl. à serventia doméstica. Cor• tà.va lenha para, o fogão e man- - ccontm-0.a na a.• par,) sa se arrepende e é pelo sim• ples fato do arrependimento que se alcança o reino do céu! No entanto, esse pre• sidiário turbulento qulz con– fessar-se justamente para provar que não se arrepen• d,.eu, p.orqqe, P~fª ele, copio para. Dostóiewslü, a confts- Poesia dos catálogoi Por Claire :VERVIN (Cop,nlbt do Serviço Prancês de Informação) E' um velho jogo como o da ilha deserta. Todaa as ge– rações o têm jogado. t• co– nhecida a regra : "Se VQ!'.!ê tivesse de acabar o resto dos seus di1:1.s numa ilha deser– ta, quais seriam os dois (ou os dez ou os vinte), livrós que levaria con&ilJ()f" A eg~ pergunta, um escritor jocoso respondeu um dia: "um M'I· nual de constru9ão navalf" Mas se a pergunta ae fi– zesse da seguinte maneira: "Quais os livros que v. lev~• rla para um.a ilha de,erta para melhor evocar a Fran• çà"? Estou certa da respos• ta que daria. Sem hesitar, meteria debaixo do braço o catalogo da. Mnnufatura. francesa de armas e bicicle– tas de Salnt-Eti6nne, o ~– tálogo de sementes de V.!1- mortn-Andrieux, o indicador das estradas de ferro e o anuário Didot-Bottin. Estas quatro obras, a que as pessoas sérias e os criti– cos literários ligam pouca. importância, são os pU~res da França. Basta engolfar– mo-nos nos hor~rios de com– boios do guia Caix, seguir até Limoges na rápidia. mar• cha do expresso de Paris, de• pois bater para Brantôme, Capezac ou Casteljaloux, ao i:ttmo modorrento dos peque– nos trens de paasageiros - e a França inteirinha nos sobe ao coração. Sim, na verdade, 1'lá muito mata poesia do que se jQlf@., se ])Qt ~nrios ~(!rv?,r dele, nui,h gula de eis• tra(Jag de tem>. ltã muit,e. poe&ia ta.mbem - e ensino - no anú'árto comercial Dido.,Bottin. Ali se descobl'e, através das pá• ginas, a fislonomla das cida• des e das pro..;tnctas. Quan• do çhego a uma oidade des– c~çinheci~, p;-eciptto-nie ,sa,, bre o Dtdot-Boffln. Ma letra À, descubro que a região é ab1,mdante em abelhas (vis– to haver tantos apicultores); na letra e, que os oficios da. c,atedral de\tem ser magnifi• cos (visto que há. na cidade tantos "Chasubliers" fab'ri• cantes de casulas e parameJ;l• 'fi9s de igreja); na letra Í>, que se gosta do luxo (pois o anuário indica o endereço de três Douradores em ma– deira) . . . Muito longe da. França, folheando as Rá,iji• nas, por ordem alfabética, deste gran<le catálogo das profissões francesas, sen1iê– se subir até nós o odor de velhas pedras de uma cidade calma, ouvir soar as horl\s (CODtbúlk DA 8,• Plllf,) mundo real e o mundo ficção. A' página 8 do voil contendo o plano de S(,u vro "A vida de um gra pecador", há este fragme "desejo de profanar a dos". Esse desejo de "profa a todos", essa solidariec! social para com o pecado va:ru à reabilitação pela ceridade". No plano do l citado, como em outros mances, Santan é para toiewski, a negação e, tanto, a hipocrisia. Da bita do autor contra o or lho, s~a necessidade de ~libação e de renúncia, sivel em todos os seu~ mances. O grande peca.:'a a um tempo, criminoso marti;r. Renúncia à v mundana, faz-~e ~s,c.eta 1 orgulho e morre cont• seu crit)J.e. Ao arquitetar essa tristemente s'ombfíâ, toiewsk\ notava que m gente nem siquer dá C<' de seus atos obsoenos e apresenta como hónr!I. , •·~sim, a s~)l v~, t ccn são - com smce~d, - rlà. um processo de iden: (),ação, um meiç, pelo c~da um pode:rfà adquiri consciencia de seu destl A confissão era, dessa :rpa. uma luta cori:trJ o Pt d'o e portanJ;Q, uma l contra a mo:rj;ê. "}. angú, de Dostoiewsld. tinha n $.~ntido, um ac~to pecul Orientada contra a mo sífa luta não erâ. um com te contrá. o aniqµilamf mas contra a dêforma ~ perâônâlldade pelo p do. Se o homem morress prôblema estiuia resoh ppr si mesmo. Mas a ffi( rlão mata e seria outro 1 mo a vida continuando, (ContlD.ta na a-.• PASSA O TEMPO, MUDAM-SE AS FORMA A lrnrr:fl'nhlade cria M arqu!– teturas, o t2m:~0 a3 dsst:•é-i. e quando não cÕmé'e;ue dest,ui– las, caruncha-as, arruina-as e· ns soterra.; quando é benigno. envelhece-as. A hum:1nidade que pre~ende p:ogredir é en– volvida no proceseo do tempo, julga antigos os edificios de ontem e ergue outros, com ou– tras formab, outras idéias e nun– ca se sati.sfaz de inventar. Há vinte ou trinta séculos, o tempo devia ser algo mais cal– mo e a humanidade, uma tur– ba serena ondulante à cauda de quimeras; a arquitetura modi– ficava-se lentamente· Depois, entrou na moda o arco, que des– feriu um golpe de esquerda às colunas e aconteceu a revolu– ção; posteriormente, do Norte, ensinaram a edificar as ne– chas; volt-0u-se a seguir, valen– temente, às culunas; logo, so– breveio a enxurrada das volu– tas e do arbitrário; ocorrtl~, depois, nova matança de co!u- n1s; e atora desabrocha uma a:'qui,;ct::m q~e. mal 11a30::F. já, prctaide 1:cr mandante, suplan– tar as mães, avós e bisavós. o tempo, agora, voa mais lé– pido e a huma,nidade empenhou– se em abreviá-lo multiplicando seus meios de locomoCào, tor– nando expeditas ao maxlmo as máquinas ele que se serve du– rante o dia; e todo esse con– quistar o tempc não se perfaz para o gozo de porções de ócio suave, mas é recuperado pai-a aumentar a ação para nó.o sos– segar, para obter a palma san– ta da insonia. Quem priva com o intimo da história de cada século pode confrontar - defrontando-se com precisa identidade - a ar– quitetura com os costumes : e.m outras palavras, um tem– plo, um teatro, uma casa eram, no tempo de Péricles, o espe– lho das leis, da filosofia, da vida cotidiana; e no tempc cte Nâpoleão, idem. No século :X:VlI P.M.BARDI (Do "Museu d'Arte Palma.", RO!Ili!) (Copyright dos "Dlar!os AISSoc!aÍfos") constrói-se tal como se atua, p::msa-se tal como se constrói; Salvador Ros11, escreve o epigra– ma contra Miguel Angelo e a pintura é precisament{! o oposto do "Gludizio"; Borromlni cur– va todas as linhas e a arqui– tetura usa fachadas contorci– das Na épcca de Squarcione, num serafico convergir qe es– tudos e àe pensamento sobre o classicismo, Mantegna pinta com o fundo , dos tempos ateni– enses. Em suma, . a arquite– tura é a moral que toma fór- m.a. ~uem lamenta as formas an– tigas com comoção admirativa está. fora de seu tempc, tal co– mo os que lamentam as colu– nas e os t!mpanps; são pregui– çooos que não sabem compreen– der que a:; formas evoluem, nem sabem percêber a coluna n,..m tubo de Mannesmann, num filio ou numa chaminé. Eis aqui, ~ra quem deixou, os oll,ios estaticos numa agulha do ·'Duo- mo" de Milão, uma. torre de radio; a forma mudou, um. mes– tre gótico eonistruii:a o pipacul~ para elevar a fé em Deu~; o engenheiro contemporaneo para facilitar ll, difusão da pal11,vra do éter. As arquiteturai; mudam de função; mas, embora manten– do o mesmo emprego, mudam a estrutura, o espirita; é o tempc i: J.ue exige, dia após dia, a noviclade. As fortalezas que, em mil e quinhentos, Lorini autoriza.damente aconselhava, eram hnprestaveis meio século depois; a famosa cintura defen– siva da~ muralhas de "La Spezia" que se afiguráva dura– doura obra, militar, vinte anos clepois tinhà o especto de sim– peles biombo. Em arquitetura, nada pode durar. Todas as manhãs, do– brado à mesa, um engenheiro calcula uma est:utura que rou- ba ao impossivel outra fatia de ppssivel .. A c11pula de São Pe– dro pcderia fazer-se hoje três vezes maior e com a metade do material. Devorador, :faminto, iru;aciavel, o tempo morde as construções. Vedl'J$, em nossa rua, uma casa de três anos ape– nas e já. vos parece antiga, superada. A moda que reforma, e reelabora em cada estação, desempenha o seu papel nesta mutabilidade e a afeição às coi– sas, sofre de inquietação. De– seja-se o novo, ama-se o novo; nem mesmo as Imhas dos auto– moveis, dos navios e dos aviões conseguem durar : de_pois de um ano, já. existe algo que muda, algo a acrescentar ou a eliminar. A arquitetura tem utn destino paralelo : no pro– pí:io curso da construção o ar• quiteto não está jamais segu– ro de si mesmo, e atormenta. os seus de.: :nhos. A humanidade ~ célere, não es.tá ~erena, é agitada. Pedem aós edis uma obra harmónica. pausada, de ritmos :ride cúmprida em meio à natu e não sabem que o arquiteto 1 é capaz senão de expressa proprio tempo. Há cento e cinquenta ou zentos anos, o ·arquiteto al rotava uma. saleta de bib espelhos, lampadas, como para tornar mais morbid melifluo o ambiente; hoje, 1 o arquiteto já não procede sim; parece absorto na int; çãp de reduzir tudo ao mini ao mais leve, ao mais liw, 11 mecanico, ao mais funcio possível , num furor arquit nico. Ant~s. usava-se peruca : , je, as 'mulheres cortll,llll as tr· ças. Antes, andava-se em linda; hoje, viaja-se de av·· Mas, esta adaptação ao me nico, ao útil, ao racional, nos conduzirá a certo de. de decoração, àe "inutil~ artística" i

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