A Provincia do Pará 19 de Junho de 1947

Página 8 A PROV1NCIA DO PARA ONDE MILHARES PEDEM TRANSPORTES ... Na Marambala vive hoje um dos núcleos produtores da capital. Mas, há alguns anos, Nha Luzia encontrou alí apenas muito mato. Fez a sua cazinha, cuidou da sua plantação é foi vivendo. Vieram os donos da terra e a fizeram várias vezes mudar de pouso. Mas ela queria viver em Marambaia, ver crescer o seu suburbio. Devota de São Jorge reune grande parte dos moradores da. localldade para os seus "candoblés", onde o "santo baixa" e ouve as preces originais dos crentes. Com seu chapéu de camaüba, cachimbo à boca. risonha entre suas garrafas de pimenta temperada - sua única fonte de_ renda - Nh Luzia conta ao repórter o seu labor naquela região de Belém, cuja rua principal, hoje mais ou menos alinhada, vemos ao lado. Na principal arteria estão o posto médico e a es~ola, - o prédio ~egro maior, - quasi sempre fechado; e a. capela de São Jorge, padroeiro local, um pequenino chalé coberto de "cavaco" e encimado por uma tosca cruz de madeira, onde aos domingos os católlc-os vao rezar. Foto C. Pmto) MARAMBAIA RECLAMA TRANSPORTE De nas de rnilhare a Q en a quatro de p uilome s ºª ro d • o s e l Mil e quinhentas casas - Uma única escola e um posto médico, que funcionam irregula~mente - Cinco meses sem condução - "Nhá" Luzia, a pioneira da Marambaia, não perde a esperança no seu "orixá" Em ensolarada manhã, amena como \S manhãs de verão, a reportagem pôs-se a caminho do mais novo su– b'i:rrblo da cidade de Santa Maria de l;}elém. Nosso Intuito era duplo: que– riamas conhecer bem de perto a já popular Marambaia, e satisfazer, em _primeiro lugar, a um apelo feito por diversos moradores do subúrbio. Eles queriam, ou melhor, pediam várias coisas lmpresclndlvels à vida local e 11ma visita de A PROVINCIA DO FARA' se fazia, pois, necessária. Pará melhor sentir as dificuldades com que tropeçam a cada pôsso, os moradores da Marambala. o reporter deixou de lado as facilidades de trans– ];lorte - se é que existem -, e se dirigiu acompanhado do totógrafo à parada dos onlbus do Marco. Após uns 20 minutos de ansiosa espera, surgiu, finalmente, o esperado veí– c:1,110 e, aos trambolhões, lá se foi s reportagem. COMO SOFRE UM MORADOR DA MARAMBAIA Chegamos à Bandeira Branca, nome que o povo dá ao Boulevard Dr. Frei– tas, ponto terminal da linhr.. de onl- 1:Íus do Marco, até ali somente, é que vai o único melo dli? transporte para a Marambaia, distante pouco mais de três quilometras. Subúrbio :novo, possuia uma linha de on!.nus, quB ao preço de dois cruzeiros servia · resid&>.tes daouele local. nrnnor- sl.táveis do Sousa, escolares, traba– lhadores e gente que, da M$rambàla, vem à procura de uma farmácÍa ou de uma loja de fazendas. NA MARAMBAIA Após horas de caminhada por so– bre os trilhos da via-férrea de Bra– gança, único lugar transitavel aos pe– destres, o reporter chegou, tlnalmeµ. te, no Entroncamento, enveredando por uma pequena estrada em condi– ções transitáveis excelentes,. E, final– mente, as primeiras casas da Maram– bala apareceram à nossa frente. Ca– sinhas de todos os tipos. Barracas cc-bertas de "cavaca", palha e telhas; "cavaco" é a maioria, à moda das povoações bragant!nas .. Um sem nú– mero de armações de futuros lares se erguem tambem à espera da <'he– gada de melhores dias para sua con– clusão. E à medida que percorria.– mos as ruas, ainda sem nomes, da Marambaia, podemos melhor avaliar ae necessidades desse subúrbio novo e futuroso. Uma grande e larga rua limpa, por sorte, parece chamar-se de avenida Marambala, ou melhor a rua principal. Ali estão situadas as mato. res casas de comercio, as mais oon• fartáveis moradias, o grupo escolar, o posto de saúde, e um pobre chalet encimado por pequena cruz de ma– deira rústica, que é a igreja de São Jorge, o padroeiro do subúrbio. Três 1·uas largas e várias travessas peque- n1u:::. A nnt.l"t·ui +.antru:i "ht.,,...!"lo~" n .t'lntt'l- Isso não é suficiente para Maram– bala. Precisa de multo mais, pois sua população aumenta dia a dia; seu comércio tambem dia a dia amplia.– se; surgem novas ruas; e se ccns– troem novas habitações num rápido desenvolvimento de progresso, tor– nando-se necessário e urgente um mercado, um posto policial - pois o único existente é o do Marco distan– te quatro quilometres - e mais es– colas que tunclonem com assiduida– de para que.si mil crianças que vi– vem a brincar pelas ruas, à solta. Farmácias tambem precisa a Maram– bala, bem como vá.rias outras coisas. EM CONTACTO COM MORA– DORES Ouvindo Inicialmente a senhora Maria Pantaleão, que hã dois anos reside na Marambaia, o reportar en– tra em contacto com os moradores locais. Indagamos da. escola, do pos– to médico Inaugurado em janeiro lll– tlmo e ela nos respondeu - Esse bar– rncão marron escuro que o senhor vê ali defronte, .; onde estão localiza.dos o Grupo Escolar e o Posto Médico. Or. meus filhos - aponta três meno– res que a rodeavam - estudam lã. A nossa professora mora em Belém, e faz multo eacr!!!clo para não deixar de comparecer. Sujelta-ee a. vir a pé diariamente lá do Marco, ou quando algum caminhão que conduz areia vem prá aqui às vezes traz ela do mntn rin C"Aminhr,_ MA.Q._ r.nmn n ~hnl' Reportagem de Moacir CALANDRINI novo rivaliza. com 08 mais antigos. de uma "vendlnha" falamos a uma gente quer abusar como no principio Isto aqui era tapera. Logo no come- das mais antle;as moradoras local. que deu má fama pró bairro que até ço, houve inúmeras desordens, que Maria Luzia Barbosa. Ela chegou hoje ainda multa gente pensa que foram terminando com o aumento quando a Marambala verdadeiramen- aqui só mora mulheres de vida boe– da população. E hoje em dia existe te ainda não existia. Armou sua mia ... " Nhá Luzia dá uma bafora– respeito, não é o que muita gente lá choupana num terreno qualquer, cu!- da enquanto o "flash" entra em ação. de fora pensa. Aqui moram cente- tivou com árvores frutlferas, p!an- :r:: nós leva a percorrer sua casinha, nas de familias que se entregam ao tou roseiras, jasmlns, verduras e um toda enfeitada de bandeirolas com trabalho. E' necessário, B!m, um po- dia velo O senhor branco e ordenou- um altarzinho colorido onde S. Jor– llciamento especial prá cá como O lhe mudança, que se sucederam a ge é devotado. Tambores de "cando– tem o Sacramenta, que é multo me- miude. Os terrenos iam ficando cul- biés" repousam num canto. Nhá Lu– nar. Mas o que aflige a todos sem tlV'!ldos e Nhá Luzia sem nada até zla festeja O~un. E' dona de "ter– exceção é a falta de transporte. o que finalmente demarcaram-lhe um, reiro", é "mãe de santo". Ali tam– antlgo onlbus que tanto beneficio no qual reside atualmente com sua bem o povo se diverte esquecendo as nos trazia, deixou de trafec:ar loe:o plantação de pimenta cheirosa. Com amarguras da vida. E dona Luzia após as primeiras chuvas, alegando a seu inseparavP,l cachimbo à boca, Nhá Barbosa, a pioneira da Marambala– tmprestabil!dàde da estrada. Não Luzia fala 80 reporter: "Meu bran- e subúrbio caçula de Belém - mos– deixamos de lhe dllr razão nesse co, foi em 42 que eu vim prã cá. tra alee;remente a licença policial pa– ponto, mas com um pouco de eacr!- Quasi tudo era mato. De moradô 66 ra suas festas de "terreiro", em lou– !lc!o tanto dos cofres governamentais encontre! 0 Luiz Ramo, 0 Slmpllço, vor do Santo Orixá. como particulares esaa coletividade dona Dedé e a dona crecença. Daí que aqui vive não &o!rerla ta.nto". prá cá Isso foi crescendo, crescendo ;NBA' LUZIA, "M.11.E DE SANTO", e a Marambala hoje é quasl uma cl– J>ONA DE "TERREIRO", A da.de . Mais falta multo seu moço. PIONEIRA DA MABAMBAIA Nós não temo transporte; não temo O relógio caminhava apreMadamen• uma tarmacla, um mercado direito, t6 p~ra as 12 hor" do dia. Na porta não temo policiamento. E multa MUNDO INFANTIL Pedimos o comparecimento de toda garotada, que concorreu ao Concurso de o "Mundo Infan– til para o sorteio hoje, na reda– ção deste jornal, às 16,30. Será criado Assistencia em Belérn o Obstetrica de Serviço Domiciliar Errl possa dos os d1r~gent do Sindicato de Ar111adc Aguardada a aprovação dos estatutoi,, ... o início dos trabalhos definitivos Os armadores de navios estão ln– tréssados na organização das linhas regulares do Rio Amazonas e seus afluentes, de acôrdo com o plano da bÕiiitssão de Marinha Mercante. O grande movimento de renasci– mento da Amazônia está empolgan– :'cib as classes Interessadas, que têm .~~tido o assunto em varias reu– niões. Fundado o Sindicato dos Annadóres Visando propugnar com mais efl– clencla na disseminação do trans– p;§rte fluvial na rede hidrográfica do vale amazônico, os armadores entra– râm em entendimento no sentido de se organizarem em classe. Disso re– sultou a fundação do Sindicato dos Armadores Fluviais e Agentes de Na– vegação Nacional e Estrangeira, ta.– te que se verificou em recente reu– nião realizada no Palaclo do Co– mércio. Escolhida a primeira diretoria Logo após estabelecidas as bases de oreanlzação da nova entidade, !oi escolhida a sua primeira Diretoria, que ficou assim constituida: presi– dente, Antonio Dantas Lima; secre– tário, comandante Altair Burlamaqul; tesoureiro, Nicolau da Costa; mêm– bros da Comissão Fiscal: Otavio Oli– va, Zeno Ferreira e José Gutierrez Garcia. Os dirigentes do Sindicato dos Ar– madores foram !mediatamente em– possados, entrando assim em plena atividade para consolidação, da Idéia. Enviados para o Rio os estatutos Terminada a cerimônia da posse da primeira Diretoria do Sindicato dos Armadores Fluviais e Agentes de Aprovada a resolução de amparo à borracha Do sr. Firmo Dutra, presi– dente do Banco de Créfüta da Borracha, ora na Capital Fe– deral, receberam os diretores daquele estabelecimento .de crédito o seguinte telel!l"ama · "A Comissão de Finanças d~ Câmara Federal acaba de a– provar por unanimidade de votos de seus membros, o pro– jeto de amparo à, borraeha assegurando assim seu defi: nitivo sucesso em plenário. Cds. sds, - (a) - FIRMO DUTRA. Navegnção Nacional e Estrailge!ra, a reportagem de A PROVINCIA DO PARA' procurou o sr. Dantas Lima, presidente da novel entidade de elas• se, afim de ouvi-lo sôbre as atlvl• dades do Sindicato. Preliminarmente, declarou-nos O sr. Dantas Lima que por enquanto nada pode adiantar a respeito das atividades da nova entidade. A ima. norma de ação, o plano de trabalho do Sindicato some11te poderá ser de• llneado após a aprovação dos esta• tutos, os quais já toram enviados para o Rio de Janeiro, afim de ~e– rem submetidos à Comissão de Ma• rinha Mercante. Depois de sua apro– vação, o Sindicato então traçará a sua linha de conduta, entrando em atividade prática, de acôrdo com a finalidade para que foi organizado. VISO Notif,.::o a quem interessar possa, que pelo sr. LUIZ FERREIRA DE CARVALHO, me foi comunicado o extrativo do conhecimento origi• nal. n. 26.247, referente ao em– barque efetuado no porto do Rio de Janeiro, por Guarda Moveis Copacabana. de uma (1) caixa. e!. moveis, sob a marca "LETREI• RO", pesando bruto hummil e se• tecentos (1.700) quilos e coruig• nada a LUIZ FERREIRADE CAR• VALHO, vinda pelo vapor naclo• nal "Pará", vgm. 110, entrado neste porto em 14 do corrente, tendo atracado ao caes em fren– te ao armazem n. 5, dos SNAPP Superintendencia Portuarla. De conformidade com o art. 9.• paragrafo 1. 0 do Decreto n. 19.473 de 10 de Dezembro de 1930, modi• ficado pelo de n. 19.745 de 18 de Março de 1931, aviso aos inte. ressados para reclamarem, o que de direito tiverem, dentro do pra• zo de cinco dias, a contar da da.. ta da publicação deste, prazo fin• do o qual, poderão os SNAPP-SU• perintendencia Portuaria, fazerem a entrega do mencionado volume ao sr. LUIZ FERREIRA DE CAD• VALHO. Agência de BEIEM (PARA'), lT de JUNHO de 1947. Loyde Brasileiro. (Patrimonio Nacional) Antonio Dantas Lima AGENTE. 2009 Joalheria A Maranhense At~ndendo a numerosos pedidos de sua mui distinta. e numerosa freguesia, continúa a sua venda a preços módicos ao alc~nce dt; tcdos, do seu grande estoque de jóias bijouterias e n,logio~, em tõda, as melhores marcas. ' Joao Alfredc, 25 - fone 2751, {2056 1 DR. PO J UCAN } / TAPAJóS, / Hédlco do Instituto de Prote- 1 ção e As.sisténcia à Infancia 1 1 DOENÇAS DE CRIANÇAS 1 \ (Jo11su1tório : 15 de Agosto - : Ed~. BERN - Salas 25 e 26 \ T E L E F O N E, 1 4 O 1 j .l '!.º ,:u:ufar - ela li à.q_ 10 hor11..<:

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