A Provincia do Pará 12 de Junho de 1947

Quinta-feira, 12 de junho de 1947 De pas a g em p r elém dois 111eni ros das forças aereas a Btalia Ezio Brusco e Armando Fioni vão agora trabalhar nas Linhas A. Venezuefanas - Os "Diavoli R .rnsi" - O bombardeio de Creta !:elém e Natal têm sido, de há n1uito para d, os principais pon– tos de trânsito, no Brasil, pan milhares de imigrantes que, ter– minada a guerra, deixa,rc os seur países, na Europa, em busca d J continente amer~cano, e. em es– pecial, a Venezuela. São dezena.s de pessôas que por aqui pas sam, diáriamente, procedente, dos pa.ises europeus em bm:ca d'J novo El-Dorado do continente: os Estados Unidos da venezuela, onde se dedi:oarão aos mais diver, sos ramos de trabalho, princlpal– tnente à agricultura. Estão neese caso os jovens ita llanos Ezlo Bmsco e Armand) Fioni, ex-integrantes das fôrça~ aéreas italianas, residir-do du• rante sua curta permanência en, Belém, no convento dr~ frades Capuchinhos, no bairro de Santa Isabel, onde os descobriu a re– portagem de A PROVINCIA DO PARA, EM CONTACTO COM O REPóRTER Ezio e Armando, que chegaram ao Rio a 8 de maio deste ano, e a, nossa capital a 1. 0 do corrente, estão residindo nessa caer dos re ligiosos italianos até seguire!U para Caracas, onde, em compa nhia de mais um colega de farda prestarão seus serviços profissio– nais, numa das companhias d~ aeronavegação desse país, possi • velmente a Línea Aérea Vene zuelana. Os dois jovens italianos, que sãr: tnuito amigos desde a infância, ~ nasceram em Vicenza. Veneto contando atua.Imente 24 anos, am bos, rEceberam o repórter no ,par latório do convento dos Capt:– chinhos, onde nos concederam interessante entrevista. VOLUNTARIOS DA AERONAUTICA Ez!o Brusco exprime-se melho" em português misturado com '.l castelhano, do que sen compa– nheiro, dispensando, em parte, 0 Interprete que nos foi posto à dis– posição pelo superior da Ordem. ou seja, frei Hermes, também ita liano. Dessa maneira, o ex-com– batente italiano Ezio Brusco, ln!• clou sua palestra com o repórte,. declarando: - No ano de 1941, já se en– contrava o nosso país em plena guerra, ao lado dos alemães con– tra os aliados. Todos os meus companheiros haviam sido con · vocados ou ing:i:-essavam nas fôr– ças armadas voluntariam.ente. FJi o que eu e Armando resolve!110~ fazer, deixando nossos Lmpregos de aviadores na S.A.R.A. - So– cietá Anonima -de Reparazione Aeronáutica - para ingressarmo, nas fôrças aéreas italianas. Fo– mos aceitos, e devido às nossas aptidões, em pouco, eramas 1. 0 sargentos bombardeadores-metra · lhadores, sendo designado eu para o 7. 0 Grupo Aéro-Torpedeiro, com base em Sciaca,, na Sicília, e indJ ;·ias frentes italianas de luta. Ate esse ano, levamos a efeito as ma•.•. diferentes missões no Meditem\ nco, cm setores diferentes. Lutei com aviões británicos, america– nos, frances(ls e outros, durante as perigosas travessias qae fiz da Itália à Africa, como escolta d0, comboios de tropas e mantimen– tos para esrn frente de luta; na Grécia, onde servi na ba8c :h– Atenas; na Africa set'!ntrionaL onde servi no an0 de 1943, scb a, ordens de RCJmmel, e como inte • grante · da::; tropas itaranas :k marechal Grazziani, tomand,:, parte em sangrentos combates, e. finalmente. cm Malta, ilha qu~ tive oportunidade de bombardear uma vez numa grande formaçã,:, italiana. O meu grupo, como bem especifico o nome, era uma es– quadrilha torpedeira, atuando principalmente no ataq11e a na• •,los aliados, no Mediter::-âneo. nas costas de Itália, Africa e Gré– cia. Dessas missões. as que con sidero mais imnortantes são as que levei a efeito na ilha d<: Pantelária por ocasião da gran– de batalha naval aí t:avada, em junho de 1043, e o bombardeio de Malta. Esses combates me vale– ram a Medalha de Prata das fôr– ,;as armadas italianas, e a única condecoração que me foi con - cedida. NOS BALCANS Prossegue o nosso entrevistado. - Enquanto isso, meu compa– nheiro Armando Fioni havia sido designado para servir no 2. 0 Gru.• po de Assalto, esquadrilha· de caça que atuava nas regiões bal • canicas, e especialmente, nos céu~ da Iugoslávia. Ai permaneceu Ar– mando até o ano de 1943 toman– do parte em importantíssima~ missões, não tendo sido, feliz - mente, nenhuva vez ferido, o que também se verificou comigo. En · tretanto. várias vezes descemo3 de paraquedas, nas mais variadas situações e ocasiões. PRISIONEffiOS DOS ALEMAES Continúa o ex-combatente ita– liano: - No dia 8 de setembro de 1943, Badóglio celebrou o armis– ticici com os aliados, que nos en° controu em nossos postos de com .. bates. Italianos que ·eramos, fo– mos considerados prisioneiros pe • los tedescos, que nos conduziram a Gross Libar, no interior da Ale manha. Embora em pontos dis– tantes, foi nesse campo de con– centração que nos viemos a en– contrar, após cêrca de 2 anos. Em Gross Libar fomos multo ma1 tratados a principio. melhorando o tratamento dos germânicos, tempos após. Nessa cidade per– manecemos até 1944, quando sou– bemos da formação de dois Exér– citos, em Itália, para lutarem contra os aliados ou seJa, o fas• cista de Mussolini, e o republica no, que propagava a formação d.. república no pais e era mais umn fôrça patriota do que propria– mente um Exércit'.J anti-aliad.. ,. No campo, ainda, demonstramos desejos de pertencermos a est-, último, o aue nos foi facilitado pelos tedesêos que nos enviarm1. a Milão, onde se encontrava em formaç§.o a tropa republicana. "DIAVOLl RUSSI" Cor,tinúa Ez!::i Brusco: - Chegados a Milão eu, Ar– mando F'ioni e muitos outros, fo mos distribuídos pelas diferente<: especialidades a que pertencia mos, rnguindo eu e Armandc·, mais alguns, para as ecquadri,has de aviação do E-..:ércitq republica no. Ficamos em Milão até abr.. de 1945, quando o no~rn cl;tmp::: foi destruído pelos aliados, quar.– do entiio fomos transferidos pan Stradella, província de Pavia passando pelo lago da Garde,. onde vi Mussolini pela última vez. Poucos dias faltavam pan ser fuzilado. Já então, eu e Ar– mando, pertencíamos à terrível e famosa esquadrilha "Dhvoli Rus– si" - "Diabos Vermelhos'' - dos republicanos, cujo únic:, ser viço, como de todas r.s outras consistia na simples defesa aé • rea das cidades ainda não em po- der dos aliados. · CHEGA O QUINTO EXli:RCITO - De Stradella em julho d3 1945, passamos à Vila Franca daí para Aviano, onde em 13 .de no– vembro fomos terrivelmente bom– bardeados pelos aliados, que nos destruiu todos os aparelhos e no'i soterrou ·sob os escombros dos edificios do campo, Fomos ·entã, transferidos para · ·Uzoppo, na província de Udine, na alta· Itá– lia, perto de Veneza. Por último, servimos novamente em Vil'.t Franca, donde os "Diavoli Rus– s1" foram removidos para Bér– gamo, onde entraram as tropas do 5.º Exército, não nos dando tempo pará daí sair. Cow.o per– tencessemos ao Exército republi • cano e não - ao fascista nossaJ armas não foram tomadas e, muito menos, nenhum de nós foi feito prisioneiro, passando a ser· virmos como fôrça de policia, com o objetivo de manter a ordem Aí ficamos durante muito tem... po, recebendo convite dos ameri– canos para lutar nas fôrças aé– reas aliadas do Japão, o .que nã0 aceitamos em virtude de já no3 encontrarmos cansados da guer– ra, pois há 4 anos lutavamos de ponta a ponta de Itália, nas mais diferentes missões. RUMO A VENEZUELA Prossegue o nosso entrevistado. finalizando sua palestra com o repórter: , . - Terminada a guerra, pacifi- ,u'!I A' t"l o- Nt1&C'.'f.;:i;a.C! iÍ.r.-f--:i._~nP ,..:I~ A PROV!NCIA DO PARA • 1 os ex-combatentes italianos Ezio Brusco e Armando Fionl quando concediam palpitante entrevista ao nosso rcporter. (Foto de Carlos Pinto, para A PROVINCIA DO PARA') erminarâ, i<oGe, discussão s emendas do projete co11stit cio 1 Mais de duas horas duraram os debates na sessão da Assembléia Constituinte, ontem ONTEM, NA AS– SEMBLÉIA 54." Sessão Ordinária. Inicio - 16,10. Término 18,35 horas. Leitura da ata - Não hou- ve. Expediente - 2 telegramas. Oradores - Não houve. Ordem do Dia - Discussão das emendas ao projeto cons– t!tuc!onal. Oradores - Teixeira Guei– ros, Berrão de Castro. José Maria Chaves, Rosa Pereira, A;ugusto Correia, Vald!r Bou– h!d, Reis Ferreira e Vladimir Santana. Presença - 'l'eixe!ra Guei– ros, Lindolfo Mesquita, Cle ment!no de Oliveira. Silv!o Melra, Lobão da S!lve!ra, Reis Ferreira. Vald!r Bouh!d, Vla• d!m!r Santana, Santana Mar– re!ra, Cupert!no Contente, ques, Cél!o Lobato, Rosa Pe– João Camargo, João Menezes, EnéasBarbosa, Baldu!no Atai– de, Lauro Melo, Porf!r!o Neto, e Nunes Rodrigues, do PSD; Aldebaro Klautau, Augusto Correia, L!curgo Peixoto, Ser• rãa de Castro, 'celso Malcher, Sllv!o Braga, Abel Figueiredo, e Juvenc!o Dias, do PSP; Pr!s– co ,dos Santos, da UDN; José Maria Chaves e Antonio Cae– tano, do PTB; e Diogo Costa, do PCB. Total - 31. cí Nunes, de Rio Branco e Ama– pá, comunicando que receberam telegramas da Assembléia e estão trabalhando pela valorização da Amazonia. O PRIMEIRO ORADOR Inscritos os srs. Aldebaro Klau-. tau e Juvencio Dias, estes abriram mão de seus direitos, saindo o pro– ximo orador inscrito a falar na Ordem do Dia, o sr. Teixeira Guei– ros. Passando a presidencia ao sr. Valdir Bonhid, foi à tribu e fa– lou durante 35 minutar, expondo seus pontos de vista sobre varias emendas apresentadas pelos srs Klautau e Diogo Costa. A primeira foi sobre o preambu– lo. Os srs. Klautau e Diogo apre– sentaram emendas. O primeiro conservando a inovação de Deus e o segundo excluindo o nome de Deus. Manifestou-se o orador contra– rio à emenda Diogo e favoravel à Klautau, nesse ponto. E acres– centou: - "Sou favoravel à emenda do , deputado Aldebaro Klautau, n:1 1 parte referente à aposição de Cristo, si bem que não sejam, provavelmente, pelos mesmos me- l tives .de s. excia. O autor justificou a sua emenda dizendo que deve– mos "invocar o nome de Deus" e não declararmo-nos "sob a pro– teção de Deus", porque não po– demos ter a certeza de estarmos sob a Sua proteção. Acho, entre– Lanto, que isso não procede. Isso porque nós não invocarr:os o nome de Deus no principio· de nossos tr~balhos. _A preocupação, com os ter federativo e republicano do Brasil. Ainda o orador mostrou-se con– trario à emenda que determina a aposição de Cristo nas repartições públicas. O sr. Cupertino apar– teou-o declarando que na Demo– cracia, vence a maioria. O ultimo ponto de 4 ue tratou o sr. Gueiros foi de uma emen– da sobre abertura de nedito su– plementar que só poderá ser feito no segundo semestre. A.:hou inca– bível a emenda. ORGANIZAÇAO l\lUNICIPAL Seguiu-se na tribuna o sr. Ser– rão de Castro que contestou a e– menda apresentada pelo sr. Fran– cisco Siqueira Pereira, sobre a or. ganização municipal. Com a Carta Magna Federal na mão, afirmou que a .emenda é inconstitucional. Houve protesto do sr. Cupertino Contente. •uontinúa. na sexta pã.einaJ APROVINCIA • retr0sptct1va 1Z de junho de 1912. Pu– b~icações da primeira pá. gma : pequena cronica de Raul Azevedo; O caso dn Prainha; "Recuo vergonhoso", artigo da redação; Pão de San - to Antônio. --·Pnr nrrlPm ri~. nnH,.i<, Condignamente • • an1versano da ?áglna .~ comemorado o fln do Riach~G!:o Brilhantes solenidades assinalaram a pas.. sagem da data maior de nossa !,farinha de Guerra A data de ontBm, que recordo 1 o 82. 0 aniversário da Batalha do Riachuelo, com.bate n::i,val em qi.;e ta.grou-se vitoriosa a esquadr .t brasileira, derrotando a :t,araguah r;as águas barrentas do Rio Pa, raguai, foi condignamente come•• morada nesta capital. NO COMANDO DO 4_0- DISTRITO NAVAL O dia de Riachuelo foi festeja• do brilhantemente no 4. 0 Distrito Naval, óra entregue ao coman– do do capitão de mar e guerrct 8r. Aníbal Prado de Carvalho. Pela manhã, às 5 ~1oras f.:ii dado o toque de alvorada, e, às 6 horas, hasteada a bandeira bra • sileira, no mastaréu da Praça, a:, som da banda marcial do Distr;. to Naval. ENTREGA DAS CONDECORAÇÕES As 11 horas, após a~ compe– tições esportivas realizadas n<t y_Uadra de esportes do Comando. foi procedida a leitura da Ordem do Dia, pelo capitão tenente Fer_ nando Horta!a Ride!, e, a seguir feita a entrega das condecora– ções aos oficiais e marinheir~, que prestaram relevantes servi· ços ao Brasil, no último conflit0 mundial. Foram os seguintes os oficiais e marinheiros que receberam con– decorações. e medalhas de mérito militar: capitão de mar e guerN Anlbal Prado de Carvalho, cap1. tães-tenem,es Anibal Barcelos t Fernando Hortala Ridel, 1. 0 sar– gento, M. A. - Liberato Afonso da Conceição, segundo sargen- to, M. R. - Raimundo Arcellno uos Santo3, 2." classe T. L. OlavJ da Silva Qug,dros, e. B. F. N, Rài_ mun'io do lfa2cimento Filho e 8. D. F. M. Benedit-0 Angcío Flôr. Esrns condecorações foram en– tre.gues aos a1rac1ados pelo coro - nel Tcofilo Amadou Diniz, tenen– te-co:onel aviador Lincola Tor– :es, capitiio , Orlando Viana. e outra, autoridades, DESFILE A seguir, desfilaram em con– tinência às autoridades, as Com– panhias de Fuzileiros Navais. e ae guarnições da 11,-Iarinha do 4. 0 Distrito Naval, sol:J o comando dos capit'les-tenentes Pimentel e Deo. clcciano Bernardo. AUTORIDADES PRESENTES Compareceram às comemora• ções do Dia do Riachuelo, no 4.e Distrito Naval, as seguintes auto·· ridades: coronel 'l'eofilo Amade!l Diniz, í'omandante interino da. 8.ª Região Militar; tenente-coro– nel aviador Sincola Torres, repre • rnntando o Comando da l.ª zona. Aérea; capitão Orlando Viana, r~J presentando o governador Moura Carvalho; tenente-coronel Siné• r,io Paulo de Carvalho, coman– dante da Fôrça Policial; capitães de corveta Otacilio Marques e An. tonio Oscar Saldanha da· Ga– ma, comandantes, respectivamen– te dos "destroyrs" "Benevente" e "Baependí", pessôas gradas e O!I representantes da impr:msa. Aos presentes foi ~ervido um cock-tail, na residêr:icia particular do comandante Ambal Prado. refeitura Municipal de lelém AVISO E' PROIBIDO FAZER FOGUEIRA EM RUA CALÇADA OU ASFALTADA Em cumprimento ao que determina o Código de Polícia Municipal, é proibido fazer fogueira em rua calçada ou asfaltada, sendo punido com mul– ta de Cr$ 100,00 o morador que, contrariando es– ta determinação, fizer fogueira em rua calçada ou asfaltada. ~ 11 de junlilo de 1947. 1956

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