A Provincia do Pará 20 de julho de 1947

éA.ROLJNÃ. NÃBUCO ----,- ,....,.-.. :a: U11ldi ~ Chama e CIQSU - O novo llvro de Caro}!n:& Nabuco, 6 como A Sucessora, que tanto interesse despertou no Bra– sil - um romance de anall– ses e caracteres, porém mata movimentado. com uma In– triga mata complexa, em que ai:àrece maior numero de comparsas. Carolina Nabuco não se adstringe às Unhas ri– gldas de uma psicologia à Bcurget, na qual tudo se de– senrola num sistema de cau– sa e efeito, que pel~ excessi– v:i lógica recai no cenvencio– nal!smo; mas tambem não dispõe arbitrariamente das reações psicológtcu dos per– sonagens. Seu mundo é real, sem àelxar por isso de ser artístico: quer dizer, enrique– ctcto e traruiforn1&do pela li– berdade legitima do roman~ r.1sta de exprimir, cão sim– plesmente a vida e sim as multiplas possibllldades da vida. Nessas dimensões vere– mc,s refletidas a.s figuras de Rabelo, o banqueiro e gran– de realizador; Alvaro, domi– nado pela obsessão do jogo, com o coração de sobra e energia de menos; Fernando, o ambicioso, e o pequeno grupo das meninas e as es– porns, com Nica ao centro. As paixões, o sonho, o amor são as molas reais desse mt.. crécosmo, em que as situaçõe3 se precipitam, levando o lei– tor a declarar-se logo, por ta!.s ou quais personagens, a tomar partido, enfim. Chama e Cinsas - vitorias e decep– çõe:c, anseios e desvaneci– mentos - eis a velha antite– se d:i. existencia e da huma. niqade, dentro da qual Ca– rolina Nabuco conseguiu rea– lizar novas descobertas. O to– do ps!cologico, que legou a literatura brasileira o drama inolvidavel da Sucessora, aqui .se afirma e se apura. Charn.:~ e Cinsas aparece nas ltvrartas juntamente com a quarta. edi9ão de A Sucesso-. ra, ambos editados pela Li– vraria José Olimpio. PEDRO RACHE - "Homens de Minas" - Livraria José Olímpio Editora Pedro Rache, nome de grande relevo da cultura brasileira contemporânea e que ainda há pouco entregou ao"público um livro altamen– te substancioso, como "O Problema Social-Econômico do Brasil", a.caba de publi– car uma nova obra "Homens de Minas", editada pela i,i– vraria José Olimpio. Afonso Pena Junior, no prefacio. diz tratar-se de um livro que den ser lido por bdos o:s mi– neiros. Por todos os brasllei• ros - acrescentaremos nós, pois raramente se têm visto t,agirias tão impregnadas do ientúnento da nossa terra, engran,decida nas virtudes excepcionais do povo monta– nhra. Mas n!io se vá dai de-, duzir erroneamente do feltk' da obra. "Homens de Minas' em estilo oratório e nem tão pouco ume. aérie de comen– tários gravea e solenes. Sem recatr na. banalidade. Pedro Racfle, aoube evocar com a me.ter singeleza. a figura do estadtmL mineiro Jóão Pi;. nhelro e de outros pró-ho• mens das Alterosas, surpre.. endendo-lhe11 a psicologta, através de flagrantes fre– quentemente anedóticos, de um mnde pitoresco. capa.. zes de despertar sempre o maior interease. No fundo, o livro tem um carater de "Me– morias". São recordações do autor flxadu com muita gra– ça e finura. O perfil de João Pinheiro dellnea-ae nesses ' capitulas, como de um poli– tico Invulgar, cuja vida. e obra necessitava, sem duvi– da, de mais vulgarlzação. A leltur& da livro de Pedro Ra– che aproveitará. a todos. Ins– trulrt, distraindo, recreando. "Obras de Gilberto Amado" - "A Chave de S lomão e Outros EseTitos" - Livraria José Ollmplo - Editora Com o primeiro volume, intitulado A Cbave de Salo– mão e Outros Escritos", a Li– vraria José Olimpio inicia a publicação das "Obras ·de Gilberto Amado", em que es– tão programadas novas edi– ções de todos os seus impor– tantes livros de ensaio, há tanto tempo esgotados. Ado– tando o titulo da conferen– cia que marcou o apareci– mento do autor já no mais alto plano de nossa litera– tura., o referido volume com– põe-se de três partes, abran– gendo A Chave de Salomão e Primeiros Escritos 0910 a . 1913), Aparenctas e Realida– des <1919 a 1922) e Dias e Horas de VibrÍ!,ção (1933), A esse volume seguir-se-ão dois outros sob os títulos Grão de Arei1', e Estudos Brasileiros e Dansa sôbre o Abismo e ou– tros Ensaios Modernos. O pri– meiro enfeixa em grande parte a obra de cronista do autor, o comentário leve, in– teligente, qu~ implicando o paradoxo do autor, e a "bou– tade", não exclue inteira– mente a frivolidade. Come– çando a escrever numa épo– ea. em que a crônica era um meio de se encarreirar pala– vras sem dizer nada, e João do Rio a transformava. em reportagem lírica, Gilberto Amado revitalizou por assim dizer o gênero, dando-lhe uma dignidade e uma feição compativeis com as transfor– mações do jornalismo moder no. Páginas de jornal, nota– ções sôbre fatos do dia, essas crônica$, como a correspon– dencil:1- de Eça de Quelrcrz:, continuam a despertar o maior i~teresse e conserv$,,r a atualidade por t~do quanto há nela de idéia.a 1eràis, · de observações sagazes sôbre homens e cOilSal'i, e. principal– mente sôbre as diversas mo– dalidaães do fenômeno .poli– tico-social brasileiro. ••- ~•4"""'0:.- ol!-'-'~V.,.._U~.&.t,;,11,.&'A.& VA.',&:'-&ÇAj:1"~.f,~ '-A.O g~.-; 51.1,:;;, Mães taparam o rosto diante dos crimes, HeJinchando empinaram-se os potros da Colera, O c': 1 Jl0 clesbordou das crateras do homem E d,_, <'éus surpreendentes desceu como fogo. Ainda aturdido, vos ouço dentre a névoa., l3ateis às minhas portas com pulsos freneticos Para qt1e eu vos vingue, para que vos desagrave. Voltai~ às vossas angras de silencio e sombras, Vc~: ai. voltai em paz para o convivia da noite Bom uso eu, fiz daquilo qtie me destes: Olhai! Remos sonoros ... transformei em fuzis! RELIOUIAS DO PASSADO Três peças da coleção MANOEL BARATA, evocando duas fases da História regional Quando foi fundado o Mu– seu Par2.ense, nos idos pro– vinciii,s, em conjunto com as coleções cientificas, criaram os seus organizadore$, uma secção histórica que chegou possuir peças preciosas e dig– nas da admiração pública. Uma dessas era um ba– laustre da cama de Marília de Dirceo, a mulher inspira– dora. do desembargador To– más Antonio Gonzaga, um dos sediciosos de Minas. Esse balaustre fôra tirado pelo farmacêutico Leandro Eustaquio dos Santos Tocan– tins, da própria cama em que dormia dona Maria Dorotéa, na chacara da familia. situa– da na Freguezia de Antonio Dias, em Ouro Preto. Procurei, certa ·veiz, con– templar essa rellquia. Qual não foi o meu desa– pontamento, quando o sau– doso dr. Godofredo Hag- mann, que era na época o di~ rtor do Museu, confesou que aquela, como varias outras raridades históricas. tinha sido transferid1s pa!·a outro local. Para onde? . Apesar de haver traçado sôbre o fato uma crônica pu– blicada na "Folha do Norte" de 27 de junho de 1937, nun– ca obtive resposta à minha lnt~rrogação. E' certo que em 1894, o dr. Emilio Goeldi, no seu Rela– tório ao Govêrno do Estaci0, aludiu à existência de cole– ções estranhas à finalidade cientifica do Museu, relacio– nan<to-as, acabando por pro– pôr a retirada das mesmas, e a. sua entrega a um estabele- -cime~to adequadc. i'ot feita a vontade do ilUi– tre cientista. l,,ras, quem ficou incumbi– do da guarda e conservação desses objetos históricos? Assumindo pela segunda Ernesto CRUZ (Para A PROVlNCIA DO l'!ü1A') vez o govêrno do Estado, o sr. coronel Magalhães Barata, entregou a direção do Museu ao sr. Machadô Coelho. F:,i uma feliz escolha.. Dedicando-se de corpl'> e espírito a restauração d::.que-,, le tradicional estar,elccimf;n– to, Machado Coelhm foi des– cobrir - é esse o tê:-mo -, coleções de valor etnosrifi– co an:" tras, de. carater cienti~co, uma de inestimavel valor hi1;tó1•ico. Refiro-me a tre-s peç;ls da coleção "Manuel Barota", e oferecidas por e~se. iecundo historiador ao Mu!l!"U. A primeira é uma chai:,a de cobre, p1 :1.ra impressão d~ cartões, que pF:rtence.i ao prü:,::-.L. 1 1 ·c"c · •c1 ont~ fia J'r·)– vincia do f',:i,::-á, JOEé de .•.rau~ jo Raso. · A seeur.ca • un: :etrató em. porc€lan.i. de- me1m.o titular A terceira é urr. &1~•lho de fechadura de BIT. 0 U, Àrtisti– ticamente trabíloilia,1::>, da– tando dos seculos XVII ou XVIII, achado na ilha de Joanes. Sôbre a· primeira dessas peças, o douto Manuel Ba– rata, traçou de prpprio pu– nho as seguinte.s nota~: " - Esta chan d• cobre puro (a que o, ít-.ncesel'i chamam "cu1vre dt roset– te"), para impressão de cartões de visita, perten– ceu a José de Araujo Roso, que foi o primeiro presi– dente da Provtn4ia do Pá.– rá 0824-1825). Foi achada soterrada, em 1897, sob os telheiros da OUaria "Val• de-Cans", por lim Jornalei– ro do meu irmão Antonio M:i3.rcel.Uno Ci,.rdoao Bara– tlt, que era então arren- datário daquelle estabele– cimento industrial, e que m'a deu. Conjectura que esta chapa foi · aUí parar perdida ou abandonada pelo. caba.no que a levou das ca&fl.8 de móradia do coronel João de Araujo Roso, quando essas casas foram saqueadas pelos ca– bapos, em 1835, sendo en– tq.o já fallecldo, solteira, Jo~é de Araujo Roso, que sempre morou com seu pai. E' de presumir que, ten– do então o metal da cnapa (naturri,lrµente 4e pouco uso e pe,n tratll,dà. e con– servada.) a apparencia de ouro aos olho~ dQquela. ge~te iric4lta e áv1da, o c~ ba.no s~quea.dvr a· 1evas– se conve,neldo dt'l que fi+ijia. uma presa. otima, 1:- que de– pois a perdesse ou abttndo– .nal5se, a.o fP,ber que 1~ão era o metal cubiçado. Este c,ocumentc foi escri– to no Rio de Jandro; em H98, e trá.:.~ parEJ, autentlcá– lo, a s,.ssiµatui-a do autor. Levou Machado Coelho ao conhecimento do eqtãó In– terventor Federal coronel Magalhães Barata, esse a– chado magnifico. Com aquele inte:: -ee.se que o di$tingue pela13 cousas e tradição da terra pa.raense, procurando aumentar o seu patrimônto ·hl$t6rico e ou!.. tural. s. e:ii;eia, recomendou ao diretor do Museu que fi– zesse a entrega desses obje– tos a um · e&tabeleeimento apro{)rtado. Mais tarde o próprio Inter.. ventor Mag~lhães Barata, ~ugeriu a ideia da fundação de um Mij$8U Histórico, co– mo já havià determina.do a in§t11lação de uma galeria da nobrea:a puaense, num dos salóea do Inat,ltuto B'8tórl– co e Qeo~rá.tleo do Pará. A idéia magnifica como era, e digna dos melhores aplausos, interessou os es– (Contlnúa 11& ia. P~. tes da Europa era neva.mente proelamado naquela ma.tern;i– dade: - ''A rainha é morta. Viva a. Rainha !" - '' A. mãe é morta. Viva. a filh& " Consultou o caJendárjo. Pelo, muito vulgar o nome da eanta daquele dia. Dorotéia:? Não. Lembrou-se de que . a lavacteira se chamava I:>orotéia. · Porque não o nome dl!- inãe ? O nome da espôsa que, a.os vi,nte e um anos, ficara. de fei,çóes aindá mais tranquilas, matii puras, mati. Uvida11 - qu11-ndo de· !unta? E, no mome~to do Bispo levar o pecado da carne, qúando o vaso de água betlta estava pren~ to ~ara se dettamar naquela cabeeinha, em respósta o padri• nho disse: - C!nt!a 1 E houve festa. Festa durarite toda a tarde, até às ta11t~. r~– gada por um bom vinho, che1- rflndo a per11. 11.doctcadà. de n– lhózes, excelente rebate aos cálices de vinho do Porto, aos acri-dôces, sanduíches de pre– sunto, sabendo o molho inglês. C!ntia já podia ver. Aqueles olhos, grudando as pestanas nos primeiros dias de vida, abritam– se obliquamente como se abrem obliquos os olhos dai; crianças da 0hiria. E, se a razão de Qin– tia não se çom;erva~se tão ina– tiva, ela poderta sentir a tel'll,ura de muitos braços que não se cansavam de niná-la. Poderia até mesmo escutar uma voz suave, a pedir-lhe sempre: "Dorme, dorme, minha filhinha, que eu também QtJ.ero dormir". E Cíntia cresceu num corpo de1:1soraq.o, de alma fugida, alheia aos coelhol:! que fa– lavam - "bom dia, minh!!, qtJ.e– rida" - quando ;,e lhes aperta– va o bucho, sem sequer devol• ver ao urso cinzento, aquele olhii,r que t9tnava bondosa a sua cara. Cresceu quebrando tudo, numa fúria de raiva indo– mável, eiirnigalhando' cabec;ns de bonecos que se trans!ormn.– vam num pózinho cglorido de– baixo de seus pés, e:nsopando de alcool as roupas d~ bonecas para ficar muda, inteiramente quieta, avermelhando ~ua visão nas crepitantes labaredas da• quele fogo. A ver tudo i~so 1m– paS11ivel, como se o seu tempe– ri+mento f~se o de u'a mulher da :tnglàterra que assiste à morte de um ente querido, i;em pestanejar. · Cfntia nent parecia, ser tllha da outra Cfntia. I)a outra Cin– tia que ae sensibilizava ao ver as ondi:.s, que de arrependimen– to por :m4,gtnários pecadés mo– lhave, os olhós ao escutar ll,s epistolas d,.e SAo Pauo, da. ou,;ra C1ntía que sonhava de dia, $0• ilhava de noite, como se t.odas as horas àc sua vida !ossem as (l!l, madrúgada.. Nem parecia ter sido gestada naquf)le modela'1o corpo de su11, m&e. ter-se ali– lltentado da seivl!, daquel11, ár– vore que viveu em primavera durante todas as cstac;ões; Nao era pasi;ivel ! A filha, a segun– da Cintta estava di:itanciada da mãe, como alguem que sobe um muro e, ao subir, não se volve, nem mesmo para res– J')(;)nder a um grtto. De nadà valiam os cuidados da tia Nane. Depois da Nane ficar um tempão, fabricando cachos, reviranclo, tornan.do a revirar, o _pente entre u~ pu· n~ado de cabelos, não demora– va muito e os cachos se des– tazinm, escorri<:ios fieavll,Jn to~ dos aqueles fios, i;em m;nhutn brilho, como se todàs as brt– lhantinas, todas as loções ti– vessem desmerecido em valor naquele penteado. E qua,nclo a pannetro o stiu xnu o anjo dá guarda. ·semanas intéiras, Cíntia, du– rante todn õ dia, ficava senta– da na somhr11, da. gamelei- 11'!!,, a beijar 11, bôca cabelu– da do urso cin~nto, a. aper- piano, a:e1xa-io . testlnos como u.m corpo de for– ma. retangular que tivesse cor– das em vez de sangue, aetentn e duas teclas em vez de dentf,s, uma !ilha que, depois de t zer (Cont1J111a na oltan ... , CHATEAUBRIAND ou d da obsessão pureza Por Pierre DESCAVES (Coi,yr!ght do Servl,;o f'rancê, de ln!ormaçlo) Chate&ubriand f Têma. · de te. se!!, têma de concurso.s, eterno as~unto sôhre o q~al se . exercl– tam. regularmente. hi um f.é– culo, erit!cos, ensaístas, hist.o– riador~. Cara e sóltc\a é a memória do grande visconde l Em toda a. literatura consa· grada. à memória do grande au~ tor do "Gênio do Cnistianismo" nenh\.nna o b r a, entretil.nto, apresenta tanto interêsse e 1•a– lôr como a que Louis Martin Chauffler acaba de publicar o 11\e custou dezessete anos de trabalho. Tratl!.•se de "Cllate– aubriartd ou a obsessão da. pu– reza", obra Cl.lpltal, que visi o futuro escritor ctesde sua ado– lescência. e chega· até ao Um de sua. vida, em 1848. ·AD longo dec êrea de 400 páginas de formato dei;envolve uma bri.. thante tese um de nossos mais original:; e eruditos homens de Ietre.s, que oomeçou pelo ro– mance e o "pa:stiche" antes de se 001l$1J.grar ao en:;aio, e cuja corajosa. atitude perante a inl, migo alemão lhe valeu, de 1940 a 1943, Ull11'1- cruel e deprimente deportação num campo de ce– presál!à.s. Cinco partes. divididas em 19 capttulos, permitem o.o ~r. Louis Martin · Cha.uff!er levar · a bom têrmo sua demonstração, ou se re!ere, sua explicação. O que é novo e duma irradia• ande virtude de renovq.ção é a apál!se da alma de Chateau– briand, é a profunda sondage1n da seu coração e espírito, é esse. fisionomia moral comple– tam.ente nova que sai dêsse magistral estudo, que farê. época 110 domínio da crítica e à q\lai a Sociedade de Ho– mens de Letras da França aca– ba de eonfürir um de ieus "Grande Prix" de Prima.veta, Ser!\ pepessário recordnr as p1imelra.s etapas da vida de Chateallbtiand Sua infância e sua adôlescência à beira mar e depois na tristeza do castelo de Combotirg, onde êle part1- cipou da melancolia romanesca dé sua irm:ã Lucília ! Sua pas– sagem pelo exercito e pel11, côrté de Luís 4 VI, depois, na socie– dade literária de. Paris ! Sua viagem à América em 1791- 1792, seu regresso à. :França quando da morte do rei; seu casamento; sua peregrinaçãó pelb exército d~ emigrado1;,; seu ferimento diante le Thien– villé; os exílios em Bruxelas, em Jersey e depois em Lón– dres, onde eonheceu· a miséria; sua entr~da em Fra1,'lça. em 1800, a .volta. à !é; a publicação em \802 do "Oênie du Ôhris– tiànlime" e sua aproximação ao tqturo impera.dor; seus ini– ci~ mo(!.estos 11.l'!, cà.rreira diplo– mática; sua demissão depois la execução do Duque d'l!lnghten; sua vi~gém aos lugares onde devJ.a colocar mais tarde a ação dos "Martyrs"; suas avep.t:ur~ arnorosaa. todo um brilhante cortejo de amiga~ formosas qu~ disputavam o Encantador. .. dei;encantado; toda uma carrei– ra cheia de obstic~lo~. epeia de · incidências; sua oposiç:'í.o Napoleão: sua ditieil entrada. na. Academia Franc:icisa: suas Embaixadas wb o reinado de>& Bourbons, suas honras e suas jubilações; seu~ Jo11gos anos de fim, morosos e rnlità– rlos, dourados. ao meno~. pela dedicação de Madame R,ec2l• rnier; "príncipe na dec.:~:}n•,ia e arruinado", a hipóte~e de ~•.1a tumba com as célebres ,"Me– mórias"; seu fim atormenta– do, depois um pouco caimo "Só me resta .sentar-me na borda de minna. fossa; depoi11, des– cerei livremente, com o crue!– f!z-0 na mão, à eternidade" A :sepultura final, que êle quis si– tuacla sa ilha do Grand Bó. perto de Saint-Mele ... Detrás da obra., o sr. Louis Martin Chauf!ier revela•nos o homem eni seu complexo ver-· dadeiramente humano, isto é. no seio de suas paixões contra– ditórias. Mostra muito bem que pouco importa a êsse gê,.; nio tumultoso que se tome par hipocrisia, por cinismo. por du• plicidade, incoerência, o ince.s– sante divórcio entre o que êle faz e proclama ou o que êle serva. "Não reconhece por seu, senão os sentimentos que ,:x• pressa, ~ verdades que defer,– de ou as ações públicas qua pesa na dupla balança da hon· ra e da razã-0 lógica". Quanto ao resto, êsse defensor de Oec1s deixa-se ir "à la d!able". E como escreve rnuito belamente seu último biógrafo espiritual, Liuis Martin Chauffier; : Suas ações privadas são· f11hos per– didos ou escapados que êle se recusa a reconhecer, não quer controlar ou de que se surpre– ende quasdo se lhe apontam. pois que nada significam.". Não condenava nem mesmo suas infedilidades, porque aos erres dé suas ações opunra_m sempre o sentimento de sua essência. que era bôa". Haverá. decerto. no f14turo algumas obras mestras sobre tema tão inesgotavel. A do sr. Louis Martin Chauffier, para a presente geração, é um modé– lo de penetração e de justiça (porque ela não tem o delirio de seu heró!l . e ajuda-SOS à oompreender melhor como o grande visconde, .o amigo ce Paulin i: de Beaumont e Claire Duas, das Delphine, das Na• thalie e ainda de .Cordelis c..e Castellane, de Julietta Iitéca– mier abriu a dtipla porta por onde entr.~rão os bons e os máus sonhos - que são ainda. nossos próprios sonhos e os que depararão sempre com uma hu· manidade ofegante e que ;ião o refúgio de sos.sa pureza no mo– mento ~m que & vida &mD{;lf maculà4,

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