A Provincia do Pará 15 de julho de 1947

Braga Cordeiro, comemoram hoje o 12.º aniversário do filho do ca– sal, Edimilson. Por esse motivo, em sua residência, o casal re– cepcionará as pessõas de suas re– lações e os amigos e colegas ,~o nataliciante. memorar a data, Sarita reuntrá em sua residência, as suas ami– guinhas, de quem rece::>erá inú– meras felicitaçõeR. PROCLAMAS DE CASAMENTOS < TE h Sr. ROLDÃO NEGRA.O Aniversaria na data de hoje o sr. Roldão da Silva Negrí\o, funcio- Está sendo proclamado o casa– mento de José Maria Soares de Araujo, funcionário bancário, re– sidente à rua Dr. As.~is, 53, com Herminia Santiago de Oliveira, professora normalista, residente à praça do Carmo, 17, sendo ambos solteiros e naturais deste Estado. HOJE, no OLÍMPIA, às 15 e às 20 horas - . ULTIMO DIA DE: JIRACE POEIRA POPULAR MOVIMENTO HOSPITALAR "À BEIRA DO ABISMO" - com Humphrey Bogart e Lauren Bacall A's 14.30 e às 20 horas VICTOR MATURE, CAROLE LANDIS e LON CHANEY JR., em A's 20 horas , ULTIMAS DO GRANDE SUCE!óõ– SO ARGENTINO D. LUIZ I Entrada - Joaquim Liftl-8.. Saldas - Não houve. Ferreira Vítima da batalha da borracha SANTA CASA Pensionistas: Entraram - Elias Fernandes Queiroz, Jacob Bendelaque, Elvi– ra de Sousa Medeiros, Raimundo de Sousa Mesquita e Joana Rodri– gues de Morais. Sairam - Raimundo Monteiro de Alfaiar, Maria de Rossinio Sil– va, Francisca Maria Guimarães, Lid!a. Garelha Barbosa e Francisco Oliveira. dos Santos. Tota.l - Entre.das, 11; se.idas, 5. Indigentes: Entradas, 9; saldas, 8. PAVILHÃO INFANTIL Entradas, 2; saldas, o. MATERNIDADE Pen sionistas: Entrada. - Maria. Raimunda Saxn~io. Sa1das - Não houve. ORDEM TERCEIRA Pensionistas : Qua,dro sem alteraç11o. REGISTRO DE OBITOS Nas repartições competentes re– gistaram-se ontem os seguintes ó– bitos: A rua Nova, s.n., :Maria de Na– zaré Monteiro, paraense, branca, com 1 mês e 2 dias; à avenida sito Jeronimo, 503, Margarida Lo– bato Boulhosa, paraense, branca, sl}lteira, domestica, com 82 anos; à rua Antonio Barreto, 161, Lacir Julie.na de Brito, paraense, bran– ca, solteira, domestica, com 21 anos; à avenida Gentil Bitten– court, 1051, Angelina Quedes Ne– grão, paraense, branca, casada, do– mestica, com 54 anos; à travessa Pira.já, 982, Anselmo Borges da Silva, paraense, branco, com 1 a– no e 6 mêses; à travessa Angustu– ra, 1078, Maria Evangelina da Sil– va, paraense, branca, com 1 ano e 6 mêses; à rua Diogo Moía, 265, Bartolomeu Simões Barreruiha, português, branco, casado, carrei– ro, com 56 anos; no Hospital de Caridade, José Maria Brasil Gon– çalves, paraense, branco, com 16 horas de nascido; no Acampamen– to, 45, um feto, branco, do sexo masculino; e à rua Curuçá, 251, Licimar Barros da enva, paraense, parda, casada, domestica, com 26 anos. Newton Gomes d~ Freitas, ra– paz novo cheio de saúde e vida, ludibriadÓ pela publicidade dipian na. do govêrno ditatorial, ainda na flôr da mocidade, deixou sua familia na caoital da República, e viajando da· pior maneira pos– sivel chegou a Belém no dia. 17 de j~neiro de 1943, afim de tra– balhar na Amazõnia, como "sol– dado da bo1Tacha", em compa– nhia de milhares outros seus oompanheiros de 1nfortunlo. EXTRAVIOU OS :'X>CUMENTOS Finda. a guerra, Newton con– seguiu juntar alg1,1m dinheiro, e, muito embora a SEMTA, que lhe havia aliste.do, houves.se prome- ' tido v!agem de volta ao Rio, te– ve-o de - gastar para regressar a Belém, donde esperava retonar para junto dos seus. Essa viar gem gastou-lhe os últimos ni~ queis, e para culminar com seu infortunio, além de se encontrar sem dinheiro, teve seus documen– tei: extraviados, papeis esses que llle garantiriam alguma colocação oi uma viagem de volta. QUER TRABALHAR Sem documentos e sem dlnhe1. ro que lhe garantam o retomo ao Rio, Newton tem procurado em toda parte colocação que lhe per– mita ganhar a vida e ajudar a rean!bar seu corpo, debilita.do pelo cansaço e pela fome. Todos lhe negam colocação, e Newton, em últim.'l instancia, procurou o chefe de Policia, afim de conse– guir a ajuda das autorida~ee. Foi atendido pelo secretário do DESP, que lhe informou não poder ser atendido no momento, em virtu– de de causas várias. EM NOSSA REDAÇÃO Em vl.l.'tude disoo, Newton Go– mes de Freitas procurou A PRO– VINCIA DO PARA, onde esteve em a tarde de ontem, relatando o rosário de seus 1nfortunios, e pedindo o nosso apoio para o 111- timo pedido que vai fazer, desta vez a. governador do Estado, no sentido de cons.::guir alguma co– locação que lhe dê o necessá.rio para viver, ou uma passagem de volta ao Rio, afim de se juntar aos seus. CAPITULO 2 EXCEPCIONAL!!! Odiava aquele homem, como nunca pensara que pudesse odiar alguem. Mas então por que se ca– sara, por que? Por que dissera "sim" ao padre e por que dissera "sim" ao juiz? Teve um impulso perante o padre de levantar-se e dizer: "Não quero! não quero! Eu estava louca, completamente lou– ca - tirem esse homem daquí, de– pressa! "Em vez de uma atitude assim, que fizera, meu Deus? O "sim" saiu num sopro, quasi nin– guem ·ouviu, mas o fato consumou– se. Quando ela caiu em sí, quando teve consciencià dos seus proprios áto!!, uma porção de gente vi– nha, risonha, abraçá-la. Parecia uma sonambula ou uma louca. Os olhos muitos abertos, achando tu– do estranho, a~uelas pessoas con– vencionais e estupidas. . . Seu pai, sua madastra, as irmãs de cria– ção, amigas. Subitamente, deixa– va de reconhecê-los; não tinha na– da de comum cem aquela gente. Se pudesse, teria dito: "Com licen– ça, adeus! adeus, eu vou me em– bora, fiquem a vontade! "Mas fi– cou ali, ouvindo tudo, deixando-se abraçar, beijar. Alguem, - uma voz que parecia vir muito distan– te - dizia: "Como você está pali– da!" Estava palida e desejaria es– tar morta. Nunca teve tanta von– tade de morrer - uma vontade lnfantil, ,desesperada. A madas– tra chamou-a para um canto; A JOALHERIA "A MA.RANHENSE" recebeu das suas oficinas, llO Rio de Janeiro, cinco quilos de colares de ouro e duas mil me– dalhas, e vai conceder até o fim deste mês, à sua numerosa e dis– tinta freguesia, o excepcional desconto de 40% ne!tes dois al,'t!gos de sua fabricação, e cont!nú& fazendo o abatimento de 20% nos demais artigos. Tudo barato! Tudo perfeito! Tudo garantido! Só até o !lm deste mês. Joalheria A MARANHE SE l R. N. de Sousa & CIA. RUA JOAO ALFREDO, 25 - FONE 2751 - Belém-Pari\ - Mas o que é que você têm? Podia ter ficado calada, ou, en– tão, ter dado uma desculpa. Mas aquela passividade desapareceu de repente. Falou baixo, as palavras !'.ID>I>Sl~y~~e ~s as Q\l~;:as; AMANHÃ HOJE, às 20 horas GRANDE ESTREIA! O Despertar do Mundo Às 15 e às 20 horas A "PARAMOUNT" APRESENTA A MAIS SENfJAClONAL DESCOBERTA LOURA DO CINEMA - A ESTONTEANTE LI ZA®ETH SCOTT e/ ROBERT CUMMINGS e DON DE FORF NA GRANDE PRODUÇAO DRAMATICA DE HAL WALLIS A HJSTORIA TRAGICA E SOMBRIA DE UMA JOVEM QUE ESCOL~~U ENTRE OS SEUS INUMEROS ADMIRADORES JUSTAMENTE O QUE JA' HAVIA SIDO ESCOLHIDO PELA MORTE! E:dra! A parada musical Técnicolor: Casa de Bonecas -- com -- o filme que nos mostra a vida .t um milhão de anos antes de Cristo. DELIA GARCltS --e-- JORGE RIGAUD GUARANI IRIS 1 SÃO JOÃO A's 20 horas A's 20 horas A's 20 hs. ESTREJ>\! ALAN LADD, em CAROLE RAYE, em Triunfo Quase uma A Valsa Nas- sobre a dor Traição ceuem Viena com JOEL MC CREA, --e-- --e-- --e- Stela No Velho Dansarina Dallas Chicago Loura e/ Barbara Stanwyck ti lrYRONE POWER com BELITA AMANHÃ\ NO POPULAR DUAS SENSACIONAIS ESTREIAS! HBOMBAL ERA" JOSEPH COTTEN COM A FAMOSA BAILARINA E CANTORA OLGA DE SAN JUAN, CANTANDO E DANSANDO "BABALOO" E "TICO-TICO NO FUBA". TRES INTERPRETES GLORIOSOS NUM ROMANCE CUJA FORÇA DRAMATICA JAMAIS SE ESQUECERA' Segre s de uma Domingo: JENNIFER JONES e JOSEPH COTTEN, em "UM AMOR EM CADA VIDA" A SEGUffi: "PARIS SUBTERRANEO" IMPRESSIONANTE DRAMA DR MISTI!:RIOS, com OTTO KRUGER e 11.'INA TANYER, - O que eu tenho? - estava agressiva, embora não fizesse um gesto para que não a notassem. - O que é que eu tenho- A senhora ainda pergunta - a senhora? - Eu, sim, o que é que tem? - Então ignora que fui vendida? Não sabe, talvês? - Está louca! - Louca coisa nenhuma! - ti- nha vontade de bater na outra, de insultar, de esgotar a sua rai– vh. - Fui vendida, sim! - e re– petiu, destacando as silabas: - Vendida! - Você é que se vendeu! - Mentirosa! Sabe que está mentindo! Vocês é que me con– venceram, deram em cima de mim, vieram com aquele negócio da per– na de Netinha, do dinheiro que papá... - Cale a bôca! - Então não diga que eu me vendi - não diga! eu me casei. .. - Fale baixo, já disse! - . . . pois bem eu me casei, a senhora mesma me disse: "se pai vai ser preso, Leninha, se não res– tituir o dinheiro". Tambem vivia em cima de mim: "Netinha pre– sa da perna mecanica. "Eu aca– bei cedendo, idiota, cem vezes idio– ta que eu fui! - Eu falei, sim, mas não obri– guei, nem ninguem podia obrigar. Porque você não deu o contra, não disse que não "não"? - Por que? - ficou um momen– to parada, sem ter o que dizer; fa– lou ainda mais baixo ainda, sem olhar para a madastra, como fa– lando consigo mesma: - Dia e noite todo mundo me cercando, me pegmgo, µnp_lQrn,n~o; eu esta• - ;_,_..;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;::;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;ii. O NOSSO FOLHETIM " uDestino ' Pec r" Romance de SUZANA FLAG Direitos de reprodução resenados em todo o Brasil pelos "DIARIOS ASSOCIADOS" va ficando maluca. Agora é que vi, engraçado, só agora, que não devia ter feito isso, foi a maior loucura. Agora; como vai ser? - Talvez .você seja feliz. Ele bebe, mas você pode corrigir ... - Ah, vou ser feliz, muito - o odio contra a madastra crescia. - A senhora acha mesmo? Que posso ser feliz, com um bebedo, um àebil mental, um tarado? En– tão a senhora não sabe que ele me fez aquela humilhação? - Ele vem aí, olhe! E vinha. Com aquele defeito nu– ma das pernas, mancando: balan– çando o tronco; o riso cruel; e um olhar que era, er11, - Leninh1t di– zia "indecente" - como uma ca– ricia material. Sabia que a mu– lher não o amava: que tinha me– do dele, horror, vergonha, tudo menos amor; e, apesar disso, fa– zia-se de desentendido, tratava-a com uma cortezia exagerada e irô– n~oa. ("~,~~~op,, n~Q,,_ ,..... P®,f!,YI\ Leninha, "debochada"). - Vamos, meu amor? A madastra esboçou um sorri– so. Leninha trepidou - quando ele falava ela sentia essa trepi– dação de nervos: experimentava um choque, um abalo de todo o seu ser, uma revolta que, na fal– ta de uma atitude melhor, se tra– duzia em lagrimas. - Por que você me trata as– sim? perguntou, contendo-se, mas já com 1(1.grimas nos olhos. - Assism cómo, ora essa? - Você sabe, bem que sabe. - Eu sei, eu? Juro ... Ia dar uma resposta daquelas, quando Netinha apareceu - com aquela horrível perna mecanica e vieram, tambem, na mesma onda de gente. os outros: Helena, Gra– ziela, um rapaz que aplicava inje– ção na famma toda (Carlinhos), D. Ruth, Odete; por ultimo, a ma– drasta e o pai. Este com o ar "ª89, ~ V\!89• ~ ~~. 92.ID.2 o cta noiva. Netinha começou a chorar, escondeu o rosto no om– bro de Leninha: - Oh, Lena. Paulo estava impaciente. Come– çaram as despedidas - Leninha passava debraço em braço, era beijada na testa, nas faces. O cú– mulo foi D. Ruth beijando-a na bôca (que calma! ... } "Adeus", "Seja feliz", "Felicidades", ou– viu? ", "Escreva, sim? ". "Não se esqueça de mim". Ela ia respon– dendo, saturada, transpirando, en– joada com tanto cheiro de flores e tanto lialitos diferentes: "Está bem", "Claro", "Não me esqueço, não". Por fim o pai: teve uma crise de chôro, subita (parecia tão cal– mo!) e foi se embora, tapando o rosto com uma das mãos. A ma– drasta sorria, quer dizer: era um esboço de sorriso, perverso, cruel. Aproximou-se para beija-la. Em torno riam, conversavam, falavam de um tunel que havia desabado. Então, D. Laura deu um beijo em cada face da enteada, colocou a boca no ouvido da moça, sussur– rou: - Sabe qual é a minha von– tade, sabe? era dar muita panca– da em você, muita pancada! Afastou-se, risonha - tinha bo– nitos, dentes, mostrava a denta– dura, quando ria, deixando Leni– nha louca de raiva. Que ódio, meu Deus, que ódio dessa mulher! Ela não estava dormindo - ti– nha um pé no sonho outro na tea– lidade. O que, porem, se conser– vava present.e, vigilante, er?, o .UMl.!lnW ~o perigo e qa dema. o automovel continuava devorando as distancias sem rumor - fazia apenai: um chiado dos peneus nas curvas. E.~taria longe da "Fazen– da Santa Maria"? OU perto? Era bem bom que não chegasse nun– ca, que tudo continuasse assim, nunma viagem sem termo. De su– blto, a buzina. Despertou de todo. Abriu os olhos. Viu luzes: vultos mal recortndos na. sc-mbrn.; latidos de cães; menino.; correndo ao lon– go da estrada, num esforço para. acompanhar o automovel. O carro diminuia a marcha, silenciosa• mente - aquilo é que era automo– vel macio e ela ~entiu, com um aperto no coração, qt:e nã n ha• via mais duvida. Estavam ch~gan. do. Por um momento, pensou em se abandonar ao destino, em de• sinteressar-se daqueles acont,eci• mentos e de tudo o mais que ain– da pudesse acontecer. Fizessem com ela o que bem entendessem matassem, espancasse. •·o qu,.• ,eu quero é descanço, .ineu L 'r.us! " Mas nesse instante de renuncia pasou. "Afinal, não sou nenhuma criança; não quero nada com es– se homem. Casei-me, rorque não pensei direito, devia estar louc1;1,, louca, mas é preciso que ele não me toque, não me toque". Deus a. perdoaria. Tudo aconteceu de repente. Ela mesma não soube como foi aquf. lo, como o impulso se realisou. Queria reagir, livrar-se, mas não daquela maneira. Abriu a porta do carro - a marcha agoe.r 61;'11, bem lenta - e projetou-se na e!/• trada. Ouvia a voz do marido: - Lena! Leninha! Leninha! l.Cruitinúa.)

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