A Provincia do Pará de 13 de Julho de 1947

lhos: A dif;rença que se nota em meus modelos, é na linha dos om– bros - mais arredondada. Um de .seus vestidos pàrà a tarde era negro, ado:rnado desde o ex~re– :mo direito do decote quadrado, até o extremo esquerdo da cin– tura, com uma fita de veludo de côr viva, e que passa por cr,sas feitas no corpete, bordadas com fio de ouro. De outro criador - Carven - & cronista cita figurinos para o esporte, em "corduroy", com ori- 5inais cintos. . . E vestidos para festas, para reuniões à tarde, que trazem · pequenos adornos de pele, e . até plumas de avestruz. Esse pequeno detalhe de pele, Le Long também o explora; suas saias são do mesmo comprimento que as do •no passado, e muito estr~itas. Nos vestidos de festa, os decotes variam - subidos, baixos... E quando o adorno não é de pele, pequeno detalhe, como já disse, é um laço de veludo, ou de outro jeito. Estreitas também são as saias de Jacques Fatts, mas com alon– samento maior, e pregas dissi– muladas, que facilitam a marcha. J: predominam nos conjuntos as eatas de flanela combinadas com jaquetas de veludo ou de "tweed". XXX Lindos chapéus adornam a ca– lleça de Eva... E a fantasia mul– tiplica os motivos, com poemas verdadeiros. Tentamos descrever alguns modelos londrinos, lança– dos ultimamente; de palha bran– ~. pequeno, de forma angular na ~ente, e levando um adorno de eêda turquêsa.•• De feltro rosa, Ç<>m la.rga aba quebrada, irregu– lar, oom lindo laço de fita rosa. J: os chapéus, que parecem dia– demas de flores .•. E os chapéus qy ~ abas adornadas, eem copa., estilo "opencrown" ••• XXX AI!, luvas ocupam ·um lugar im– portan"te na moda, e longas e fle– ; v~is. São usadas, preferidas CAPITULO I Lenmha olhou pelo vidro do au– f9rbóvel. A paiSagem passando, 88 oase.s, as pessoas, pequenos :ii'iorros, bois, um menino. Anoi– tecia; daqui a pouco tudo esta– rla. escuro, talvez chovesse, nu– v.en& pesadas e negras acumula– vam-se no horizonte. "Estou ca•• ~a. estou casado", era o que ela pensava, chegando-se mais para o canto. Não queria ter nenhum contato com o marido; ae pudesse, mandava parar o au– tomovel, sairia correndo. A pla– nlcie era grande, imensa; ela po– del'.ia. correr muito, correr sem– pre, cair talvez, rasgar o vestido nas pernas, em algum espinho; o que havia em todo o seu ser, naquele momento ou desde que se casara, era a vontade da fuga. Fugir do marido, do casamento, daquela. desconhecida e ameaça– dora fazenda "Santa Maria", para onde ele a. levava. Era lá que ia viver sua lua de mel com esse homem, esse estranho, tão es– tranho quanto o chofer. "E não há. divórcio, aqui não há divórcio, no Brasil não há divórcio", era outra coisa que ela pensava. "Vou ter que aturar a vida In– teira um desconhecido; vai viver lJmigo; vai mandar em mim" . '1Mas ele sempre seria um des– ~nhecido, sempre. Nunca pode– ria súportá-lo, ela teria sempre horror - nem ao menos indife– rença pura e simples, mas horror. "Um dia talvez eu ame alguem; e como será, meu Deus? "Era mulher e •frágil; frágil a sua von- LINDOS MODELOS - O bordado voltou a ser a grande novidade. O vestido da direita deve ser feito em linho com b:>rdados cm ponte cheio. O da esquerda deve ter o corpete confeccionado em seda clavl' e a saia em seda escura. Dois babados na. saia completam a origina• Udade deste lindo modelo. O NOSSO FOLHETIM que-·I um senador do Estado, além de um êrro administrativo grave, uma flagrante caturrice, uma vesánia, por ventura, de– terminadas pelas justas censu– ras dêste jornal às explorações porcas e irritantemente repeti– das dJ senhor Virgílio Maurício Desgraçada situação a de mu– nicipes que têm como chefe um homem cujas paixões pessoais. cujas paixões políticas chegam ao ponto de obliterar-lhe o sen– so de reflexão, fazendo-o es– quecer os deveres de seu cargo, tão complexos, e prejudicar os interêsses da primeira comuna do Estado. A estas horas, o Vel– lasquez de fancaria singra os mares do sul, refastelado numa cabine de primeira classe de um paquête do Lóide Brasileiro, sorrindo, esnogando da igno– rância dos nossos poderes muni– cipais em assuntos d~ arte e fazendo o mais desvantajoso juiw do atual gestor de Belém Enquanto isto, a cópia aleijada, que impingiu ao govêrno da ci– dade, cá fica enxovalhando o esplendor da sala do Paço Mu– nicipal, como um vómito pódre lançado ao brilho da obra ho– nesta e sadia de Parreiras, Ba– tista da Costa, Auréli() de Fi– gueirêdo, De Angelis, Capranesi e outros, que alf fulguram, re– presentando a suprema beleza da Arte Divina".· :E:ste trabaiho era acompanha– do de fotogravura do autêntico "Ataque a um Cornbóio ", tirada de magnifica água forte de pro– priedade de João Afonso do Nascimento, o brilhante espírito que tão bôa colaboração nos prestou ~ntão. tade e talvez :rião resisti~se a um amor que surgisse na sua vida, que fatalmente surgiria, era ine– vitável. Paulo de Oliveira. Paulo. Era o nome do seu esposo, daquele homem que ia a seu lado, mudo; olhando a paisagem que não aca– bava de passar, vendo a noite descer. Até agora, ele não pe– dira nada; não tentara uma ca– ricia, um galanteio. Parecia, in– clusive, não lconsiderá-la uma mulher. "Ah, meu Deus, se esse homem me der um beijo, eu não sei o que faço !" Mas ao mesmo tempo pensava: uma esposa po– deria recusar um beijo ao ma– rido? Ela não queria saber se podia ou não, se ficava feio, ri– dículo, irr!sorio, inverossimil : " eu Destino E' Pecar" "Não dou, não dou, não adian– ta". Na sombra, seu rosto endu– recia, sentia tuna determinação inplacável. Mas ele podia que– x·er usar a força; ela mesma, agora, no interior do carro em penumbra, concedia uma cena de violencia; ele tomando-a nos br:.>– ços, de repente, triturando~a. pro– curando sua boca e ela gritan– do, gritando, cb.amando-o "mise– rável" , dizendo "não fico mais aqui" ! Então teve vontade de chorar. uma necessidade de dis– sclver aquele odio concentrado em lagrimas livres e fartas. A!i· nal de contas - e só agora per– cebia com nitidez a sua verda•– deira situação estava perdida, perdida. Não tinha ninguem para quem apelar; não podia esperar socorro de especie nenhuma: o destino era mais forte - tão mais forte - do que a sua von- Rcmance ele SUZANA FLAG Direitos de reprodução reservadas em todo o Brasil pelos "DIARIOS ASSOCIADOS" tade de mulher. De que vale a re.sistencia de uma mull1er dian– te do homem que é seu -marido ? - Posso peijá-la ? Mal o via . Teve um gesto .i:1- genuo de defesa, o coração batia como um passaro desesperado : - Não ! - foi quasi um grito; e instantaneamente emendou : - Agora, ilií.O ! Houve um silencio. Os pneus -:biaram na curva aEbltada . Ela teve a impressão de que o san– gue subira todo para a cabeça . Paulo não disse mais nada. Le– ninha começou a pensar uma porção de coiras desesperadas : "Meu Deus ! eu sempre quis amar e ser amada, sempre, mas não assim. Sempre quis .ter um namorado, um noivo, um ma– rido, que eu amasse, que eu pu– desse beijar na boca" . .. E ca.– sara-se com um bebedo, um q:ia– si débil menta!. Quanch cb d– rara-se para pedir - "Pcsso bei- já-b. !" - ela sentira o hálito de a!r:ool, de aguardente, de be– bi,:a barata. "Recusei, mas disse estupidamente "agora, não". O marido com certeza tinha ent:m– dido que "agora, não; mas de– i;ois, sim". Era uma. estúpida, uma idiota, tão covarde; aquilo inclusive fora uma falta de dig– nidade. Deveria ter dito logo, de uma vez para sempre : - Eu cdeio você; tenho horror de ,1, mas horror, ouviu ? Sou capaz de :: egu.ir com outro, se apare– cer alguém. Porque o que defen– de uma esposa é o amor . Em vez di&o, aquele pu.silanime agora, não" , que significava, na melhor _da3 hipóteses, um pequeno re– tardamento. Um estimulo. Então, de repente, ele começou a falar do seu canto, dizendo coisas simples e banais que, en– tretanto, horrorizavam a esposa, fasiani-na encolher-se mais, num desconforto intoleravel. Ela pen- 1. 0 PREMIO r$ 5.000.000,00 2. 0 - 3. 0 - 4. 0 e 5. 0 PREMIOS Cr$ 500-300-200 el00 mil cruzeiros afóra os de menor valor. O plano é d1Vidido em décimos. Bilhete inteiro, Cr$ 600,00; décimo Cr$ 60,00 Agencia : CASA DA SORTE CAMPOS SALES, 61 - ~:-::•::•::•=~•::•::•:t•::•:: ..:.:-:: .. ::♦::•::•::--::•::•::♦::•::•::-::•:!•::•!:>.:•::•:i•;;.::-::•::•::6::-::•::•!:•::•::•::•;:.~ ·~· :; H VENDE~SE o prédio assobradado, à f{ i{ travessa Quintino Bocaiúva, 271, entre ; V " i{ 28 de Setembro e Manuel Barata. Tratar § i:i ·- Ferreira Gomes. Fone, . 3572. . <2r.i, i: •:Z•::•::•::•;:•:!~·=•::•::•::•::>.:•::.~::•::•~::♦::,::.::♦::-::•::•::•::•:::::•::•::..::-~::-::•:;..::-::,.::..:;.,::.:;-::-r:-:i A metade do tempo, o dobro da eficiência na llmpeza de pias, banheiràs, aparelhos sanitarios, trens de cozinha. etc,, obtem-se com apenas uma aplicação de Um proctuto da América, para auxilio das Senhoras donas de casa. · Vende-se nas Casas ele Ferragens. . Pedidos pelo fone, 3135, com o distribuidor J. C. Maciel ~ Caixa Postal, 461. rnva, ouvindo-o, que a~ o i;om de sua voz a irritava, que lhe fazia mal aos nervos, que erit quasi uma tortura f!;;ica. -Você vai gostar da fazenda - dizia o pobre diabo. - O pes- wal é muito bom; camarada, vo– cê vai ver. De Nana, então, você vai gostar muito. Preta. quer dl~ zer, mulata tem uns dentes for– midavels, até hoje. Me viu nas– cer, está velha, mas forte ainda, gorda, e como,. trabalha ! Os ou– tros... parou e perguntou: - Incomodo-a ? - o que? Tinha ouvido multo bem . Acha– ra aquele "incomodo-a. ?" muito r.1ais imbecil do que ingenuo. PP~s,;untara "0 que?" com irri– tação ostensiva, maus modos, hos- tilidade. . - Pergunto se ... não quer conversar agora ? Talvez esteja cansada. - Não sei. Não me pergunte nada. Tenho uma dor de cabeça horrível. - E' o calor. Porque não tinha ficado cala– do, meu Deus ! Que é que tinha o calor ? E que coisa estupida res– pon.!abilizar o calor por uma dor de cabeça . De novo o silencio, graças a Deus. Ah, tie ele fica.sse sempre calado e imóvel, sempre, durante os dias, meses e ar.os, sem dizer nada • sem nada fa– zer. Mas para isso seria pre– ciso que ele morresse. ~sa pas– :-ividade abl:oluta só quem dá é .a. mort:i. Ela, então, perguntou a si mesma, com certo medo de (2.384 obter uma. resposta dema.siada honesta: "Desejo eu · que ele morra?" -Este racioclnio deun– volveu-se até uma outra pergun– ta mais perturbadora : "Eu 5erla capaz de matá-lo?" meu Deus, que coisa horrlvel ! Teve vonta– de de rezar, mas não completou a oração, ficou no começo. Men– talmente ela dizia: "Santa Te– rezinha, minha · Santa Terezi– nha" ...Depois, para conforta.r– se a si mesma, para livrar-se de sua angústia, perusou: "Eu não quero que ele morra. Eu não ise– ria càpaz de matá~lo. Eu nunca mataria. uma pessoas". · - Você acha.? . ·Era, outra vez, a voz abominá– vel. Seria uma. ilusão sua ou ha– via mesmo uma certa ironia na sua maneira de .pergtiptar aqui• lo ? Ela teve um clloque, um sus– to. "Ele não pode adivinhar o pensamento" -- foi o que di~ a sl mesma. Mas então que queria dlze: aquele "você a,cha ? ", que só se podia referir ao pensamento de– la . "Vou ficar calada, fingir que adormeci".. Fechou ois olhos. Houve uma pausa, um.a longa pausa. "Com certeza. ele pensa que .eu estou dormindo,. vai me deixar em paz; tomara que me deixe em paz". E começou .a dor– mir mesmo, a ronhar. O marido, ao lado, aseovi4,va qualquer coi– sa. O chofer -- era um taxi ,_ pensa-va: "Que dois'.'. Teve von– tade também de assoviar, mas depois lembrou-ae que o •outro já ~stava rw;ov1ando, e desistiu. (Continua). 1 R ep~~ ~p!,t!. !t!l .J:i!! t o 1 Samuel Levy U Cio. Ltda. CAMPOS BALES, IJ - FONE : 2715 CIRURGIA Clínica Ortopédica e Traumatológica r. W. B Prof. Catedr6.tlco de Anatomia Descrttln da Faculdade de .:>dontologia do Pará - AdJúnto de Clinica Clrurglca do Hospttal da Santa Caa de Mlserlcordla do Pará Estt\gto n011 serviços da Clinica Ortopédica e Traumato°lóglca do prof. l". E. Oodoy Moreira, do Hoapltal das Clfnlcas da Faculdade de Med!dna da Universidade de São Paulo. Tratamento de deformidades congênitas e adquiridas, doenças oneu · e arttculares, fraturas e luxações. RAIOS X Exames Radiológicos do Aparelho Osteo Articular Ap&relhagem especializada e Ralos X portatll para tratamento em domlclllo. 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