A Província do Pará 21 de Dezembro de 1947
• .. .. • Domingo, 21 de dezembro de 1947 A r'ROVINC!A DO PARA' 'IJMA ESTRELA QUE VOLTA AO ZENIT Fiz uma aposta com Joan • • CraWfor J'oa.n Crawford e.m "lõ'ogu.dra rlt; Paixão" é a mulher obcecada por um amor não compreendido. Van Heflln é o homem que toma u seu coração. l :ire>LlNWOOD - (Dezem– bro) - Joan Craw!ord voltou a brilhar, hã. dois anos, como estrela de primeira grandeza no papel de "Mlldred Plerce", que lhe valeu o premio da Aca– demia de Hollywood como a melhor atriz. Foi uma explo– são de júbllo ein toda a Amé– rica, por essa artista que cai– ra quase no olvldo, principal– mente por parte das jóvens mulheres, cujo coração ela to– cára, vários anos ante.,, com uma frase romântica senti– mental. que llcou célebre. de seu !lime "Manequim": ''Porque será. que a lua é stm– pre maior sábado â noite?" PAUSA NA SO~IBRA O público tirano abandona– ra-a decididamente, porque lhe parecia que as suas Inter– pretações eram cansada! repe– tições. Ademais. tinha diante de si uma rival, Norma Shea– rer, e Joan julgou prudente re– tirar-se dos estúdios. Com os seus habituais, laceis e Impon– derados vereditos. o olimpo da Ctnelândla considerou-a uma artista "Acabada", esquecendo, multo levianamente, as forças KERN E SUA MUSICA "TUI the Clouds R,,11 By" - mento, Kern mostrou ser um Mas de acordo com a tradl- ou "Quando as NúveM Pas- dos mais dedicados e entuslas- ção, e porque Kern assim havia aem", para o Brasil - é a hls- tas trabalhadores da "troupe". de querer, "o espetáculo contl– tórla de Jerome Kern e de sua lMtalou escritório próprio jun- nuou". múalca . to ao do produtor Arthur Freed Entretanto. a repentina mor- Foi um triste desapontamen- e não se esquivava a mil e uma te de Kem determinou altera– to para a Metro Ooldwyn consultas sobre os trabalhos de ções no "scrlpt". Planejara-se Meyer e para o produtor Ar- "casttng" e da produção, mon- começar o rume com uma ce– thur Freed que Kern 11!io vi- tagem dos números, adaptação na na casa de Kern, em Hol– vease o bastante para ver aua das melodias, desenvolvimento Iywood, onde se reuniriam aml– hlatórla exibida na téla . Aliás, das aequenclas. gos para festejar seu anlver– a Metro e Arthur Freed bata- o ensaio dos números de Ju- sárlo . Outros pontos foram ai– ilharam durante quatro anos dy Garland começaram em 17 terados . O "script" 0 voltou âs 1Para o convencer de que sua áe setembro de 1945. Perto de, mãos dos adaptadores. Agora, 1v1d& e a «ua música inspira- Jocal do., ensaios sentava-se mais que nunca, era necessário riam um filme de grandes pro- Kern, que era mais que um es- que "Quando as Núvens Pas– 'porções. pectador Interessado : tomava sem" se tornasse qualquer col- Kem, modesto e timldo, in- parte auva no d~envolvtmen- sa marcante no genero musl– •IaUa em que o público poderia to dos trabalhos e gostava cal-tecnicolor, um triunfo ;estar 1amillarlzado com •ua disso. B nos Intervalos dos tra- completo das artes de Hol– múalca, •lm, mas que não te- balhos costumava Ir ao plano. Jywood, uma homenagem a ria Interesse em famlllarlzar- disposto a atender sempre os J erome Kern de uma organ!za– ae com •ua vida que não tlnlía pedidos desta ou daquela mú- çã-0 que o conhecera multo bem ."os temperos com que são pre- stca, nova ou velha . e o amára e que reconhecJa parados os filmes". Em todo o O pequeno grisalho composl- nele um dos realmente gran– -~f!:'• d~u:~sf!~/"vi1;:~te~; tor envolveu toda a compa- des artistas dos nossos tem– °'Arthur Freed e de carta• de nhla com seo esplrlto e sua P06. •Loul& B. Mayer, 0 cõnvence- personalidade. Todos, das "es- O titulo - "Tlll the Clouds 'ram. trelas" aos operários ~ ?- Rol By", tambem teve sua Em 1941 _ !oi nesse ano, sim gados das montagens, sentiam história . O filme poderia co- essa boa lnfloencla, uma expe- lher o titulo de qualquer das ,-e- Jerome Kem deu O consen- rtencla nova para todos melodias de Kern - todos eles ;t;Imento - e começaram os • · trabalhos para a realização de Os numeros, devidamente er,- interessantes, sugestivos. Mas u;n dos mal.s.al' l10Ja.dos "musl- oalad~, fora~. postos defro~- aquele titulo era um pedido es- ~ " de tod(IJ 011 tempos, e pa• te da camera a 8 de outub. o, peclal - sentimental - do ece que a Metro Ooldwyn terminando""• os trabalhos, produtor Fréed. , • Mário GIRARDON ocultas e tenazes que tinham trabalhado naquele fragll cor– po d~ mulher e a haviam transformado numa das ma~ coloridas e dominantes llgu– ras do cinema mundial. Pou– cos artistas de Hollywood com tfelto, tiveram de lutar tão es– trenuamente como crawford. As jóvens estrelas de hoje al– cançam o sucesso numa canõa dourada. Mas que prolongado tormento foi o de Joan! Allis para quem sabe observar todos os seus retrato (onde os gran– des olhos maravilhosos devo– ram o pálido semblante) reve– lam uma tiansparencla de 2.margo desgosto e de secreta desolação. Nascida no centro dos de– .sertos afogueados do Texas, região de gente valorosa e obs– tinada (torrão natal do almi– rante Nlmltz, Gene Autry, Ann Shertdan, Jenifer Jones), a sua Infância foi brusca e lrrlqule– ta, cheia de passagens penosas exausta como estava pelos je– Juns e pela tensão nervosa - teve coragem de permanecer de pé toda uma tarde, entre a multidão barulhenta dos "chours gtrls" e com o desmaio que a agarrava pelo estomago. Enviaram-na para Detroit per ~u~G.~11:.º;::f ce~~~t! n~~ tada por J . J . Shubert, um dos maJores empresários mu– sicais da América, que a con– tratou Imediatamente para Nova Iorque . Estava, final– mente. fora dos atalhos tor– tuosos, no bom caminhõ. Findo o contrato, voltou a Kansas City para visitar sua progenitora, que velo ao Si!U encontro com um telegrama de Hollywood Era um longo contrato com a Metro . O cal– vário termlnâra . Lucllle Le Seuer Cassln tornava-se Joan Crawford . Era o ano de I 929 e a estrela subia ao zenlt. a perambular pelas obscuras OS TRES DIVORCIOS cidades do "Mlddle West" em busca de um pão que a Amérl- 1 Artista completa, senão ca dourada esconde mals !rc- grande, com a consclencla or– quentemente do que se possa I gulhosa de ser algo mais do que Imaginar. um dos corriqueiros caracteres Olaoma, Kansas City, Co- genéricos e estreitos, lntellgen– Iombla, Sprlnfleld, Chicago fc- te, _fina, gentil, livre das lmpo– ram as estações da sua od!sséa slçoes oportunistas da fama e Infantil. do dlnhelro Céomo d~monstrou Ocupou os mais humlldea mais de uma vez), bela, natu– empregos, oferecendo-se nos ral, benéfica. quente figura hu– coléglos e nas escolas como mana, telta de amor e da for– crlada, cozinheira e lavadeira ça moral, é de se lamentar que para pagar as suas prestações, a fellcldade,não lhe sorrisse educar-se, tomar-se uma se- como merecia . nhorlta. completa, entre Iágrl- Três matrlmonlos, três dJ. mas e a-tribulações, andando vórclos . Depois do primeiro sempre para a frente, com ln- com o filho de Falrbanks, dls– domavel coragem, com o seu se: "Estou convencida de que r06to luminoso de menina . uma artista não se deve ca- Batlzada com o nome de tu- sar". cllle Le Beuer (a data mais • Depois do segundo com o ldentlflcavel é 1908) não co- mlllonãrlo Tone, decÍarou : "O nheceu seu pai; com o padrt- matr1mon1o é um erro" nho, empresário teatral de Depois do terceiro - ~m que quarta classe, começou a dan- adotara com o marido o acor– çar em mlseros catés, onde do de r~petirem recipr~amen– uma noite_quebi;ou de tal ma- te, em código Morse: "I !ove nelra o pe, que os médicos a You'\ eu te amo - de cinco declararam dete!tuosa para em cinco minutos -, senten– sempre. Joan nao aceitou n clou; "O casamento não foi sentença e aprendeu nova- telto para mim". lhendo entre a multidão, a arta e o mundanismo. Como mul– tas outras mulheres, tambem Joan Crawtord não soube em– pregar o seu fluido nervoso se– não para usufrui r de certas medlocres qualidades masculi– nas. deixando que lhe fugisse aquela virtude - que é o "es• plrlto de um homem - tiio necessário a uma mulher Jn– teligente. Esse lato é multo comum em Hollywood, onde o amor se torna uma figura geo– métrica multo complicada : porque ele nasce não do ins– tinto e da paixão, mas como em toda a América - de moti– vos Intelectuais e raciocinados. que se confundem com o su– cesso e com :i prática. O amor nestes ambientes, e de natu– rrea radicalmente diferente do nosso. E nlnguem conseguirá compreender alguma coisa do carater americano. se não tl– ,·er uma ldéla clam e nltld~ deste fenomeno psicológico. Nascida i:;oro os filhos e para o. lar. adotou ela quatro crian– ças que o.ma com a.mor ciu– mento de fera, corr.o pnra con– solar-se da malogradl\ mater– nidade, tão bem estampada na singular melancolia de se'u ros– to. Os dois filhos adotivos que vivem em sua companhia, Cris– tina, de oito, e Cristóvão, de 5 anos, de quem ê austera e tn– cansavel educadora. retletem a atmosfera e palpitação da sua alma. E, !ora dos estúdios, a sua branca mansão nas colinas mente P. andar, saltar e dançar. E' um erro, porque Joan Par~ começar a ser algo na Crawford ama o.matrimonio e Amerlca é preciso começar '· estou certo de que se casará saltar. O segundo pai, c~mo o ainda uma vez, tanto que fiz primeiro abandonou a mae . uma aposta com ela o seu Sbi J T 1 Nova ''via crucls". Não ttnha erro e ela O sabe e O ~ontessou r ey emp e creseeu e casou-se, etc . .. E por isso Já nã.o tu mals aqqelea papeb de vestidos. Empregou-se num es- _ está em que sempre se casou "1\Uss Sorriso". No fllr;e ºAmor de duas vJdas" aprendeu até certos 10Jpes em •ae e ator tabele.cimento, ganhando pou- âs pressas, sem pensar esco- Franchot Too.e " nd ºu servindo de "cobala". Vocês podem acompanhar .;. flasnntel de cos dolares por semana. Logo ;:::--::--------• -----:-------------=u:::m=a::...:s::e!'=sa;:::c::lo::n::al::..:c::h::a::.v::e·~------------- que poude, constituiu seu o • ~::da~~~~:nh~a e~%~~:[.~ inventor .do cihema -não ·conhece "Gilda'.! maa depois de duaa semanas, tudo foi por água abaixo. • - V~Jerio SARTORIO· ' O BOM CAMINHO yer não poupou esforço ai- nesse particular, a 7 de novem- Porque "TUI the Cloüds Roll 'gum pua tornar 'Tlll t.h bro, e quatro dias mais tarde, By" era a canção da moda, e lolouds Jtoli By" um e51>etácul~ 11 de novembro, todos os "sets" favorita de mllhões em 1910 - · 'longe daquele cuja música e foram abalados com a mais o ano em que Jeromt Kem e Voou para Chicago es!alma– llda O filme glorlllca Inesperada e chocante das no- Arthur Freed se encontraram da, correu em busca de um em- Antigos auxiliares ·de Kern t1c_1_as_:_ K_e_rn __ ra_1_ec_e_r_a_!____ pe_I_a_p_r_l_m_e_Ir_a_v_ez_ . ______P_r_es_á_r1_0_._•_m_ c_u_j_o_e.,.sc_r1_ tó_r_10_ - if<>ram chamados a Culver City 1 e aJudaram no preparo do 1 'acrlpt" e na apresentação dos grandea número11 muslcals. Os– car Hammersteln II, com quem llerome Kem colaborou sem– pre d'e modo tão feliz, !oi um deles, Ouy Bulton, escritor de :'f:a~ diran~v%~~ im~! =•1~~":~gtó~:;. ~S,: fli: iiie, Lennle Hayton, Conrad Sallnger e Robert Alton, todos amlgos • aaaoclados profüslo– nals do compositor, foram Incumbidos de obrigações no preparo do 1Ume que é o mais empolgante tributo que se po– deria prestar ao genlo de Kern. Logo qííe deu seu consenti- DE HOLLYWOOD AUMENTA A LISTA r. Mar!lyn Maxwell e a filha de Marlene Dletrlch. Maria Manton Blber ,são mais duas di– vorcladaa para Hollywood. MarllYn deixou o aeu John Conte falando sozinho porque, ºele nunca entendeu de cine– ma, ma.s suo constante atitude critica estava atrapalhando minha carreira, pela Irritação que me causavam''. Hã poucas semanas apare– ceu nos jornal• de Los Angeles este curioso anúncio: EM BUSCA D FAMA . .. da f an1a ..
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