A Provincia do Pará 14 de Dezembro de 1947
SEGUNDA SECÇÃO AR'l'E E LJ'fF.RATURA üNMANªêºo R RIDA P Ernest H EMING WAY (Traduç&a de JOC5E' oou.mm.:a,m a.c::mrDEe) o..de Plttaburgh. WUllam C"AmpbeU tomava parte. numa corrida de peaar, de um circo de c&va.l.tnhos. ?i:Um.a corrtda de pecar de bldcleta, os corredo– res começam a cornr de In– tervalos ~ um após o outro. Ele& correm muito d.epreua f:~ta~ car:ei~ ª::=~ curta e. ae diminut.rem a velo– cfdade. outro corredor qu_e man• tem Ili& march& ellmln&rá o e.paço que ocs aeparan no fnJ· cto. Logo que um corredor t apanhado e ult.ral)UUdo eatl, tora da con1da e tem de des– cer da bfclclet& e aa1r do caml• nbo. se nenhum dos corredores i atcançado o vencedor será o que at.lngtu maior dt.,tancla. Na maioria d&a con1d&a do pe– sar, ae ha apenu dois coocor– re.ntu, um deles ~ apanhado dentro de aela mllhu. O clroo do cavallnhos alcançou Wllllam campbel! om-Ka!aaa City, WW!&m Campbell tal)Onlva manta uma pequena dlstan– c-1& do cJrco ati que chep.saem A ooota do Pacifico. Enquanto ~~co 1 ~ea~~ p~: chan.-ae de cama. Continuava. ~: =:t.n\~~l '!o e:~re;nu!1r~ :i-'ec~i'ru~ J~\iu!~~ mente continua: na cama. Pa– lia multo trlo em Kansas City o ele nlo tlnl)a preua em ll&lr li. ter• Nlo costava de Kansas C!IY, Pecou uma aarrata do lado da cama o bebeu o li', Eutcer, o empreu.r!o cio circo do cavalinhos, n1o qulz bibe!'. A entrevllta de Wllllam Cam· pbell COI!\ o ar. Turner to! um J::' lltnnba. O sr. Tunler - ~;.r_:taQu=':1!..d~ ; :: :~ c'!':io?:""umavlu.!J~ aborta, a runta na cadeira ao lado, e aJsuem deitado no leito, completamente cobe!'to pelu roupo.a da cama. - St. Oampbel! -, du3e o ... Tunler. - ,:i:: ~ != ~ ~~ .. Jenooi.. r.rt.an quente, ela· ro e abrl pd o al i debaixo - Voc6 n&o mo podo doopedlr po,-– quo eu desci da bicicleta. -VocA u~ emllnapdo - dlsae o ar. Turner. - E' verdade - Wllllam Campbell respondeu falando dl· retamente contra o Ienwl e to– OIIDdo e uetdo com 01 Jabloa. - Vod l um Idiota - dias, o ar. 'l\lmer. Apagou a luz. A lampada c,ttnra. acesa toda a noite. Ji er:lm dez horu da manhA - Voe~ ~ um bebado lcUot.1 quando ~u a e5ta cidade? - Cheguei a noite pa,sada re.epondeu WW1am CampbeJI. talando contra o lençol. o~ – brlu que era bom falar atrav~ do Itnçol. - VOú Ji !alou atnv~ do Ie~~ procure fazer graça Vod nJ.o ~ thgraçac!o. -N&o eatou fazendo cn.ça. Est.ou !alando atrav9 d o len· çol. - Eatou vendo ,·oce falar ~ • travez do lençol, -A gora pode 1r ar. Turner– dt.uo C&mpbell - Ji n1o tra. be.lh o mala para o aenhor. - Vod aabia dlNo duma ma· netra ou doutra. - Bel de uma porçlo de col· aaa - William Campbell dt.,ae. Abaixou o lençol e olhou para o sr. Turner. -Sd o buta.nte, de maneira que nlo me preocupo absoluta· mente em olhar -para o sr. Qm!r oUvlr o que ael? -Nlo. -Bom - !alou w unam Cam· pblll. - Porque realmente eu nlo ael de nad& - tomou a cobrt:' o rosto com o lençol - Gosto daqui, debaixo do lençol. O ar. Turner permanecia ao lado da cama. Era. um homem de meta fdade, oom um eatDma,o cnor· me, uma cabeça calva, e e:-s multo ocupado. -Vod <!<via para com laao agora. "Blly" e lazer um trata– mento - dtue ele - ae qutze:-. l)OlllO arrumar lsao. -Nlo quero tuor tratamoc· te - rupondeu Wllllam C~mp· bel! - NI<> quero tuu trata– mfflto nenhum. Slnto-me per– feitamente !ellz. Em toda a ml· nha vtda t.enho-me sentido pe.r– f eltamente ftUz. • ..!:, ? quanto tempo voe~ .. ~ -Que persuntal - WIIJ.lam C&m'Pbell a.sptrava e expJra.va atravls do lençol, Deade qua.ndo •oc6 a.nda se matando º Bllly"? -Nlo !lz o meu IUV!ço? d~~ 1 Ua:0 =~✓-:u'n!:~ t.ando "'BDy'". -Não sei. Mas consegul meu )obo dt novo - eJe tocou o ltn- (CallA6a aa d6cbna ,.,,..., ( BELEM-PARA' - DOJ\llNGO, 14 DE DEZEMBRO DE 1 e A s MISTRAL EAMUSIC . Por René DUMESNIL ("°"'1'tlllldo- ........--l Singular dOltlno, o doa - mu de MlatraJ: ,ua fama • certamente UD!nraal e da me– lhor qualldade: l1IU. 01ooll1m– do • llnaUa provençal para .. e:,crever. o poeta priftn•• ab • M>lutame.nte da ampla ctreula· çlo que elel teriam tida • bouveue profe.rtdo t. ltnaua, "d' ou•, o traQcea. E. li em 111oe. quando Prédlrlc MhtraJ pu• bllcou aua, dtlld.... tna1116- rlas, Andr6 Aalla71 ..sn, o&– bre elu chaman & •tenolo dos leitores no •Joan111 clu °'bata': • A l'nnça • ainda o pala onde • moooa ollebn ,. Bem • Opora de Oounod. o aut.or de "Mirellle" !loarla qual Ir no111do. Sem chMda, 11111 ln· ~ o"'ltafi;~ier6~ do Ml!tral mala focllmtnto que o possa ruer um trancta qu1 ~~":º~.;..!.Insuo_::: que doodfllham Mlat:aJ, d– o trabalho de ler Pouchtlne ou !""=. e: ~ _o;. Incluem uma traduçlo ,..._ ao lado cio orlrtnaJ, - -· to, mu, apear da !eito paio proprlo Po<to, ... tradoçlo cio tose • regra comum: fre– quentemente d,_i,, o'f!tondo cuidadosamente rimar, d-Jan· do quebrar a cad-la, di a lm· presolo que o poeta QU1a delar . toda a seduçf,o todo o oncan· ~~\:."~ª ~1::.1" : r JO:,°!.rla lmaaem que fere e Aconteceu que. em 11112 de– Pois do seml·tracauo de "LA Reine de Baba", Oounod-tne a ldl!a da tomar como toma pa• ra aua proxtma obra o poema ~~ T'.!u~: ttratura.•, conslderan. lsual s •1•~•. No ano IOJlllnle, Pa.s&O\I a prt.maftJ"& na ft'o· ,,.nça, perto do Mlltral, a quem MlcheJ Carr6 Ji remetera o U· berato. l4latraJ uUI!sou o melo mala r-elW'O para que a Pn>YeDOe ~:O~e p~~:. 1;:~..,: brlr a beleza d.a palaagem o en· canto dos costumes aecularea. e, principalmente, deixou que se Impregnasse dessa paz ln!ln· da, como ae emanasse d& tura no aUenclo que o IUIIWTO dt ~':n,rrafn:~':n:11!:i d°:~ perturbar, • Acabo de - 1 horas num encanto de aolldlo - ......,, Oounod no r.– dum paaelo 10 ""1alnbo ill llalnWlllre.A1maa1Cu1Daa– _ _..fllnlnho ....... - trti llona. l'lquel ao a11d- :W::' .:=.":":'.:.... a: :...-:.s:-·.::.-....= ..., ____ ,____ OIO. mdeorlddo....... ....._,-. ra oa-.ir. - Dlelo 1111 ln.a.lo c1a-. ..... ..... lera& d-. mm.- de turlnu. bali!- do ar e IOlo. OQJo .,._ bbdlàidlll-.11111■ ·:■ 'f!branoou'f!do.-• ~o:-=- olhoe par - --– nmento: •..,_ SIM dll1'lda co!Ua nuca, em wna auavtdade e dedeadol&llque tJa mall -·. cidade, li& era . =...r.::is 8' ---cr!IN radar6~1 ma. .. ""' ... nlo lln - la do que.......,_ Plaoquelznllr1a. Je• da Oouno d - lladot.lo- '81:. refluo direto do =-lo~~"".- bem ouviu INUta -~- da ..,..._irlaa_ cantor • partitura. que .. poderia elorleo" ambora - lomldo de IIIIPl"Nlllllt • rallllca DOIIUlarl ,_ du ... COIIIMcldu; o dufto de 111111119 e V!Dmnt: •a - • _ ... perfwnada", • --tnla l maio c411bn, Dlnlre Ioda =.i~~f ol ~~ .::-:. eant.ou para OoUDOd a m'tllla r= .:n-d:~- d~aitoa111Ptra.:::.':/a1 ~ oto. llaa nlo ee pode - ~ca d': ..~ &:"1:::-:: lho t.lo fluO OOIIIO a bnpal,-. vel poeira lum!nou duma - dt borboeta. 1fU a mllllra e Pequeno -• o o&ntloo dU Santea Mlarlu. iania. ouau ....inu clellcloal da - .... ro111e• ,_ ___....... =r~Pll'llol-...-. ANODE1928 S· O N H O Poema de Joãô MENDES Poema de J urandir BEZERRA Ili ME L!MBRO DA CASA ONDE NASCI NA FLOR SEM NOME: DO CAMPO ESTERIL UM ANJO SEM BRAÇOS GRITOU ALUCINADO E AS TULIPAS EXPLODIRAM EM Mil UM BARCO l)ESCEU PELAS ESCADAS A VELA SURREAllSlA ROÇANDO.NO TETO LEVAVA DIVERSOS NOMES PARA A MINHA MÃE ESCOLHH ConUnua.ndu a c.Uvutr:ição dos mais caraelerlstlcos qua– dros de l'lcasso cm suas dnersas fases, publicamos, boje, um trabalho dJ crândt. piLtor espanhol, pertencente ao perlodo chamado "Mauclrfsmo··, que se caratecrlza pelos alongamen– to~, pe1.a~ po! IÇ-Oes e gestos afetados e pelo i'pathos" lnslstente das tl_,:ura& Na.se pertodo de sua arte Pablo Picasso foi, pro– vavclmcntP., mflnenclado peloR mane.tristas espanhóis do XVl 1éoulo, principalmente por Ptlorales e El Grcco . O quadro aci– ma est"mpadn, JT&Yação tm zinco pertencente à coleção AI• fred Stlerlltz e executado cm Parla em 1904, dá bem uma Idéia da laMc do "Vc!bo Gultarr;,ta" e do "Louco". MFU PEN!:AMENTO SI: CONCl!NTROU •.• VIDAS DISCRETAS, JARDINS SUSPENSOS, ARRAI-JHA-CEUS, GRANDES PECADOS, LUTAS E GLORIAS • .• EU ME LEMBRO DO CONSOLO PARTIDO ONDE NASCERA UM CACTUS VELHO SEM ESPERANÇAS MEU AVO EM CIMA DA PAREDE CONTEMPLAVA A TRAGEDIA NO SEU TERCEIRO ATO EU ME LEMBRO QUé NAQUElí: TEMPO Pul um menino meatQSO. fftlO era o medo do enfrentar oa !re– quente• perlgoo que aurlllam na minha lntaccta dlllcll. Era me– do da noite, do aUencto, um .,-ando o Jnupllcanl medo do mlatúlo que envol'f!a a, longas e ~!t' ~~ ~ t.,B~~\J. que na vta uma oporturuaaae. lembrava com ar de peasoa n– l)el1ente e segura: • A gente faz o medo do tamanho que quer•. A a-Jtu&ção. Po.rem. con· tlnuava ln<oravel. EU NÃO SABIA [ BLASFEMAR . Em balxr vrmos urua (otorratla, tomada em 1936, de Picasso eru companhia dr Paul Eluard, um dos maiores no• mes da modem.a poesia francesa e ·do qual t.emos publicado alguma~ ponla!- CANÇÃOSINHA DECENTE COMO QUER QUE ADEJES ONDE QUER QUE VA'S O QUE QUER QUE ALMEJES CATIVA SERA'S AVEZINHA TONTA QUE TONTA ENCONTREI - NINGUEM MAIS TE CONTA O Ql/f EU TE CONTEI . CONTO PEDRO DANTAS VIBRO EM TUAS ASAS COMO EM TUAS VEIAS QUANTO MAIS ABRASAS QUANTO MAIS ANSEIAS MAIS TE SINTO OS LIAMES MAIS PRESI. ESTARA'S - - POR QUEM QUER QUE CHAMES E ONDE ,QUFI? QUE VA'S. QUE IN-PORTA O MUNDO? ••• SE A FLOR SEM NOME DO CAMPO ESTERIL ME DOMINOU? . •• ~~ :1:., ~=te/.,...~ ra cumprir • minha mlulo. lnexpllcavelmtcte, eu me oentla, ~laa~o:~~r;8l::o ~em:,,ua:~ trtm.e&M. Andei mall de mola logua num aalope normal o rltmallo pela estrada onde ji s,usar• multaa •ezu, tm •~ bem d.Jverua. No sllenckJ, ouvia ape• na, o ruido &eeo do cuco dJ cavalo na terra dura. DlstlnlJIII a frente a vereda tio oonhecl· da e aectl o coraçllo bater afll· to, comprtmlr-ae. a ld~la do qu• ~d~v~-1:ei:~r.1ro1ut ': çt111Jamalelma,lnadU-· por mall aoforço que f'- nlo colllllula - " lhoe daquele ponto ~ to opaoo a parado. Meu, OU– canadoo detormAIUI a 9'-, empUando-a ~.._IIMIIII Pareola-me qon ~ - .ella "'-noa'" cada - .~':..":!.~--==- &tora. Nem Por um lllltabll penael na poaelbllldeda de ~ Utlcaçlo, pala para mia aquUo nlo poderia oor colaa al– guma destt mundo. Dlani. de' :'~~.,-~d'="°~~= herdade, tu me tornaa um menino forte: era bom cavaleiro - e durante o d1a enfre.ntal'a oa aura doa • aa capoelru COI' rendo & t.rú de boi.a ou conae.r– tando c erca a. Com a mesma corarem e decisão em me me:tta em br1gaa com oo m•nlnoo da rua. vencendo mutt.a.s vezes. Ma& frequente.mente aconteda. no momento meamo da vitoria se.nttr. no.1 rnew olhoa o olhar de desprno do advenarto, atlrando esta vtngança: •v~ i um medrosoJ Nem dorme num quarto 10zlnho•. Entlo &tuta· va·me em aUe:nclo sem reagir contra o •tnautto", po.l.s embora me douse, eu era Juato - e aentla que nlo ttnba o direito de tomar a ataca·Jo por dlzer a verdade. Dunmte u noites, qu• mt pa– reciam Intermlnani.. minhn ,-oz &e elevava tlmld& e tn.segu– n . chamando meu pat a cada momento : "Papal! Papal!• E depcls de um aegundo. toS!O qual fosae o resultado do meu apelo - rtapondesse ou não me pai - eu Jnslstta no me.s · mo tom: •Você atá acordado. pe.paJ 7 Quast sem ore a sua YOi vinha do outro lado. firme e tranquila: "Estou. Pode dormir SOMegado..." Esta voz serena e Amlp devolvia-me a tranqulll· dade durante mela hora. quan– do eu voltava a chama-lo. A's \"tua lato proaseruta a~ alts madrugada. E&ee medo d&s colsaa aobrena· turala, esse vago pre:ssentlmen– to d• olgo terrlvel e lmprev>,1· ve:I que ae ocultava no fundo da noite. l inha dt multo longe Vlnha de terço 1 reu.doa em conjunto. por vozes que ae ele• vavam e:m tom lugubre:: vinha. das la.dalnh&a cantada.a na aala de vi<u d a DOII R cua-gran· dt, qu ando a frt1.ca luz de: quero 4 zene llumlna.va os rostoa aom· briamente macerados das ve-– lbu: vtnha da liturgia domes• tlca na Semana Santa. da11 pot– mu bentas quelmadfl3 na& no!· tu de temputade do nmblen· te cheirando a in~n&O em qu! m.Jnha me.ntAUdade se rorm11vl - e daa historias oue a velhl\ ama m, c-ontara... Talvez v1_.... se vtuae di!: m.aLs lor 1$te alndi Talvez vteue de e.ru retnotu talvez Uvvae as auu rn.lzes nu aenzalu du velhas faZ!ndu . nos quartos gnnde! onde aom· bn.s pe:aadaa deallzaram du– rant.e dezena.a de anos. ou quem sabe se noa tl·tlls. MEDO DA NO TE tomou e:acuro. tio eecuro que eu não podia ver aequer u re• de.a, presas na, mloa nervoaat Doa doll Iado 1 do caminho a, úvoreo cnormea ae agitem aço!· tadu pelo Vtnto brando AIIJIIO, minutoa depol1 aanhtl o out.ro lado, Sentl·me mala oam o. po ll ao aalr daquela eacurldlo o ca· minha ae abria mal, ola,o à minha frente. Era uma baixada. que nu vtaa:ena comUD1 me pareda wna paiaas•m bellall· ma, A,ora porem, numa noll,t sem e.atrelu. meu, olhot mal IIJatlngulam o ca=- ape· nas o habito me da•• a RIU· rança de saber onde me encon· t.rava. da &tora, Nlo pude mall 1..... gar o cavalo. o ooraçlo J)U'tlla querer oall&r-me do peito. OI Olhos dllaladot n&o M deltta– vam daquol& .,..... branca - ,. catendla aW o lnflnltco. Va trio de morte penetrou llllaa tplderme. u mlol end– ram. eu me amua como '1111 ~~.J: ~ ::=o~ ou'f!r at,uno pn,Jdoa. mt~~~a~~m•~~~~~ Humllhava·me tr,mendame.n· te 'IM covardia em face da no!• te. Em caaa. na... rua e na vtzl– nha.nca todo mundo sabl& que eu não suportava o eacuro. Até 30a 14 on01 lutei em vlo con· trR. aae sentimento que me tnJbla, lmpedlndo-me de levar uma vida normal. Meu pat me dlmt, aempre, com a lntencdo de ajuda1··me neMa luta fn· tlma • quaae lntruUlera : •Ho· mem não pode ter medo,.. Con· ferla·me aaalm o titulo de ho· mem. dando-me uma lmpartan· eh, que me fazia olhar para ele trr,idec:ldo. '!Jto porem nlo fradut:h~ nenhum efeito - e eu ronUnun.va sofrendo Intelt– Rentt-mente meu po.l evitava tocar no uaunto, ma.a sempre A nolte era par& mim um m.Jsterfo lnsondavrl. um abt,– mo terrtvel - e diante dela. R minha ,o0n lade se: anulan. del· xando.me ts~Uco. tncatxu: de um g e.sto. Por l.sto eu não .saia nunca à noite -e meu pnt res· peitava es ta troqu em AMlm. rarnmente olha.va as vtlhas ruas dcpol3 d.a.s sete horM e JamoU pertlclpora. de reunlÓf'' noturna.s. c,1t.ando ter que vol· ta.r para cua sozinho. Mesmo nu nolte" de luar claro. que na~ cidades sem luz e:let.rka - & lua lavando u rua.s - mcs· mo ne.M3-'5 noites que hoje me rau m tanto bem. eu nlo davn um pasao alem d11 noaaa oorta. dcools que o 301 se escondia. Ma.s um dia aconteceu atao que lrla modlflcu meu cara.ter. algo que exigiu do~ meus nervos a realltencla maxJma. Foi u;na .prova declalva. com um desrt– c.-ho Inesperado e ben~ftco. l\tJ 4 nho mãe havia adoecido doll dlaa antes - e todo1 nóa pen· avamos que -foMe uma colla sem lmportancta. Portanto. nc· nhuma providencia fora toma– da durante o dia. Contudo n molest1a tomara subitamente um carater •~rio-e ji 11 tardl· nha meu pai dech1lra. mandar buscar Q méd.Jeo, Procurou-me n& aa.la de Jantar. onde na. ach ..'l \'B•mos as.sentados no 11.1- aoaJho. c,pcrando que a velha ureta nos trouxeSM" o car~. Não 1cl por que senti meu coraçlo bater violentamente enquanto meu pai nos olhava a todos c rivou em mim os olhos azue! e depois de alguns segundo! dt!! C' - O esta.do dt ,uA mA.e não ~ bom, A cois a ~ ~ria. Olhe:t-o lnterroa:.:i.tJvamente. rom ftrmtza. como !e preten· d&se descobrir au11 Intenção. mas a fisionomia. dele se con– ~ernwa tnnlteravel. De era as· "lm ~ de uma reatatencta mo· r:11 tmenu. O que a.dmtret nele rol e.s!A capacidade de reslulr a todOI 0 11 ;-olpes. sem uma quetx;i :ipenH lut..'lndo !llenclo1a e ob5• tlnadamente. loaA~r:C~ ~e l~;ªe:ta~a'° ~: aauvo. t alvez procu:mndo um melo de dlr.er· me o que preten· cll:a. Brusco.mente dlue sem ro· deles: - E' preclao que voca vtl à cidade chamar o rnidlco. Compreendi que ele me d&Yft cisa ordem feu snbla q11e era uma ordem) como ae se serv11• se de um último recur60. So!rln, Oswaldo ALVES C'ertamente. por mJnha m1e e por mim Crave! nele oa olhos nflltos. !em poder responder cOl&a alguma Ao.b:o que nft.'l havia outro recurao. compreen· cndl1 que era lndln>ensavel mi· nha Ida t. cidade, mas nlo ou· mva reapander "está be:m" Viajar t.re1 leguaa e mela. nu– mR noite eacura e aoz!nhol Eltl\ !e!~!& me parecia tão absurda e lmpoalvel que eu não aLlnava , orno meu pal pudern conceb~· la. Entretanto eu Unha tam· bem a mat1 ab&olut.a cert.~1..1 (1e que era neccs,arlo salr tme· etat.a.mente. A voz de meu pai, rc.uoando de novo. tlrou-me daquelll sen· L,rão de quem est4 em pe,da· de-lo. - Vod n4o deve perder tem– po. Vâ arrear o cavalo dcpres. •a S&o sete e m etR - t\1 r.o,·e e pcuco voe~ u tarã 16.. Sem saber como, eem acntlr coruesnit articular. - Est.á btm, papal. Ele eacontou·ae ao portal o· !hou-me de fTenUI mala um.:i. vez &Jlaou de novo, oa cabelOJ 11rbalhos e dtaat com a vtalvel Intenção de encorajar-me: - Nlo preolaa ter medo do nada, Levantei.me M>Jn uma palavra du1gt·me para a porta da oozt·. nha. Noa rundos havia um pa.sto pequeno onde meu pat conier\'ava o cavalo para via· çe:ns de emersencla. Olhei R noite Imensa e erma. o coração b a te u-me dei90rdenado.mente cmn onda rn a percorreu-me· o C'Ofl)O Pcracrute.l a escurldfto. ,·oltel·me pan. dentro e pedi llmldamente à velha que me i\judaHe a pega.r o cavalo. pre· textando que nlo e.nxeriiava nada. Ne.sae tnatan~. percebcn· do os meus sentlmentos, men pai põ5 o... mão no meu ombro. ftxou em mim 01 olboa azues t dl,x veemente: - Vá IOZlnho. Andei lenta.mente, aa mãos t.rem!nd.o. OI labk>I oerradlOs.. .~vancet p&ra a nott.e como ao avançaMO para um abtamo ln· aondavel Ma.a o medo dava,.me ~~:~g:~,P;";.~;, ~':a~: lado - e eu procurei meu pai para receber aa tnatruçõea:. suu palavra, foram rápida, e incl· 1tvu : - Procuro o dr. Bicalho e Ili· ga·lhe p&ra vtr hoje mumo por· 9ue ana mãe c,ti\ mnl. <Seus o· lho& tomaram um renexo es- !.ranho e eI• frlzou: multo mah Você não precisa voltar boja. Venha amanhã bem cedo por– que preciao do cavalo aqui. De.asa maneira ele queria pau· ;,ar-me a angustJa da volLa. Ba· :eu-me na cabeça e lnalatlu : - Anda i Vai depr.... t Era o. primeira vei e.m todos os meu, 14 anos. que cu entren· tava a noite IOZinho, para IR· 1.er uma vta1e:m de trb legues e m ela. Jamala me sentira ca– pu de aemelbante façanha, 8• ~ eru~";=-m r!1:::i.~~ e~m u,'W~ arregalado oa o!hol abanando a. oabcça obltJnadamentc em atnal nesatlvo. Maa a.1ora mi· nha m4e est& va puaando mal. sua vtda el'ta va em periao - e multo colAa dependia de mim El5to lembrança ))110VOCOU em m1m uma selll&Çlo Jamall ex· perlmentada - um aectlmen· to que era um m1tto de terror e uma decl&lo Jmplaeavel, como ~nl:J! ':m~!!en~fv~~ l<>do o seu v!Jor. ca~~teio: r~~: .ªia~a :e~ remo Ae me eat.tvessem extrtndo um ato d• h trolsmo, aclm• du mlnhat torça,. A~r Oo tudo, Subitamente o cavalo eatac.ou Eu viajava num aalope lnalte· ravel - e quue fu1 IO chi.o com aquele choque repenUno e mbora olhasse para frente nAo pude ver coisa allJUlftl naquele momento. poli esforçava--me pa· ~:z e:i~~~1f~e: o:-c.::.•naU:~ c.rada, E nONe ln,tante aupre· mo sent-t que todo o meu corpo ,e tornava trto e dolorido, uma dor funda. como se a1go extre• mamente pesa do o omprJmllle <> mf'lt ne1to A b.ns vinte pauos à !rente. mOUI olhos dllatodot dl!;•cobrJram uma CT&nde man· d1: q~i:n.: íd~~.ª r!i~ft!:" :~ lido uma palld•• de morto. PI· xel aqu•I& mancha el1aondtd• utravl s da e:1trada. Eaporeet ;, cavalo vloltntom1,nte. dl1porto pauar de qualquer modo, nu• rua oorrlda louca. M& 1 o oa· valo não se moveu, OODW90\I a tremer tambem. Quando o fui· IIIJIIOI de novo, ell - pÕI • re– cuar lentamente, cada vn W't– mmdo mall. Diante do• IMbl olhoa a arandc mas," branca conunuova tmovel oraduat• m<>Dto O modO aMumil propol'• um aeclllo - naquela e,q,ectall- ~~"=,. ~nc1~ pe~ i:t do o desejando qu• tud<t faa,it apenu em peaadelo do CIIIN Iria deapertar 1010 8ublta– te, •elo11ll a IombTanoa de q1a mlnba mie esto•a mal-4 1lp ma coln desconhttlda se 1111- tou em mim, al,uma cola& na me empurran. aevreda11<101 "Nio NJa doldol Andei" o do dlo pela mlnhll rraquna .,_ ceu em mtrn - e mal• u.. ves • YOntado sur,lu pod••– ,obrtpondo-oe Recupffl'l • 111- rldez perdida. e,pone! o e& oom raiva. Meut eal~ .,.......,,.,. na ,ua lia~ mu tle nlo ae mexeu minha cabeça, a10ra om braa puaou wna JdfJa llolada. "'-> clada da tudo que raolclnNII aW en!Ao· •a. nlo morri bD!t, nln,uem morre dl medo Màe mundo". 1 OI --lol ae ~ :,,:;:.;.ºm:=i s:::--..: mentado. Mao lla'f!a wn OUll9 sentlmnto que o ar_... ... o proionsameDIO daqUla~ tlmento que III NDl.lta ,alra: era wn cleMJo ,_ ,...,.., a1IO lmpraolao, - • =-=~u=..,u~~ ICUIIIIQo aa 1,1,1 ......
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