A Provincia do Pará 07 de Dezembro de 1947

!LETRAS EARTESJ Surge uma 1 editora - por incrível ' que pareça Valdemar CAVALCANTI Recebi du mãos de Thomaz Newlanda Neto, ,mal ,aldo do •prelo e úmldo de tinta, o volume com que a• EdJç6es Plngulm. inauguraram suas atividades entre nós: oe ..Contos de Imagina– ção e -rio". de Edgar Poe. Não tive tempo oequer de folhear esta nova edição, de carater popular. do livro f~. Nada põl560 dizer quanto ao mérito da. tradução. tarefa que desta vez coube ao sr. •urello Lacerda, embora desconfie que não haja ele ouperado outros escritores brasllel.roa na versão daquelas páglnaa hoje clu· alou da literatura norte-americana. O que deoeJo a&&lnalar, ante& ma!., nada, é o nuclmento da editora, que .. propõe a execytar um largo programa,, no propósito de servir à cultura popular. E tanto mat., slgnltlcatlvo é êMe fato quanto ocone num momento em que se registra a pior crtse da 1nd1l5trta e comércio do llvro em D0550 pata. Sabe-se, por exemplo, que a Càma.ra Brullelra do ~ vro Já !e movimentou no sentido de obter do governo medldu de ~~:: ;i::b~~n":etisª!Ji=':. eu per5pec- Em tat., clrc:unstancta.. o lançamento d.. Edições Plngulno em ~!:af::~i:~mA1~:1~~q~~e!' obr~~re: t' ~ brasllelra seguir o• mesmoa prtnclploo que orientam aa edlçõe& 1nglesu: e executar, com alteraçõe5 mtnlma.5, o mesmo plano da matriz. Quer dl7.er , estA-0 dt.,poetoe a dl5tribuJr periodicamente com o nosso pdbllco literário lvros de boa qualdade a preçoa, ace!s• nt.,. Cómeçam dando-nos Poe a dou cruzelroa, cola& que con&tltul wna façanha, à vista dos romancea Upo Hollywood a quarenta cruulroa. . Uma cot.,a vê-oe logo que não conseguirão fazer: é dar é& edlç6es naclonat., felçãc gráfica semelhante& à& lngleaa&. As noo· au otlctnaa, pelo menos u que não estão abarrotadas de enco– mend.. e não amarram a corda no pescoço do treguu, ..tão longe de co,uegulr tat., milagre~. De modo que oo volum.. Plngulm não poderão, ter, entre ruis, aquele ft.,lco saudavel do lllmllar britanlco, produto rigorosamente eugenlco de urna velha e 1!6llda tradição em artes grá!lca•. Mao vale, no caao, a generooa Intenção de da,.... noa tempo., que correm livros selecionados e baratos a um povo que mal ganha para o feijão preto e o pão mt.,to de cada dia. Maurlce Oenevolr foi recebido na Academia Francesa por AJJ,. clré Chaumlux e o pro!'3&0r :P. Mondo? Por Oeorgea Duhamel. o primeiro ocupou a vaga de Joseph Peoquldoux e o OUQ"O a de Paul Valery, Na ÇO!eção •CJa&olquea nu.– tres" apareceu o Candlde, de •Voltaire" com desenhos de Ju– lian. Vai &alr "Lo Campag?10n de Tour de France• de Georges Sanei, Duatrado por Bori& Tazl· ltat. concedldo pela primeira vez o Premio Victor Emllle Mlclwet, de llt.eratura eaoterloa Coube a Raoul AUcalr, pela oua obra Le !t.i '1.fo d~l~y~ir ~Jil ~~: loour. Serão publicados na col~ "Problemes", das Edltlon.s So– ctalea, trh novos livros: La Cr1· ae de la Psychologle contem· poralne, de Georges Polltur "La CUlture et les Homr.te.s, de Aia· gon, e L'Exlat.enclallm!.e n'st paa un humantsme,• de J . Ka– napa. Apareceu o primeiro mlmero de uma nova revtsta mensal de crltlea e de bibliografia - "Se· Jectton Jnt.ernac1onale du Ll• we. Redator-chefe, Oaetan Plcon. .Tean cocteau publloou um de– licioso Uvro de me:nórlu e re– flexões - La Dltflculté d't!tre. Andr6 Ollde, que recebeu ago– ra o Premio Nobel e &e tem re– rusado .sempre a entror para il Academia France.sa. publicou na Sutça um ato apenu de uma ópera comlca - Le Retour. e.s– crtta para o musloo RAymond Bonheur. O volume cont.em uma &ú1e de ca.rtu de Otde ao mn- 1100 numa das quais dtz: HJe travame et me mod.lfle commc uo fromage sul la cale... AUJU&to de c.. tro. eocrltor port.uauês, teve um lvro seu traduzido e lançado na Pran· ça, oob o Ut.ulo L'Am<>ur tcl qu'on le parle, (Ed. Roger Se– ban) . CORREIO DA INGLATERRA I:ewt., Olbb publlcoa em edição De.nt uma vtva e palpitante biografia de Richard Brhuley Bherldan, com a mais rica do– cumentação JA recolhida sobre a vida e a obra daquela expres.st· n. llgura da Inglaterra do ,e– culo 18. Oontemporaneo de Ga.r· rlct, amtgo e confidente do PrtncJpe de Oales, colega de Pltt e Pox. na agitada época da guerra da lndependencta americana, ijherldan foi um homem encantador. t.eat.rologo. poeta e diretor de teatro. Deu A Ut.uatura l113lega obras orl– g1no1s, como "''I'he Rival,.\ e The Scbool for Scandal," corutdera- da& hoje obra.,•primas de ,eu tempo, ROBERT LIDDELL é mais 11m cr!Uco lnglb a se preocu– par com o d.. ttno da ficção, no mundo moderno. Seu livre, editado por Jonathan Cape, • A ;;;te~ º':ru::,: Ngv:~to~r ~::. cura, atravb da~ cari.a.s e tre– chos de enoaloo e de ficção de vartos autores ,tgnlflcaUv_ca, firmar u diretrfz.ea do gênero, lnt.erpretar--lhe a Ucniea e ex.a· minar-lhe o conteudo. Llddell estudou a Hd!gn.tdade" do ro– mance. numa herança do dra– ma, suao categoria&, seu., de– feltoa e qualldadea. UM CONCURSO de emalos foC lnoUtuldo, para .. tudante, Jcvem, com premias de vtagens. Tema: •o, !r&nco-canadenses ~ a nação canadense - Ortgeru do problema I sua !1gnl!lcação atual". OLil"FORD BAO publloou uma excelente antolog1a de Ro– bert e Elzabeth Ba.rret Bro11.·. nlng - The Poetry of t.ho Brownlngs <Ed. Mllllerl, em cuj.. pagtnu procura determl· nar a J)08tção daquelas duu grandes flguru no quadro da poesia britanlca. CHOPIN. Handel e Bchubert foram objeto de ..tudoo blo– graltoos. de caratB dQCumen- ~~ 3e •i~e~dÍêy,d~e~f M. Young e otto Erich Deut.eh. respectivamente (ed Dent) . CONOURSOS Foi concedido o PremJo l"ran– clsco de Caatro( da Academia Vasconceloa. ao sr. Ivelno de Vasconcelos. autor de um es– tudo btogra.llco de Franct.sco de Castro. - Continuam abertas, até 31 de dezembro para trabalho, orlgtna1s e a~ 15 de Janetro para trabalhos publtcados. a, Inscrições para o Premio Pude - allú trh preml08 no valor de 25 mn e:ruzelrO.s para ro– moncH. novelas e contos de au– .wres nacionais e est.rangelrog. mas cuja ação se desenvolva em ambiente bra.sUelro Qual· quer Informação com a ~ ção ce 5 . Paulo da A. B. D. E. rua João Br1cola. -t6. 100. andar. - •o Livro'". revista llteri\· ria que se publica no Pa.rané., ln.sUtulu um concurso para es . ,tmuJar 50bretudo os poet.85 ner ,;:~t':e1~ 1 ~ ~a! 1 ~ :d1':!; Cortg1naJs em 2 vias). Remessa para a rua Emiliano Perneta. Ul8. Curitiba. - Os premias de romance de "Le.s N'ouveUes Llte.ratres". este ano. foram concedldo.s 11 O1.5.ele d'As.soully, autora de "Le Vol de.s Oerfaut.s. e a Olbert Ceacron. pe.lo St'u "La Tradl· Uon Pontquernter... Premlos de 400.000 e 100.000 franc«!, respec– .tlvamente. Noticias de vari as (Contlouaçlo da pa1, t) oot.,a na vida. Tinham a Italln j;,~~~d~ :OU:.:o :C1:~: E tinham tanto "belo". Quanto a plenitude de sua vida, não estavam tão seguros. Tinham um fllbo pequeno que amavam como os pal.s devem amar os tubos, hãe sobre quem avisada· mente evitavam de exercer pressão. ou de tazer sua vida de· .pender da dele. Não. não, e1.. precisavam viver suas prop.rlu vida•! Possulam ainda forças de esplrlto para saber disso. Mas agora Já não eram tA,, Jovem. Vinte e cinco e vinte e sete anos, tramformados em trinta e cJnco e trinta e sete. E cocquant.o tivessem gozado dum tempo mara vtlho.so na Europa e conquanto amassem a It.alla - querida Italla ! - mesmo 3.5· 51.m estavam decepc1on.1dos. Eles haviam aproveitado muito de tüdo aquilo: ó, muito m esmo! No entanto. não lhes tinha dado t.xatamente, exata.me.ate, o 'lUe e.si ,eravam. A Europa era ado– rs.vel, ma5 estava morta. Vive: na Europa era vtve.r no pusa.– do, E os europew com todo r, Eeu encanto supe.rflclal, não e– ram realmente "encantadores". Eram mate:rtallstas, não tlnham uma alma '"sincera". Simples– mente, não compreendiam o •pelo Interior do esplrlto. por– que o apelo interior neles esta· \"a morto. todos eles não pas~ – vam de 50breviventes. Eis af. esta era a verdade sobre 05 eu· ropeua: eram t:odos oobreviven– Les .sem nada mais dentro de sl que lhes desse impulso. Outro ponto de apolo da par– reira desmoronava-se, assim, sob a verde vida da vlnha. E. de.sb vez. de modo muito maLs amar– go_ Pois a vinha verde estivera oublndo sllenóosamente pelo velho tronco da arvore da F,du. repa por mais de dez anos, dez anos ferozmente importantes, os anos de verdadeira exi5tencla. o. dot., ldealt.,w Unham "vi– vido" na · Europa, viveram o. vida da Europa dos eurcpeus e da.s colus européias, · como arret.ru numa ,1nha 1nterm1- navel. Construiram seu lar aU: um lar ali, um lar como nunca iie poderia fazer na Amédea. Sun palavra de toque tinha sido '"belo". N06 últimos anos. ha· viam alugado o 2.o pavimen– to de um antigo palacete no Arno e ali coru.erv-.ivam todas u sua.s "colsas". E era profun– da a sat151'ação que lhe vinha daquele apartamento. os altos allenclosos e antigoa quartos oom Janelas para o rio, o a.550a– lho vermelho-escuro cintilando e os belos moveis que eles ha- v~Tm...~~e~:ª~fe•; mesm~ o • lgnoraooem. a vida dog ldeall5- tas correra com espant.osa ra· pldez, horizontalmente todo o tempo. Eles haviam-se trans– formado em ferozes caçadores de "coisas" para sua casa. En– lluanto ma alma estivera ~u– b1ndo para o sol da velha cul– tura européia. ou do antigo pen– samento tndú. sua paixão cor– ria horizontalmente. agarrand:,, !!e ás "coisas". Naturalmente que ele.s não compravam as col– aa.s pelas coisas, mas pelo "be– lo". Olhavam seu a.r como um lugar repleto de beleza e não de •coisas". Valerle po.ssula adora– ..,·ets corttnu nas Janelas do es– paço.so Hsalotto" que dava para o rio: cortinas de estranho ma– terial antigo que parecia um!l seda tecida, emtaecendo maant– flcamente. em baixo, de rubro, e Jaranjado, e ouro, e negro, pa– ra uma .suave tonalidade cam– bhnte, Valerte Jamais entrava no "salotto" sem cair menta.l· mente de joelhos diante das corttn.. - Chartr..1 - dlr;la -Para mim ea.s s4o Chartrt'Sl E Melville nunca. !!e virava e tlt.ava a estante de Jlvros v~ neziana do século GV1, com suas duas ou tr~ duzlas de U– vros escolhidos. sem sentJr a medula agttar-lhe nos 05505. O ,aga;t'~°!n~ri~~~ente, qua· se slnlstramé"nte evitava qual– quer contacto com aquele,, an– tigos monument.os da mobilia– ria, como se elu tossem nln· nhos de cobras adormecidas ou aquela "coisa" perlgoslsatma C::e se tocar a Arca de Noé. Seu te· mor ln!anttl era atlencloso e frio mas definitivo. Ainda assim. um cti.sal de IC:eallsta.s de New England não pode viver unicamente da paa– sada gloria de sua mobilia. Pr-– lo menos. um casal não podia. Eles se aco5tumaram com o ma· ravtlhoso armaria de Bolonha, ncostumaram-se com a magnl· Clca estante \'enezlana e os 11- vroe. e as cortinas de Slena. e oa bronzes, e os adoravels r,o• rts. e as mesinhas e cadeiras que tinham "'colecionado'" em Parla. o·, eles esUveram a oo· eclonar coisas desde o primei· ro dia que chegaram a Europa. E ainda estavam li. fe.ze -lo. Es– se é o ultimo tnteres.se aue a Fiuropa pode oferecer a um es· trangelro: ou mesmo li. um eu· ropeu, Quando chegava alguem e se emocionava diante dos \nte· rlore.s dos Mel\·tlles. ! nt.ào V:i- quadrantes ESPANHA: Pl'06,S,eguem as comemorações do quarto cent.e.nArlo do naxlmento de Ccr\'antes. Foram publlcadaa as obras complt't33 d05 lrmAO,.) Manoel e Antonio Machado num volume de 1.320 pagina.,, por tnlclatJva da Editorial Plenltud. Por au& vez a Ca.sa Agullar lançou as '"P('e.slas &co· ralre de lo Prance", fora do mercado desde 1940: e&5a rnlsta. fundada em 1694 e dedicada ao es– tudo ~L\temat.tco das letras rrancesaS. !&lrt qul\· tro ve-zcs por ano: sua &Mlnatura c.ustará 31~ ~ * ~ -lc~e d:nd~ ~lof'r::~r!dºêa~::1 s~r:'nz. e:~~ •p<>rtJco• de Rube.n Dario. Estão sendo divulga.· das u obraa com_pletu de P\o :SaroJa. cujo se– aundo tomo. de 1500 paglna.s, contem nrto.s t.rn- •ba.lhos do conhecido e.'5Cl'lto.r. Fol t.radulido por g: ~ij ~~~a u~o=l~l~oU!!~~t~r~ec:su~f~!n:: Novetu t~ininaa recentes: "El mAs Cuerte ... Je Concha Esplna, "Altas Es:ferr.,.s... dt Mercedes Sae.nz de Aloo.so. e "Entre Brumas'". de Lulz."\ Maria de Aramburu. O Premio "Juan Valero. •·. de.sUnado ao autor de dez aonetos robre per· aonaaena da obrn de Valera, foi concedido ao poe· ta Rlc8l'do Molina tencn-. o " Adorai!", a don José Hlerro, pelo .seu 11vro "Aleif'lo.". Ob:a.s de •poeta&: •Fruto y Flor". de don Lul.s Martinez Klel.atr, e ºLibra de Leu ". de Antonio Oth·er. . . . . ESTADOS UNIDOS : A editora Knopr .. 1, ln· U re&aada pel04 autores france~: tanto que co· meçou a publlcar o dlàrlo de Andr~ OUde e obras de Jan Paul-sa.rtre - u novela.a "The Age of Rea.son" '! "The Reprteve" e as peça& "No E.'ll;lt'" e ..The Plle.s ". Fot preso e condenado & um ano de prl.s,1o o ucrlt.Or lioword Faat. autor de livros fam0&01 como •o Caminho da tJbe.rdade... cuJa ~~~oN~~t;~\~~ :gar~~~er;;t~;:~~de (~~ movimento cm favor doa republlcanoe espanhób residente& em New York. Uvroa de mtstcrlo e aventura "Dead and Dumb", de Edmund Cri$· fi~: "'. ."~t~s~t"~tti~~~-P~i:; : 1~e~1!1:~; ~:;';. ~:"1Ji1ci,k~P1~r:.a~l n~ve~: 1~/ ~~a'\~ &beon, "OenUeman's Agreement (best·seUenl. ~~~ da:~ ~::'e:,sdâe ~~'ô~a~tJ~~~bo~~ ... FRANÇA: Por !nlclatiu da Llbralre Armand Oolln, vai reaparecer a "ReVlle cl'Hlatolre Lltte- t~~la~ qfo~~ ~du~~~::jqu5a~~:~ ~c~~~a •~~~\". comte dl! cheques postaux. Pa.:ls, 1611 Jean· LouU Bory. Premio Goncourt 1945 pelo geu ro· mnnce "Mon Vlllage" , T'Heure Allem!lnde", publicou ..Cherc Aglae··. hl.storla de uma vtaiiem de trem. Out.ro Prem!o Goncourt f 1921, R.!n~ Maran, escritor negro. eHA no car nz. oom een "ün Romme Pare li aux Autres", em que ~ foca.· llzada R questão das raças. LIHo\ .sobre aMun· rc, de clneffl':I.: "Panorama du cinema " de Oe· orge Charensol. ., Un n: uvcl nrt : le ctne.ma so· ni:>re". ôc Jean A. Keln. "On tourne \undll -. de Charles Ford, " ~ \'l!lteurs du sotr ... de Ja.cques Prf:\•ert e Pl!!.rre Laroche. "Farreblque" , de Oe· or@:e! Rouquten. e "lntellgence du Cinema", de Marcel l'Herbter Alguma~ blografln!: " La Vle <1e Conrad'" de G. Jean·Aubry. "Leopald t et Se:-. Temps.. de Cario Bronne. "Ce.sor'". de G~rard Valter, e "Robespierre'". de A Croquez e O t..ou· bll~. JNGLATERRA: Quinze contos primor~ dt W. Somerset Mauaham foram reunidos no volu– mn lnttt.Ulado "Creatureg of Clrcum.!ltance" tEd. Helnemann) . O ,-olume 30 do "The Penguln New Wrlt.tlng .. , que ae edita sob a direção de John Lehmann. apresenta um .sumário atraente. d• escrttore., e poetas da nova ;i:eraçA.c ..St.ravlmk.y". ..A c.rlttC!!.l S1$vey .. é uma das melhores bl<>tlr:t· tla.s do criador do •Pa.ssaro de Foao" e, tambem uma 11.nAh!e a!fUda de ,ua obra: é da autorig, de ate Walter White e rol edltadR por John Leh· me.nn . A editora Pan Books lançou uma ~rle =~~ ~a} 1 1~ 06 e ~!co~~~s ~~Z:~~~;~i.P~~: Joa prtmelroa \"Olume.s !Ao 01 segulnt.e.s: "Ten S· torlu. ". de Rudy&rd Klpllng, " Loet Horlzont". de Ja.me, Milton. "The Nut.me(Z'·Tree'". de Margary Sha.r.:,, "Somme People", de Harold N'lc:olron. •TrUby'" de George Maurler "Three Tlme.t– Pl .o.ya ", de J. B. Pr1e.sUy t ,;The Thirt-Nlne S· tepo", de John Buchan. ' COISAS lute e Era.m10 senUam que não tinham vivido em vão: que ain– da estavam vivendo. Maa nço ,l::J:s am=,: ~l~s:iS:~~ E<Jbre a literatura florentina da Renascença e Valerle a cuidar do apartamento; e nas longas hora..s depol.5 do almoço e nas longas e geralmente multo frias e opres.siva.s noites no veho pa– lacete; então a aureola em tor· no da mobll1a desaparecia e as coisas transformavam-se em colsas, pedaço., de matéria que apena5 jaziam ali ou pendiam aqui. "ad ln!lnltum" sem nad& ülzer; Valerie e Erasmo quase as odlavam. A chama do ~ como qualquer outra chama. e.paga se não é alimentada. Os idealistas atnda amavam carl- 1Ulo.samente suas coisas. M.1..s eles Já 8.5 tinham conseguido. E a triste nrdade é que, coisas ~~=n~~ª~eii1rete:S=~nes~: guindo, um ano ou dols após. já ~ faz.em quase frlu. A meoc;s, naturalmente, que a.s outras pesscas lanham muita inveja c!ea.s e os mweu.s estejam ten– tando pa.ssul-las, E as "colsas" dos Melvllle.s, C0DQUB.tlto mutto tx:ias. nAo o eram tanto assim Desta maneira. o brilho, co– meçou a desaparecer de tudo, da Europa, da Italla - ..os ltai"JWnos s{I() "adoravel5" --. mesmo daquele maravilho.so anartamento do Arno. - Ora. Ei e5te amartamento toMe meu. não punhn Os pés iá tora. Ele é tão belo e perfeito - Ainda era alguma coisa, ouvir aqui– lo. E apeoar d!.,ao, Valerie e Er_asmo i&lam lá para. tora: !alam mesmo. mara tugir áque– Jes antJgos !rlo.s e pesados sUen– cloo de morta dignidade - E&· tavamos vivendo no pa.sado, tu sabes. Dlck - disse Valerle ao ma.rido. Ela chamaYa~ Dldc:. Eles segurav:i.m·se ansiosa– mente. Não Queriam dar o bra– ço a torcer. Não desejavam con– cordar em que estavam cansa– dos. Durante doze ano.s tinham !ido pessoas "livres" a vh'er ..uma vida bela e cheia'". E a América durante doze anos tora seu anátema, a Sodoma e Go· morra do materialismo tn"tiu~ triai. Não é ooLsa !acll o convercer· .se de que se está ''saturado". Eles odiavam admltJr que de– sejavam voltar. Mas, nt.lnal. re– lutantemente, decidiram-se a partir Hpor causa do mentno"– Não podemos "suportar" a Idéia de deixar a Europa. Mas Peter é americano, de maneira que é melhor que ele oonheça a Amé· r!ca enquanto ~ jovem - Os Melvllle tinham sotaque e m•• neiras que.se totalmente brita– nicas: com um pouquinho de Italiano e francês espalhado aqut e acoJA. Deixaram a Europa para trU ma.s levaram dela tudo o que lhes !ot po&lvel. Varias baf(a.– gens, para ser exato. Todas aquelas adoravets e lnsubstltl· vet.s "colsa.s". E as.sbn chegar;'lm a Nova York idealt.st &s, criança e o enorme volume de Europa que ha vllUil trazido. Valerie aonha.va com um agra– davel apartamento. talvez ~m Rlverslde Drive, onde não era tão caro como na Quinta Ave• n1da e onde todas as suas coi– aaa maravilhou.a pa.rectam un, sonho. Ela e" Erasmo começs.– ram a procurar casa. Ma..s !n– fortunadamente 5U& renda ers. tn!er1or a três mll dotares eo eno. Arranjaram - bem, todc, mundo sabe o que arranjaram. Dois quartlnbos e k.Jtcbenett:.e - e nada de poder deeencalx.sr uma unica •cotsal'" O tronco da Europa que eles haviam experimentado !oi parar num guarda-moveis, ao preço de cinquenta dola.res por mês. E ele3 sentavam-se em aeu 5 quar.. t.lnhos oom klt.chennette e per– guntavam-se porque tinham !ei– to tudo aqutlo. Erasmo naturalmente precisa– va arranjar um emprego. Era o que estava escrito na parede. mas ambos tingiam não ver Mas aquela era a estranho. ameaça que a Estatua da Lt- f berdade &acudia acima deles ·• "Te.n5 que arra.nJar um em– p:ego !" Erasmo tinha JX)SSlbUI· c!ades. Talvez uma carreira es– colast.lca. Fizera brilhantes exa– mes em Yale e continuara sua.s "investigações", durante todo o tempo que estiver-a na Eurc· pa. Mas ele e Valerle estreme– ciam. Uma carreira escolistlca' ~~~j~ e~~~~:n;'".m~1e: pio sobre arrepio! Destst.!r ::te sua liberdade, de sua vida cheld e bela? Nunca! Nunca! Erasmo complet.arla quarenta anos na semana próxima. A5 "coisas'" perma.necJam no guarda-moveis. Valerle foi dar uma olhadela nas mesmas. ts– so cust.ou ·lhe. um dolnr a horf\ e horrlvels tormentos. As •col– !as". pobres coisas. pareciam um pouco envergonnadas e mt– ~era\'eis, naquele armazem. Contudo, Nova York não ~ra toda a América. Havia ainda o grande e llmpldo oeste e. assim os Mel ville!'i rumaram sem .\S coisas. Tentaram viver a vida simples ds.s montanhas. 1\-tas st1as pro p r Ia s lamentaçõt,s trans!ornuram~ num verda– deiro ~sadelo. As "colsas" são belas ae ~e olhar, ma.s é te.rrl· vel o ter-se de maneJé.--la.s. mais quando são bela.s. Ser es· cravo de. colse.s pavorosas. con• servar um fogão ace.so , cozinhar refeições. lavar pratos. carregar agua e lavar assoalhos; pur•l horror de sordida negação da vida! Na cabana das montanhas. Valerle sonhava com Florença e· apartament.o perd!do: um ar– marlo de Bolonha. a cadeira Luiz XV acima de tudo, suas oortlnas HChart.re.s" permane– ciam em Nova Yor.tt, custando– lhe cinquenta dotares ao mê.s. Um amigo mlllonárlo vetu– lhes em auxilio, oferecendo-lhes uma casa de campo na costa. da CaQlfomla. - Callfornla1 Onde o homem adquire alJ'Tla no\'a. Com alegria os idealis– tas mudaram·se um pauco mats para oeste. segurando-se a no– vos sustentaculos de esperan· ça. E para encont.z'a.}os ocos! A casa de camJ)O do núllonárto nchava-se perfeitamente equtpa· da. Era talvez tAo eoonomtcA de trabalho quant.o seja poS!ll· vel : aquecimento e fogão ele· tricos, cozinha esmaltada de branco e perola, nada que pu– desse produ;tr sujeira. excet.o o, ser humano. Eles eram "llvres" - llvres de ouvir o grande Pa· clftco martelando a costa e pa– ra sentir nova alma a encher– lhe o corpo. Intellzmente o Pactuco rruir– telava a costa com pavor06a brutalidade, era a torça bruta ela mesma! E a alma nova em lugar de adptar-se docemente dP. :nt.ro de seu corpo, pareclr.. apenas morder a velha alma. Jogando-a para tora do corpo. 5entlr que a. gente está debaixo da mais cega e arrazadora !or– ça bruta; sentir que a adoradK alma de tdealtsta está sendo ex· pulsa de dentro de nós e uni– camente a Irritação ttcando em seu lugar; bem. nlio 6 nada agradavel. Após cerca de nove meses os idealistas partira.m do oeste ca– lt!ornlano. Tinha sido uma grande experiencla,.est.avam sa– tisfeitos de te-la tido. Mas 110 final das contas, o oeste nâo era o lugar para eles e eles sa– biam disso. Não, as pessoas que deseja.ssem nova alma que rt- A N DR E' GIDE. (ConUnuaçl.o 4a t .• P•I l sob qualsquer condJções, exibiu a toda gente a sua v1da tntlma e aecreta. Em meto sk ulo de urna trabalhosa extstencla Uteré.rla. onde ensaiou oa mais variados generoa - poesia, critica, sotle.s, romance, teatro - encontra.moa montanha.a de revelações auto·blogra!lcas, pedaÇ()f; de André Olde - o escr1tor em ret.alhos por toda parte, despedaçado e dLs.semlnado em 1nW1leraa personagens. Ceda uma delas representa e corporl!loa uma tendencla do seu e.splrlto ou um estado de sua olma, fixando uma etapa de sua vida multlpla e complexa. ecoando como o motivo !ugaz de uma sln.fonla e re– brilhando como uma das facetas de sua personalidade harmoniosa e rica. Andr:ê Walter, Menalque. Palude.s, Allssa. Angêle, Nathanael, Mlchel Marcelllne Bernard. Oliver, F.doua.rdl Vlcent, Vedel Lal· c&dlo - todos sA.o parcelas de Andrê Glde, do tumultuoso ê mul· IICArlo André Olde. o autor ae ·· La. Porte êtrott.e ", soube desde cedo, como toda gente, que multas almu moram na nossa alma, tal qual um feixe formado de multas varas. Conheceu ele es.sa verdade que fora antes elcquentcmente proclamada pela boca de Hamlet. Conhe– ceu desde cedo essa realidade do homem moderno e sentiu que as almas naaclda.s e crescidas dentro dele anslavBJT1 por expressão e liberdade. Enfrentou desde a lnfanc1a. no rlgldo ambiente moral de sua familia. o complexo problema da sua psicologia. e tom ou- . se o espectador L.ranqullo e dlst.ant.e da.s agitações do seu tempe– ment.o e do seu espirita. Em tomo de ai, André Olde via homens que escolhlan1 esta ou aquela t.ende_;icia de sua.s lndlvldua.lldades, uma cu outra alma entre a5 multas a.lmu que se aglt.avam dentro deles e assim criavam um tipo próprio, uma forma ext.erlor adap– t:idn à !ocledade em que viviam e às cJrcunst4.nelu e cont.lng:inctos. d:, quotidiano. Eram t.lpos seres deformados, mut.llad03, empabre– ctdos, que haviam despren do aa rkaa possibilidade de um orga· nlsmo esprltual poderruo e cheio de complexidades. André Olde sentiu o doloroso dea.se abandono para um homem de .sua excelente qua11dade. Ele compreendia, como o grande mestre Montalgne, "que todo homem leva cm si a forma humana condJçAo··. Recebeu essa noção fundamental e predl!!PÕs-.se a vivê-la Inteira· mente. em toda a sua lntegrtdade. Aprendeu e calou-se, mas te negou- de5de a tenra m: cldade. a delxar·se modelar par qualquer rorma exterior, a obedecer a qualquer processo de dl5Clpllna e deformação. Reagiu a toda pressão capaz de moldar a aua peno· nalldade, que procuraMe cla!!ílr ~ sue.s tendencla.s lntlmaa e dlmt– nulr a., .suas poMlbllldade! de enriquecimento espiritual. Viveu ele portanto. durante melo s~ulo, a armazenar 5abedorla e cult.ura, desenvolvendo as faculdades de sua lntellg:encla- tornando•a mals profunda e mais rorte. Andou ele a.Mim. por Quasl t.oda a exlste.nc10. em perpetua ~ blltdade !bica e Intelectual. E' verdade que ali est.ova. na Norman• dln, em Curn rvlllc. a 5Ua mnnslo r.enhorll. a herdade da familia, abrigando o.s .seus livros, o seu plano e a 1,ua Emmanuile. prlma e esposa. Mas hnvl!lm ainda as dlvenas resldencla.s part.s.lenses. as cons· tantes viagens à AJrlca do óorte. e depois- ao Oriente, ao COngo. ao Lago Tcho.d. h. Rusala - arcra os repetidos passeios pelas dlve.n.as regiões da França e excursões pela Inglaterra, Alemanha e Jtalta. Nomade e Proteu. Andrê Otde 50freu de tnqulctaçã.o e a moblltdede o llbe.rtB\'ª sempre da rotina do quotidiano. Perenemente livre. sempre apto a acolher e recolher qWllquer sensaçA.o ou tmpreMào. perma necendo naquela eterna dlSp~nlbtUda· de. na " dilponlblUd:ide dIde.ana .. , ele u mtnhou pela. exls1':ncla com um caderno de notas no bOl!:>, altos pensamentos no cerebro, ele– vados se.nUmentos no coraçAo, e um J1vro - sempre um bom llvr:> - no. mão. Leu multo, teu quasl tudo o que tct escrito neste mundo: autores romantlcos e claMlco.s, Hgrados e profa nos, or doxos e he• retlcos... Procurou n verdade no. vida e na arte, procurou-a por tad e parte numa lnvcstlgaçào ansiosa. lnces&ant.e e sincera. EscrC\'eu mi· lhares e mllha.res de páginas. E6tudou botanlca, com fervor e pai· xão. E ma.rtlriznva-.se horas seguidas a.o plano querendo atlnglr a perfeição na tnt.erpretaçAo de Chopin. Debu.ssy e Cesar Franck. O ahm de cultivar e alimentar dentro de si mesmo tantas a.l– :mu diversas e exigentes não podia deixar de ~ r bast.ante perigoso. Abismos scbre abb mos abriam a.a goelas à belra do Itinerário de Andre Olde. Ele. Porem, da.nsava sobre eles com a leveza e a maes· trla do daruarlno experimentado. 08 demonlos multas vezes lhe embaraçaram os pa.uos, ma., o homem enfrentou-os de rronte le– vantada, de vlaelrn erguida, lut.ando denodada.mente, err\punhando at- auu anna.s prediletas : a a.nallse minuciosa e alncera dol aeus !enllmentos lntlmos e a , ·erda.de pa.ra consigo mesmo. Atravts de suo. obra va.stl!slma., em cerca de qun.re.nta volumes e, principalmente, nos quatro tomos ele " Journal ", 1t~ stst.lm' :s, de 1889 (Coou.nua na u.• pa1,) ';f!":' ErC::..,º J:i"~e~!~ de desenwlver um pouoo mais sua alma antt,a. De qu~quer maneira, nlo Unham sentido oualquer influxo da nova ama na costa californiana. Pelo con· t.rarlo. em~~ ::i: ma~:i. ~~ ram a Mass&chuS5t.ts e ftzerao uma visita aos pais de Vatarle. l,evando consigo o filho. o, avós saudaram o garoto - pobre cri– ança ex-patrlada - e mostra.- ~~-5\rJ>:r~~a fr~~!.mé':~ trios com Erasmo. A mãe de Valerle disse francamdlte a Vs.· lt'rle um dia, que Erasmo devia arr&njar um emprego de maneira que Valerle pude1· s~ viver decentemente. Valerte alth•amente relembrou é mãe do ltndo apartamnto no Arno e das coisas Hmarav11hosa5• no armaum de Nuva York e j9, •Vida maravllhosa e compensa• dora " que ela e Erasmo haviam levado. A mãe de Valerte dls:e que não achava que a vida de . sua tnha parecia tão mara71- Jho.sa presente.mente: sem lar, com um marido ocioso aos qua– renta a005 de Idade. um tuho para educar e um capital que 1a swntndo; para ela era o con– trario dt maravllh05'). Deixa qu• Erasmo assuma algum -tuga.r nu– ma universidade - Que lugar? Que universi– dade? - Interrompeu Vale:1e. - Isso se poderia descobrir, considerando-se a.s amizadei de. seu pai e .. habllltaç6es de Eras· mo - respondeu a mi.e de Vale– rle - E você poderia consegulr retirar as suas val1osa.s oc.u.sas do armazem e possulr um 1nr realmente. adoravel. que quAl· · quer peMO& na América se or· gulharla de visitar. Do modo que e.!itá .sua mob111a. oome~lhes a renda e voc!s estão vivendo co– mo ratos num buraco. sem !u– ga.r para onde tr. Isso era pura ,·erdade. Valert, começava a amtar por um lar, com suas •cotsas'". Naturalmen·. te que ela poderia ter vendido ~u& mobilia por uma soma res– peltavel. M.. nada Induzi-la-la a fazer Isso. Tudo o mat., po~ !'la desaparecer, rellglões. cu!· tura.s, continente.a e esperanç.'\s. Valerte •nunca" .se separaria da.s "coisas• que ela e Erasmo .tinham colecionado com tama· nha paixão. Ela se achava pre– sa a elas. Mas ela e Erasmo ainda não demUram daquela llberda~e aquela vida cheta e bela em que haviam acreditado. Era.mto a– maldiçoava a América. Ele não Hquerla" aranJar um meto de vida. Ansiava pela Europa. Deixando o filho a cargo dos pat., de Valerie, oo dot., sonhado·. res partiram uma vez ma.is :u· mo a Europa. Em Nova York: pagaram dois óolares e olha· ram durante uma breve e o.mar– lt:l hora para suu "oo1sa.s". Em– barcaram na "clas5e dos esbJ· dantes", tsto i. terceira. Sua rendfl agora era de menos de. dois mil dolares. em lugar de três· mil. E rumaram eles di– reto para Para - barato Pa· rJs. Eles acharam a Europa, deat.a vez, um completo tracauo. - Voltamos !eito c1es para o nci,. so vomtto - dls.se Erumo - mas o vomito irrompeu ante.a do tempo - Sentiu que não poderia suportar a Europa. Ir– ritava-lhe cada nervo do co:-– po. Odiava a Amúlca. lgu&l· .mente. Mas a América. de qual– quer tnanetra era um espetacu– lo mais agradavel do que e.111;11' continente míseravel e imundo, e que nAo era nada mais t>;i· rato. afinal. Valerle, com o coração voltado pua suas "colu.5" - ela ardia realmente de desejos de retJ.rá– la.s daquele guarda-movei.a, on• de Já estavam hA cerca de U'As anos, tendo devorado dois mil dotares - escreveu para a mãe dizendo que achava que Eras– mo voltaria se pudesse conse· gutr algum trabalho adequo.do na América. Erasmo, num esta· do de frustração que con!lnava com a raJva e a loucura, per– corrJa a Ita.lia mal-vestido, com cs punhos do paletó descosidos e odiando tudo profundamenu E quando se encontrou um lu– gar para ele na Universidade rle Cleveland. para ensinar 11- teraturu. francesa, italiana e eapanh,ta seus olho5 aperta.ram– se e seu rosto longo e estranho tez-se mais tino e mata parecido <"om um camondongo - de agu- . da raiva sopltada. Ttnha qua– renta ano., e queriam que acei• tas.se um emprego. - Acho que &ena melhor você aceitar. querido. Voe~ não Hga ~J! 13 es~ ~f:· e°::bad~J~ orerecem-lbe uma ca&a no ter– reno do colegto e ma.mãe diz que nela há um qua.rto par& to– dH u nossa.a ootaas. Acho que fartamo, melhor telegralando ··ace.tto", Ele rungava pa.ra ela. t eito um rato encant.oado. Chegava qua· ae a esperar ver peloa de rat.os baíançando das venta■ de ,-eu nariz amado. - Mando um cabograma? - perguntou ela. -M,andel - explodiu ele. Ele era um homem mudado mas quieto e muito menoJ trrt– tavel. Haviam tJrado um peso de clma dele. Aaora ele estava preao. Ma& quando fitou o 5 tornos de Clevelandla, enorme e pa– recendo a ma.lor de todas u noreatu negras, com CL1Cat.u rubru e branca-Incandescentes !JORNAL DE POE De um cad s s . Não hi rtgorow:nenta uma Idade apecla) para • ~ O poeUco não pode oscilar de ac6rclo COIII m1llaçOea bllolldeu. _O .. ttmento da poeata. entretanto, enlta-se na adolelcené:là, ele - forma que nlo se recupera mala. Nlo se trata. porim, de DIIIIJ_,.. lação verdadeira entre nosso eaplrlto e OI - B' ......, ~ · rêncla. Emprestamo& aa powaa Ilda& o que eJu lllt, P .'!'.'!.D~ mesmo tempo perdemOI IU&a qualldadea ...saclelru. - .... assvnto é monótono. X Z X Ji não ae eocreve multo poesia de am4r, A or-5 embora seja de lmaalnaç&o que a procura n1o tenha tanto n..... tlltlJnos anos. A "dor de Meoelau" eh-• - pelos poeta& novos aaaustad<» pela •banalidade" do -. 'DI fato não existe nada que explique coa'flncentemente PGl..e • amor' e .o veno costUmam acontecer stmult&Dammle - ~ e poetas. Porm. por um ~~d~lcll de obJetlftNe. alo t -– que a poesia se afaate de da& emOQ6el mala llmDIII: ·4 vli'tude do poeta de nosaos dlu, aJÜI dlllO. nlo • Nnla ila a original poema aobre o deovlo d& lus est,:lar, e 11!11, ~ ......... em uma cançlo que falasle da& __,, oi -lenllclí-ó _,.... Poeola de amor é _mala dlflcll e mala ftl'dadeln. Há um sentimento eapec!Jloo mUlto sutil: o que aucede a quem volta a pé para cua. de· 1JOL, de qualto horas d& manhã extinta& toci"5 aa pmatbllldadu de convtvencia noturna, e !lO Inicio de uma r~ 1t1a· ve. E' o que ratsamente. deno– monamos Hpoesla da volta". A 's vezei sucedem ooll&a pa– veo neosa hora, aigwnaa oonfl· guradaa em ep!.,odloa exterloree. outraa provocadaa alrnpleame:i· te pelos penumentos lnUmas de quem volta, eses obacuroa e pa· tétlco& pensamentos que fre– quentam, paenu a ante-m11.· nhJ.. O caao do pio é apeou um bom exemplo. Aconteceu com um de noa.. SOS melhores pootaa. Li la ele. lidando o demonlo da volta, o ~ri~qu".n~u d~~,:; um 10m engasgado, maW!co proferido aern duvida pela pr– gan1a de um bicho. lira um grilo em que entravam ..,_ tia e valentia a um temp0 de– sespero e raiva. Atravéa daa sra • dea de um vlarlo em Ipanema os olhos do poeta entra outrcs p · llnaceos. dlstlnllUlram um ma– gestoa> pio Rbodea .._. vel l)Ot aquele canto rldlculo e dramatlco. Devido certamente ao !mlperamento bel~ qu• se adtvtnhava em ■eu parte. o galo fora apartado da eonvl>e1· ela de ouas eapoaao P!'lltllltlna e t.,olado em gaiola aparte. A gaiola. porem. era muJto pe,– quena para ele, de nobre Mta· tura, obrigando-o a manter o peocoço dolorosa e humilhante• mente recurva.do. Com a aumm ctue deapontava noa beirais dl\ . rua VL,conde de Plr&Ji. o pio queria cantar. Ohl nunca • · berernos o que 6 • aurora para ~J~~ r:oi: f~':"i,ar~ can~ tar, e 6 preclao cantar de qual• de metal Jorrando e pequenos gromos de homena e terrlV11la barulhos. glganteooos ele dl.ue para Valerie. -Diga-lhe o que qulzer, Va· lerie, mas Lato ~ • maior colsa que o mundo moderno tem parn noa mogtrar. E quando estavam em su.a moderna caz1nha Junto ao co· leglo da Onlverlldade de Olen· Ja.ndia e aqueles abaUdoe res• tal da Europa armarto de ~ lonha, estante.a; venezia.naa. ca• delras do blapo de Ranna. me-– kinh&& Luiz XV, cortinai -'Chartrea", lampadas de bror,· r.e S1ena, tudo estava arranjado e parecendo absolutamente oo– ,·o e ... 1m cauaando rorte lm· preado: e quando os aonhado– res Unham recebido a vlllt& ~e =a~~~doEr~~~~~ umo exibição de RU melhor e,– tno europeu mu ainda butan– te cordial e amerlcano, e Val" rte tinha-se mostrado uma da· ma por tudo aquilo, •nós prefe– ri.moa a Amútca", então Eru– mo dlaae fitando-a com ostra· nhoa I aJUdos olbos de rato: -A EUropa pode eer a ma.lo • nat.e, .. 1-' bem. Mao a A!M?!ca é que no, fornece a velha e bOa lagosta - heln? -Sempre! - respondeu ela com aaUstaçlo. E ele ptacou para ela. Ele ea· tava pre10; maa 1' dentto ~a seru.ro. E ela, evidentemente era ela meama atlnal. 'nn.ha conseguido oo movela, Contudo em volt& do nartz dele havia um eatra.nho maldoso e esoolf.s· tJco olhar, de 1111111 ....._ Mas ele ........ ~ quer Jeito. .._, ~ ofendido, o n<ao pio ma, talvez por ~ ele por aentlmentlll do de,s, Por outro lado, -ãl remos bem o ciumo aMlt. épico na alma ele 11111 mais dellcadamellte IDe!Uljri. O IIOIIObardo. llOI' ....... sentiu 110 epla6dlo do 11aLA lnWllllclade ele uma ~ =- OI ~ Dulq"M ti OI lmpet.OI ela ~ , do IUblt&mellte- flúlllD vent.oo d& poeola, ali, • ela madrupcl&. ele 111'11111111.1 pio uma apõolrote ....,. • en&-sk:a, de peito lllllldo. b 90 --· º J)Clllíl,H. contou ele mesmo o Ji nlo II lemllnlu llO •_. cutnte do que di-. a alD • r.e ;:- ..:-=t ,tora ·T' • 0AL01•••• a- o quedi- dltl& ~ r:::: =~ ........ tudo a,ln a _. e IOlllll to, daa colaaa. º3' • DOlcarrnilled llllltill- tulodo por ln 1 .... ~:--,.. Soa ____ ..., Diante. por,Jm, ela dlf... - ln! o que IIOllbe e llijulJo qw 11111. deacontlo que milito i....-... l&ttf lndlpntemmte ...,= • A proflllldfdade• a, POnlemoo llem d.-, M'LII.S::, OII lrtl ._. e. W =elcom~~..r'; l'.Z~~-· A 1lorla de llr 11c1o o prflll4'ó ro MC?ltor que dtNjou - entemente ..,. _. pertencei Mallarm6 POt ille. oi.mo · feoaor, a quem OI alilllol lidavam ~te •Ia , ::;~~to~..:.m:1!.. iJ dulpntement,e •mon cber .IIOIIII ~~=--~ "' para a publleado de IOll doa seua poernaa mall podel– , ..,~ - J,'Apres--KldJ d'uni. Paa• ne• - foi eaae bomlm luunillw e humilhado que- 1e awmural em um aonho de dumedJdo or– auJho. e cuJaa ~ e a. r11os. nlo obstante todu a, 1111- mena,ena P01:teriorll. nem OI ~P~OI poeta& aftllaram •W iema delcoberta, OI JIOIIIIU da Ohamt OrandmouJlD ~~­ tologla, Nlo f um ""i:utíõi.-;' =--=~ IIIIO, J' . e Al,una .x,emu mullOI Jat. ~N:"·o~em~ ~~:. lea. vemoa • lllp ela cld..ie cimenta. a ......,=....,_ 1ada. mu uma , NII. em que • ix-moa 11111 f:,: .;,,,--:-:d;.::-N=. e até encon"- DIio •a_., la·Jet .t.re •, ver- DtrUdianot: •Tout. Juaq·au reataurant. IM nna triate et rarouc:11e·. Em uma cançlo lllllllcaUlllaa <• La Cbanaon dei M.ouchaº>, u,conizamoo - _T_ cblllll de outllfta e mallct.: "Quancl par Ia ,_ da 1-c~ Not -1ma erram "' JIIO" Tourment un lnalant ~ Bt para la porte 110U1 Nn• ltrona•. A d Gd "I ,, n ré i ee es nourritures terrestres Pa.ra uma nova edJção de •Lea Nour· rlt.ures t.erre&trea", lançada em 1927- há pre– clnment.e Vinte anos -. Andr~ Oide e&ere– veu o seguinte prefacio, traduzido para n nQõC ldk>ma por Valdemar Cavalca.nll "Procuram comunent.e encerrar·me neste manual de- evasão. de llbe.rtaçlo. Aproveito esta relmpres.são para aprese.nt.ar a novos lelt.ores algu· mas reflexões que procurarão reduz!r·lhe a 1?L· portaocJa. att.uando-o e JmtUlcando-o de ma.cetra maIs precisa. 1:' - "'Lea NourrJt.ure, Terrestres• do o livro. ~ não de 1 enfermo, pelo mena. de 1 conva~ lescente restabelecido-de algucm que esteve doen· te. Mesmo no .seu lirismo reflet.e-ae o exceuo de quem ie agrura l vida como ~ qualquer colsa que eAt.eve a pique de perder. 2.º> - Escrevi este Uvro nwn momento em que a literatura 1entla rurlosameot.e o artlrtcio e o baUo: num mome·nto em que me parecia ne– ceuldade urger.te taz.e-la de novo tocar a terra P pt.sar o aolo com pés descanços. Att que ponto êste livro oonuarlava o goa:to do .:11a. 6 o que de· monstra seu total insuctaso. Nenhum crltlc.o escreveu M>bre ele, E dei anos. venderam·&e aut· escreveu .sobre ele. E dez anos. venderam-se exata· mente quinhentos exemplares. 3. 0 ) - Escrevi esie Uvro num momento em que pelo '!aumento acabava de rixar minha \1da. num momento em que voluntariamente abdicava de uma ltberdade que meu llvro. obra de: arte ainda ma.li reivindicava. E escrevendo-o eu era. n.Ao precise, d!U·lo, pertelt.ament.e alncero, nuu hrualment.e alncero o aou no desmentJdo de meu couçAo. 4. 0 - Ac:escento que pretendi nio me de\el ne&t.e livro. O estado rlutuante e dtsponivel que pintei, procurei fixar-lhe 01 tr&QOS como u"' •o· manct.,ta fixa oo de um herol que II lhe aaaeme– lha, mu que f.Je inventa: al~m d.1$IO parece-mo hoje: qu, aqudes traços, eu nio 01 fixei ae.m des– tacá.-lOs de mJm. par as.sim dJier, ou, ae o prefe– rem aem me destacar deles. 6. 0 - De ordtnirlo, julgam-me serundo •te livro de Juventude, como ae a éUca dai •Nourrl• turea'" houveae aldo a mesma de toGa a minha vida, como ae eu toa&e o primeiro a nlo ae,ulr d::1':~ 11~:o ~':i~a~,:~..Jº;r;;, ~!~i ;;,Ate~: mente de Kr o que era quando e5C'evl HL'a N'OUI'• r1ture.s'"' : a tal ponto que se examino mtnha Tida. o traço dominante que nela observo. :onse de- nr a tooon, tancla, 6 ao contrirlo. a fidelidade Baia j~1:!~ª1;t~~-::ite d~a~r•~eq:: c::n:: m!I daqu..-tes !l;Ue antea de morrer podem ver re&• Iludo aquilo a que 1t propuzeram. e- coloco-me rr.tre elM 6. 0 ) - Alnda uma pala\'Ta: all\,llllU peuoas n1o sab:::n, ou nl o querem ver nnte Uno ■enlo um11 glorUlcaçlo do desejo e de1 ln,tintoa. Pa· rece·me que se tTate de uma vtsl.o aJao curta. Para mtn,, quando o ! olhe.lo ~ ma.b uma apoloJla da Hdemudez" que nele vejo E' isto o que con· se.rvo dtste Uvro. desprtzando o :-esio, e f I laa,,, que me mantenho rtel. E' a wo que devo o tG' corueruldc-, como o contarei em seguida levn ai· g:uem, mall tarde. para a dout.rln& do evanaelho. para encontrar no esquecimento dl ai a aato-re.• llzaeão ma !J: pe.rttlta a mab alta exi~ncla t a mais ll1mltad1 perm!J&Ao dr fellcldade "'Que meu livro t.e ensine a tnt.ere11&r•te mata por U que por ele me1010, dti>Ob o 1ntffea&r,,ie meDGa por ti que por tudo o ~ali" AI eatA o qui JI\ podias lu no prefacio e na, úhJmu frUN du llourrrltu,1r \ll'lll.,..,••• lwque lorçam·ma a re– l'lill•IDI

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