A Provincia do Pará 03 de agosto de 1947

A P R O V t N C I A r, 0 P A M A ARTE E LITERATURA Página 7 ---------""-'-------- ........ ------~----~- - ---------'------....;;..;:~:;_--~~~-~~'-------~------------- - Domingo, 3 de agosto de 1947 Amenca---Como ela é C RE P uSeu Lo ReginaPESCE AMAZONICQ XIII Ashevllle, North é~roltno., junho de 19.fi - Atravessan do o Smoky Mountains Na– tiônal Park, fomos sair dv outro lado na Carolina do Norte, a pouca distancia de um vilarejo dos indios Chc– rokees. Ali vivem eles, cer– ca de 3.000, numa área de 60 . 000 acres de terra, reser– vada para os indios dessa região pelo Governo Federa!, morando em pequenas ca– sas de madeira. Dedicam-11• à lavoura. conservando, po– rem, a mesma habilidade em tecer cestas e enfeites de contas, alem da cera.mica, sendo seus trabalhos vendi • dos com facilidade, como "souvenirs". Há, alí, uma es– cola - um ponto de civill - zação em meio áquela gentl! de trajos coloridos e pena– chos vistosos, que conserva sua língua e seus costumes ínalteraveis ao moderniamo que os rodeia. Seguindo mais um pouco. chegamos à cidade de Ashe– ville, onde passanamos a noite. Antes de nos reoolher– mos ao hotel, estivemos num restaurante chinês, onde tra– vamos conhecimento com os quitutes c:lins. abundantes e gostosos, de nomes encren cados comó "Moo Goo Gal Pen", "Subgum Pork Chow Mein", "Egg Foo Young", etc., quasi todos aeompa.nhados do indJspensavel arroz. .. No dia seguinte fomoa i,er– correr a cidade. Asheville tem bastante movimento, po - suindo quatro estações de rádio, belos parques, variO& clubes recreativos, um · dos quais tem sua. pl.scina den– tro de um grande lago, e um numem regular de hoteis de primeira classe. HospedadOf, no "Asheville Biltmore Hc– tel", alí viemos conhecu mais lima novidade desté pais que tudo inventa: a torneira de agua gelada cor– rente, ao lado das de agua quente e fria. para matar o. sêde nos dias de calor, pois pela torneira recebe o ame– ricano agua para beber sem necessitar mais de filtros. Essa torneira de agua aela– da, aliás, sabemos ser usa– da por muitos dos bons ho - 'j;eis americanos. Há uma visita que flzemo porem, que há de ficar, sem– pre, entre as coisas mais des– lumbrantes que conhecermc:-. neste pais: o "Biltmore Esta . te", suntuosa propriedade do do castelo, a péssoa se sel.l•· te pe(tüétUna. áfite aquelá. grapdiósidã.de inàj estõsâ. .. . Repousando sóbre um tàbo • lelro \ierde, extenso, dé relva b a i X a, r o d e a d o d •: grandes árvores, a Casa Bilt– rrtôre, cuja óons1itu9ão obedt• ce à.ó estilo ~enascen,ç;.i, Francesa, Mmeça a mostra,· sua riqueza C:esdé o ex– terior. Dóis leões de n1armo– re do seculo :XV'I vieram da Italia para montar guardr. ao grande portão dé entra– da. No pequeno pátio à di– reita, há unta fonte de mar– more i·oseo, ta,mbem it-alit,• na, do seculo XII, cujas fi • guras esculpidas j~ el'ltáo um tanto desgasta.das pelo pas– sar dos anos. Entrando-se 110 grande solar, hoje silencio– so, vê-se, de frente para. o. entrada, o chapeu e uma l:!Spêcle de capa que perten– c.eram ao cardeal Richelieu podendo-se ver seu brazã.ó ali g,:avado, exíst1ndo outra vestimenta igual no ande.t superior. As grandes sa.Ias, toda:; elas, são cofres de opjetoi preciosos: uma arca espa– nh,ola do seculo XVI; uma eserevantnha francesa. do se– culo XVIII; bronies; porce– lanas; pinturas. Na. parede, ao longo do corredor, vê-se ultla serie de relevos, copia - dos do P rthenon de Atenas· cadeiras artii,ttcas; colunas: e,andelabros - cada peça tendo, a. valortzá-la, um no-· me famoso. A Sala de Banquetes im– prescione. pelo se.u tamanho : t endo o comprimento de ~2 metroa, tem quasi 23 metroe de altura e a pessoa preci– sa dobrar a cabeça comple• tamente para trás se .quitzer ver-lhe o teto abobadado 1 No fundo, à esquerda, ócu · pando quasi toda a. largura da sala, há uma enorme la– reira tríplice, na qual se vê uma gravura de Carl Bitter em baixo relevo, represen– tando "A volta da caçada". Mais acima da· lareira, um grupo de bandeiras, perten– centes às nações poderosa.Si da Europa, ao tempo da des– coberta da Americá, enquau– to que, pendendo ao longr, das paredes, há uma repl1cc. das bandeiras dos 13 Esta– d¼ :..mericanos originais, a– lem ·da bandeira do Biltmo– re Esta.te, durante a Orand-; Guerra, com suas 53 estrelai, tre3 das quais em ouro. A' direita, uma grande pratelel-- .....,.,....,1&-],l.!b,., etos de latãc. redés forradas de éOuro e&– r>anhol trabalhàdô, com pa'r– tes em marmore vermelho. Para corrtl:llnar, a mobma f.,t estofada com veludo geno• vês, em verinelhô e ouro. as larêil•as, que em cada sala 1,eguem um estilo diferente. foram, todas elas, construi– das por artistas e não sabe-• riamos dizer qual a mais lln– da. En'I meio a outra sala há uma grande máquete docas-· telo, sendo aqui ô teto for– rado de um pano escurc), quó caí em pregas drapeadas. Ao longo das paredes, vê-fie aqui uma. serie de desenhos assinados por pintores fa– mosos, alem de um quadro enorme, por Durer, com data. de 1515, mostra.ndo a árv1.•– re genealógica de MaximlUa– no o Grànde. Dóis objetos, nesta sala, chamam partici..– larmente a atenção do visi– tante: um pequeno movel de ébano italiano, do seculo XVI, que serviu de cofre à senhora Vanderbilt; abrindo as pequenas portino!aa, vê– em-se estatuetas, gavetinhas, frisos e minu~ulas colunas de marmore, entre as quais há uma infinidade de segre– do.s que pa$sam inteiramenU desapercebidos. O outro ob– jeto é a mesa para jogar xa– drez, com suas peças artisti– camente modeladas, que pei-– teneeu a Napoleão, acredi– tando-se que esse jogo te-– nha sido presenteado ao im– pera.dor por Lady Holland, de Inglaterra. Servindo-lhe de passatempo noi, seis anos de aprisionamento em San– ta Helena, !oi nesse pequeno taboleiro que o côrso famo– so travou suas ultimas bata– lhu - bata.lhas inofensi– vas, sem as glorias de Aus– terlitz mas, tambem, sem as tristezas de Waterloo ... Existe a tradição de que o coração do imperador, após sua morte, foi encerrado nu_ .. ma caixa de prata, a qual foi colocada na gavetinha dessa mesa. Talvez, numa ultima homenagem ao grande sol– ctado, tenham desejado colo– car-lhe o coração em meio · a um campo de lutas ... Seria impossivel descrever tudo qu_e vl.nlPs na Casa Bilt– more; Não é poMivel, po– rem, esquecer as dooe esta– tuetas de porcelana de Dres– den, representando os 12 Apostolas, as quais trazem, impresso, o escudo das A~– m~ .!mperiais da Austria, a•• (f!epeclál pim, .-\ J'ROVINCIA DO PARA') ll~utr. o murrnurlo etue ,mn da noite, Tra~tdõ peló ventõ que 11opra doidaménté. E'scuta a. prece que canta -a ramarla, Ballàndo lóUcamente 1ei.'l ruido. A noite ehégà; num rapldo mGim~ntó, a tarde morre sem um ·ó :rnspiro, a ah~a vibra Chéla de em1•çi~. e. rio barrento corre má\'\F.ament.e .•• E~uta a hlàt611a 4ue a 11olté escreve, nas aguas barrentas prateadas de luar: E' o grito do ·índio que ouveb na noite ..• E' o brado de guerra da t!llça eurcp4à ... E' o negro que canta ba·r,\lque e Xàng6a ..• São três raças tristt'_s que 1rltan1,, (lue falam, que b!.'adarn · An'H:i.2iôn1a - Amazõnià •. Tuas ·cunhãa, teus bar1utir0&, feu oitro, tuas matas. 1.'eu céu, teu luar, •.rua • t.unllãs, teus bat 11e11 0.1, Tuas lendas, teu pcivo Tudo isso morreu ... 'E a supl~ a que vem nà nol t.e, rrazidas pelo vento solu.;ante. l?erdE?se na imensidão da planicie ..• NAPOLllO FIGUEIRBDO Harold Lasky visto de perto algumas de suas idéias Mary CARDOSO e (l'ara os · "D1Ar10I A.Uoctadoa") P'óra de qualquei- 111entlmento de basbaquismo provinciano · pe– las grandes figuras do cenário iptelectú•l de nossas dias, há, muito alimentava eu uma ad– miração discreta e tranqutla pe– la intelirência e o brilho das idéias de Harold 1.aski. Daí o interêsse com que, no outono ,1e 1945, numa oportunidade que me foi dada de realizar estudos Jl& tnglaterra, me mscrevi <:Qmo aluna nos cursos de ciénçia P\l• Utica por &lo ministrados . na London School of Economict<, da. Universidade de X..Ondres. Apesar do que diz esaa. gente complicada q,ue gosta de citar St>eannan ou Thômdike e que afirma que a capacidade do adulto para memorizar e aaal– mih!,r conhectmentos é mult,o relativa, por~ue a "curva da aprendizagem ' começa a descilr lá. por volta . dos vinte e cinco anos, etc., etc.. tenho para mim quo uma das ~periênc1aa :rna!J curloaas . por que póde passar um adulto - até mesmo a titu– lo de compensação por vér indo distanciar.se tão bela idade - é esta. de f~, vez por outra, wn pequeno interregno nas res– ponsabilidades do trabalho, para uma cura de desintoxicação em alguns m~ de V1da univeral- t ue Pequeno, franzina, metido em roupas britapicamente aperta– das, dono de um bigodinho cur– to e de uns cabelos ralos, repar– tidos ao melo, parece um Car– lltos tímido em cópia suburbana O aspecto pouco professoral tem a agravi-lo a. voz, pequena e monocordia, que, se serve bem como gr'lfo ao tom. de satira em que se diz as coisas mais sérias, é tremendamente enfadonha quando se deMm no terra~-i– terra das explicações. Outra coi– sa curiosa, a destoar da . inteli– gência poderosa de Lasld, é a preocupação, quase 1mpertinent,i com que persegue 6le o efeito cômico em suas .aulu, a pont,0 de parar às vezes em meio à preleção, à espera da reação da classe à ironia que, mata sutfi quo (\e ordinário, não naja pro– vocado e. gargalhada coletiva. E êsse aspecto, que atrê.i a juven– tude e é sem dúvida um dos fatores de SUC8S$0 dos OU:808, porque torna suas aulas vivas e divertidas, desa.grada ao espec– tador um .pouco mais maduro, pelo que furta à dignidade do mestre e à grandeza dos assun– tos versados. Afóra isso, é fas– cinante acompanhar a clare:r.a. e precldo do raciocínio laskJa– no e, sobretudo, a decldo e c:o- uue. num tra- Dará a França o sinal de insurreição do espirito? Georges BERNANOS (Copyright dó Serviço Franc!s de Informação e do "Carretour" de Paris). Construir m4Quinas foi !tP't· pre um& forma mUito legiti– má da. àtivid de humana. Mas é o sinal de uma espécie de :t,erversãõ qué a atividade hu– :tna~a. se áéhà quase toda di– tltidà para este fim único : ó tabriCô das máqufna1. E , se Q.ueremos defintt essa espééte de pervérllio, necessiqimos an– tes . de tudo eaber, penso eu, qual a sua ortgem. Claro que t.omo . aq,_ui . em oonslderat;ão as oirouns~clas ec:onõmica.s, a cblo&.a.l ''avaltulchf)" pa,ra o luoro que _maro& Oõ ))rinc!pios do sé<lúlo xtX. Aoil pl'lmeiros capltalista.s, a llláqulna não petmitla apenas :fabrtcat mais, é mais depressa.: tltilla tam– b6m para. éles, a lmenaa van– t ern de fat.er baixar ó pte90 da mão da obra, tnúlt1plleand6. ao mesmo tempo, o numero ae mitleriveis; dtvà a0e patrões o prMIQio ~oao de ri– xarem a tax3, dos salários. Mas, supondo mesmo que os capita– llstaa tossem ca.p•zes d.e impo. má.quinas, j&mals podoriam fazer amâ.-11111, antes pelo con– tn.rlo, talvez a.s ttzesse odiar. O homem mOderno, por6m, não odeia as lnl,qutnas, como ü tas se lhe tomaram indis– pensávelll, tendo que a adaptàr à &las o r1trno <ta sua vida. Assim, a máquina dispõe ago– ra. quase como uma amante, do seu trabalho e de seu repou– so; entregou-se-lhe, ligou a ela sua sorte tão intimamanoo, que já não sa.be como se despren– der . "Qu,1;1m vencerá, o homem ou a máquina?", perguntará. o leitor. Mas que ee possa susci– tar pubUca.mente esta questão sem surpreen4er ninguém, que possamoi; efiôarar t. hipótese da euJeição do homem às mA– quinas saídas de auas mãos. não será ji a prova dum desequlllbrio profundo, .d,uma l)écie da demência, coletiva ? Não :ierá també?Jl a prova de que a paixão do homem ino– derno pelas mé.quinas não , de forma alguma o exa{:ero dum sei1timento natural, ma& a prova de uma ho,:rivel renun– cia de si mesmo,um ato de de• missão? Nfto Ipl precisamente o deses– pero do homem quem inven• tou as m6c;iuinaa ; a., cu-cims– tt.nclas favoreceram sua inven– ção e propagação num momen– to em que o homem começava a duvidar de sua v!Jia. o de– sespero do homem ·apossou~se dela,i, e nelas exprime, como numa. linguagem secreta, seu .ódio cada vez maior pela vida 1 Nossa. atividade histórica pode dar, talvez, aos ingênuos a ilu– gão · dum amor de!Ordenado pe– la. vida. Seria o inem:10 que di– zer l\Ue o prôdi!f.O, que · lança dinheiro pela janela, demonstra assim seu &mor ao dlnhei1-o. Não quero d1z.er que o homem moderno odeie conscientemente a Vida; mas penso que odeia, como acumula ruinas e enche os depósitos de mortos, porque não se pode eso.uecer o homem. em tempo algum, põs uma lu-: cidez tão horr1vel em destruir a vida e as obras da. vida. Ta.1- vea ue o mem moderno ató bemos perfeitamente, ao cOl'l– trá.rlO, que uma impiedosa so– lidarlêdade 11ga os crentes aos sem crel'lçM, que o nível ~a impiedade sobe na proporçào exata, e na medida estreita em qué baixa. nos cristãos, ô nfvel da divina caridade; e eSfle nl– vlH pode cair tão baixo que a tgreja, por seu turno, como nos foi predito no 23. 0 Domingo após o Pentecoste, conheça um dla. as provações que esmaga– ram outrora a Sií'lagoga. Em vez de meter, orgulhosamen– te, d ballU> do nariz de n0$30S irinlos extraviados a letra duma lei, oujo espírito não pudetnos ! uer triuruar, deviamo~ tratar de comprejndet que, se por det r~naçao de Deus II pela Aguá dô batbmo, nós mos rersponsávéis pelos impios, eles não são responsáveis por nós . O mundo está doente, muito mala do nte do que se imagina, e ó antea de tudo o que é pre– clao reconhecer, J )jl.ra nos apie– darmos dêle. O mundo e1td. ameaçado de pereeer, e os dou– tores parece que só se inte- 1·0:isam pela sua agonia para tirar· dela os argumentos fa– vomveis a ii1eU1 temas. Se a agonia do mundo pode justlfi– çar 11eus temas, não os justl– tlca a ele.s, mas condena-os. Advertem, . prescrevem, conde– nam, mas melhor fariam se amassem, porque a solução não consiste em ver o mundo em termos da escola, mas, an– tes de tudo, em cura-lo. Man– tém-s0 fieis aos velhos méto– dos de col,gio que só visam o co.ncro, 1,ràtando o deses])el'0 por meio. de pensos. Nio buta dizer que 6 prec salvar ô nmndo das n'l;áquln11à . E' preciso primeiro, redimi•lc:'h Redimir é bem a palavra que convem, porque sua situação a respeito das máquinas, é exa– tamente a do devedor in~ólven• te que a lei romana .tornav~ escravo do credor. O homem das máquinas não ameaça de pertencer um dia às má.quinas, porque já. lhes pertence, isto é, pertence a um sistema, éêó• nômico que liga cada vez mala estreitamente sua sorte à das máquinas, à construção das iná.• quinas, ao desenvolvimento • aperfeiçoamento das roê.quinas. Seria, pois, absurdo se pre.. tendessemoi; libertar o mundo por meio de unrn revolução eco– nômica. A organização econõmi• ca. do mundo é adm!ravelment& lóglc~ e coerenne, desde que se raciocine como um economista., quer dizer, sem tomar em con– sideração oa valores mora1s, que não. é põssivel reduzir a cifras. Para se chegar a estabelecer o sl.stema, ·seria necessário uma. revolução espiritual análoga à de dois mil anos, quero di~er, uma nova explosão da~ fo:-ças espirituais do mm'ldo. E' pre– ciso, primeiro, e antes de tudo, reei;piritualizar o homem. Para. uma tarefa dessa nature;ia. já. é tempo, jã é impcrio~amc;1r.e tempo de mobilh:ar deprcsaa, custe o que custar, tocl.az as forças do espirito. Dous quei– ra que essa palavra de o:-dem parta de meu pais, hoje humi– lha.do. Deus quelra que a Fran– ça tram1mita. ao mundo e~.sa mensagem, que o mundo e!pera, e que lavará a toda a parte o sinal da. 1n:surrelçlo do Eapl– rlto ! A festa no 1l\lcant il Monte BRITO (l'are. os "D!árioa Assocladoa) No dia 14 de julho último, que o vento levou nessa onde de frto, fez êste modesto rodapé o· seu primeiro âno; sendo o que é, afigura-se-nos a 1g um a coisa. Floro descrevia per antecipação o pais das nossas letras 1 quando falava de um atrox coe um, pe– rinde ingenia. Sim; é rude o clima e a gente não lhe fica a dever nada. Mas, não são ns agonias do quotidiano que nos matam; é o desespêro. - E o desespêro começa na solidão hu- ma:ua. · Estamos !6s ? i!:sse aniversário nos permite uma ligeira patada e, para en– cher a parada, um olhar sôbrc> o caminho percorrido. Entramos por êle, ao gesto de uma forte mão amiga, na crença de que, por menos que pensemos nisto. o escritor tem deveres de rei e de vigia; mesmo quando o últi– mo no seu meio social, o aeu destino é 15empre uma realeza sôbre as almas e uma vigilância sõbre os tempos. De certo, êle é impelido pela sua época; mas, indo à sua frente, guia-a. Quem guia, ~overna; mae, q~~m gov.er - vã. dos sàprou,ltas : teto efa,, precisamente, o seu devel". Por– que, o dever do asno está na defesa da gamela. Incap:.z de viver em comum com a vida, que floresce no amanhã, t;SL<& 11ubvermina imemorial - às ve– zes biológica, às vezes literárll\ - se apega à putrefação do :vre• térito e quer, contra vento • mal'é, eternizar aquilo que, pur natureza e por definiçãc, é tran– sitório. Depois, na imensJdaul! do drama a que · assistimos, e que representamos, perde qu,,!– quer sombra de sentido um c.d– jetivo a mais ou a men.os pr,!,• gado às costas do indiv~~uó; perde qualquer sombra de r,e11- tido o próprio individuo. Nilo; u nossas vaidades são, ugo:'s., apenai! as aniles fabulae, de Quintiliano. Há. mais em que pensarmos, que não seja a 110;::– sa nihilidade - la nihll!t de l'humaine conditlon, que assuJ• tava Montaigne, na fraca me– dida em que Montaigne &e P'l• dia assustar. Não entrávamos assim, pol-., o norido . limiar de um jardim. ma.s o limiar vermelho de uma --•---

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