A Provincia do Pará de 26 de abril de 1947

Sábado, 26 de Abril de 1947 VIDA SOCIAL 11 I-IISTORIA DE TEATRO[ ~o! csco:hida a peça, um fa!J11;losissimo drama, cheio de exclam~: ! çóes, raro o dialogo que não iniciava com um "6"•.Era "_ó"!, 1a, de regresso?", "ó, como tens passado?", ó pra cá, ó pra la. Cow, t,a e:r:1b~ran-eia de "ós !" tornava-se justo que os papeis fossem de– corados. Marcados os ensaios, confeccionados os cenários, escolhido o ponto, 'fuando estavam todos mais ou menos se.<1uros, foi anun– ciado o dia da estréia. · .. Nepomuceno, alto e simpático, fazia o galã, apaixonado conae , 1 que, levado por intrigas e cartas anonimas, mata por ciume. Era eu , o acsa;osinado, pap'?l que recebi com certo desgosto, pois não teria a;;sim direito de aparecer no terceiro ato, cuja ação se desenrolava no cárcere, onde o conde sofria pelo crime cometido. Tentei con– vrncir o diretor de que eu poderia fazer também ·o papel de car– cereiro, bôa oportunidade para usar minha habilidade em caracte– rizações, mas o homem disse que não ficava bem, era rtdiculo e gente para interpretar as personagens não falta.va. Convencido, dediquci-:ne unicamente e com apreciado afinco ao que me fôra entregue. Estudei-o so2inho, poses diante do espelho, fa2endo um jogo de expressão oue, para mim, iria causar um sensacional efeito. Nos ensaios, as cênas se repetiam, o diretor achava que nada saía certo, que Nepomuceno era um cavalo, que eu não sabia me loco– mover, que Matilde, a condessa, parecia mais uma cozinheira. En– Jim, 0piniões desesperadoras que nos faziam duvidar de nossas pos- ' sibilidadcs ar;ísticas. Aproxima-se o d.ia da estréia. Imbecis, cretinos, assassinos de peças eram os amaveis elogios que aos nossos ouvidos jogava o en– saiador. Não fosse nosso forte desejo de aparecer em cêna, de me– recer palmas, de nos apontarem na rua, teríamos abandonado tudo_ vara prejuízo de uma sociedade beneficente qualquer que arriscou dinheiro nos cenários e vestimentas, prevendo vantajosos lucros na montagem. A verdade é que a casa estava fá toda passada, aumen– ~avam. os pedidos de entradas, camarote pro doutor fulano de tal duas cadeiras para dona Mimizinha, fri2.a não sei pra quem, trinta varandas para o Genesio. Pelo feito, o sucesso seria estrondoso e, pelo menos, falta de público não teria o drama. A sociedade contava ainda com uma reprise e mais uma mattneé. Entr_ávamos pela noite, até de madrugq.da, ensaiando. Almoça– vamos, 1antavamos e quase dormiam.os no teatro. _(lconteceu, porém, o imprevisto. Nepomuceno apaixona-se, na realldade, por Matilde. A pequena corresponde aos sentimentos do rapa,'.!, cousa . que aliás, confesso, me abalou profundamente, uma Vf-Z que de minha parte, a respeito tle Matüele, espera:•a apenas O&'a– s1ão para me declarar. . _N_ada demais, um namoro entre Nepomuceno e MatilM, não há duvwa; Nada demais para o público. Mas, para o ensaiador, foi u_m faro dolo:oso. Nas cênas de idilto, Nepomuceno, diante de Jlla– tzZde, ou seniado no chão, repousando a cabeça no seu colo sentin– do caricias no cabelo, já não era mais o natural. Soltava 'um •'ó 1 a~oro-Ee !". ~om inton~ção d~ espiquer anunciando dror,·as, e par~ dzzer . delzczosa emoçao sentz quando te encontrei pela primeira, vez, o, querida!" demorava quase cinco minutos. Esta_va perdida a peça. O diretor se lamentava: ninguem cor– respondia aos seus esforços, ntnguem reconhecia seus sacrifícios. E, quase criorando, pedia a Nepomuceno: por favor pelo amôr que v~ce tem à sua mãezinha, não se afete. Fale de;agar. Diga seu azalo{JO sem declamar, como se estivesse conversando naturalmente Nepomuceno prometia dominar-se. Porém, punha seus olhos no rosto da condessa e lá vinham os "ós /" derramados que se prolongavam. · ' . • ~• ú!iima ~or'!, angustia<i!J, o diretor . resol;e tirar o papel de N,eP,~muceno. l!ana eu o Qala, de vez que havia decorado o papel 1 / 0 aoza quase toda a peça). Puz de lado a amizade que me ligava a Nepomuc~no, a vaidade e o egoísmo me venceram. Aceitei. En– i,etanto, cl;zante disw, já Matilde não desejava mais fazer a con-1 aessa. Crises, _lamemações, indignações e desaforos. Mas veio a calma. No meio de to~ a a confusão, ele gritos e discu3s6es Matilde 1 ~uV,:•, nu~i, c~n,t.º:,,ªs cretini<;e~ de Alf7:edo, que fazia o papel' de mor- i ,..,o...o_ e, , cp..,na1o,.mente, inicia com ele um namoro feroz que ofen- aeu imensamente Nepomuceno, - M. ' • • • A:r-HVERSARIOS Sr. JAMÀCIY BEZERRA DOS S.~1-r.1.'úci - Comemora, no dia de ho,a, o seu aniversário natalício o ~r. Jamaciy Bezerra dos Santos: que na praça de Belém emprega suas atividades como representan– te de várias firmas do sul do pais. Srta. BELIZA ABTIBOL - A ciata de hoje assinala o aniver– sá;:io natalício da srta. Beliza Abtibol, filha do sr. M;ircos AbóiooJ, comerciante e industrlal nesta cidade A aniversariante, qtJe é profes– sora normalista, diplomada na última turma do Instittito de Educação, e um dos jovens ele– mentos do Teatro do Estu.rla•.1te PROCLA:\i.\S DE CASAM.<.:S.,,,!S ! Estão correndo os proclamas '. .t, .- c.i. "v,~ntus de. 1 Gregório Henriques Reis, por– tuguês, motorista, residente à , travessa Humaitá, n. 1106, nesta cidade, com a senhorinha Nagibe Tufi Kezam, natural do Pará prendas domésticas. ' --Osmarino Monteiro Valino, paraense, motorista, residente no Telegrafo Sem Fio, n, 15, com a senhorinha Mintela Abibawad, 1 natural do Território do Guapo- l ré, residente nest_a cidade, à rua 1 Rodrigues dos Santos, n. 91. --Anselmo Simões Pereira, lY\mÀr,-..i~.rin rlnn-d~iliortn 't"lo.c-i-n n.;~ 1 A PROViNCIA DO PARA C onvite Ficam convidados os fundadores da projetada sociedade anonima em organização, denominada "CENTRO TURISTICO E RECREATIVO D'AMA– ZôNIA", destinada a explorar piscina, corte de te– nis, bair, restaurante e outras, em via de realiza– ção na travessa Lomas Valentinas, para uma reu– nião no próximo dia 27, às 10,30 horas, no restau– rante Garés, à rua Quintino Bocaiuva, n. 0 703 a 709, afim de ser resolvida a constituição definitiva da s0- ciedade, bem como a designação dos peritos que de– verão avaliar os bens oferecidos por um dos fun– dadores. Belém, 26 de abril de 1947. Pelai Comissão Orpni:zooora ANDRÉ GAMS QUARTA-FEIRA, DIA 30 SENSACIONALMENTE (915 O espetáculo monu'mental que assombrou o mundo inteiro! - em TECNICOLOR. O F ANT ASMA D A OP ERA a NOVO ESTABELECIMENTO DE MODAS FUNCIONANDO EM NOSSA CAPITAL - - --- CASA SILVA é a denominação do novo estabelecimento de mo- das ofAf'P~irln P, f :l.nt 'IL::t.tiA.ilA n111.,-"-0nE!a '""""'"" rtn.'Dn'C'IT"Dr'II T"\a 1:1.TTT.,.,. ,..__ Novos membros do Diretório de Odontologia Em Assembléia Geral realizada a 17 de abril p.p., foram eleitos os novos membros do Dlretorio Aca– demico de Odontologia, que ficou assim constituido: Presidente: Raimundo Cordeiro de Azevedo; vice-presidente: Au– recilio Lima Guedes; l.º Secreta– rio: Rosa Cardoso Gomes; 2. 0 dito: Joaquim J-tmile de Sousa; 1°. Tes.: Ely Ivo; 2. 0 dito Raimundo Araujo; Orador: Palmares de Li– ma Passos; Bibliotecario: Nelson Rodrigues Pires; e Protocolista: Luiz Coelho de Sousa. Completos de PORCELANA para CHA e CAF'l,:, Louça ES– MALTADA e de ALUMíNIO, TA– LHERES DE ALPACA, Quebra– Luz de Alabastro. Vende pelo melhor preço a. CASA DRAGÃO a féra da rua SETE. Reunião do Teátro do Estudante do Pará o. AMPLIADO O PROGRAMA DAQUELA AGREMIAÇÃO Afim de serem tomadas diversas providencias para a nova tempo– rada do Teatro Ertudantil do Pa– rá, foi convocada, para hoje, àD 15 horas, uma reunião no Tea– tro da Paz. Alem dos elementos ligados aquela agremiação artis– tica, deverão comparecer, para o que estão convidados, todos os es– tudantes que se interessarem pelo amplo movimento cultural da ju– ventude estudantil paraense. Promete a direção do_ Teatro do Estudante do Pará realizar, no corrente ano.. não somente a mon– tagem de peças <le autores estran– geiros e nacionais, corno tambem palestras e conferencias sobre tea– tro. Amplia-se, a~sim, o programa do Teatro Estudantil em nosso Estado. ------------------ OUÇAM A: "RADIO TUPI" Página J CINEMA ' 'OLHO Jà várias vezes chamamos a atenção para o fato de que ne1;71- sempre a opinião do ,crítico coincide com a da {fl'C.nd_e massa do pu.• blico, principalmente quando se trata de cinema. Disseram-nos que êsse conceito é errado, ~rqu.e o crítico d.eve expressar ex:i,tan~ente a opinião pública e nunca o seu gosto pessoal.. ~ fato, por~r,i, ~ que o profissional da imprensa, quando no exerciczo d~ sua 1uw:ao de critico cinematográfico não deve se deixar levar sumente pe:o q1le os produtores fazem, visando fhamar atenção para este ou_ aquele trabalho. Necessita ver, tambem, os detalhes e procurar conneccr o verdadeiro valor da realização observando cuidadosamente a parte técnica e artística o trabalho'do diretor e dos técnicos, a hi~tória, etc.. Enfim, o co1{junto que faz do filme u.m bom ou máu espctá~ulo. A tudo isso deve juntar também, obom-senso , ou quan11.o nao o possuir,pelo meno s o senso comum que torna capaz distinguir alhos de bugalhos. Essas considerações vém a propósito de algumas carta:; que te– mos recebido, nas quais vários leitores, ocultos discretamente sob pseuctonimos, fazem. restrições aos nossos últimos trabalhQs, especial– mente aqueles que se referiram às películas "Champagne para dois", "Farrapo Humano" e "A última porta". Diz um dos missivistas que temos "part-pris" com certos atores e diretores, o que é absolu– tamente falso. E um outro, que se esconde sob a designação de "Olho clinico", avança mais subestimando a nossa capacidade de tra– balho, unicamente por não achar justo que discordemos da Acade– mia de Artes Cinematográficas, "supremo repositório da arte e crí– tica", segundo suas palavras. Não nos abalaríamos a uma defesa, si não fosse o nosso compro– misso com o público, de quem, felizmente, temos recebidos as me– lhores provas de acolhimento, inclusive daqueles que tem opinião contrária à nossa. E justamente retribuindo a confiança desse mesmo público é que procuramos manter a maior independência nas nossas cronicas, não visando outro interesse que não o de poder oje– recer uma opinião capaz de orientar áqueles que apreciam a sétima arte. Vivemos, há longos anos, no contacto diário com públicaçóes especializaelas, filmes e estúdios e nos acostumamos a tôdas as arti– manhas da publicidade para apresentação de filmes. O cinema é comércio e as companhias o sabem muito bem, por isso que encaram seriamente o lançamento de. suas. produções. Jogam a publicidade ·de ·maneira inteligente, visando tirar os melhores proveitos. A's 1;ezes, e são muitas, os filmes correspondem, mas em várias_ oc:tsiões decepcionam. Por isso não iremos fazer da decepção regra geral, como não podemos achar maravilhoso um füme só porque a publi– cidade assim o diz. Mas quando classificamos uma peliculada de bôa ou má dizemos porque o fazemos. Os leitores que nos deràm o prazer· de enviar as suas opini~a sóbre as apreciações puõlicadas nesta secçtío deveni ter acompanhado nossos trabalhos e sabem muito bem que apontamos, clara e fran– r,amente, os fundamentos ele nossas críticas; feitas sempre com o intuito de acertar. Se existem opiniões discordantes das. nossa:i nada mais razoável e justo, mesmo porque o mundo não teria ne– nhum atrativo se todos pensassem da mesma maneira. o que não fazemos é alterar nossas convicções para servir a interesses ou 71cr– que outras opiniões de centros maiores são opostas às nossa;;. Isso . 11.unca, pois, do conjrário, faltariamos aos compromissos ass,i:,:.idos com o públjco e ãea,,reaariamos o direito que tems de pensar e julgar. :- JO. •• * MOVIMENTO HOSPITA L A R CART A Z MODERNO: A's 14 e às 20 horas - "E&te mundo é um hospício" e "'.É'Ta D LUIZ I era uma dama". ENTRARA1'f _ Luiz José Via- INDEPENDENCIA: na Ot1Ia Ribeiro ela Silva Lau- A's 14 e às 20 horas - ":\?Ãf rindo Gomes de Assis, Osc~r An- era _uma dam~". ~ "Este mú.n- gelo Machado Edward Hines Ma~ 1 do e um hosp1c10 . ria das Mercês Oliveira Dalv~ Go- UNIVERSAL: mes dos Santos e AlmÍro Guima- A's 20 horas - "Este muw{o rães. é um hospício" e "Abutre nü- SAIRAM - Maria Maia Si- mano". mões, José Joaqllim dos Santos e VITóRIA: Felicidade da Silva. A's 20 horas --• "Os mist1t TOTAL - Entradas, 8; saldas, rios da vida" e "A canção cio 3. milagre". SANTA CASA Pensionistas: ENTRARAM - Carlos Lopes Vieira, Samuel Fr.rias Leitão, :Ma-1 ria da Silva França e Severino Antero de Aguiar. SAIDAS - Não houve. TOTAL - Entradas, 4 saidas, Indigentes: ENTRADAS - 15. SAIDAS - 12. Po.n 'ÍD1.õn . t'.... ~.,..,.HJ OLIMPIA: A's 15 e às 20 horas - "As irmãs Dolly". IRACEMA: A's 14,30 e às 20 horas - "Ouro no barro". GUARANf: A's 20 horas - "Rota fatidica" e "0 vale da morte". POPULAR: A's 20 horas - "Gaivota ne– gra". POEIRA: A.-,.-. 1A ~ .,.. J..,. t\1'11 1.,..... n..,

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