A Provincia do Pará de 16 de abril de 1947

A: Píf6V-lNCIA DO. PARA Quarta-feira) 16 de abril de 1~4'!- _______..,__...,.=-_.;.:..________ Flagrantes colhidos na região do Tocanti11;s na gr,.nde lnund,.çlo que a5sola a~ cidades e campos drr·Jc a primeira (!u!nz,na cc n:arro, A esquerda, um dos "barracões" situado na· ilha de Niteroi, munlcipio de Baião, e pertencente à flrma Simão ltof~.• lle Belém, oali.<" s~ _cncon tr:ivam_ de– positados milhares de hectolitros de c,.stanha. No foto, vê-se uma •'alvarenga" conduzida por um "motor''., recebendo carga dentro da ilha. Aoo!Pa.rd O '"1?Jaqa,, 1?{ad swpJl!Ufl1? SJ1?W: ',n.rnan;i; ap ~n.r 811 P t11Un 'on~J>;> mais alto é da firma P:tcha & Mutran, que teve tambem o seu deposito destruído pela.s a1uas. Fln!llmente, à direita, vista da cidade de Tucuruí, com os "gaiolas" atracados aos beirais das casas da primeira rua.. recebendo carregamento de ca\rtanha para o porto de Belem. R • 1 ROTEIRO DO MARAJó • Previst p r epons das e,; che tes • t d A s ev ora s secas Marajó parece um grande lago. Aspecto desolador em toda a ilha - Montarias usadas no transporte pelas ruas de Arariúna "Há cinquenta anos não vejo coisa igual" - diz um caboclo ao renórter Com() enviado especial de A l'ROVtNCIA DO PARA, seguiu para a grande Ilha do Marajõ - o maior centro pecuarista do Es– tJtdo - o jornallsta Osvaldo Men– des, que, tendo agor:1 regressado a :Belém, inicia a publicação de Uma série de re::10rtagens sôl:>rc e:--.sa região e üS grandes proh!e– JUaS que a a;;i-itam : as cheias e Mi secas, periódicas e devastado– ras. De:iile o âno ile 1905, não se vc– rlltéava no Marajó enchente • tão frande. Cidades, vilas, pastagens, éulturu, tudo foi inundado. As populações ameaçadas; o gado desaparecendo, ou de fome, ou na ,aõragem das águas, ou de molés– tias. · ÉMa é a situação cruciante de llDla ilha cfo área aproxiir..ada. de qaa.renta mil quilômetros; igual à área dos Estados do Esnírito S::tn– to e de Sergipe e à da -Suiça e da nktamarca, juntos. leiros tesouros f~m obras de art:) :mtiga, bem c0mJ móveis C.:? valer inestimáv<'I. O v.-lho prédb acha– sc, também, ameaça,do de - ruir, desaparecendo tôdas eEsas reli– quias iiiOO QS P.scombros e cuja ,'<.:nda cu remoção daí não o c;ue– rem fazer suas p::.-cprietil;fric., PROSSEGUE 4 VIAGEM Seriam mais ,•1 menos 10 heras, depois ·de visitarmos a "Santana", ouando retom;..i sua viagem a lancha do Mftlistério da Viação com destino a Guru:oá, pequeno iearapé, ond~ ~e reabastece:.i em 1;m põrto de lenha. depois do que continuou sua viagem. às 12 ho– ras, com destJno à cidade de Am– riúna, capital ào ml\nicipio do mesmo nome, <'X-Cachoeira, su– bmdo o rio Ararí. Reportagem de OSVALDO MENDE~ ~-_:.no NA CIDADE Devido à situação das fazendas ::_~'.jacentes, parte do gado de di– versus dessas fazendas foi condu– ::ida para os campos da Estação l C' Remonta do Ministério da ~,;ri~11ltura, nos limites da cida– "·º• na parte r.i.ais alta e onde :;::iste pastagem. Cêrca de trinta r:: e;; ali, Ionm ·zloja,das, pass:m– do a viver em melhores condi,;ões ~o que nos locais ondê se enccin– -~ravam. Pela Prefeitura local foi baixa– da uma portaria proibl11do a saí– da do gado daquêle local, para c,v,tar prejuízos à cidade. Em con– sequência da... portaria algumas de:::sas rêzes foram conduzidas par11 um outro campn mais pró– ::ima da cidade e onde a pasta– gem era melhor, do que 1·esultou ::, coi1flita e:1tre o prefeito Conra– d.:i de SOUS3. e o deputado ude– r.lsta José Rodrigues Viâ,na, pro– prietá,rio das rêzes, con!lito êste solucionad-:i, há dias, pelo gover– r.J.dcr Moura Carvalho. : :,:ontes do Marajá, um velho ca– bôclo de Arariúna, que disse ser esta a enchente mais cruel e de~ vasta.dora de bá cêrca de cin- q:.ienta anos para cá. · Outros moradores mais, ouvidos pelo repórter de A PROVíNCIA DO PARA demonstraram a sua surpresa pelo vulto das águas na r,tual enchente e o desgôsto que tiveram em vêr o gado morrer, cs roçados desaparecerem, os mos– quitos tomarem conta, as c:::sas ameaçadas de ruir pela fôrça das águas e a cidade em estado las– timável e desolador. CüNTINúA A VIAGEM Dia 9, às n horas, prosseguía– mos viagem para o lag.o Ararf, onde teríamos ocasião de visitar Genipapo e Santa Cruz, duas tra– dicionais povoações do grande lago, cujas visitas, bem como as cie outrcs locais e fazendas, serão ciescritas nas próximas reporta– gens. A NOVA POLITICA Aprovado pefa C. de Educação e Finanças da Câmara Em setembro do ano pas5ado. quando estiveram no Rio, repre– sentando o Pará no IX Congres– so Nac1:mal de Estudantes. os universitários paraenses apreser.i.– taram uma tese sôbre a necessi– C:ade da federalização de nossa Faculdade de Medicina, mantendo ainda, sôbre o assunto, contact::i com diversas autoridades dos meios educacionais e p:irlamen– tares. O deputado Deodoro de Men– donça apresentou então à Cí\.– mara, um projeto de lei federali– zando a Faculdade' de Medicina e Cirurgia do Pa.rá, o qual, de– pois dos transmites legais, •pas– sou às comissões do legislativo encarregadas de opinar sobre o assunto. APROVADO Agora, chega-nos ·a noticia da aprovação do projetodo sr. Deo– doro de Mendonçu pelas Comis– sões de Educação e de Finanças. o que constitue, sem dúvida. um grande passo para a concretização da esperada medida. CONGRATULAÇÕES Por esse motivo a Uniã-0 Na– cional dos Estudantes dirigiram ao Diretório Acadêmico de Me– dicina. um telegrama, comuni– cando a aprovação elo projeto e enviando congratulaçõeG. NORTE-AMERICANA Me.rajó, a grande ilha da de< z::mbocadura do rio Amazõnas,- es– tâva predestinada a ser o celeiro do Estado - talvez mesmo (la própria Amazônia - devido às ·;..im.des e magníficas campinas _turais de que é dotada, <:lom As 16,SO h::ire.s .. atracávamos cm Arariúna, depois de pa:::sarmos por Pôrto oauto. Araquiçaua, Co– pacabana, Soberana. e São Marçal e fazendas "Mutá", com 200 rê– zes, de propriedade do sr. Rodoifo Lobato Miranda; "Pindob&l",com 250 rêzes, dos herdeiros de João Pereira Filho; ·'Ilha Novft ·•, com 300 rêzes, de Antônio Menc\e3 Fi– lho~ ''.São José~'. c_om 800, de Ma- Dessas rêzes, quando estivemos FJm Arariúna, uma já tinha mor– rido e, epibora r:e quisesse dar a versã.o de ter- sucumbido de fome. fomos ínformarlos: nPln <>nmi,-,k- (Continuação óa t.• pil,ginal , ,ando mão de influenclas externas e de conspirações comunistas lnter- ~C"1 ~...., ..,,.,....,. ... .._._ _ _ _ ___ uas. undância de áirua muit.R. TUCURUí, 13 me Moacir Ca– lar..drini, enviado especial dos "Diários Associados" à região do Tocantins) - A parte baixa da r, :~iga Alcobaça, está transforma– (.:., numa autentica Veneza, com, suas "i:sarités " a servirem de gon– dolas e a deslisarem nas águas que envolvem a cidade. A principal preocupação. agora, é salvar o produto que se acha submerso nos depósitos situados na parte inundada da cidade, en– viaaõ0-o q1.;anto antes para a Capital. E por isso mesmo, é gran_ de o movimento nas ruas onde se encontram localizados ·os arma– zens-depósitos de castanhas e outros produtos da região. En– quanto isso, na parte mais alta, vive a população alojada em bar– racões e pequenas casas, esperan– do que J::aixem as águas. *. * ú navio em que viajamos está atracado ao beiral do Armazem de Pacha & Mutran, uma das firmas mais importantes do To– r.antins, juntamente com Marcos Atias & Cia. Há outros navios - chamados '"gaiolas" - atracados em identicas condições. O "San– ta Maria" do Vapor Sobral Ltcia., o "De Pinedo" e o "Timbopó" - este recebendo carga dentro da ilha de Niterói. em frente à ci– dade - e vários "motores" que navegam no Tocantins e no Ara– guaia. Estes, muito raro, estendem suas viagens, atualmente até Be– lém. Há muita castanha por con– duzir de Mi,,rabá e o hectolitro ele frente equivale a cvinte cru– ::;eiros 1 O, "PIUM" ver o této. Alguns, de . constru– ção mais franca, desmoronaram– se. Somente os de dois pavimentos é que abrigam no superior, algu– mas pessôas. Para a população esalojada, em número superior a quatrocen– tas, o preieito Alexandre Fran– cês, providenciou logo quando as águas começaram a subir, aloja– mento, contando para Isso com o apoio do sr. João Andrade, que cedeu t.odas as suas pequenas em– barcações àisponiveis para trans– poi:te; dos srs. Acioli, Simão e da Fundação Brasil Central, que ce– deram seus barracões para alo– jar a população flagelada. Os motores "Juarez" e "Almi– rante Barroso", de propriedade do prefeito Francês, foram encami– nhados para Marabá. e os arredo– res de Alcobaça, afim de trans– portar gente desalojada pela inundação. Outros dois motores, "Juvencio Dias" e "Joarí", foram requisitados pela municipalidade conseguindo transportar os ha– bitantes dQs lugares mais atin– gidos para a Povoação de Naza– ré dos Patos. O serviço foi árduo, mas teve êxito. pois nenhum de– sastre houve a lamentar, devido ao espírito de colabora9ão de todos. PREJUIZOS DA ENCHENTE Vários e elevdos foram os pre– juízos que o transbordamento do Tocantins e Araguaia causaram à região tocantina. Além das mi– lhares de pessõas que foram de– salojadas e perderam seus tétos; contam-se as perdas de grandes rebanhos de gado vacum, capri– no, suíno, ovino e de aves do– mésticas,. que foram arrastados ,. ro.al .-. .... ,1;._., ... _ _ _... - - . via de carregamentos para Be• lém. O prefeito Alexandre Fran– cês. fez o que pôd~ por essa gen• te e a êle parte se deve ao êxito de nada de mais grave:: ter acon– tecido nesta cidade. Ele procurq\l organizar - o serviço de alojamen• to do pessoal desabrigado. "UM VERDADilIRO ABSURDO!" E' absurdo - continúa o •• Andrade - o aproveitMnento <fe oportunistas que aparecêm nesta região com suas embitrcações de grande tonelagem à pror,ura de carregamento. Os arma.:cn:c,tas que estão em estado dese2pn·a - dor com seus gêneros na im.i– nêricia de prejuízos elevado~ .. ~ão obrigados a ceder ao oportu,1."mo dessa. gente, que somente r.pa~ ·e• ce pelo tempo das grande::; .;;::,.is– trofes do Tocantins. Pe:o verão, quando também se torna w_··.:z~. sário manter uma linha ce:eta. de navegação para a condu(,ão da passageiros e produtos da época, são pouquíssimo,,; os navim< que aqui se arriscam a vir. OutJ·o absurdo também é a cobranç:1 do frete de vinte cruzeiros por hecto– litro de castanha pelos ·•motorP.s" de Marabã até a esta cidltde. en– quanto os demais navios rntão cobrando 12 cruzeiros de fret" poé· cada hectolitro de Tucuruí a Be– lém, que é sem dúvida algun:a. maior o itinerário e maiores as despesas, além da "estiva" _pró– pria. ~~~~J~a~~ !!~~~~8ª mesma rapidez. Chegaram l :;::;, vindos ele Marabá e o 1c:· - , 2 -·

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